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{"id":174408,"date":"2021-10-25T14:42:39","date_gmt":"2021-10-25T17:42:39","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174408"},"modified":"2021-10-25T14:42:44","modified_gmt":"2021-10-25T17:42:44","slug":"planeta-em-orbita-de-estrela-morta-fornece-pistas-sobre-o-destino-do-sistema-solar","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/10\/25\/174408-planeta-em-orbita-de-estrela-morta-fornece-pistas-sobre-o-destino-do-sistema-solar.html","title":{"rendered":"Planeta em \u00f3rbita de estrela morta fornece pistas sobre o destino do Sistema Solar"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Um planeta gasoso gigante foi recentemente descoberto orbitando uma estrela an\u00e3 branca, fornecendo ind\u00edcios de como seria o nosso Sistema Solar no futuro depois que o Sol se expandir e se transformar em uma gigante vermelha, destruindo a maioria dos planetas a sua volta.
FOTO DE\u00a0ILLUSTRATION BY ADAM MAKARENKO, W. M. KECK OBSERVATORY<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Talvez o planeta mais sortudo da Via L\u00e1ctea esteja localizado a cerca de 6,5 mil anos-luz de dist\u00e2ncia, no centro de nossa gal\u00e1xia: um mundo grande e gasoso que por pouco n\u00e3o foi exterminado pelo processo de morte de sua estrela.<\/p>\n\n\n\n

Astr\u00f4nomos avistaram o sistema,\u00a0descrito\u00a0na revista cient\u00edfica\u00a0Nature<\/em>, quando o planeta e sua estrela distorceram a luz da estrela ao fundo. O distante e afortunado planeta, que possui o tamanho de J\u00fapiter, orbita um min\u00fasculo cad\u00e1ver estelar \u2014 uma estrela an\u00e3 branca fraca do tamanho da Terra, que j\u00e1 foi muito parecida com o Sol. Conforme a estrela envelheceu, ela se expandiu e se transformou em uma gigante vermelha antes de entrar em colapso e virar uma densa an\u00e3 branca \u2014 um processo que pode facilmente destruir planetas em \u00f3rbita.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEsse planeta poderia ter sido facilmente destru\u00eddo\u201d, afirma\u00a0Juliette Becker\u00a0do Caltech, que n\u00e3o participou da identifica\u00e7\u00e3o. \u201cProvavelmente, escapou da destrui\u00e7\u00e3o por muito pouco.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Se o planeta estivesse localizado um pouco mais perto de sua estrela, poderia ter enfrentado graves consequ\u00eancias, como ser consumido pelo fogo ou totalmente fragmentado. Esse provavelmente ser\u00e1 o destino da Terra quando o Sol em sua fase final se transformar em uma estrela gigante vermelha. Os cientistas acreditam que esse sistema planet\u00e1rio long\u00ednquo possa ser semelhante ao nosso Sistema Solar no futuro, depois que o Sol for reduzido \u00e0 brasa.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEste sistema \u00e9 muito semelhante ao que prevemos para o nosso Sistema Solar em seu est\u00e1gio final\u201d, comenta o autor do estudo,\u00a0David Bennett, do Goddard Space Flight Center da Nasa.<\/p>\n\n\n\n

O sistema tamb\u00e9m ajuda os cientistas a entender com que frequ\u00eancia os planetas conseguem sobreviver \u00e0 morte violenta de suas estrelas. Se for constatado que planetas intactos orbitando an\u00e3s brancas s\u00e3o comuns, ent\u00e3o h\u00e1 \u201cmais planetas l\u00e1 fora do que pens\u00e1vamos\u201d, diz o astr\u00f4nomo\u00a0Scott Gaudi, da Universidade Estadual de Ohio.<\/p>\n\n\n\n

\u201cIsso significa que provavelmente o n\u00famero de planetas na nossa gal\u00e1xia foi subestimado at\u00e9 o momento\u201d, afirma ele. \u201cNo campo dos exoplanetas, h\u00e1 uma piada que diz que a cada rocha que viramos, encontramos um novo planeta.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Saindo de cena com estilo<\/h3>\n\n\n\n

Conforme as estrelas envelhecem, elas ficam sem hidrog\u00eanio para alimentar suas fornalhas nucleares, desencadeando uma sequ\u00eancia de eventos que pode ser extremamente perigosa para qualquer planeta em \u00f3rbita. Em cerca de cinco bilh\u00f5es de anos, isso acontecer\u00e1 com o Sol, e quando esse dia chegar, a Terra estar\u00e1 em apuros.<\/p>\n\n\n\n

O Sol, que ficar\u00e1 sem hidrog\u00eanio, gradualmente se transformar\u00e1 em uma estrela gigante vermelha. \u00c0 medida que se expande,\u00a0ir\u00e1 engolir e queimar Merc\u00fario e depois V\u00eanus. A Terra, se escapar do fogo, quase certamente ser\u00e1 dilacerada pela gravidade da estrela. Marte provavelmente est\u00e1 longe o suficiente para sobreviver. No Sistema Solar externo, os quatro planetas gigantes ser\u00e3o deslocados, provavelmente para \u00f3rbitas mais distantes \u2014 embora, em alguns casos excepcionais, eles possam ser totalmente expulsos do Sistema Solar ou at\u00e9 mesmo arremessados ao Sol.<\/p>\n\n\n\n

\u201cConforme uma estrela evolui, muitas coisas estranhas podem acontecer aos planetas daquele sistema\u201d, explica Becker. \u201cO processo \u00e9 bastante violento, especialmente para planetas na parte interna do sistema.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Cerca de um bilh\u00e3o de anos depois de se expandir em uma gigante vermelha, o Sol entrar\u00e1 em colapso e se transformar\u00e1 em um corpo estelar denso \u2014 uma estrela an\u00e3 branca com cerca de metade de sua massa original, espremida em uma esfera do tamanho da Terra. Esse processo tamb\u00e9m pode causar danos a planetas pr\u00f3ximos. Se algum planeta for poupado, se encontrar\u00e1 em uma vizinhan\u00e7a totalmente diferente. E mesmo se os quatro planetas gigantes sobreviverem, \u00e9 bem prov\u00e1vel que\u00a0todos se percam\u00a0ao longo de bilh\u00f5es de anos em encontros com estrelas em movimento.<\/p>\n\n\n\n

Sobrevivendo ao inferno<\/h3>\n\n\n\n

Embora os astr\u00f4nomos suspeitem que os planetas possam sobreviver \u00e0s mortes ca\u00f3ticas de suas estrelas hospedeiras, eles n\u00e3o encontraram muitos exemplos de planetas que tenham sobrevivido aos caos. O sistema rec\u00e9m-descrito foi\u00a0avistado pela primeira vez em 2010\u00a0por cientistas envolvidos na iniciativa colaborativa\u00a0Microlensing Observations in Astrophysics, quando o planeta sobrevivente e sua estrela an\u00e3 branca passaram diretamente na frente de uma estrela mais distante ao fundo.<\/p>\n\n\n\n

Esse alinhamento permitiu que a gravidade da dupla ampliasse e distorcesse a luz da estrela distante, produzindo o que os astr\u00f4nomos chamam de evento de microlente. At\u00e9 agora, a t\u00e9cnica de microlente revelou a presen\u00e7a de cerca de 90 mundos, incluindo\u00a0alguns planetas flutuantes, ou mundos invasores que escaparam de suas estrelas natais e vagam pela gal\u00e1xia sozinhos.<\/p>\n\n\n\n

A forma precisa como o planeta gigante e a an\u00e3 branca distorceram a luz da estrela de fundo revelou diversas caracter\u00edsticas importantes do sistema, incluindo seu movimento no c\u00e9u, a presen\u00e7a de uma estrela e de um planeta, e a longa \u00f3rbita do planeta. As observa\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m ajudaram os astr\u00f4nomos a calcular as massas relativas dos dois objetos. Batizado de MOA-2010-BLG-477Lb, o sistema intrigou os astr\u00f4nomos, mas eles teriam que esperar alguns anos para tentar observ\u00e1-lo mais de perto.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 dif\u00edcil distinguir a estrela no primeiro plano da estrela ao fundo quando o evento [microlente] ocorre, pois elas precisam estar exatamente uma sobre a outra\u201d, explica Bennett. \u201cEnt\u00e3o, esperamos at\u00e9 que se separem.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Em 2015, Bennett e seus colegas utilizaram o poderoso\u00a0telesc\u00f3pio Keck-II\u00a0instalado no topo do monte Mauna Kea, no Hava\u00ed, para procurar pela estrela. Eles sabiam a dist\u00e2ncia que o sistema deveria ter percorrido nesses cinco anos, ent\u00e3o direcionaram Keck para o alvo, olharam na escurid\u00e3o e n\u00e3o encontraram nada que se parecesse com a estrela que procuravam \u2014 apenas uma estrela diferente, movendo-se na dire\u00e7\u00e3o errada.<\/p>\n\n\n\n

A equipe repetiu as observa\u00e7\u00f5es em 2016 e, novamente, em 2018, e n\u00e3o obtiveram sucesso em nenhuma das vezes. Mas sabiam que o sistema tinha que estar l\u00e1, baseado na distor\u00e7\u00e3o da luz da estrela. Segundo Bennett e seus colegas, n\u00e3o foi poss\u00edvel avistar o alvo porque ele era t\u00e3o fraco que nem mesmo Keck conseguia detect\u00e1-lo.<\/p>\n\n\n\n

\u201cSab\u00edamos que deveria ser uma estrela escura com um pouco menos de massa do que o Sol, e an\u00e3s brancas s\u00e3o a escolha \u00f3bvia\u201d, afirma Bennett.<\/p>\n\n\n\n

Depois de fazer mais alguns c\u00e1lculos, a equipe concluiu que o sistema envolvia um mundo com a massa de J\u00fapiter e uma estrela an\u00e3 branca com cerca de metade da massa do Sol. A \u00f3rbita do planeta o leva pelo menos 2,8 vezes mais longe de sua estrela do que a Terra em rela\u00e7\u00e3o ao Sol, colocando-o aproximadamente no mesmo lugar que o cintur\u00e3o de asteroides do nosso Sistema Solar.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEste planeta est\u00e1 onde esperamos que planetas gigantes se formem\u201d, diz Gaudi. \u201cE isso mostra que esses planetas an\u00e1logos a J\u00fapiter conseguem sobreviver \u00e0 evolu\u00e7\u00e3o de uma estrela semelhante ao Sol.\u201d<\/p>\n\n\n\n

De alguma forma, o mundo gigantesco cresceu e ficou no lugar certo para evitar as consequ\u00eancias letais da transforma\u00e7\u00e3o de sua estrela \u2014 uma dist\u00e2ncia que depende n\u00e3o apenas da estrela moribunda, mas das caracter\u00edsticas do planeta e dos movimentos de quaisquer irm\u00e3os que ele possa ter.<\/p>\n\n\n\n

Procurando por mais planetas ao redor de an\u00e3s brancas<\/h3>\n\n\n\n

Astr\u00f4nomos j\u00e1 encontraram evid\u00eancias de\u00a0planetas orbitando an\u00e3s brancas\u00a0antes, mas nenhuma dessas descobertas \u00e9 como a atual. Em 2019, uma equipe internacional de astr\u00f4nomos\u00a0avistou um anel de destro\u00e7os gasosos\u00a0ao redor de uma an\u00e3 branca e presumiu que\u00a0um pequeno e denso remanescente planet\u00e1rio\u00a0poderia fazer parte dos destro\u00e7os \u2014 um mundo destru\u00eddo que pode servir de exemplo ao que acontecer\u00e1 com a Terra. Diversos outros\u00a0discos de destro\u00e7os\u00a0tamb\u00e9m\u00a0foram identificados, considerados\u00a0restos fragmentados\u00a0de planetas e asteroides sem sorte.<\/p>\n\n\n\n

No ano passado, outra equipe que utilizava o\u00a0instrumento TESS\u00a0da Nasa para procurar exoplanetas identificou um candidato a planeta \u2014 um mundo gigante \u2014\u00a0que orbitava uma an\u00e3 branca em apenas 34 horas. Esse planeta est\u00e1 t\u00e3o perto de sua estrela hospedeira que \u201cdefinitivamente teria sido engolido durante a fase de gigante vermelha\u201d, diz Becker. \u201cO que significa que teve que migrar para sua localiza\u00e7\u00e3o ap\u00f3s a estrela ter se transformado em uma an\u00e3 branca.\u201d<\/p>\n\n\n\n

E nas \u00faltimas duas d\u00e9cadas, os cientistas observaram\u00a0vest\u00edgios de elementos qu\u00edmicos\u00a0na face de estrelas an\u00e3s brancas \u2014 que s\u00e3o as\u00a0migalhas\u00a0de mundos rochosos\u00a0triturados.<\/p>\n\n\n\n

Todas essas observa\u00e7\u00f5es, al\u00e9m do sistema rec\u00e9m-descoberto, sugerem que alguns\u00a0planetas conseguem sobreviver\u00a0\u00e0s transforma\u00e7\u00f5es evolutivas de suas estrelas hospedeiras \u2014 pelo menos por um tempo. Mas os processos que determinam se um planeta sobreviver\u00e1 ou n\u00e3o ainda s\u00e3o confusos.<\/p>\n\n\n\n

O\u00a0Telesc\u00f3pio Espacial Nancy Grace Roman\u00a0da Nasa, com lan\u00e7amento previsto para meados da d\u00e9cada de 2020, deve revelar diversos planetas orbitando an\u00e3s brancas. E conforme os astr\u00f4nomos localizam mais planetas circundando esses corpos estelares, aprender\u00e3o mais sobre como o fim da vida de uma estrela altera a arquitetura dos sistemas planet\u00e1rios, permitindo-nos contemplar o futuro do nosso Sistema Solar.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO sistema rec\u00e9m-descoberto pode inclusive ter outros planetas orbitando a an\u00e3 branca\u201d, comenta Bennett. Ao passo que nosso pr\u00f3prio planeta n\u00e3o sobreviver\u00e1 \u00e0 morte dram\u00e1tica do Sol \u2014 pelo menos n\u00e3o em um estado reconhec\u00edvel \u2014 talvez outros mundos sobrevivam e o Sistema Solar continue a existir, mesmo que transformado.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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