{"id":174508,"date":"2021-10-29T11:25:14","date_gmt":"2021-10-29T14:25:14","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174508"},"modified":"2021-10-29T11:25:16","modified_gmt":"2021-10-29T14:25:16","slug":"cop26-brasil-vai-assinar-novo-acordo-de-protecao-de-florestas-crucial-para-meta-climatica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/10\/29\/174508-cop26-brasil-vai-assinar-novo-acordo-de-protecao-de-florestas-crucial-para-meta-climatica.html","title":{"rendered":"COP26: Brasil vai assinar novo acordo de prote\u00e7\u00e3o de florestas crucial para meta clim\u00e1tica"},"content":{"rendered":"\n
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Acordo negociado em confer\u00eancia sobre mudan\u00e7a clim\u00e1tica deve prever compromisso de prote\u00e7\u00e3o de terras ind\u00edgenas e de zerar o desmatamento ilegal – REUTERS\/LEONARDO BENASSATTO<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Numa guinada em seus compromissos ambientais, o Brasil decidiu assinar um importante acordo sobre prote\u00e7\u00e3o de florestas que ser\u00e1 anunciado na COP26, a confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. A informa\u00e7\u00e3o foi dada \u00e0 BBC News Brasil pelo embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secret\u00e1rio de Assuntos Pol\u00edticos Multilaterais.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Durante o encontro, que ocorre entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, compromissos em pelo menos quatro \u00e1reas ser\u00e3o negociados: prote\u00e7\u00e3o de florestas, transi\u00e7\u00e3o para carro el\u00e9trico, financiamento de pa\u00edses ricos a na\u00e7\u00f5es em desenvolvimento e elimina\u00e7\u00e3o do uso de combust\u00edveis f\u00f3sseis.<\/p>\n\n\n\n

O acordo sobre manuten\u00e7\u00e3o das florestas \u00e9 tido como um dos mais importantes e a participa\u00e7\u00e3o do Brasil, onde fica a maior parte da Amaz\u00f4nia, ainda era incerta. Mas, o governo decidiu assinar o compromisso, o que indica um sinal de mudan\u00e7a no discurso internacional do governo sobre pol\u00edtica ambiental.<\/p>\n\n\n\n

“O Brasil assinar\u00e1 o\u00a0Forest Deal\u00a0<\/em>(acordo florestal). Estamos satisfeitos com o resultado final. Isto demonstra mais uma vez a nova postura brasileira de compromisso com os temas de desenvolvimento sustent\u00e1vel e, especificamente sobre mudan\u00e7a do clima”, disse Carvalho Neto \u00e0 BBC News Brasil.<\/p>\n\n\n\n

“O Brasil tem a expectativa que as maiores economias mundiais far\u00e3o a sua parte tamb\u00e9m, em especial na redu\u00e7\u00e3o ao uso de energias f\u00f3sseis, causa principal do aquecimento global”, cobrou o embaixador, que chefia as negocia\u00e7\u00f5es na COP26 pelo Brasil.<\/p>\n\n\n\n

O chamado Forest Deal<\/em> vai ser anunciado com destaque na COP26 no dia 2 de novembro, dia em que l\u00edderes de dezenas de pa\u00edses estar\u00e3o presentes \u00e0 confer\u00eancia em Glasgow, na Esc\u00f3cia, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden e o premi\u00ea do Reino Unido, Boris Johnson. A expectativa \u00e9 que ele estabele\u00e7a a meta de 2030 para deter e reverter a perda florestal e degrada\u00e7\u00e3o do solo a n\u00edvel global.<\/p>\n\n\n\n

A participa\u00e7\u00e3o brasileira, por causa da relev\u00e2ncia da Amaz\u00f4nia para o equil\u00edbrio clim\u00e1tico, \u00e9 considerada crucial.<\/p>\n\n\n\n

“A Amaz\u00f4nia brasileira representa mais de 60% do total da floresta e o Brasil \u00e9 um dos maiores produtores de commodities, como soja e gado. Ent\u00e3o, a presen\u00e7a do Brasil \u00e9 crucial para o sucesso na implementa\u00e7\u00e3o do acordo”, disse \u00e0 BBC News Brasil Ana Yang, diretora-executiva de Sustentabilidade da Chatham House, uma das institui\u00e7\u00f5es de pesquisa mais reconhecidas do Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

Mudan\u00e7a na pol\u00edtica ambiental?<\/h2>\n\n\n\n
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Segundo o IPCC, a produ\u00e7\u00e3o de carne \u00e9 um dos principais fatores por tr\u00e1s do desmatamento na Amaz\u00f4nia e no Cerrado – REUTERS\/RICARDO MORAES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Mas havia d\u00favidas sobre se o governo Bolsonaro aceitaria fazer parte do acordo, que deve incluir, por exemplo, compromissos de prote\u00e7\u00e3o e reconhecimento dos povos ind\u00edgenas como “guardi\u00f5es da floresta”, e defesa de mecanismos regulat\u00f3rios para impedir o com\u00e9rcio internacional de produtos respons\u00e1veis pelo desmatamento, como gado criado em terras protegidas.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 poss\u00edvel que haja, inclusive, previs\u00f5es de financiamento direto a povos ind\u00edgenas para preserva\u00e7\u00e3o do meio ambiente em seus territ\u00f3rios.<\/p>\n\n\n\n

Com a ades\u00e3o ao acordo, o Brasil estar\u00e1 se comprometendo a princ\u00edpios que batem de frente com propostas em tramita\u00e7\u00e3o no Congresso Nacional que at\u00e9 ent\u00e3o eram defendidas pelo governo federal, como legaliza\u00e7\u00e3o de terras p\u00fablicas desmatadas para agricultura e libera\u00e7\u00e3o de minera\u00e7\u00e3o em territ\u00f3rios ind\u00edgenas.<\/p>\n\n\n\n

“A assinatura ser\u00e1 um indicativo de mudan\u00e7a na pol\u00edtica ambiental. \u00c9 uma sinaliza\u00e7\u00e3o importante. Mas assinar esse acordo n\u00e3o vai ser suficiente. O pa\u00eds est\u00e1 com credibilidade abaixo de zero. Temos que demonstrar que o desmatamento vai cair atrav\u00e9s de medias de comando e controle”, disse \u00e0 BBC Brasil o bi\u00f3logo Roberto Waack, que integra o conselho de administra\u00e7\u00e3o da Marfrig, segunda maior empresa produtora de carne bovina do mundo.<\/p>\n\n\n\n

Ana Yang, da Chatham House, tamb\u00e9m avalia que a ades\u00e3o do Brasil ao Forest Deal sinaliza mudan\u00e7as. “Acho que o atual governo federal est\u00e1 come\u00e7ando a mostrar alguns sinais de a\u00e7\u00e3o de conserva\u00e7\u00e3o. Muitos dos governadores da regi\u00e3o Amaz\u00f4nia t\u00eam ambi\u00e7\u00f5es altas e o sinal que o Brasil d\u00e1 assinando o acordo \u00e9 muito importante. Mas \u00e9 preciso ir al\u00e9m”, disse.<\/p>\n\n\n\n

“O acordo s\u00f3 ser\u00e1 poss\u00edvel de ser implementado se o setor privado, governo federal, governadores e produtores aderirem \u00e0 iniciativa.”<\/p>\n\n\n\n

O que diz o Forest Deal<\/h2>\n\n\n\n

Os termos do texto ainda est\u00e3o sendo negociados, mas ele deve abordar quatro \u00e1reas: prote\u00e7\u00e3o a povos ind\u00edgenas; promo\u00e7\u00e3o de uma cadeia ambientalmente sustent\u00e1vel de oferta e demanda de commodities; financiamento para promo\u00e7\u00e3o de economia verde; e defesa de regulamenta\u00e7\u00f5es que limitem com\u00e9rcio internacional de produtos ligados ao desmatamento.<\/p>\n\n\n\n

Para Waack, a ades\u00e3o ao texto traz mais oportunidades econ\u00f4micas que preju\u00edzos \u00e0 agricultura brasileira.<\/p>\n\n\n\n

“O setor empresarial que est\u00e1 no mercado internacional j\u00e1 percebeu que tem muito mais oportunidades que barreiras”, disse o bi\u00f3logo, que tamb\u00e9m \u00e9 co-autor do livro Repensando a Amaz\u00f4nia<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

“Temos um agroneg\u00f3cio com capacidade tecnol\u00f3gica e bons instrumentos de conserva\u00e7\u00e3o, mas fica tudo num saco s\u00f3 na percep\u00e7\u00e3o internacional e todos se prejudicam com a sinaliza\u00e7\u00e3o do governo de defesa do desmatamento.”<\/p>\n\n\n\n

Waack destaca, por\u00e9m, que o acordo possivelmente limitar\u00e1 o uso econ\u00f4mico da Amaz\u00f4nia e demais florestas \u00e0s chamadas “atividades econ\u00f4micas florestais”, que n\u00e3o causam degrada\u00e7\u00e3o. \u00c9 o caso, por exemplo, de extrativismo sustent\u00e1vel para exporta\u00e7\u00e3o de a\u00e7a\u00ed.<\/p>\n\n\n\n

“Esse documento abre caminho para diversificar a economia, mas atividade econ\u00f4mica florestal. Isso quer dizer que n\u00e3o pode causar danos \u00e0 floresta, como minera\u00e7\u00e3o em terras ind\u00edgenas”, destacou o bi\u00f3logo que, al\u00e9m de integrar o conselho da Marfrig, \u00e9 presidente do conselho do Instituto Arapya\u00fa, que canaliza investimentos privados para projetos sustent\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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