{"id":174516,"date":"2021-10-29T11:41:53","date_gmt":"2021-10-29T14:41:53","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174516"},"modified":"2021-10-29T11:41:58","modified_gmt":"2021-10-29T14:41:58","slug":"desmatamento-impulsiona-emissoes-de-co2-no-brasil-em-2020","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/10\/29\/174516-desmatamento-impulsiona-emissoes-de-co2-no-brasil-em-2020.html","title":{"rendered":"Desmatamento impulsiona emiss\u00f5es de CO2 no Brasil em 2020"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Avan\u00e7o de \u00e1reas desmatadas na Amaz\u00f4nia. No ranking global de maiores poluidores, o Brasil ocupa a quinta posi\u00e7\u00e3o.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Num ano marcado pela pandemia de covid-19, em que os motores das maiores economias desaceleraram, o Brasil intensificou sua carga de polui\u00e7\u00e3o lan\u00e7ada na atmosfera. As emiss\u00f5es brutas de gases de efeito estufa do pa\u00eds em 2020 chegaram a 2,16 bilh\u00f5es de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e), um aumento de 9,5% em rela\u00e7\u00e3o ao per\u00edodo anterior. \u00c9 o maior n\u00edvel desde 2006.<\/p>\n\n\n\n

Isso ocorreu enquanto m\u00e9dia global de emiss\u00f5es sofreu uma redu\u00e7\u00e3o de 7%, por causa das paralisa\u00e7\u00f5es de voos, servi\u00e7os e ind\u00fastrias ao longo do ano passado por causa pandemia.<\/p>\n\n\n\n

O movimento contr\u00e1rio \u00e0 tend\u00eancia mundial tem uma fonte determinante: o desmatamento. Quando ele sobe, o que foi verificado no ano analisado, o reflexo nesse c\u00e1lculo \u00e9 imediato. Os gases que o desmatamento provoca, atividade classificada como mudan\u00e7as do uso da terra, s\u00e3o respons\u00e1veis pela maior parte das emiss\u00f5es brasileiras, 46% do total (998 milh\u00f5es tCO2e).<\/p>\n\n\n\n

 “Os gases de efeito estufa lan\u00e7ados na atmosfera pelas mudan\u00e7as do uso da terra aumentaram 23,6% no ano passado”, ressaltou Tasso de Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativas de Emiss\u00f5es de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observat\u00f3rio do Clima, que apresentou o novo levantamento nesta quinta-feira (28\/10).<\/p>\n\n\n\n

Os dados brasileiros s\u00e3o divulgados num momento em que o mundo se esfor\u00e7a para diminuir a polui\u00e7\u00e3o de CO2 num cen\u00e1rio de avan\u00e7o r\u00e1pido das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, comenta Paulo Artaxo, professor da Universidade de S\u00e3o Paulo e um dos autores do Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas (IPCC).<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 um aumento muito expressivo. Isso vai trazer uma press\u00e3o monstruosa sobre o Brasil nessa confer\u00eancia do clima\u201d, pontua Artaxo, mencionando a 26\u00ba edi\u00e7\u00e3o da reuni\u00e3o organizada pela  Conven\u00e7\u00e3o-Quadro das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Mudan\u00e7a do Clima (UNFCC), que come\u00e7a no pr\u00f3ximo domingo, em Glasgow.<\/p>\n\n\n\n

“Ningu\u00e9m vai querer dar dinheiro para o Brasil, ningu\u00e9m vai querer pagar para um pa\u00eds aumentar a sua principal fonte emissora, que \u00e9 o desmatamento\u201d, analisa Artaxo, fazendo refer\u00eancia a doa\u00e7\u00f5es internacionais feitas ao pa\u00eds pela redu\u00e7\u00e3o da destrui\u00e7\u00e3o da Floresta Amaz\u00f4nica – como ocorria com o Fundo Amaz\u00f4nia, suspenso sob a administra\u00e7\u00e3o Bolsonaro.<\/p>\n\n\n\n

Mais boi e fertilizante<\/h2>\n\n\n\n

Depois do uso da terra (46% do total), seguem a agropecu\u00e1ria, com 27% das emiss\u00f5es brutas; o setor de energia(18%); processos industriais (5%) e res\u00edduos (4%).<\/p>\n\n\n\n

Em 2020, o agro atingiu um recorde tamb\u00e9m nesse campo. Foram 577 milh\u00f5es tCO2e, um aumento de 2,5% em rela\u00e7\u00e3o a 2019. Esse \u00e9 o maior \u00edndice j\u00e1 medido para a atividade desde 1970, segundo os dados do SEEG.<\/p>\n\n\n\n

A contagem leva em conta gases liberados durante a digest\u00e3o de ruminantes, com destaque para o metano liberado durante o “arroto\u201d do boi, chamado tecnicamente de fermenta\u00e7\u00e3o ent\u00e9rica. S\u00e3o considerados tamb\u00e9m tratamento dos dejetos desses animais, cultivo de arroz irrigado, queima dos res\u00edduos agr\u00edcolas do cultivo de cana-de-a\u00e7\u00facar e algod\u00e3o, manejo dos solos agr\u00edcolas – como uso de fertilizantes.<\/p>\n\n\n\n

A fermenta\u00e7\u00e3o ent\u00e9rica representa a maior parte das emiss\u00f5es do agro (65%). Uma explica\u00e7\u00e3o para esse cen\u00e1rio \u00e9 a perman\u00eancia de mais bois no pasto devido \u00e0 queda do consumo de carne no Brasil durante a pandemia. “Essa \u00e9 uma not\u00edcia muito ruim pra o pa\u00eds, j\u00e1 que limita\u00e7\u00f5es de emiss\u00e3o de metano v\u00e3o come\u00e7ar a ser negociadas e impostas\u201d, comentou Artaxo.<\/p>\n\n\n\n

O consumo de fertilizantes sint\u00e9ticos, que tamb\u00e9m atingiu um patamar in\u00e9dito em 2020, de 5,3 milh\u00f5es de toneladas, puxou as emiss\u00f5es desse subsetor em 17,4%. Os pesquisadores que trabalharam nos dados desconfiam que essa subida esteja relacionada \u00e0 produ\u00e7\u00e3o de gr\u00e3os, que teve uma marca recorde de 255,4 milh\u00f5es de<\/p>\n\n\n\n

toneladas.<\/p>\n\n\n\n

“Apesar da alta, a agropecu\u00e1ria tem grande potencial pra ser explorada em termos de redu\u00e7\u00e3o de suas emiss\u00f5es. Pra isso, \u00e9 preciso encontrar formas de dar escala e acelerar t\u00e9cnicas de produ\u00e7\u00e3o de baixo carbono j\u00e1 conhecidas e usadas\u201d, comentou Renata Potenza, do Imaflora, durante a apresenta\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

Energia<\/h2>\n\n\n\n

Como esperado, as emiss\u00f5es do setor de energia teve uma redu\u00e7\u00e3o forte nas emiss\u00f5es, de 4,6%. Isso se explica principalmente pelas restri\u00e7\u00f5es e isolamento social no primeiro semestre devido \u00e0 pandemia, o que diminui a queima de combust\u00edveis f\u00f3sseis no transporte de passageiros.<\/p>\n\n\n\n

“Embora tenha um peso pequeno no geral, o consumo de querosene de avia\u00e7\u00e3o caiu pela metade\u201d, pontou Felipe Barcellos, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).<\/p>\n\n\n\n

O setor de processos industriais e uso de produtos teve uma oscila\u00e7\u00e3o de 0,5% para cima, na contram\u00e3o da energia. Uma alta de 1,6% foi observada na \u00e1rea de res\u00edduos, o que, segundo os pesquisadores, se deve principalmente ao tratamento de esgoto dom\u00e9sticos e aumento na produ\u00e7\u00e3o de lixo durante a pandemia.<\/p>\n\n\n\n

“Esses n\u00fameros s\u00e3o maiores em locais com maior urbaniza\u00e7\u00e3o e popula\u00e7\u00e3o\u201d, afirmou Iris Coluna, analista de projetos do bra\u00e7o da ONG ICLEI na Am\u00e9rica do Sul.<\/p>\n\n\n\n

D\u00favidas sobre metas<\/h2>\n\n\n\n

No ranking global de maiores poluidores, o Brasil ocupa a quinta posi\u00e7\u00e3o, atr\u00e1s de China, Estados Unidos, R\u00fassia e \u00cdndia. Quando se considera a m\u00e9dia mundial de emiss\u00f5es per capita, o brasileiro se destaca: s\u00e3o 10,2 toneladas brutas contra 6,7 da m\u00e9dia mundial.<\/p>\n\n\n\n

Em Glasgow, o que o pa\u00eds ter\u00e1 a apresentar \u00e9 uma tend\u00eancia de curva de crescimento da carga de gases emitida e d\u00favidas sobre o cumprimento de compromissos assumidos no Acordo de Paris.<\/p>\n\n\n\n

Segundo as promessas de 2015, o pa\u00eds reduziria suas emiss\u00f5es l\u00edquidas em 37% at\u00e9  2025 em rela\u00e7\u00e3o aos n\u00edveis de 2005, o que totalizaria uma emiss\u00e3o m\u00e1xima de 1,3 bilh\u00e3o de toneladas l\u00edquidas de CO2. Al\u00e9m da meta para 2025, o pa\u00eds indicou que chegariam em 2030 com 43% de redu\u00e7\u00e3o – tamb\u00e9m em rela\u00e7\u00e3o a 2005.<\/p>\n\n\n\n

Uma manobra feita pelo Minist\u00e9rio do Meio Ambiente no ano passado, por\u00e9m, deu margem para que o pa\u00eds aumente em 400 milh\u00f5es de toneladas de CO2e o limite de emiss\u00e3o previsto para 2030. O caso ficou conhecido como “pedalada de carbono\u201d, e foi mencionado num relat\u00f3rio recente da ONU como um exemplo de retrocesso.<\/p>\n\n\n\n

“Os n\u00fameros do Brasil completam o ciclo negativo desse governo de Jair Bolsonaro\u201d, comentou Marcio Astrini, secret\u00e1rio-executivo do Observat\u00f3rio do Clima, citando o aumento do desmatamento, das invas\u00f5es de terras p\u00fablicas e dos crimes ambientais. “O Brasil chega a COP colhendo o que plantou. Plantou destrui\u00e7\u00e3o ambiental est\u00e1 colhendo em forma de aumento de emiss\u00f5es\u201d, complementou.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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