{"id":174519,"date":"2021-10-29T11:50:29","date_gmt":"2021-10-29T14:50:29","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174519"},"modified":"2021-10-29T11:50:31","modified_gmt":"2021-10-29T14:50:31","slug":"os-3-telhados-de-vidro-de-bolsonaro-no-g20-economia-meio-ambiente-e-pandemia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/10\/29\/174519-os-3-telhados-de-vidro-de-bolsonaro-no-g20-economia-meio-ambiente-e-pandemia.html","title":{"rendered":"Os 3 telhados de vidro de Bolsonaro no G20: economia, meio ambiente e pandemia"},"content":{"rendered":"\n
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Bolsonaro chegar\u00e1 \u00e0 reuni\u00e3o do G20 em Roma buscando recuperar a relev\u00e2ncia do Brasil em temas problem\u00e1ticos em seu governo – EPA<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro chega nesta sexta-feira (29\/10) a Roma para a reuni\u00e3o do G20 (grupo composto pelas 19 principais economias mais a Uni\u00e3o Europeia) com tr\u00eas \u201ctelhados de vidro\u201d em sua tentativa de recuperar a relev\u00e2ncia do pa\u00eds nos principais debates do encontro: pol\u00edticas ambientais contra mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, estrat\u00e9gias para evitar futuras pandemias e recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O evento com l\u00edderes dos pa\u00edses do G20 ocorrer\u00e1 no s\u00e1bado e domingo (30 e 31\/10), ap\u00f3s meses de debates e negocia\u00e7\u00f5es com representantes das 20 principais economias do mundo em busca de consenso para medidas ligadas aos assuntos globais mais importantes de cada ano. Cabe aos l\u00edderes, ao fim, alinhar as posi\u00e7\u00f5es comuns.<\/p>\n\n\n\n

No debate sobre mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, Bolsonaro tentar\u00e1 mostrar de um lado que o pa\u00eds tem atuado para reduzir o desmatamento ilegal e as emiss\u00f5es de gases do efeito estufa e de outro que defende regras claras para o mercado de cr\u00e9dito de carbono e para o repasse de bilh\u00f5es de d\u00f3lares prometido pelos pa\u00edses ricos para a\u00e7\u00f5es ambientais em na\u00e7\u00f5es em desenvolvimento.<\/p>\n\n\n\n

Bolsonaro \u00e9 um dos \u00fanicos l\u00edderes do G20 que n\u00e3o devem comparecer \u00e0 C\u00fapula do Clima em Glasgow (COP26). Sem dar detalhes, ele disse \u00e0 TV A Cr\u00edtica que sua aus\u00eancia \u00e9 uma \u201cestrat\u00e9gia nossa\u201d e que o pa\u00eds j\u00e1 assumiu compromissos ambientais que est\u00e3o sendo cumpridos. Dados divulgados pelo Observat\u00f3rio do Clima nesta semana apontaram\u00a0o Brasil teve um aumento de 9,5% nas emiss\u00f5es de gases poluentes em 2020, na contram\u00e3o do resto do mundo.<\/p>\n\n\n\n

Outros dois representantes de grandes emissores de gases do efeito estufa, o presidente russo, Vladimir Putin, e o l\u00edder chin\u00eas, Xi Jinping, tamb\u00e9m devem faltar \u00e0 COP 26 e \u00e0 reuni\u00e3o do G20.<\/p>\n\n\n\n

Na quest\u00e3o pand\u00eamica, o presidente brasileiro tem n\u00fameros positivos para mostrar a outros l\u00edderes do G20, com avan\u00e7o significativo da vacina\u00e7\u00e3o e queda no n\u00famero de casos e mortes por covid-19. Mas quase todas as men\u00e7\u00f5es ao presidente na imprensa italiana nos dias que antecedem o evento tratam das acusa\u00e7\u00f5es da CPI da Covid contra o presidente que teriam agravado a trag\u00e9dia, como medidas e declara\u00e7\u00f5es contra vacinas e m\u00e1scaras. Ele, ali\u00e1s, \u00e9 o \u00fanico l\u00edder do G20 que declarou n\u00e3o ter se vacinado contra a doen\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Por fim, o Brasil \u00e9 hoje um dos pa\u00edses do G20 com horizonte econ\u00f4mico mais conturbado, agravado pelo cen\u00e1rio global de infla\u00e7\u00e3o, escassez de produtos e problemas energ\u00e9ticos.<\/p>\n\n\n\n

Para Dawisson Bel\u00e9m Lopes, professor de pol\u00edtica internacional e comparada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o principal desafio de Bolsonaro na reuni\u00e3o do G20 \u00e9 \u201ca consist\u00eancia duvidosa da economia brasileira\u201d, com perspectivas de crescimento declinantes em 2021 e de recess\u00e3o em 2022, taxa de desemprego alta, infla\u00e7\u00e3o projetada alta e risco de apag\u00e3o. \u201cEssa dificuldade estrutural da economia brasileira \u00e9 o maior desafio para que o Brasil possa se inserir de maneira positiva e propositiva em foros multilaterais de alto n\u00edvel como o G20.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Segundo ele, o pa\u00eds deixou de ser cobi\u00e7ado por investidores internacionais e enfrenta fuga de d\u00f3lares enquanto n\u00e3o resolve problemas estruturais graves, como desindustrializa\u00e7\u00e3o e participa\u00e7\u00e3o \u201cperif\u00e9rica, dependente e vulner\u00e1vel\u201d nas cadeias de produ\u00e7\u00e3o e suprimento globais. \u201cA desacelera\u00e7\u00e3o da demanda chinesa, por exemplo, traz impactos muito s\u00e9rios para um Brasil t\u00e3o dependente de um super\u00e1vit comercial para fechar as contas nacionais.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Outro ponto central do debate econ\u00f4mico do G20, segundo a Casa Branca, ser\u00e1 o avan\u00e7o da proposta de for\u00e7ar multinacionais a pagarem mais impostos, algo que, a depender do formato acertado, pode acabar favorecendo mais os pa\u00edses ricos do que aqueles em desenvolvimento, como o Brasil. A cobran\u00e7a do novo tributo, prevista para come\u00e7ar em 2023, pode gerar uma arrecada\u00e7\u00e3o anual de US$ 150 bilh\u00f5es (R$ 830 bilh\u00f5es) para pa\u00edses ao redor do mundo.<\/p>\n\n\n\n

Entenda abaixo esses tr\u00eas desafios para Bolsonaro na reuni\u00e3o do G20 em Roma.<\/p>\n\n\n\n

A\u00e7\u00f5es contra mudan\u00e7as clim\u00e1ticas<\/h2>\n\n\n\n
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Negocia\u00e7\u00f5es sobre metas contra mudan\u00e7as clim\u00e1ticas devem estar no centro do encontro do G20 em Roma – REUTERS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em entrevista a jornalistas em Bras\u00edlia sobre os preparativos e as expectativas do Brasil para a reuni\u00e3o do G20, o secret\u00e1rio de assuntos internacionais do Minist\u00e9rio da Economia, Erivaldo Gomes, afirmou que o pa\u00eds defender\u00e1 em Roma que \u201csalvar o planeta significa gerar oportunidades verdes, limpas e inclusivas que resultem em prosperidade sustent\u00e1vel para todos\u201d.<\/p>\n\n\n\n

A quest\u00e3o ambiental deve ser a principal pedra no sapato da delega\u00e7\u00e3o brasileira no evento, com forte press\u00e3o internacional contra o desmatamento na Amaz\u00f4nia, as queimadas e as emiss\u00f5es de gases do efeito estufa no Brasil, que atingiram os maiores n\u00edveis em anos.<\/p>\n\n\n\n

Mas a agenda ambiental em si pode acabar esvaziada pela proximidade da reuni\u00e3o do G20 com a realiza\u00e7\u00e3o da COP26 na Esc\u00f3cia, em que haver\u00e1 debates mais concretos sobre novos compromissos para garantir a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura m\u00e9dia da Terra em 1,5\u00b0C.<\/p>\n\n\n\n

Em abril, na C\u00fapula do Clima nos Estados Unidos, Bolsonaro assumiu o compromisso de zerar at\u00e9 2030 o desmatamento ilegal e de atingir at\u00e9 2050 a neutralidade de carbono (ou seja, reduzir as emiss\u00f5es de gases de efeito estufa tanto quanto poss\u00edvel e compensar as emiss\u00f5es restantes por meio do plantio de florestas, por exemplo).<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 tr\u00eas pontos importantes na posi\u00e7\u00e3o brasileira sobre o clima: 1. garantir um naco significativo dos US$ 100 bilh\u00f5es anuais que os pa\u00edses ricos preveem para financiar o impacto clim\u00e1tico em na\u00e7\u00f5es pobres; 2. evitar que na\u00e7\u00f5es desenvolvidas criem puni\u00e7\u00f5es a quem n\u00e3o seguir regras estabelecidas por elas (como metas de emiss\u00e3o para setores espec\u00edficos da economia, entre eles a agropecu\u00e1ria); 3. regular finalmente o mercado de cr\u00e9dito de carbono, que permitiria a pa\u00edses que n\u00e3o atingem as metas comprem o \u201ccr\u00e9dito\u201d de outras na\u00e7\u00f5es que est\u00e3o em dia com seus compromissos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cN\u00f3s entendemos que um mercado \u00e9 mais adequado porque gera a penalidade para o poluidor, mas ele vai fazer com que esse recurso flua do poluidor para aquele que est\u00e1 investindo em tecnologias limpas e conserva\u00e7\u00e3o\u201d, disse Gomes, do Minist\u00e9rio da Economia.<\/p>\n\n\n\n

Para o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a taxa\u00e7\u00e3o do carbono elaborada pela Comiss\u00e3o Europeia \u201cseria uma forma de proteger as ind\u00fastrias europeias de concorrentes estrangeiros que n\u00e3o cumprem os mesmos padr\u00f5es de redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de gases de efeito estufa\u201d, afetando as cadeias do a\u00e7o e do cimento do Brasil, por exemplo.<\/p>\n\n\n\n

O principal obst\u00e1culo para evitar o que o governo Bolsonaro classifica de puni\u00e7\u00f5es injustas \u00e9 conter a maior fonte de emiss\u00e3o de gases do efeito estufa no pa\u00eds: o desmatamento.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 pouco tempo atr\u00e1s, o Brasil estava longe de figurar entre os maiores emissores do mundo porque os c\u00e1lculos levavam em conta apenas a queima de combust\u00edvel f\u00f3ssil, sem incluir a polui\u00e7\u00e3o provocada pela destrui\u00e7\u00e3o de florestas.\u00a0Mas uma nova pesquisa sobre acumulado hist\u00f3rico de emiss\u00f5es de g\u00e1s carb\u00f4nico incluindo o desmatamento apontou o Brasil em quarto lugar no ranking de emiss\u00f5es desde 1850.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Marcio Astrini, secret\u00e1rio-executivo do Observat\u00f3rio do Clima, organiza\u00e7\u00e3o que calcula anualmente as emiss\u00f5es no Brasil, nos \u00faltimos 30 anos, cerca de 80% das emiss\u00f5es do pa\u00eds foram decorrentes de desmatamento e uso do solo para pecu\u00e1ria. E durante o governo Bolsonaro, o desmatamento da Amaz\u00f4nia subiu em m\u00e9dia 60% a mais do que na d\u00e9cada passada.<\/p>\n\n\n\n

Para Astrini, o principal desafio de Bolsonaro no G20 \u00e9 falta de credibilidade no cen\u00e1rio internacional. \u201cEm qualquer um desses locais, seja COP26, seja G20, o governo Bolsonaro vai ser cobrado por resultados primeiro. Isso porque ningu\u00e9m mais acredita no governo Bolsonaro. \u00c9 um governo que n\u00e3o tem mais credibilidade nem a menor moral na comunidade internacional pelo que faz e pelo que fala. O governo Bolsonaro falha nas principais pautas globais: na economia, na pandemia e no clima.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica, escassez de produtos e taxa\u00e7\u00e3o de grandes empresas<\/h2>\n\n\n\n
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A alta da infla\u00e7\u00e3o est\u00e1 atingindo v\u00e1rios pa\u00edses; Brasil \u00e9 um dos mais afetados – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A pandemia de covid-19 causou o maior abalo na economia global desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45), e o Brasil foi um dos pa\u00edses mais atingidos do G20.<\/p>\n\n\n\n

Segundo dados comparativos da OCDE (conhecida como clube dos pa\u00edses ricos), o Brasil est\u00e1 entre aqueles com maior infla\u00e7\u00e3o, desemprego e tempo necess\u00e1rio para conseguir retornar ao patamar econ\u00f4mico anterior \u00e0 pandemia. O pa\u00eds deve crescer em torno de 5%, ap\u00f3s cair 4,1% em 2020, mas o ritmo de crescimento n\u00e3o deve continuar.<\/p>\n\n\n\n

Altera\u00e7\u00f5es do governo Bolsonaro no teto de gastos para bancar um aux\u00edlio de R$ 400 podem agravar ainda mais a situa\u00e7\u00e3o do pa\u00eds, de acordo com previs\u00f5es feitas por institui\u00e7\u00f5es financeiras. O Ita\u00fa, por exemplo, apontou que a mudan\u00e7a fiscal pode afetar o c\u00e2mbio, a infla\u00e7\u00e3o, o juros e levar o PIB brasileiro a cair 0,5% em 2022. Mas a retra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica n\u00e3o \u00e9 consenso: o Fundo Monet\u00e1rio Internacional (FMI) e o Boletim Focus (levantamento feito pelo Banco Central com mais de cem institui\u00e7\u00f5es financeiras) preveem um crescimento de 1,5% em 2022.<\/p>\n\n\n\n

Caso o Brasil venha a ter uma queda no PIB, o pa\u00eds iria na contram\u00e3o do G20 como um todo em 2022, quando a OCDE prev\u00ea um crescimento de 4,8%.<\/p>\n\n\n\n

O futuro da recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica tem obst\u00e1culos distintos dentro do pr\u00f3prio G20. Enquanto pot\u00eancias como Reino Unido, China e Estados Unidos discutem sa\u00eddas para a infla\u00e7\u00e3o e a escassez global de produtos, causada por problemas log\u00edsticos desencadeados por altos e baixos da demanda global durante a pandemia, pa\u00edses em desenvolvimento do G20 como Brasil, \u00cdndia e \u00c1frica do Sul enfrentam o agravamento da fome e crises internas.<\/p>\n\n\n\n

Outro ponto econ\u00f4mico a ser debatido no G20 \u00e9 a tributa\u00e7\u00e3o de grandes empresas, como as gigantes de tecnologia Amazon, Google e Facebook, com objetivo de inibir a elis\u00e3o e a evas\u00e3o fiscal, que s\u00e3o manobras legais e ilegais, respectivamente, para pagar menos tributos.<\/p>\n\n\n\n

O presidente americano, Joe Biden, pretende avan\u00e7ar com a proposta de taxa\u00e7\u00e3o na c\u00fapula de l\u00edderes em Roma, mas o formato da cobran\u00e7a ainda n\u00e3o est\u00e1 fechado. O Brasil apoia o acordo fechado com mais de 100 pa\u00edses com uma al\u00edquota m\u00ednima de 15% a ser aplicada a partir de 2023 a multinacionais com faturamento anual acima de 20 bilh\u00f5es de euros (R$ 128 bilh\u00f5es) e margem de lucro superior a 10%.<\/p>\n\n\n\n

\u201cMuitas grandes empresas faziam planejamento tribut\u00e1rio agressivo de forma a fugir da tributa\u00e7\u00e3o nos pa\u00edses e isso resultava em distor\u00e7\u00f5es a competitividade que n\u00e3o era saud\u00e1vel. Era desleal em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s empresas tradicionais que pagam seus tributos em cada pa\u00eds. Esse acordo ajuda a equalizar as condi\u00e7\u00f5es de competi\u00e7\u00e3o, gera seguran\u00e7a jur\u00eddica e significa recursos que v\u00e3o ser compartilhados com pa\u00edses em desenvolvimento\u201d, disse Gomes, do Minist\u00e9rio da Economia.<\/p>\n\n\n\n

Em outubro, o ministro Paulo Guedes (Economia) elogiou o avan\u00e7o da proposta de taxa\u00e7\u00e3o feita pelo G20, que \u201centregar\u00e1 um sistema tribut\u00e1rio eficaz e mais equitativo”. Ele n\u00e3o chegou a estimar quanto o Brasil pode arrecadar com a taxa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Mas um grupo de economistas renomados \u2014 entre eles o americano Joseph Stiglitz, os franceses Thomas Piketty e Gabriel Zucman, a indiana Jayati Ghosh e o colombiano Jos\u00e9 Antonio Ocampo \u2014\u00a0aponta que o Brasil e outros pa\u00edses em desenvolvimento poderiam ganhar mais com a proposta. Para eles, a al\u00edquota m\u00ednima global deveria ser de 25%, e n\u00e3o 15%.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, eles criticam o crit\u00e9rio de distribui\u00e7\u00e3o das receitas do tributo global, que dever\u00e1 ser de 70 a 80% para os pa\u00edses sede dessas companhias e 20 a 30% para os pa\u00edses onde ocorrem as vendas. Por exemplo, a maior parcela da tributa\u00e7\u00e3o sobre a Amazon iria para os Estados Unidos, seu pa\u00eds sede, e a parcela menor para os demais pa\u00edses usu\u00e1rios do servi\u00e7o, entre eles, o Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Vacinas e futuras pandemias<\/h2>\n\n\n\n
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EUA e Indon\u00e9sia cobram plano global para evitar que novos pat\u00f3genos se tornem pandemias no futuro – PA MEDIA<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O eixo da reuni\u00e3o do G20 que trata de vacinas e estrat\u00e9gias contra futuras pandemias aparece como a principal saia justa do presidente brasileiro, apesar dos n\u00fameros positivos que o pa\u00eds tem a mostrar atualmente.<\/p>\n\n\n\n

Segundo dados do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, cerca de 53% da popula\u00e7\u00e3o j\u00e1 foi completamente vacinada contra a doen\u00e7a, e 72% j\u00e1 recebeu pelo menos a primeira dose. Em rela\u00e7\u00e3o ao G20, esses n\u00fameros colocam o Brasil em 13\u00ba lugar entre os 20 membros do grupo. Al\u00e9m disso, o total de mortes registradas diariamente por covid-19 \u00e9 o menor desde novembro de 2020. Numa compara\u00e7\u00e3o por milh\u00e3o de habitantes, o Brasil tem atualmente o 7\u00ba maior \u00edndice entre os pa\u00edses do G20.<\/p>\n\n\n\n

O pa\u00eds tamb\u00e9m \u00e9 um dos \u00fanicos do mundo com capacidade de produ\u00e7\u00e3o em massa de vacinas, o que ajudou a acelerar o programa brasileiro, iniciado meses depois da maioria dos pa\u00edses do G20. Com a conclus\u00e3o da imuniza\u00e7\u00e3o geral da popula\u00e7\u00e3o, as f\u00e1bricas da Fiocruz (governo federal) e do Instituto Butantan (governo de SP) t\u00eam potencial para exportar imunizantes para outros pa\u00edses em desenvolvimento, por exemplo.<\/p>\n\n\n\n

Mas as a\u00e7\u00f5es e declara\u00e7\u00f5es de Bolsonaro durante a pandemia t\u00eam mostrado um obst\u00e1culo para o pa\u00eds no cen\u00e1rio internacional.<\/p>\n\n\n\n

Ele \u00e9 o \u00fanico l\u00edder do grupo que n\u00e3o declarou ter se vacinado contra a covid-19. Al\u00e9m disso, o relat\u00f3rio final da CPI da Covid teve ampla repercuss\u00e3o na imprensa internacional, em especial as acusa\u00e7\u00f5es contra Bolsonaro de crime contra a humanidade.Tamb\u00e9m correram o mundo nos \u00faltimos dias as declara\u00e7\u00f5es dele que associavam erroneamente as vacinas a um risco maior de Aids.<\/p>\n\n\n\n

Bolsonaro, que defende suas a\u00e7\u00f5es durante a pandemia e nega qualquer irregularidade, tamb\u00e9m fez cr\u00edticas duras a estrat\u00e9gias adotadas em diversos pa\u00edses, como lockdowns e m\u00e1scaras, e \u00e0 Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS), bra\u00e7o da ONU fundamental para os planos globais de se preparar contra futuras pandemias como a da covid-19, que matou mais de 5 milh\u00f5es de pessoas.<\/p>\n\n\n\n

Em comunicado conjunto, a secret\u00e1ria do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e a ministra das Finan\u00e7as da Indon\u00e9sia, Sri Mulyani Indrawati, cobraram um plano do G20 para evitar que novos pat\u00f3genos como o coronav\u00edrus Sars-CoV-2 se tornem pand\u00eamicos. Ou seja, se espalhem rapidamente pelo mundo. “Todos n\u00f3s lutamos pessoalmente contra o profundo custo humano e econ\u00f4mico causado por esta pandemia implac\u00e1vel e sem fronteiras. E enquanto estamos progredindo na luta contra a covid-19, tamb\u00e9m enfrentamos uma dura realidade: esta n\u00e3o ser\u00e1 a \u00faltima pandemia.”<\/p>\n\n\n\n

Para Yellen e Indrawati, a pandemia de covid-19, que matou mais de 5 milh\u00f5es de pessoas, exp\u00f4s a falta de prepara\u00e7\u00e3o, de coordena\u00e7\u00e3o internacional e de mecanismos de detec\u00e7\u00e3o, preven\u00e7\u00e3o e compartilhamento de informa\u00e7\u00f5es junto \u00e0 OMS.<\/p>\n\n\n\n

Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Esp\u00edrito Santo (Ufes), afirma \u00e0 BBC News Brasil que o pa\u00eds tem capacidade de colaborar fortemente com esse esfor\u00e7o internacional gra\u00e7as \u00e0 longa tradi\u00e7\u00e3o brasileira na \u00e1rea de vigil\u00e2ncia sanit\u00e1ria. \u201cTemos sistemas de informa\u00e7\u00e3o, grandes sanitaristas e epidemiologistas, institui\u00e7\u00f5es bastante fortes nesse monitoramento de doen\u00e7as infecciosas.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Maciel diz, no entanto, que o governo Bolsonaro tem um impacto negativo direto nessas a\u00e7\u00f5es brasileiras por causa dos cortes do financiamento \u00e0 ci\u00eancia brasileira, principalmente a forma\u00e7\u00e3o de pesquisadores. Em 2021, o Minist\u00e9rio da Ci\u00eancia, Tecnologia e Inova\u00e7\u00f5es (MCTI) ter\u00e1 o menor or\u00e7amento dos \u00faltimos anos. Valores fundamentais para a pasta est\u00e3o contingenciados pelo governo federal e sem prazo para que sejam liberados.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA postura negacionista e a falta de investimentos, que chega a 90% de corte, certamente impactar\u00e3o no futuro dessa possibilidade de constru\u00e7\u00e3o de sistemas mais robustos e principalmente na forma\u00e7\u00e3o de pessoas qualificadas, porque sem elas n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel fazer esse monitoramento em tempo real do que est\u00e1 acontecendo no pa\u00eds.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro chega nesta sexta-feira (29\/10) a Roma para a reuni\u00e3o do G20 (grupo composto pelas 19 principais economias mais a Uni\u00e3o Europeia) com tr\u00eas \u201ctelhados de vidro\u201d. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":174520,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4012,46,4365],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/174519"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=174519"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/174519\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":174524,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/174519\/revisions\/174524"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/174520"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=174519"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=174519"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=174519"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}