{"id":174624,"date":"2021-11-03T18:44:00","date_gmt":"2021-11-03T21:44:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174624"},"modified":"2021-11-03T18:44:04","modified_gmt":"2021-11-03T21:44:04","slug":"climatarianos-a-dieta-contra-mudancas-climaticas-que-ganhou-forca-na-pandemia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/11\/03\/174624-climatarianos-a-dieta-contra-mudancas-climaticas-que-ganhou-forca-na-pandemia.html","title":{"rendered":"Climatarianos: a dieta contra mudan\u00e7as clim\u00e1ticas que ganhou for\u00e7a na pandemia"},"content":{"rendered":"\n
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GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Eles querem frear as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas do planeta, e querem fazer isso pelo prato. Os climatarianos s\u00e3o a nova face do ativismo alimentar: aqueles que acreditam que o que comemos (ou n\u00e3o) \u00e9 decisivo para mudar o mundo.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

No caso deles, tentando reduzir ao m\u00e1ximo poss\u00edvel a pegada ambiental que a sociedade tem deixado no seu caminho nas \u00faltimas d\u00e9cadas.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o s\u00e3o propriamente vegetarianos, ainda que preguem que devemos reduzir drasticamente o consumo de alimentos de origem animal \u2014 especialmente da carne de vaca, comprovadamente um dos animais que mais colaboram para o acirramento do efeito estufa, j\u00e1 que geram grande parte das emiss\u00f5es de gases que contribuem para o fen\u00f4meno.<\/p>\n\n\n\n

“Climatariana \u00e9 uma dieta saud\u00e1vel, amig\u00e1vel ao clima e \u00e0 natureza. Com uma mudan\u00e7a de dieta simples, \u00e9 poss\u00edvel cada um economizar uma tonelada de CO2 por ano”, argumenta o site Climatarian.com, esp\u00e9cie de portal do movimento, que re\u00fane os mandamentos da alimenta\u00e7\u00e3o para diminuir os impactos dos recursos naturais do planeta.<\/p>\n\n\n\n

Entre eles, est\u00e3o optar por alimentos de proced\u00eancia org\u00e2nica, comer apenas aquilo que \u00e9 produzido com “fontes eficientes de energia” e eliminar totalmente animais “criados em fazendas intensivas”.<\/p>\n\n\n\n

Novos tempos<\/h2>\n\n\n\n

O termo, em si, n\u00e3o \u00e9 novo: em 2015 j\u00e1 havia aparecido no Eatymology: The Dictionary of Modern Gastronomy<\/em>, uma esp\u00e9cie de dicion\u00e1rio alimentar criado por Josh Friedland, que defende que precisamos de “mais palavras para dar voz \u00e0s nossas obsess\u00f5es e ansiedades alimentares”. A palavra entrou no dicion\u00e1rio de Cambridge no ano seguinte.<\/p>\n\n\n\n

Mas a dieta climatariana ganhou mais adeptos com a pandemia, que evidenciou que os impactos do que comemos (dos alimentos produzidos em monocultura aos animais silvestres dos mercados \u00famidos) s\u00e3o devastadores ao planeta.<\/p>\n\n\n\n

E, de certo modo, irrevers\u00edveis: em agosto, o Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7a do Clima (IPCC na sigla em ingl\u00eas) apresentou um relat\u00f3rio que comprova a inequ\u00edvoca influ\u00eancia humana no aquecimento da atmosfera, dos oceanos e dos continentes. E a agricultura e a pecu\u00e1ria est\u00e3o entre as principais fontes de emiss\u00e3o de gases nocivos.<\/p>\n\n\n\n

Para os climatarianos, o ato de comer tem um papel ainda mais importante nesse sentido porque diz respeito a bilh\u00f5es de pessoas fazendo cerca de tr\u00eas refei\u00e7\u00f5es ao dia. Ou seja, ainda que os gases lan\u00e7ados pelos avi\u00f5es, por exemplo, causem danos mais consider\u00e1veis ao efeito estufa, proporcionalmente comemos muito mais do que viajamos.<\/p>\n\n\n\n

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Diminuir as dist\u00e2ncias de transportes dos nossos alimentos pode ajudar a abrandar as cat\u00e1strofes clim\u00e1ticas que temos vivido, apontam os adeptos do movimento – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Por isso, muitos deles tamb\u00e9m declararam guerra aos alimentos importados, de abacates a trufas, por exemplo, que precisam percorrer longas dist\u00e2ncias para chegar ao nosso prato. Diminuir as dist\u00e2ncias de transportes dos nossos alimentos pode ajudar a abrandar as cat\u00e1strofes clim\u00e1ticas, apontam os adeptos do movimento.<\/p>\n\n\n\n

“Faz muito sentido que a bandeira desse grupo seja a comida. \u00c9 imposs\u00edvel tratar da pegada ambiental sem falar da alimenta\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que a cadeia de alimentos \u00e9 uma das maiores impactantes na quest\u00e3o do clima hoje”, opina Gustavo Guadagnini, do The Good Food Institute, que promove o consumo de alimentos \u00e0 base de plantas em substitui\u00e7\u00e3o aos de origem animal.<\/p>\n\n\n\n

Principalmente na produ\u00e7\u00e3o animal, segundo ele. “H\u00e1 uma crescente press\u00e3o social que refor\u00e7a essa ideia de que \u00e9 imposs\u00edvel ingerir produtos de origem animal na mesma quantidade quando se sabe dos malef\u00edcios que a pecu\u00e1ria causa ao meio ambiente”, ressalta. A cria\u00e7\u00e3o de animais usa mais de dois ter\u00e7os de todo nosso solo e \u00e9 a maior fonte de polui\u00e7\u00e3o da \u00e1gua, de acordo com dados reunidos pela FAO (ag\u00eancia de alimenta\u00e7\u00e3o e agricultura da ONU).<\/p>\n\n\n\n

Uma quest\u00e3o \u00e9tica<\/h2>\n\n\n\n

Foi ao ter mais informa\u00e7\u00f5es sobre esse v\u00ednculo intr\u00ednseco entre a cadeia de alimentos e os danos ambientais que a padeira Liliana Trindade Guimar\u00e3es percebeu que sua rela\u00e7\u00e3o com a comida come\u00e7ou a mudar recentemente.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o tenho a ingenuidade de achar que o fato de eu deixar de consumir carne ou peixe nos far\u00e1 salvar o planeta, mas eticamente j\u00e1 n\u00e3o consigo ingerir carne animal, por exemplo, sem saber de onde ela veio ou como ela foi criada”, diz.<\/p>\n\n\n\n

O desperd\u00edcio alimentar \u2014 um dos principais temas levantados pelos climatarianos \u2014 tamb\u00e9m \u00e9 algo que passou a incomod\u00e1-la ainda mais. “Trabalhei em cozinhas e sei o quanto de comida acaba no lixo. Hoje, tenho sido muito mais atenta \u00e0s quantidades que compro e consumo, fiquei mais chata com isso”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 uma matem\u00e1tica simples: quanto menos se desperdi\u00e7a de comida, menos alimentos precisam ser produzidos e menores os impactos ao planeta. Como ela, muita gente tem tentado adaptar a alimenta\u00e7\u00e3o no dia-a-dia de olho na press\u00e3o que as escolhas erradas podem ter aos recursos do planeta.<\/p>\n\n\n\n

Como no caso dos climatarianos, o ativismo alimentar n\u00e3o \u00e9 algo novo: no decorrer das \u00faltimas d\u00e9cadas, grupos de pessoas acreditaram ser poss\u00edvel promover mudan\u00e7as propositivas atrav\u00e9s da alimenta\u00e7\u00e3o, fosse contra o crescimento dos alimentos ultraprocessados na nossa alimenta\u00e7\u00e3o (como no caso do movimento Slow Food) fosse com um olhar para a agricultura familiares de pequenos produtores (como prev\u00ea uma pr\u00e1tica chamada de locavorismo).<\/p>\n\n\n\n

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‘\u00c9 imposs\u00edvel tratar da pegada ambiental sem falar da alimenta\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que a cadeia de alimentos \u00e9 uma das maiores impactantes na quest\u00e3o do clima hoje’, diz Gustavo Guadagnini – DIVULGA\u00c7\u00c3O<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Consci\u00eancia pela mesa<\/h2>\n\n\n\n

“A comida \u00e9 um bom meio de nos tornarmos mais conscientes dos nossos impactos no mundo”, acredita Wagner Ramalho, criador do projeto Prato Verde Sustent\u00e1vel, que produz alimentos org\u00e2nicos para popula\u00e7\u00e3o perif\u00e9rica de baixa renda no Jardim Filhos da Terra, zona Norte de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n

Para ele, a proximidade com a nossa alimenta\u00e7\u00e3o di\u00e1ria imposta pelos recentes meses de confinamento fez com que as pessoas desenvolvessem uma vis\u00e3o mais consciente do alimento (da programa\u00e7\u00e3o das refei\u00e7\u00f5es di\u00e1rias a otimiza\u00e7\u00e3o das listas de compras) e desenvolvendo mais consci\u00eancia dos inconvenientes relacionados a ela.<\/p>\n\n\n\n

“A pandemia ressaltou os desertos alimentares que temos nas periferias e muitos dos nossos problemas alimentares. Mas sobretudo mostrou que tamb\u00e9m nas camadas menos assistidas as pessoas querem uma alimenta\u00e7\u00e3o que mate a fome, mas que tamb\u00e9m seja mais saud\u00e1vel, equilibrada e mais justa com o planeta”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

Com os custos mais altos dos alimentos gra\u00e7as a uma maior demanda global e a uma infla\u00e7\u00e3o crescente no Brasil, o projeto quer dar a oportunidade para mais pessoas em situa\u00e7\u00e3o de vulnerabilidade poderem cultivar seu pr\u00f3prio alimento e incentivar que seja poss\u00edvel produzir e comprar de agricultura ecol\u00f3gica tamb\u00e9m nas periferias de cidades como S\u00e3o Paulo. O projeto produz mais de oito toneladas de alimentos ecol\u00f3gicos todos os anos.<\/p>\n\n\n\n

“Plantar sua pr\u00f3pria comida o torna mais ativo na cadeia de alimentos, claro. Mas comer mais conscientemente tamb\u00e9m, j\u00e1 que o que escolhemos consumir pode ter um papel muito importante nesse sentido”, diz.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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