{"id":174857,"date":"2021-11-12T09:49:07","date_gmt":"2021-11-12T12:49:07","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174857"},"modified":"2021-11-12T09:49:10","modified_gmt":"2021-11-12T12:49:10","slug":"fiocruz-descobre-responsavel-por-surtos-da-doenca-da-urina-preta","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/11\/12\/174857-fiocruz-descobre-responsavel-por-surtos-da-doenca-da-urina-preta.html","title":{"rendered":"Fiocruz descobre respons\u00e1vel por surtos da “doen\u00e7a da urina preta”"},"content":{"rendered":"\n
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Ulrike Leone\/ Pixabay<\/em><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Neste ano,\u00a0mais de 40 casos da doen\u00e7a de Haff\u00a0\u2014 tamb\u00e9m conhecida como a “doen\u00e7a da urina preta” \u2014 foram detectados no Brasil, principalmente nos estados do Amazonas e da Bahia. Para entender as causas locais da doen\u00e7a, a Fiocruz Bahia, a Secretaria Municipal de Sa\u00fade de Salvador e outros institutos nacionais de pesquisa investigaram pacientes de dois surtos, identificados entre janeiro de 2016 e janeiro de 2021, na popula\u00e7\u00e3o do estado.<\/p>\n\n\n\n

Na investiga\u00e7\u00e3o pelas causas da “doen\u00e7a da urina preta”, os pesquisadores descreveram as caracter\u00edsticas cl\u00ednicas dos casos, identificaram fatores associados e investigaram a presen\u00e7a de biotoxinas e metais em esp\u00e9cimes de peixes consumidos. O resultado foi publicado na revista cient\u00edfica Lancet Regional Health \u2013 Americas.<\/p>\n\n\n\n

Entenda o que \u00e9 a doen\u00e7a de Haff<\/h2>\n\n\n\n
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Urina preta \u00e9 um dos principais caracter\u00edsticas da doen\u00e7a de Haff (Imagem: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Giorgio Trovato\/Unsplash)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma das principais caracter\u00edsticas da doen\u00e7a de Haff \u00e9 o escurecimento da urina. Inclusive, esta \u00e9 a origem do seu apelido. A cor mais escura \u00e9 provocada pela rabdomi\u00f3lise. Isso significa que ocorre uma ruptura do tecido muscular e essa quebra libera, por sua vez, uma prote\u00edna t\u00f3xica na corrente sangu\u00ednea dos pacientes contaminados. Em termos mais cient\u00edficos, a les\u00e3o muscular resulta na eleva\u00e7\u00e3o dos n\u00edveis s\u00e9ricos de creatina fosfoquinase (CPK), o que provoca o escurecimento da urina.<\/p>\n\n\n\n

De forma geral, a origem da doen\u00e7a tem rela\u00e7\u00e3o com uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes \u2014 como tambaqui, badejo, arabaiana \u2014 ou crust\u00e1ceos \u2014 como lagostas e camar\u00f5es \u2014, quando est\u00e3o contaminados. S\u00f3 que a condi\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m pode ser desencadeada por um medicamento, por um metal pesado, pela ingest\u00e3o de toxinas ou por uma atividade f\u00edsica extenuante, ap\u00f3s convuls\u00f5es. Por isso, \u00e9 t\u00e3o necess\u00e1ria a investiga\u00e7\u00e3o sobre as origens de cada caso.<\/p>\n\n\n\n

Estudo sobre os casos nacionais da “doen\u00e7a da urina preta”<\/h2>\n\n\n\n

No artigo da Fiocruz Bahia, os pesquisadores relatam que a teoria mais aceita \u00e9 que os peixes e crust\u00e1ceos n\u00e3o produzem eles mesmos as toxinas, mas acumulam no seu corpo compostos produzidos por outros organismos, como microalgas, atrav\u00e9s da cadeia alimentar.<\/p>\n\n\n\n

No total, seis amostras de peixes relacionados com os pacientes passaram por an\u00e1lises laboratoriais. Entre as amostras, duas eram sobras de uma refei\u00e7\u00e3o relacionadas a dois casos da doen\u00e7a \u2014 ambos com evid\u00eancias de rabdomi\u00f3lise \u2014, outras duas foram obtidas de casos isolados com altos n\u00edveis de CPK, e as duas \u00faltimas eram amostras frescas obtidas em uma peixaria local, onde alguns pacientes haviam comprado peixes.<\/p>\n\n\n\n

Causa: palitoxina<\/h2>\n\n\n\n
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Casos da “doen\u00e7a da urina preta” est\u00e3o relacionados com o consumo de peixes contaminados (Imagem: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Ponciano\/Pixabay)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em comum, os cientistas detectaram compostos do tipo palitoxina nas amostras de esp\u00e9cie de \u00e1gua salgada conhecida como \u201colho de boi\u201d, o que pode ser a prov\u00e1vel fonte de contamina\u00e7\u00e3o. Segundo os autores do estudo, n\u00e3o foi detectada a presen\u00e7a de metais como ars\u00eanio, c\u00e1dmio e chumbo nos peixes.<\/p>\n\n\n\n

“A palitoxina (PTX) \u00e9 uma toxina muito perigosa produzida por v\u00e1rias esp\u00e9cies marinhas. O PTX foi originalmente isolado em 1971 no Hava\u00ed”, explica Martin Pierre Sauviat, no livro M\u00e9todos em Neuroci\u00eancias, sobre a descoberta relacionado aos corais da ilha.<\/p>\n\n\n\n

“As complica\u00e7\u00f5es mais comumente relatadas de envenenamento por PTX parecem ser rabdomi\u00f3lise, uma s\u00edndrome que lesiona o m\u00fasculo esquel\u00e9tico, causando ruptura muscular e vazamento de grandes quantidades de conte\u00fado intracelular (mi\u00f3citos) para o plasma sangu\u00edneo”, complementa Sauviat.<\/p>\n\n\n\n

Hist\u00f3rico da doen\u00e7a na Bahia<\/h2>\n\n\n\n

No per\u00edodo entre 2016 e 2017, foram investigados 65 casos. Destes, 66% tinham n\u00edveis elevados de CPK, 88% foram hospitalizados, 26% necessitaram de cuidados intensivos e 7% de di\u00e1lise. A ingest\u00e3o de peixes marinhos, 24 horas antes do in\u00edcio da doen\u00e7a, foi relatada por 74% dos casos com CPK elevada e por 41% daqueles sem medi\u00e7\u00e3o de CPK. Os tipos de peixes mais consumidos pelos casos foram \u201colho de boi\u201d e \u201cbadejo\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s este surto, as autoridades de sa\u00fade identificaram outros 12 casos suspeitos entre os anos de 2017 e 2019 e um novo surto durante a pandemia da covid-19. Durante o surto ocorrido entre os anos de 2020 e 2021, 16 pacientes com rabdomi\u00f3lise confirmados por laborat\u00f3rio foram identificados. Desses casos, cinco necessitaram de cuidados intensivos e um faleceu em decorr\u00eancia da doen\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m da Fiocruz Bahia e da Secretaria Municipal de Sa\u00fade de Salvador, tamb\u00e9m participaram do estudo pesquisadores das seguintes institui\u00e7\u00f5es: Secretaria de Sa\u00fade do Estado da Bahia; Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paran\u00e1; Laborat\u00f3rio de Algas Nocivas e Ficotoxinas do Instituto Federal de Santa Catarina, do Campus de Itaja\u00ed; e Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.<\/p>\n\n\n\n

Publicado na revista cient\u00edfica Lancet Regional Health \u2013 Americas, o estudo completo sobre os casos brasileiros da “doen\u00e7a da urina preta” pode ser conferido\u00a0aqui<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Canaltech<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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