{"id":174954,"date":"2021-11-17T16:56:45","date_gmt":"2021-11-17T19:56:45","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174954"},"modified":"2021-11-17T16:56:48","modified_gmt":"2021-11-17T19:56:48","slug":"a-triste-trajetoria-de-karapiru-o-indigena-que-morreu-duas-vezes","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/11\/17\/174954-a-triste-trajetoria-de-karapiru-o-indigena-que-morreu-duas-vezes.html","title":{"rendered":"A triste trajet\u00f3ria de Karapiru, o ind\u00edgena que ‘morreu duas vezes’"},"content":{"rendered":"\n
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Karapiru (\u00e0 direita) se tornou s\u00edmbolo da resist\u00eancia do Aw\u00e1 Guaj\u00e1 \u2014 Foto: Getty Images via BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O ind\u00edgena Karapiru, do povo Aw\u00e1 Guaj\u00e1, vivia relativamente isolado na regi\u00e3o oeste do Maranh\u00e3o quando um massacre promovido por invasores n\u00e3o-ind\u00edgenas dizimou o grupo com quem ele vivia e matou sua fam\u00edlia, em 1978.<\/p>\n\n\n\n

Seu pequeno grupo estava acampado na floresta – mulheres amamentando, crian\u00e7as brincando, redes nas \u00e1rvores – quando ouviram sons de tiros e come\u00e7aram a correr. Homens armados sa\u00edram em persegui\u00e7\u00e3o a todos, atirando at\u00e9 nas crian\u00e7as e colocando fogo nos pertencentes que os Aw\u00e1s deixaram para tr\u00e1s. Em meio ao caos, Karapiru conseguiu carregar uma crian\u00e7a consigo.<\/p>\n\n\n\n

Ele sobreviveu, mas a crian\u00e7a acabou morrendo de diarreia pouco tempo depois. Sem encontrar sobreviventes e com a amea\u00e7a dos invasores ainda presente, Karapiru n\u00e3o pode ficar na sua terra. Fugindo, perambulou totalmente sozinho por regi\u00f5es desconhecidas por dez anos, ca\u00e7ando com seu arco e flecha, dormindo do alto de \u00e1rvores e sem falar com nenhum outro ser humano.<\/p>\n\n\n\n

O sobrevivente andou tanto que acabou indo parar na Bahia, onde foi resgatado pela Funai (Funda\u00e7\u00e3o Nacional do \u00cdndio) na d\u00e9cada seguinte. Levado de volta ao territ\u00f3rio do seu povo, ele viveu com os Aw\u00e1 Guaj\u00e1 por 30 anos at\u00e9 morrer de Covid-19, sozinho no hospital, em 16 de julho de 2021.<\/p>\n\n\n\n

Ao saber da tr\u00e1gica morte de Karapiru, a antrop\u00f3loga Aparecida Vila\u00e7a, professora do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), correu atr\u00e1s de diversas pessoas que fizeram parte da hist\u00f3ria do ind\u00edgena para recuperar e recontar sua hist\u00f3ria.<\/p>\n\n\n\n

“Fiquei comovida porque ele n\u00e3o \u00e9 \u00fanico. As pessoas n\u00e3o t\u00eam ideia, mas essas hist\u00f3rias s\u00e3o muito comuns, v\u00e1rios outros ind\u00edgenas passam por processos parecidos: invas\u00f5es, massacres, fugas, morte por Covid. Pode variar o trajeto, eles podem n\u00e3o ser conhecidos, como o Karapiru ficou ao ser resgatado, mas a trag\u00e9dia \u00e9 a mesma”, diz Vila\u00e7a \u00e0 BBC News Brasil.<\/p>\n\n\n\n

“A hist\u00f3ria dele reflete os destinos dos povos origin\u00e1rios do Brasil.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Mas diferentemente da maioria dos ind\u00edgenas que passam por situa\u00e7\u00f5es parecidas sem que quase ningu\u00e9m fique sabendo, hist\u00f3ria de Karapiru foi amplamente divulgada nos jornais nos anos 1980, quando ele foi resgatado. No entanto, como mostra a pesquisa de Vila\u00e7a, ele foi tratado mais como uma “curiosidade” do que como uma pessoa que havia passado por uma situa\u00e7\u00e3o extremamente traum\u00e1tica.<\/p>\n\n\n\n

O povo de Karapiru, os Aw\u00e1 Guaj\u00e1, est\u00e1 entre os povos mais amea\u00e7ados do mundo – hoje \u00e9 composto por apenas 420 pessoas. Vila\u00e7a diz que queria reconstruir os passos de Karapiru n\u00e3o s\u00f3 como uma homenagem a ele, mas para destacar seu papel de s\u00edmbolo da resist\u00eancia de seu povo e dos sofrimentos vividos pelos ind\u00edgenas no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Ao longo de meses, a pesquisadora conversou com antrop\u00f3logos e outras pessoas que conviveram com Karapiru e fez uma grande pesquisa de documentos e jornais antigos para reconstruir a saga do ind\u00edgena – que ela conta em um ensaio que ser\u00e1 publicado na 39\u00aa edi\u00e7\u00e3o da revista serrote, do IMS (Instituto Moreira Salles), lan\u00e7ada em 18 de novembro.<\/p>\n\n\n\n

Vila\u00e7a explica como a solid\u00e3o extrema – terr\u00edvel para qualquer pessoa – \u00e9 ainda mais devastadora para membros de povos que vivem uma sociabilidade e uma proximidade f\u00edsica muito intensa.<\/p>\n\n\n\n

“Assim como outros povos origin\u00e1rios, os Aw\u00e1 Guaj\u00e1 n\u00e3o t\u00eam a mesma no\u00e7\u00e3o de individualidade que n\u00f3s temos. Eles se enxergam como parte de um todo, est\u00e3o sempre juntos. A ideia de estar sozinho \u00e9 muito terr\u00edvel”, explica a antrop\u00f3loga.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“Eles vivem em constante troca – de comida, de coisas, de experi\u00eancias. \u00c9 como se o seu corpo e das outras pessoas, da sua fam\u00edlia, ficassem misturados. Para eles a cura, por exemplo, pode vir de estar perto de um parente saud\u00e1vel”, diz Vila\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

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O territ\u00f3rio \u00e9 parte essencial da vida do Aw\u00e1 Guaj\u00e1 – na foto, Syroli Aw\u00e1 toma banho com seu filho Wy no territ\u00f3rio Aw\u00e1 no Maranh\u00e3o \u2014 Foto: Getty Images via BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Duas mortes<\/h2>\n\n\n\n

A hist\u00f3ria de Karapiru \u00e9 peculiar, explica ela, porque de alguma forma ele conseguiu sobreviver a dez anos de total solid\u00e3o, longe de casa, em uma terra desconhecida. Mas depois de tudo – do massacre, da perda da fam\u00edlia, da solid\u00e3o – ele nunca conseguiu se recuperar totalmente.<\/p>\n\n\n\n

Sem conversar com ningu\u00e9m por dez anos, longe dos seus, foi esquecendo at\u00e9 mesmo sua l\u00edngua. Como relatou depois, “dormia no alto das \u00e1rvores e esqueceu o nome das coisas”.<\/p>\n\n\n\n

Na solid\u00e3o, perdeu uma das habilidades mais centrais para o seu povo – a de cantar. “Todos os homem adultos do povo Aw\u00e1-Guaj\u00e1 sabem cantar, \u00e9 uma caracter\u00edstica deles”, explica Vila\u00e7a. “Cantar \u00e9 essencial para vida, para os rituais”, diz ela.<\/p>\n\n\n\n

Vila\u00e7a conta em seu ensaio que, muitos anos depois de ter sido resgatado, Karapiru disse que havia desaprendido a cantar ao antrop\u00f3logo Uir\u00e1 Garcia – principal estudioso do povo Aw\u00e1-Guaj\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

Garcia gravava cantos do povo para sua pesquisa quando Karapiru contou o que aconteceu.<\/p>\n\n\n\n

“Eu respondi que ele podia cantar o que quisesse”, escreveu Garcia em um registro encontrado por Vila\u00e7a. “Ele ent\u00e3o voltou a repetir que realmente n\u00e3o sabia cantar e que havia ‘morrido um pouco’ depois dos dez anos que viveu afastado de pessoas iguais a ele.”<\/p>\n\n\n\n

“Outras pessoas que estavam conversando conosco perceberam o meu espanto ao encontrar um velho que n\u00e3o sabia cantar”, escreve Uir\u00e1. “Trataram de confirmar o que Karapiru havia dito: ‘Sim, ele morreu um pouco e, por isso, n\u00e3o sabe mais cantar'”.<\/p>\n\n\n\n

Quando morreu de Covid-19 em 2021, Karapiru morreu “pela segunda vez”.<\/p>\n\n\n\n

“A morte, sabem bem os ind\u00edgenas, n\u00e3o \u00e9 sempre um evento \u00fanico e pontual, pode acontecer v\u00e1rias vezes durante a vida, deixando marcas que silenciam os cantos”, reflete Vila\u00e7a em seu ensaio.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“Assim como Karapiru, grande parte dos ind\u00edgenas do Brasil experimenta – desde o s\u00e9culo 16, e hoje particularmente – novas e m\u00faltiplas experi\u00eancias de morte: a sua pr\u00f3pria, por tiros, intoxica\u00e7\u00e3o, Covid-19 e outras doen\u00e7as trazidas pelos brancos, ou aquela vivida no luto pela perda de um parente ou das terras ancestrais, invadidas e destru\u00eddas por fogo, desmate e buracos de minera\u00e7\u00e3o”, escreve ela. “Em tentativas desesperadas de escapar, saem em pequenos grupos ou sozinhos \u00e0 procura de um lugar protegido, cada vez mais dif\u00edcil de encontrar.”<\/p>\n\n\n\n

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Apesar de ser descrito como doce e sorridente, Karapiru nunca se recuperou totalmente das trag\u00e9dias que sofreu \u2014 Foto: Getty Images via BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

‘Meu lugar’<\/h2>\n\n\n\n

Os relatos das pessoas que conviveram com ele, conta Vila\u00e7a, s\u00e3o de que, apesar de tudo o que sofreu, Karapiru era uma pessoa “doce” e pac\u00edfica, com um constante sorriso.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, as marcas da trag\u00e9dia que viveu n\u00e3o se resumiam aos tra\u00e7os de chumbo das balas que foram encontrados em suas costas muito tempo depois. Ficar sozinho e estar perdido em uma floresta desconhecida, deslocado de seu territ\u00f3rio, afetou Karapiru profundamente.<\/p>\n\n\n\n

“As rela\u00e7\u00f5es est\u00e3o imbricadas no territ\u00f3rio. \u00c9 o lugar que constr\u00f3i a mem\u00f3ria, o seu corpo, as pessoas, os esp\u00edritos”, explica Vila\u00e7a.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Os Aw\u00e1 vivem da ca\u00e7a e da coleta e s\u00e3o excelentes ca\u00e7adores. Embora n\u00e3o criassem ro\u00e7ados e n\u00e3o se assentassem em um local s\u00f3, o povo tinha um local delimitado para suas parambula\u00e7\u00f5es – uma grande extens\u00e3o de terras entre os rios entre os rios Turia\u00e7u, Caru, Gurupi e Pindar\u00e9, no Maranh\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o trabalho do antrop\u00f3logo Uir\u00e1 Garcia, os Aw\u00e1 chamam esse seu territ\u00f3rio de harakwaha, ou “meu lugar”, que na verdade \u00e9 um “conjunto de lugares com a mem\u00f3ria do povo: aldeias antigas, vest\u00edgios de animais ca\u00e7ados, \u00e1rvores desconhecidas”.<\/p>\n\n\n\n

“Quando Karapiru foi abruptamente retirado desse lugar, ele se tornou um refugiado”, diz Vila\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo depois de ser resgatado pela Funai, ao longo dos 30 anos que viveu com os Aw\u00e1 Guaj\u00e1 Karapiru nunca conseguiu se reintegrar totalmente, como contou \u00e0 Vila\u00e7a o antrop\u00f3logo Sidney Possuelo, sertanista que ajudou a levar Karapiru de volta para o territ\u00f3rio de seu povo.<\/p>\n\n\n\n

Karapiru descobriu que seu filho havia sobrevivido, mas ele n\u00e3o conhecia mais ningu\u00e9m. “Seus parentes n\u00e3o estavam l\u00e1, ele n\u00e3o tinha mais redes de parentesco, seu grupo foi dizimado. Embora estivesse com seu povo e tenha se tornado um membro querido da comunidade, continuou, num certo n\u00edvel, estrangeiro”, conta Vila\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 como se eu estivesse perdida e, quando me resgatassem, eu fosse levada n\u00e3o pro Rio de Janeiro onde est\u00e3o minha fam\u00edlia e meus amigos, mas para algum lugar onde n\u00e3o conhe\u00e7o ningu\u00e9m, me deixassem no interior do Paran\u00e1, por exemplo”, diz Vila\u00e7a \u00e0 BBC News Brasil.<\/p>\n\n\n\n

“Assim que ele voltou ao Maranh\u00e3o, ofereceram-lhe uma casa e uma mulher como esposa, mas volta e meia ele fugia – como \u00e9 comum entre os homens Aw\u00e1-Guaj\u00e1 em situa\u00e7\u00e3o de raiva, medo ou tristeza”, relata Vila\u00e7a no ensaio da serrote. “De acordo com o que disseram a Sydney, ele acabou por construir para si um tapiri (uma esp\u00e9cie de abrigo) fora da aldeia, onde permanecia por dias, isolado.”<\/p>\n\n\n\n

Quando adoeceu em 2020, Karapiru foi internado longe de sua comunidade. Como muitos dos pacientes internados com Covid, n\u00e3o p\u00f4de se despedir de ningu\u00e9m. Morreu sozinho, assim como viveu durante tantos anos.<\/p>\n\n\n\n

Persegui\u00e7\u00e3o brutal<\/h2>\n\n\n\n

Al\u00e9m de relatos da vida e da morte de Karapiru, Vila\u00e7a recuperou tamb\u00e9m, em seu ensaio na revista serrote, o contexto do massacre ao qual ele sobreviveu.<\/p>\n\n\n\n

Durante a ditadura militar, nos anos 1960, a descoberta de reservas minerais na regi\u00e3o do Maranh\u00e3o onde o povo vivia levou a uma intensa press\u00e3o sobre o territ\u00f3rio. Foi nessa \u00e9poca que foi criada a ferrovia Caraj\u00e1s-Ponta da Madeira, levando ao aumento populacional na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Naquele per\u00edodo inicial, dezenas de ind\u00edgenas morreram vitimados por doen\u00e7as e assassinatos que, embora amplamente registrados pela imprensa, permaneceram sem puni\u00e7\u00e3o”, escreve Vila\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora destaca que hoje, meio s\u00e9culo depois, os povos ind\u00edgenas est\u00e3o novamente sob uma grande amea\u00e7a por causa do recente avan\u00e7o de garimpos ilegais, de grileiros e do desmatamento.<\/p>\n\n\n\n

Vila\u00e7a diz que \u00e9 preciso chamar aten\u00e7\u00e3o para a dos muitos outros “que n\u00e3o tiveram a mesma resist\u00eancia f\u00edsica, a mesma ‘sorte’ de cair em m\u00e3os benevolentes, e acabaram mortos, levando consigo lembran\u00e7as e conhecimentos que jamais ser\u00e3o passados adiante.”. E para a trag\u00e9dia das centenas que, assim como Karapiru, sobreviveram a todas essas amea\u00e7as mas morreram de Covid-19, que afetou os povos ind\u00edgenas desproporcionalmente.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O ind\u00edgena Karapiru, do povo Aw\u00e1 Guaj\u00e1, vivia relativamente isolado na regi\u00e3o oeste do Maranh\u00e3o quando um massacre promovido por invasores n\u00e3o-ind\u00edgenas dizimou o grupo com quem ele vivia e matou sua fam\u00edlia, em 1978. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":174955,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4379,582,1126],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/174954"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=174954"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/174954\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":174958,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/174954\/revisions\/174958"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/174955"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=174954"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=174954"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=174954"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}