![\"\"](\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/11\/12330401803_b169f50d34_b-1.jpg\")
<\/a>Essas abelhas, como muitos polinizadores, s\u00e3o vitais para a agricultura e extremamente vulner\u00e1veis \u200b\u200ba uma classe de pesticidas chamados neonicotin\u00f3ides, ou ne\u00f4nicos.<\/p>\n\n\n\n
Agora, uma nova pesquisa mostra que um dos produtos qu\u00edmicos agr\u00edcolas mais amplamente usados, um ne\u00f4nico chamado imidaclopride, n\u00e3o prejudica imediatamente apenas as abelhas azuis, mas tem efeitos negativos que podem ser vistos atrav\u00e9s das gera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n
Conforme descrito em um estudo publicado<\/a> em 22 de novembro no Proceedings of the National Academy of Sciences, descendentes de abelhas capturadas na natureza expostas a pequenas quantidades de imidaclopride quando eram larvas – de p\u00f3len contaminado e n\u00e9ctar dado a elas por suas m\u00e3es – produziram descendentes 20% menos do que as abelhas azuis n\u00e3o expostas ao inseticida. Algumas das abelhas foram expostas mais de uma vez ao longo da vida e cada exposi\u00e7\u00e3o reduziu adicionalmente sua fertilidade.<\/p>\n\n\n\n \u201cOs efeitos s\u00e3o aditivos – voc\u00ea n\u00e3o pode aceitar apenas uma exposi\u00e7\u00e3o pelo valor nominal\u201d, diz a l\u00edder do estudo Clara Stuligross, estudante de doutorado na Universidade da Calif\u00f3rnia, Davis.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n Isso \u00e9 importante, uma vez que as abelhas costumam encontrar os pesticidas repetidamente ao longo de suas vidas no meio ambiente. Esses efeitos acumulados e multigeracionais n\u00e3o s\u00e3o levados em considera\u00e7\u00e3o nas avalia\u00e7\u00f5es de risco ambiental, que medem os danos causados \u200b\u200bpor pesticidas e s\u00e3o usados \u200b\u200bpor legisladores para regular produtos qu\u00edmicos, diz Stuligross.<\/p>\n\n\n\n O artigo se baseia em evid\u00eancias abundantes de que os neonicotin\u00f3ides desempenham um papel no decl\u00ednio das abelhas e outros insetos ben\u00e9ficos – mas o que \u00e9 novo aqui \u00e9 a sugest\u00e3o de que os efeitos podem persistir atrav\u00e9s das gera\u00e7\u00f5es, diz Steve Peterson, pesquisador, apicultor e propriet\u00e1rio do Foothill Bee Ranch, no norte da Calif\u00f3rnia, que cria abelhas azuis e outras esp\u00e9cies.<\/p>\n\n\n\n \u201cEssas descobertas apoiam o que muitos de n\u00f3s, apicultores e apicultores solit\u00e1rios, suspeitamos que est\u00e1 acontecendo em campos agr\u00edcolas\u201d, disse Peterson, que n\u00e3o estava envolvido no artigo. \u201cEstamos vendo quedas massivas em todos os tipos de insetos nas \u00faltimas d\u00e9cadas e muito disso pode ser devido a res\u00edduos de pesticidas no meio ambiente.\u201d<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n As abelhas mel\u00edferas e nativas tamb\u00e9m s\u00e3o amea\u00e7adas pelo aquecimento e mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, parasitas como \u00e1caros varroa, pat\u00f3genos, perda da diversidade de plantas associada ao desenvolvimento e outros fatores. Seu decl\u00ednio \u00e9 dram\u00e1tico: um estudo recente descobriu que um quarto das esp\u00e9cies de abelhas conhecidas n\u00e3o foram avistadas desde a d\u00e9cada de 1990.<\/p>\n\n\n\n As abelhas azuis (Osmia lignaria<\/em>) fazem seus ninhos em buracos escavados por outros insetos, cavidades de \u00e1rvores ou, \u00e0s vezes, no solo. As f\u00eameas colocam v\u00e1rios ovos, cada um em sua pr\u00f3pria c\u00e2mara de argila, fazendo paredes ao misturar lama para formar passagens de argila.<\/p>\n\n\n\n Depois de emergir no in\u00edcio da primavera, as abelhas passam alguns dias se alimentando antes do acasalamento. Em seguida, as f\u00eameas p\u00f5em ovos e abastecem cada uma com uma bola de p\u00f3len e n\u00e9ctar. Algumas semanas depois, elas morrem. Suas larvas se desenvolvem em subadultos durante o ver\u00e3o e emergem do ninho na primavera seguinte, reiniciando seu ciclo.<\/p>\n\n\n\n Essa explos\u00e3o de poliniza\u00e7\u00e3o no in\u00edcio da primavera \u00e9 vital para muitas \u00e1rvores frut\u00edferas: as abelhas azuis s\u00e3o melhores e mais eficientes polinizadores do que as demais abelhas, pois s\u00e3o mais eficazes na movimenta\u00e7\u00e3o de grandes quantidades de p\u00f3len.<\/p>\n\n\n\n No estudo, Stuligross e seus colegas criaram gaiolas de voo ao ar livre para dezenas de abelhas azuis contendo uma mistura de plantas com flores. Em algumas das gaiolas de voo, cinco semanas antes do lan\u00e7amento das abelhas, os cientistas encharcaram o solo com a f\u00f3rmula de imidaclopride mais comumente usada na Calif\u00f3rnia, um produto chamado AdmirePro, feito pela Bayer Crop Science.<\/p>\n\n\n\n Os cientistas aplicaram o pesticida no n\u00edvel m\u00e1ximo recomendado no r\u00f3tulo, simulando as condi\u00e7\u00f5es vividas no mundo real. Um porta-voz da Bayer respondeu a um pedido de coment\u00e1rio da National Geographic, concordando que os n\u00edveis de imidaclopride usados \u200b\u200bneste estudo eram “relevantes para o campo”, mas que os resultados do estudo “n\u00e3o eram relevantes” porque “o r\u00f3tulo do produto pro\u00edbe aplica\u00e7\u00f5es pr\u00e9vias e em flora\u00e7\u00e3o.\u201d<\/p>\n\n\n\n Embora esse inseticida seja geralmente aplicado a safras como am\u00eandoas ap\u00f3s a flora\u00e7\u00e3o, Stuligross respondeu que esses inseticidas s\u00e3o usados \u200b\u200bo ano todo em ambientes agr\u00edcolas – e a pesquisa mostra que as abelhas azuis dos pomares de amendoeiras, por exemplo, ainda est\u00e3o sendo expostas ao imidaclopride durante sua curta vida adulta nos n\u00edveis observados neste estudo.<\/p>\n\n\n\n Ap\u00f3s a soltura, as abelhas viveram nas gaiolas de voo por algumas semanas, polinizando flores, construindo ninhos e recolhendo n\u00e9ctar e p\u00f3len para seus filhotes. Nessa \u00e9poca, o inseticida j\u00e1 havia sido absorvido pelas flores e estava presente em todos os seus tecidos.<\/p>\n\n\n\n \u201cElas est\u00e3o sendo expostas por meio do p\u00f3len e do n\u00e9ctar\u201d, diz Stuligross. A natureza sist\u00eamica do Neonics (incorporando-se aos tecidos vegetais, em vez de matar insetos em contato) torna os produtos qu\u00edmicos “t\u00f3xicos, mas eficazes” para matar certas pragas, como pulg\u00f5es, acrescenta ela – mas tamb\u00e9m prejudica inadvertidamente os polinizadores.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n Peterson acrescenta que as abelhas tamb\u00e9m podem estar se expondo ao solo, j\u00e1 que esses insetos usam lama para fazer seus ninhos.<\/p>\n\n\n\n Os neonicotin\u00f3ides matam os insetos ligando-se \u00e0s c\u00e9lulas nervosas e evitando a transmiss\u00e3o de impulsos el\u00e9tricos. Eles s\u00e3o menos t\u00f3xicos para os mam\u00edferos, embora sejam prejudiciais para muitos invertebrados, incluindo os aqu\u00e1ticos, como os crust\u00e1ceos e o pl\u00e2ncton que formam a base dos ecossistemas de \u00e1gua doce.<\/p>\n\n\n\n Os pesquisadores usaram um estudo cruzado, no qual algumas abelhas foram expostas apenas como larvas, pelo imidaclopride presente no p\u00f3len e no n\u00e9ctar transportado por suas m\u00e3es a partir de plantas que foram tratadas com spray de solo. Outras abelhas foram, no entanto, expostas como larvas e adultas; algumas apenas como adultas; e outras sem exposi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Eles descobriram que cada exposi\u00e7\u00e3o reduzia a fertilidade, e que isso somava. Enquanto as abelhas expostas apenas como larvas tiveram cerca de 20% menos descendentes do que os insetos n\u00e3o expostos, aquelas expostas no in\u00edcio e no final da vida tiveram 44% menos descendentes. Como as abelhas t\u00eam cerca de duas d\u00fazias de descendentes, isso se traduz em uma diferen\u00e7a de 10 abelhas. As abelhas expostas apenas na idade adulta tiveram 30% menos descendentes.<\/p>\n\n\n\n Os pesquisadores ainda n\u00e3o sabem como o imidaclopride afeta a fertilidade, mas n\u00e3o \u00e9 surpreendente que um veneno do sistema nervoso central pudesse ter esse resultado.<\/p>\n\n\n\n Esses efeitos s\u00e3o \u201cbastante dram\u00e1ticos\u201d, diz Stuligross, e certamente s\u00e3o um dos motivos pelos quais algumas abelhas est\u00e3o diminuindo em determinadas \u00e1reas.<\/p>\n\n\n\n O estudo mostra que \u201cas aplica\u00e7\u00f5es atuais de imidaclopride ter\u00e3o repercuss\u00f5es para gera\u00e7\u00f5es de abelhas muito depois de o pulverizador ter deixado o campo\u201d, disse Charlie Nicholson, pesquisador de p\u00f3s-doutorado na Universidade de Lund, na Su\u00e9cia. Essas repercuss\u00f5es n\u00e3o s\u00e3o levadas em considera\u00e7\u00e3o atualmente na avalia\u00e7\u00e3o dos produtos qu\u00edmicos, diz ele.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n \u201c\u00c9 um exemplo claro de como o passado est\u00e1 presente no sentido ecotoxicol\u00f3gico. Em um sentido mais amplo, essas descobertas tamb\u00e9m me fazem considerar que o trauma geracional tamb\u00e9m \u00e9 algo vivenciado por n\u00e3o-humanos. \u201d<\/p>\n\n\n\n O ac\u00famulo de evid\u00eancias continua mostrando que os neonicotin\u00f3ides s\u00e3o prejudiciais aos insetos ben\u00e9ficos nos Estados Unidos. Embora os estudos anteriores tenham se concentrado especialmente nos efeitos letais, mais dados s\u00e3o mostrados a respeito dos impactos subletais. Por exemplo, um artigo recente descobriu que o imidaclopride reduz muito a fertilidade das abelhas solit\u00e1rias e outro estudo descobriu que o produto qu\u00edmico reduz a atividade nas mitoc\u00f4ndrias das abelhas, onde a energia celular \u00e9 gerada.<\/p>\n\n\n\n Por causa de seus danos aos polinizadores e outros insetos, os neonicotin\u00f3ides como o imidaclopride s\u00e3o proibidos para uso ao ar livre na Uni\u00e3o Europeia. Muitos apicultores e pesquisadores se perguntam por que ainda s\u00e3o legais nos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n \u201cEspero que a EPA revise estudos como este e considere cuidadosamente esses tipos de efeitos em sua avalia\u00e7\u00e3o de risco\u201d, disse Peterson. \u201cEu realmente acho que estudos multigeracionais e de contato indireto precisam ser exigidos como parte da avalia\u00e7\u00e3o de risco para pesticidas.\u201d<\/p>\n\n\n\n Precisamos fazer mais para \u201cajudar a apoiar as abelhas nessas paisagens [agr\u00edcolas] em particular\u201d, diz Stuligross. Uma maneira de ajud\u00e1-las facilmente \u00e9 usar menos pesticidas ou cultivar plantas nativas, sempre que poss\u00edvel.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n Fonte: National Geographic\/ Douglas MainDe abelhas e produtos qu\u00edmicos<\/h4>\n\n\n\n
Evid\u00eancia de dano<\/h4>\n\n\n\n
Tradu\u00e7\u00e3o: Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil \/ Maria Beatriz Ayello Leite
Para ler a reportagem original em ingl\u00eas acesse:<\/em> https:\/\/www.nationalgeographic.com\/animals\/article\/insecticide-exposure-harms-bees-across-generations<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"