{"id":175183,"date":"2021-11-30T09:36:17","date_gmt":"2021-11-30T12:36:17","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175183"},"modified":"2021-11-30T09:36:19","modified_gmt":"2021-11-30T12:36:19","slug":"novo-governo-promete-revolucao-climatica-na-alemanha","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/11\/30\/175183-novo-governo-promete-revolucao-climatica-na-alemanha.html","title":{"rendered":"Novo governo promete revolu\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica na Alemanha"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

O\u00a0governo que vai suceder Angela Merkel\u00a0na Alemanha ser\u00e1 uma alian\u00e7a chefiada pela centro-esquerda, com o social-democrata Olaf Scholz como chanceler federal, em parceria com liberais e\u00a0verdes. A gest\u00e3o ter\u00e1 uma pol\u00edtica clim\u00e1tica ambiciosa no topo de sua agenda.<\/p>\n\n\n\n

A alian\u00e7a \u00e9 formada pelos partidos Social-Democrata (SPD), Verde e Liberal Democr\u00e1tico (SPD). Sua\u00a0plataforma de governo\u00a0promete manter a Alemanha rumo \u00e0 meta de “1,5 grau Celsius\u201d, cifra que representa a\u00a0temperatura m\u00e1xima em que a Terra se aqueceria frente aos n\u00edveis pr\u00e9-industriais.<\/p>\n\n\n\n

Os planos do novo governo incluem a elimina\u00e7\u00e3o gradual da energia do carv\u00e3o at\u00e9 2030, oito anos antes da atual meta; fazer com que 80% da energia el\u00e9trica consumida venha de energias renov\u00e1veis dentro de uma d\u00e9cada; e levar 15 milh\u00f5es de ve\u00edculos el\u00e9tricos \u00e0s ruas alem\u00e3s at\u00e9 2030. Tamb\u00e9m prop\u00f5e a elimina\u00e7\u00e3o gradual do g\u00e1s como energia at\u00e9 2040.<\/p>\n\n\n\n

Um novo “superminist\u00e9rio do clima e economia\u201d seria encabe\u00e7ado pelo pol\u00edtico Robert Habeck, do Partido Verde, e daria a for\u00e7a burocr\u00e1tica necess\u00e1ria para que essas medidas ambiciosas sejam implementadas.<\/p>\n\n\n\n

Um acordo clim\u00e1tico<\/h2>\n\n\n\n

Em meio \u00e0 decep\u00e7\u00e3o com os resultados da\u00a0COP26, grupos ambientalistas e analistas clim\u00e1ticos saudaram inicialmente as novas medidas do futuro governo da Alemanha.<\/p>\n\n\n\n

“O texto d\u00e1 um importante impulso \u00e0 pol\u00edtica clim\u00e1tica e \u00e0 conserva\u00e7\u00e3o da natureza”, disse em comunicado a ONG Friends of the Earth. “N\u00f3s saudamos expressamente este progresso em compara\u00e7\u00e3o com o governo anterior”. Ainda assim, advertiu a ONG, as metas clim\u00e1ticas n\u00e3o garantem sozinhas um caminho para a meta de 1,5 grau Celsius.<\/p>\n\n\n\n

Charles Moore, do instituto Ember, sediado em Londres, diz que o aumento das energias renov\u00e1veis para alimentar 80% da rede energ\u00e9tica da Alemanha at\u00e9 2030 \u00e9 um “compromisso realmente ousado” – especialmente quando associado \u00e0 promessa de colocar milh\u00f5es de carros el\u00e9tricos nas ruas at\u00e9 o final da d\u00e9cada.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 um voto de confian\u00e7a em nosso futuro el\u00e9trico e na descarboniza\u00e7\u00e3o de nosso sistema energ\u00e9tico”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

Moore ajudou a elaborar um relat\u00f3rio de 2020 detalhando a fracassada transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica\u00a0da Alemanha, que falhou devido a uma forte depend\u00eancia do carv\u00e3o. Mas a nova agenda clim\u00e1tica o deixa mais otimista.<\/p>\n\n\n\n

“Minhas preocupa\u00e7\u00f5es com o carv\u00e3o na Alemanha diminu\u00edram muito”, disse ele ap\u00f3s o an\u00fancio do programa de governo. Ele acredita que o acordo clim\u00e1tico est\u00e1 de acordo com a prescri\u00e7\u00e3o da Ag\u00eancia Internacional de Energia (AIE) de que o aumento da capacidade das energias renov\u00e1veis \u00e9 a maneira mais r\u00e1pida, mais barata e mais eficiente de reduzir as emiss\u00f5es de gases de efeito estufa.<\/p>\n\n\n\n

Ambientalistas veem progresso<\/h2>\n\n\n\n

A coaliz\u00e3o de governo afirma que suas pol\u00edticas colocar\u00e3o a Alemanha no caminho da meta de 1,5 grau Celsius, mas ambientalistas duvidam. A ONG Friends of the Earth “v\u00ea isso com grande ceticismo”, em parte devido \u00e0 falta de “caminhos de expans\u00e3o anual” espec\u00edficos para energia solar e e\u00f3lica. A ONG diz ainda que a meta de alcan\u00e7ar a neutralidade clim\u00e1tica at\u00e9 2045 “\u00e9 tardia demais para apenas 1,5 grau Celsius”.<\/p>\n\n\n\n

Ativistas do movimento Fridays for Future haviam exigido que um compromisso de 1,5 fosse central para as negocia\u00e7\u00f5es da coaliz\u00e3o governamental alem\u00e3. Mas, ao final, tamb\u00e9m ficaram desiludidos com o resultado.<\/p>\n\n\n\n

“Medido perante o fracasso que foi a grande coaliz\u00e3o, estamos vendo progresso”, escreveu o Fridays for Future na Alemanha, referindo-se ao \u00faltimo governo Angela Merkel. “Medido perante a realidade da crise clim\u00e1tica, este programa do governo n\u00e3o ser\u00e1 suficiente”.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 tamb\u00e9m a preocupa\u00e7\u00e3o de que o compromisso de elimina\u00e7\u00e3o progressiva do carv\u00e3o em 2030 n\u00e3o seja obrigat\u00f3rio – a palavra “idealmente” foi inserida no programa de governo – e que a data de elimina\u00e7\u00e3o progressiva do g\u00e1s natural sinalize uma tentativa de transi\u00e7\u00e3o do petr\u00f3leo e do carv\u00e3o para um novo “assassino f\u00f3ssil”.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Energia e\u00f3lica: segundo o atual governo, fim da era do carv\u00e3o na Alemanha tem data: 2030<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O g\u00e1s \u00e9 controverso como fonte “mais limpa\u201d que faria a ponte enquanto as fontes de energia verde, como a solar e a e\u00f3lica, ainda est\u00e3o se estabelecendo. Essa data de 2030, segundo o Fridays fro Future, viria dez anos tarde demais para a meta de manter o aquecimento global a 1,5 frente aos n\u00edveis pr\u00e9-industriais.<\/p>\n\n\n\n

“A coaliz\u00e3o quer construir novas usinas de g\u00e1s e afirma que o g\u00e1s \u00e9 criticamente necess\u00e1rio para a transi\u00e7\u00e3o”, diz Deborah Ramalope, da Climate Analytics, uma institui\u00e7\u00e3o global de pesquisa da mudan\u00e7a clim\u00e1tica. “Isso n\u00e3o \u00e9 verdade e poderia levar \u00e0 in\u00e9rcia e manuten\u00e7\u00e3o de combust\u00edveis f\u00f3sseis”.<\/p>\n\n\n\n

Ramalope, que \u00e9 cientista ambientalista, tamb\u00e9m est\u00e1 preocupada com o fato de que a linguagem da elimina\u00e7\u00e3o progressiva do carv\u00e3o seja demasiadamente vaga, em vez de “um compromisso concreto”.<\/p>\n\n\n\n

“Transforma\u00e7\u00e3o profunda”<\/h2>\n\n\n\n

Ela acrescenta que a descarboniza\u00e7\u00e3o do setor energ\u00e9tico seria melhor servida por uma elimina\u00e7\u00e3o progressiva do carv\u00e3o at\u00e9 2029, de acordo com uma an\u00e1lise da Climate Analytics. Seu modelo tamb\u00e9m mostra que a Alemanha poderia aumentar sua participa\u00e7\u00e3o de energias renov\u00e1veis no mix energ\u00e9tico para quase 90% at\u00e9 2030, em vez de apenas 80%.<\/p>\n\n\n\n

Segundo ela, uma meta de 65% de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es at\u00e9 2030 abaixo dos n\u00edveis de 1990, por sua vez, “est\u00e1 pr\u00f3xima, mas n\u00e3o \u00e9 compat\u00edvel com 1,5 grau”. Para isso, cerca de 70% seriam necess\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 uma meta de 65% de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es at\u00e9 2030 abaixo dos n\u00edveis de 1990 “est\u00e1 pr\u00f3xima”, explica Ramalope, “mas n\u00e3o compat\u00edvel com 1,5C”. Cerca de 70%, segundo ela, seriam necess\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

Para Charles Mooren, do instituto Ember, o compromisso de “idealmente” eliminar o carv\u00e3o at\u00e9 2030 foi “decepcionante”, pois perdeu-se uma oportunidade de “enviar uma mensagem internacional mais forte sobre o carv\u00e3o”.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, os analistas dizem que as novas medidas clim\u00e1ticas, tanto em termos de carv\u00e3o quanto de g\u00e1s, s\u00e3o plenamente alcan\u00e7\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

Ramalope diz que uma “transforma\u00e7\u00e3o profunda” rumo a “uma economia energ\u00e9tica limpa, din\u00e2mica e resiliente, dominada por energias renov\u00e1veis” est\u00e1, em princ\u00edpio, em andamento na Alemanha.<\/p>\n\n\n\n

“Agora eles precisam entregar o que prometeram”, comenta ela.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"