{"id":175242,"date":"2021-12-03T10:00:34","date_gmt":"2021-12-03T13:00:34","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175242"},"modified":"2021-12-03T10:00:36","modified_gmt":"2021-12-03T13:00:36","slug":"brilhos-na-floresta-cientistas-descobrem-nova-especie-de-fungo-na-amazonia-que-brilha-no-escuro","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/12\/03\/175242-brilhos-na-floresta-cientistas-descobrem-nova-especie-de-fungo-na-amazonia-que-brilha-no-escuro.html","title":{"rendered":"Brilhos na floresta: cientistas descobrem nova esp\u00e9cie de fungo na Amaz\u00f4nia que brilha no escuro"},"content":{"rendered":"\n
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Cientistas do AM descobrem nova esp\u00e9cie de fungo na Amaz\u00f4nia que brilha no escuro<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Era noite de lua nova e tempo nublado na Amaz\u00f4nia quando a pesquisadora Noemia Ishikawa viu pela primeira vez os fungos bioluminescentes<\/strong>, em 2017. Eles foram apresentados por um morador da regi\u00e3o, o ind\u00edgena Aldevan Baniwa, que conhecia o fen\u00f4meno como \u201cBrilhos da Floresta\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Os brilhos j\u00e1 eram conhecidos da comunidade ind\u00edgena, em S\u00e3o Gabriel da Cachoeira (AM), e usados como iluminadores das trilhas. Eles n\u00e3o podiam ser vistos em noites com forte luz da lua e muito menos com luzes da cidade.<\/p>\n\n\n\n

No final de novembro deste ano, pesquisadores catalogaram a\u00a0segunda esp\u00e9cie de fungo bioluminescente descoberta na Amaz\u00f4nia<\/strong>. Ela foi vista pela primeira vez em 2018, nas margens do rio Cuieiras, no munic\u00edpio de Mau\u00e9s (AM).<\/p>\n\n\n\n

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Imagens da nova esp\u00e9cie de fungos bioluminescentes da Amaz\u00f4nia foram publicadas na Revista Mycoscience. \u2014 Foto: Revista Mycoscience<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Foram cerca de tr\u00eas anos de an\u00e1lises at\u00e9 o grupo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\u00f4nia (Inpa), que estuda fungos bioluminescentes, anunciar a descoberta dessa nova esp\u00e9cie. O resultado da pesquisa foi publicado na \u00faltima semana na revista cientifica Mycoscience, da Ag\u00eancia de Ci\u00eancia e Tecnologia do Jap\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora Noemia Ishikawa afirma que uma das formas de comprovar que um fungo \u00e9 bioluminescente \u00e9 atrav\u00e9s da fotografia, o que, segundo ela, \u00e9 dif\u00edcil de fazer por conta da sensibilidade da luz emitida por eles.<\/p>\n\n\n\n

“Nesse caso, para confirmar se realmente era uma nova esp\u00e9cie n\u00f3s estudamos a descri\u00e7\u00e3o da morfologia, da parte microsc\u00f3pica, as c\u00e9lulas, que s\u00e3o utilizadas para a identifica\u00e7\u00e3o da esp\u00e9cie, al\u00e9m de fazer a sequ\u00eancia de DNA e n\u00f3s constatamos que esse era um tipo diferente de fungo bioluminescente”, explica.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

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Pesquisadores durante expedi\u00e7\u00e3o na Amaz\u00f4nia em busca de fungos que “brilham no escuro”. \u2014 Foto: Arquivo pessoal<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
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Pesquisadora Noemia Ishikawa \u2014 Foto: Hadna Abreu<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

At\u00e9 2018, a Amaz\u00f4nia contava apenas com uma esp\u00e9cie de fungo bioluminescente catalogada. A nova esp\u00e9cie, batizada de Mycena cristinae<\/em>, \u00e9 uma homenagem \u00e0 professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Cristina Maki, que fazia parte do grupo de pesquisa, mas faleceu antes da conclus\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Na floresta, os fungos bioluminescentes podem estar em estar em troncos de \u00e1rvores ca\u00eddos e nas folhas do ch\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O principal pesquisador envolvido no projeto, Jadson Oliveira, conta que j\u00e1 fez diversas expedi\u00e7\u00f5es para descobrir esp\u00e9cies de fungos na regi\u00e3o amaz\u00f4nica. A nova esp\u00e9cie foi coletada por uma aluna de Jadson em uma das expedi\u00e7\u00f5es e depois seguiu para an\u00e1lise e sequenciamento.<\/p>\n\n\n\n

“Quando voc\u00ea encontra um fungo bioluminoso na floresta, parece que voc\u00ea est\u00e1 vendo uma noite estrelada, s\u00f3 que no ch\u00e3o. Para achar um cogumelo parece um pouco dif\u00edcil, mas no substrato \u00e9 bem mais f\u00e1cil”, relembra.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

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Fungos tamb\u00e9m podem ser encontrados em troncos das \u00e1rvores. \u2014 Foto: Revista Mycoscience<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Por que brilha?<\/h2>\n\n\n\n

Os fungos bioluminescentes brilham em decorr\u00eancia de uma rea\u00e7\u00e3o qu\u00edmica semelhante a que ocorre com vaga-lumes e outros organismos. Nela, a luciferina <\/em>metabolizada reage com o oxig\u00eanio e com a uma enzima chamada luciferase<\/em>, criando energia qu\u00edmica na forma de luz fria.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Jadson Oliveira, esse fen\u00f4meno luminoso, consequ\u00eancia do metabolismo energ\u00e9tico de alguns fungos, necessita muitos esclarecimentos quanto ao seu papel.<\/p>\n\n\n\n

“At\u00e9 o momento, os estudos ainda n\u00e3o determinaram uma fun\u00e7\u00e3o objeta para esses fungos brilharem. V\u00e1rias hip\u00f3teses v\u00eam sendo propostas e avaliadas, uma delas a atra\u00e7\u00e3o de dispersores de esporos. Outra linha argumenta que este seria apenas uma consequ\u00eancia ocasional das cadeias metab\u00f3licas destes fungos envolvendo o oxig\u00eanio e a respira\u00e7\u00e3o. O porqu\u00ea e para qu\u00ea a ci\u00eancia ainda n\u00e3o tem uma resposta conclusiva. E pode ser que a luminesc\u00eancia tenha m\u00faltiplas fun\u00e7\u00f5es e influ\u00eancias para esses fungos e para com quem interagem na natureza.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Import\u00e2ncia para a biodiversidade<\/h2>\n\n\n\n

Na floresta, os fungos s\u00e3o importantes na decomposi\u00e7\u00e3o e libera\u00e7\u00e3o de nutrientes que ficam nos galhos e folhas das \u00e1rvores. Eles decomp\u00f5em os restos de \u00e1rvores e animais mortos para depois devolver os nutrientes para a terra, fazendo com que outras plantas absorvam os nutrientes.<\/p>\n\n\n\n

“Aqui na Floresta Amaz\u00f4nica essa esp\u00e9cie em particular \u00e9 degradadora de troncos. A gente pode ver que o tronco tamb\u00e9m brilha, ou seja, eles tamb\u00e9m agem nessa superf\u00edcie, liberando enzimas e digerindo a madeira. Esse processo todo faz com o que o ecossistema amaz\u00f4nico funcione corretamente”, explica Jadson.<\/p>\n\n\n\n

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Fungos s\u00e3o importantes na decomposi\u00e7\u00e3o e libera\u00e7\u00e3o de nutrientes que ficam nos galhos e folhas das \u00e1rvores \u2014 Foto: Revista Mycoscience<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Fortalecimento do Micoturismo<\/h2>\n\n\n\n

Em 2019, a equipe de pesquisadores tamb\u00e9m descobriu que poderia interligar conhecimentos sobre os fungos bioluminescentes ao turismo, atraindo a curiosidade do p\u00fablico. O micoturismo une o estudo sobre os fungos ao turismo, principalmente o noturno.<\/p>\n\n\n\n

Em expedi\u00e7\u00f5es organizadas por eles, turistas em Bel\u00e9m e na regi\u00e3o pr\u00f3xima ao Rio Cuieiras, em Mau\u00e9s, puderam conhecer fungos bioluminescentes.<\/p>\n\n\n\n

“O atrativo dessa atividade \u00e9 expandir o conhecimento sobre os fungos, tanto de dia quanto \u00e0 noite. Ent\u00e3o, nos anos anteriores \u00e0 pandemia, a gente fazia expedi\u00e7\u00f5es com trilhas demarcadas para que as pessoas pudessem observar as folhas com fungo bioluminescentes. No Amazonas, ainda estamos come\u00e7ando a andar nessa \u00e1rea. Estamos tentando implementar”, conta Ruby Vargas Isla, outra pesquisadora do projeto.<\/p>\n\n\n\n

Democratizar o acesso \u00e0 ci\u00eancia<\/h2>\n\n\n\n

Para facilitar o entendimento sobre a esp\u00e9cie, os cientistas criaram at\u00e9 um livro ilustrado, que conta como os “fungos que brilham” foram descobertos.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Noemia, a produ\u00e7\u00e3o \u00e9 uma forma de aproximar a ci\u00eancia da popula\u00e7\u00e3o. “Deixando esse assunto chegar para perto da popula\u00e7\u00e3o a gente garante a preserva\u00e7\u00e3o da floresta atrav\u00e9s do encantamento. \u00c9 o nosso jeito de proteger. S\u00f3 falar sobre o assunto pode at\u00e9 n\u00e3o impactar tanto, mas mostrar, na pr\u00e1tica, encanta e pode ajudar a preservar”, diz.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso,\u00a0uma exposi\u00e7\u00e3o inspirada na pesquisa foi montada pela artista amazonense Hadna Abreu\u00a0para quem quer conhecer mais sobre fungos bioluminescentes sem precisar sair da cidade. A partir de s\u00e1bado (4), o p\u00fablico vai poder conferir de forma gratuita a exposi\u00e7\u00e3o interativa \u201cAmaz\u00f4nia ao Cubo\u201d e vai poder ter a experi\u00eancia de como \u00e9 conhecer o brilho da floresta.<\/p>\n\n\n\n

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Exposi\u00e7\u00e3o recria as esp\u00e9cies de fungos bioluminescentes em cubos. \u2014 Foto: Hadna Abreu<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A exposi\u00e7\u00e3o estar\u00e1 aberta das 19h \u00e0s 21h, no Espa\u00e7o Casa Som Amaz\u00f4nia, localizado na rua Travessa Planalto, n.03, Bairro Parque Dez de Novembro, Zona Centro-Sul de Manaus.<\/p>\n\n\n\n

‘Amaz\u00f4nia ao Cubo\u2019 segue em cartaz at\u00e9 o dia 22 de dezembro, de segunda a sexta, das 19h \u00e0s 21h, e no s\u00e1bado (18) de 15h \u00e0s 17h. Os ingressos s\u00e3o limitados, com\u00a0agendamentos online.<\/a><\/p>\n\n\n\n

Fonte: G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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