{"id":175466,"date":"2021-12-13T17:40:58","date_gmt":"2021-12-13T20:40:58","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175466"},"modified":"2021-12-13T17:41:00","modified_gmt":"2021-12-13T20:41:00","slug":"bancos-alemaes-financiam-mineradoras-em-conflito-no-brasil","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/12\/13\/175466-bancos-alemaes-financiam-mineradoras-em-conflito-no-brasil.html","title":{"rendered":"Bancos alem\u00e3es financiam mineradoras em conflito no Brasil"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Investimentos do Commerzbank, DZ Bank e Deutsche Bank em projetos controversos colocam compromisso de responsabilidade ambiental firmado junto \u00e0 ONU em xeque. Especialistas criticam falta de dilig\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Em 2019, mais de 250 bancos assinaram os\u00a0Princ\u00edpios para Responsabilidade Banc\u00e1ria da ONU. Era um compromisso volunt\u00e1rio que definia seis linhas de responsabilidade socioambiental para a rela\u00e7\u00e3o entre as institui\u00e7\u00f5es financeiras e os seus clientes.<\/p>\n\n\n\n

Por\u00e9m, muitos bancos continuam investindo em empresas que h\u00e1 anos s\u00e3o acusadas de viola\u00e7\u00f5es de direitos humanos e crimes ambientais, sem que eles fa\u00e7am dilig\u00eancias adequadas, ou apurem informa\u00e7\u00f5es sobre conflitos socioambientais em que seus clientes est\u00e3o envolvidos. Empr\u00e9stimos raramente s\u00e3o negados.<\/p>\n\n\n\n

Empr\u00e9stimos de bancos a mineradoras n\u00e3o s\u00e3o ilegais. Mas, segundo o documento de orienta\u00e7\u00e3o dos Princ\u00edpios para Responsabilidade Banc\u00e1ria da ONU, os bancos deveriam informar-se \u2014 em alto n\u00edvel \u2014 sobre como suas “pol\u00edticas e pr\u00e1ticas promovem uma conduta respons\u00e1vel, incentivam pr\u00e1ticas e atividades econ\u00f4micas sustent\u00e1veis”.<\/p>\n\n\n\n

Mas isso nem sempre acontece. \u00c9 que apesar dos princ\u00edpios da ONU, “\u00e9 muito dif\u00edcil garantir um mecanismo de san\u00e7\u00e3o internacional que responsabilize os bancos”, disse \u00e0 DW Brasil Daisy Ribeiro, assessora jur\u00eddica da organiza\u00e7\u00e3o de direitos humanos Terra de Direitos. “H\u00e1 muito tempo fala-se sobre isso, mas at\u00e9 hoje nada aconteceu.”<\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos cinco anos, tr\u00eas bancos alem\u00e3es signat\u00e1rios dos princ\u00edpios da ONU – o Commerzbank, o Deutsche Bank e o DZ Bank – teriam investido mais de 1 bilh\u00e3o de d\u00f3lares em mineradoras envolvidas em conflitos no Brasil, segundo uma\u00a0recente reportagem do Observat\u00f3rio da Minera\u00e7\u00e3o.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Investimentos em mineroduto alvo de den\u00fancias<\/h2>\n\n\n\n

Saber o caminho percorrido pelos investimentos banc\u00e1rios at\u00e9 chegar a projetos controversos nem sempre \u00e9 \u00f3bvio. Isso depende da informa\u00e7\u00e3o veiculada pelas pr\u00f3prias empresas e bancos \u2013 que nem sempre o fazem em detalhes, explica Thomas K\u00fcchenmeister, o diretor da ONG alem\u00e3 Facing Finance, com sede em Berlim, e que investiga a atua\u00e7\u00e3o dos bancos em v\u00e1rias \u00e1reas.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 um fato, por\u00e9m, que o dinheiro dos bancos est\u00e1 favorecendo, h\u00e1 anos, muitas empresas envolvidas em conflitos sem que eles procurem saber detalhes sobre as muitas acusa\u00e7\u00f5es de viola\u00e7\u00f5es das quais estas empresas s\u00e3o alvo – tal com prev\u00ea o documento assinado junto \u00e0 ONU.<\/p>\n\n\n\n

Entre os bancos alem\u00e3es, o Commerzbank \u00e9 mencionado na reportagem do Observat\u00f3rio da Minera\u00e7\u00e3o pelo investimento de 627 milh\u00f5es de d\u00f3lares na gigante brit\u00e2nica da minera\u00e7\u00e3o Anglo American, que atua no projeto do mineroduto Minas-Rio – alvo, h\u00e1 pelo menos dois anos, de den\u00fancias de crimes ambientais no munic\u00edpio de Concei\u00e7\u00e3o do Mato Dentro, em Minas Gerais.<\/p>\n\n\n\n

O DZ Bank, por sua vez, \u00e9 mencionado por ter 118 milh\u00f5es de d\u00f3lares em a\u00e7\u00f5es desse mesmo conglomerado brit\u00e2nico.<\/p>\n\n\n\n

Em 2018, o mineroduto Minas-Rio rompeu duas vezes, derramando milhares de toneladas de min\u00e9rio de ferro. No mesmo ano, a ONU advertiu o Brasil sobre as amea\u00e7as de morte que fam\u00edlias sofriam em Concei\u00e7\u00e3o do Mato Dentro, depois de terem entrado com uma a\u00e7\u00e3o judicial contra a Anglo American Iron Ore Brazil S.A, subsidi\u00e1ria local da mineradora.<\/p>\n\n\n\n

Questionada pela DW Brasil sobre se, em algum momento, foi procurada pelos bancos para dialogar ou reportar sobre seus compromissos socioambientais no munic\u00edpio de Concei\u00e7\u00e3o do Mato Dentro (MG), a Anglo American disse seguir a legisla\u00e7\u00e3o e altos padr\u00f5es internacionais, mas que “n\u00e3o comentaria sobre suas rela\u00e7\u00f5es comerciais com institui\u00e7\u00f5es financeiras”.<\/p>\n\n\n\n

O Commerzbank tamb\u00e9m reafirmou todos os seus compromissos socioambientais, mas “pediu compreens\u00e3o por n\u00e3o poder comentar sobre as rela\u00e7\u00f5es individuais com os clientes”.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o DZ Bank disse \u00e0 DW Brasil que a empresa de gest\u00e3o de fundos pertencente ao Grupo DZ Bank estabelece processos de monitoriza\u00e7\u00e3o e gest\u00e3o de riscos ambientais e de direitos humanos no seu universo de investimento.<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, um\u00a0relat\u00f3rio recente do Instituto Brasileiro de An\u00e1lises Sociais e Econ\u00f4micas (Ibase)\u00a0revelou que as fam\u00edlias no munic\u00edpio de Concei\u00e7\u00e3o do Mato Dentro, em Minas Gerais, t\u00eam acesso restrito \u00e0 \u00e1gua e sofrem problemas de sa\u00fade por causa da contamina\u00e7\u00e3o das terras e das fontes na \u00e1rea em que a Anglo American atua.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Dilig\u00eancia m\u00ednima<\/h2>\n\n\n\n

Ao conceder um empr\u00e9stimo, um banco nem sempre sabe que o dinheiro vai parar em investimentos irrespons\u00e1veis. Mas “em 10 minutos de [busca no] Google, voc\u00ea encontra muita coisa”, observou, em entrevista \u00e0 DW Brasil, o jornalista Maur\u00edcio Angelo, fundador do Observat\u00f3rio da Minera\u00e7\u00e3o. “Se um banco quiser fazer uma dilig\u00eancia m\u00ednima – o que deveria, e est\u00e1 previsto fazer – sem d\u00favida, conseguiria descobrir muitas coisas question\u00e1veis, rapidamente.”<\/p>\n\n\n\n

Por\u00e9m, “h\u00e1 mais de dez anos estes bancos est\u00e3o envolvidos em financiamentos diretos a mineradoras e empresas de commodities envolvidas em conflitos”, apontou Angelo. “Ser\u00e1 que n\u00e3o fazem a menor ideia de quem s\u00e3o estas empresas?”, questionou.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Constru\u00e7\u00e3o do mineroduto Minas-Rio em 2014<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os investimentos indiretos de bancos que v\u00e3o parar em projetos controversos tamb\u00e9m s\u00e3o alvo de cr\u00edticas. Embora seja dif\u00edcil discriminar o caminho do dinheiro em transa\u00e7\u00f5es que envolvem v\u00e1rias empresas, ativistas pedem mais responsabilidade na concess\u00e3o de investimentos. Pois, segundo argumentam, se houvesse alguma san\u00e7\u00e3o jur\u00eddica que responsabilizasse os bancos em casos de viola\u00e7\u00f5es socioambientais, certamente eles teriam mais cautela ao conceder empr\u00e9stimos.<\/p>\n\n\n\n

O terceiro banco alem\u00e3o mencionado na reportagem do Observat\u00f3rio da Minera\u00e7\u00e3o, o Deutsche Bank, por exemplo, \u00e9 apontado como investidor de 59 milh\u00f5es de d\u00f3lares na empresa su\u00ed\u00e7a Glencore, uma das grandes traders de commodities do mundo e que at\u00e9 maio de 2021 manteve a\u00e7\u00f5es da CSN Minera\u00e7\u00e3o, tendo uma participa\u00e7\u00e3o de 3% na empresa. Na oferta inicial de a\u00e7\u00f5es (IPO) da mineradora, em fevereiro, a anglo-su\u00ed\u00e7a Genclore havia sido o investidor de maior peso, adquirindo 25% das a\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Em abril, a prefeitura de Itagua\u00ed multou a CSN Minera\u00e7\u00e3osob a acusa\u00e7\u00e3o de ter despejado diretamente na Ba\u00eda de Sepetiba min\u00e9rio de ferro sem tratamento e de operar com licen\u00e7a ambiental vencida h\u00e1 nove anos.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 DW Brasil, a CSN Minera\u00e7\u00e3o negou veementemente todas as acusa\u00e7\u00f5es. A empresa encaminhou \u00e0 reportagem a licen\u00e7a ambiental para operar em Itagua\u00ed e tamb\u00e9m seu pedido de renova\u00e7\u00e3o. A lei prev\u00ea que o licenciamento fica automaticamente prorrogado at\u00e9 a manifesta\u00e7\u00e3o definitiva do \u00f3rg\u00e3o ambiental competente, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro. A situa\u00e7\u00e3o \u00e9 provis\u00f3ria desde 2011.<\/p>\n\n\n\n

A DW perguntou ao Inea se o \u00f3rg\u00e3o constatou ind\u00edcios de crimes ambientais na \u00e1rea de atua\u00e7\u00e3o da CSN Minera\u00e7\u00e3o em Itagua\u00ed, e por que as licen\u00e7as ambientais para operar no local n\u00e3o teriam sido concedidas definitivamente, mesmo ap\u00f3s cerca de dez anos depois do pedido de prorroga\u00e7\u00e3o pela mineradora. O \u00f3rg\u00e3o n\u00e3o se manifestou at\u00e9 o fechamento desta reportagem.<\/p>\n\n\n\n

A DW Brasil tamb\u00e9m questionou o Deutsche Bank. A institui\u00e7\u00e3o disse que, por motivos jur\u00eddicos, n\u00e3o se manifestaria sobre o caso espec\u00edfico envolvendo a Glencore e a CSN Minera\u00e7\u00e3o, mas que, como banco global, tem “um papel importante a desempenhar na promo\u00e7\u00e3o da transi\u00e7\u00e3o da economia para uma maior sustentabilidade”.<\/p>\n\n\n\n

“Precisamos examinar nossa atividade comercial quanto a potenciais impactos negativos e compreender quais riscos ambientais e sociais podem estar associados a uma determinada transa\u00e7\u00e3o ou cliente. A avalia\u00e7\u00e3o sistem\u00e1tica desses riscos \u00e9 parte integrante de nossos processos de gest\u00e3o de riscos”, disse o Deutsche Bank.<\/p>\n\n\n\n

Investimentos pelo mundo<\/h2>\n\n\n\n

Os casos envolvendo os tr\u00eas bancos alem\u00e3es e mineradoras no Brasil s\u00e3o apenas parte de um universo de investimentos de bancos por todo o mundo direcionados a empresas acusadas de crimes ambientais, ou envolvidas em conflitos. Mas chamam aten\u00e7\u00e3o porque os tr\u00eas bancos s\u00e3o signat\u00e1rios dos princ\u00edpios da ONU.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o\u00a0relat\u00f3rio intitulado\u00a0Dirty Profits<\/em>\u00a0(lucros sujos, em ingl\u00eas) da ONG Facing Finance, que \u00e9 resultado de uma investiga\u00e7\u00e3o sobre investimentos de bancos em empresas acusadas de viola\u00e7\u00f5es, da \u00c1frica a Papua Nova Guin\u00e9, muitas viola\u00e7\u00f5es socioambientais ou de direitos humanos envolvem uso de for\u00e7as de seguran\u00e7a violentas, agress\u00f5es sexuais e morte nas minas.<\/p>\n\n\n\n

Cinco dessas empresas – Anglo American, Glencore, BHP, Rio Tinto e Barrick Gold – j\u00e1 eram classificadas em 2011 no ranking das “mineradoras mais controversas”. <\/p>\n\n\n\n

De fato, as “institui\u00e7\u00f5es financeiras deveriam excluir os clientes que violam os direitos humanos”, afirmou \u00e0 DW Brasil o diretor da organiza\u00e7\u00e3o Facing Finance, Thomas K\u00fcchenmeister. Mas “n\u00e3o existe uma lei que responsabilize os bancos pelos crimes ou conflitos ambientais em que seus clientes possam estar envolvidos”, disse. “H\u00e1 apenas a moral \u2013 e a moral nem sempre \u00e9 uma disciplina na economia”, criticou.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n\n\n\n

<\/a><\/a><\/a><\/a><\/a><\/a><\/a><\/a><\/a><\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Investimentos do Commerzbank, DZ Bank e Deutsche Bank em projetos controversos colocam compromisso de responsabilidade ambiental firmado junto \u00e0 ONU em xeque. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":175467,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[987,203,311],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175466"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=175466"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175466\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":175469,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175466\/revisions\/175469"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/175467"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=175466"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=175466"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=175466"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}