{"id":175470,"date":"2021-12-13T17:51:34","date_gmt":"2021-12-13T20:51:34","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175470"},"modified":"2021-12-13T17:51:40","modified_gmt":"2021-12-13T20:51:40","slug":"golfinhos-trabalham-em-equipe-e-utilizam-ferramentas-e-truques-para-conseguir-alimento","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/12\/13\/175470-golfinhos-trabalham-em-equipe-e-utilizam-ferramentas-e-truques-para-conseguir-alimento.html","title":{"rendered":"Golfinhos trabalham em equipe e utilizam ferramentas e truques para conseguir alimento"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Golfinhos-nariz-de-garrafa nadam na Reserva Marinha da Ponta do Oro, em Mo\u00e7ambique. A esp\u00e9cie \u00e9 uma das mais estudadas entre os golfinhos.
FOTO DE\u00a0THOMAS P. PESCHAK, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

N\u00e3o h\u00e1 d\u00favida de que os golfinhos s\u00e3o incrivelmente inteligentes. Mas a maneira como usam a intelig\u00eancia para sobreviver continua a surpreender os bi\u00f3logos marinhos, que descobrem novos e fascinantes comportamentos a cada ano.<\/p>\n\n\n\n

Existem 36 esp\u00e9cies de golfinhos, que incluem desde o golfinho da esp\u00e9cie\u00a0Cephalorhynchus hectori maui<\/em>, conhecido como o golfinho\u00a0<\/em>de Maui, que pesa cerca de 50 quilos, at\u00e9 a enorme\u00a0orca, e todas enfrentam o mesmo desafio: conseguir alimento sem possuir bra\u00e7os ou pernas.<\/p>\n\n\n\n

Uma das esp\u00e9cies mais estudadas, o\u00a0golfinho-nariz-de-garrafa, desenvolveu um conjunto impressionante de estrat\u00e9gias de ca\u00e7a, como a t\u00e1tica do anel de lama. Batendo a cauda com for\u00e7a e nadando em movimentos circulares, esses predadores encurralam cardumes de peixes dentro de tornados de lama. Para os peixes, o anel de lama parece uma parede intranspon\u00edvel, o que os faz entrar em p\u00e2nico e saltar sobre ela pela superf\u00edcie da \u00e1gua, onde, para o azar deles, outros golfinhos famintos os esperam com as mand\u00edbulas abertas.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 recentemente, acreditava-se que a alimenta\u00e7\u00e3o por meio da estrat\u00e9gia do anel de lama era exclusiva a apenas algumas popula\u00e7\u00f5es de golfinhos-nariz-de-garrafa que viviam na Fl\u00f3rida. Mas\u00a0um estudo recente publicado na revista cient\u00edfica\u00a0Marine Mammal Science<\/em>\u00a0comprova que o comportamento \u00e9 mais difundido do que se pensava e foi confirmado em Belize e no M\u00e9xico, revelou o autor do estudo\u00a0Eric Ramos, bi\u00f3logo marinho da Universidade da Cidade de Nova York.<\/p>\n\n\n\n

Embora seja tecnicamente poss\u00edvel que um golfinho que se alimenta pela t\u00e9cnica do anel de lama tenha levado o comportamento da Fl\u00f3rida para o Caribe, ou vice-versa, Ramos considera essa explica\u00e7\u00e3o improv\u00e1vel. Em vez disso, ele acredita que popula\u00e7\u00f5es diferentes de golfinhos que vivem em habitats<\/em> semelhantes inovaram a mesma estrat\u00e9gia de forma independente.<\/p>\n\n\n\n

\u201cDe qualquer forma, \u00e9 uma estrat\u00e9gia muito interessante\u201d, diz Ramos \u2014 e \u00e9 apenas uma das muitas maneiras inteligentes a que os golfinhos recorrem para sobreviver.<\/p>\n\n\n\n

Alimenta\u00e7\u00e3o na costa: a t\u00e1tica mais perigosa<\/h3>\n\n\n\n

Para um mam\u00edfero marinho, \u00e9 perigoso chegar muito perto da costa, pois pode encalhar e morrer. No entanto, algumas esp\u00e9cies de golfinhos est\u00e3o dispostas a correr o risco, perseguindo peixes at\u00e9 a praia \u2014 e depois engolindo-os antes de voltar para alto-mar.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 t\u00e3o perigoso\u201d, afirma\u00a0Janet Mann, ecologista comportamental da Universidade Georgetown em Washington, D.C., que estuda o comportamento dos golfinhos-nariz-de-garrafa do Indo-Pac\u00edfico na ba\u00eda Shark, na Austr\u00e1lia.<\/p>\n\n\n\n

Mann conta que um dos golfinhos que mais se destaca na praia, uma f\u00eamea chamada Jamaica, apareceu com marcas de queimaduras h\u00e1 alguns anos, provavelmente causadas pela exposi\u00e7\u00e3o prolongada ao sol depois de ter encalhado na costa.<\/p>\n\n\n\n

Alimentar-se na costa ou na praia \u00e9 outra estrat\u00e9gia rara conhecida apenas em alguns lugares, como na Carolina do Sul e na ba\u00eda Shark. \u201c\u00c9 um comportamento muito interessante porque poucos animais o exibem\u201d, observa Mann. <\/p>\n\n\n\n

Kerplunking<\/em>: brincando com a comida<\/h3>\n\n\n\n

Quando um golfinho bate sua cauda na superf\u00edcie da \u00e1gua, pode parecer uma crian\u00e7a brincando na banheira. Mas, na realidade, \u00e9 um comportamento de ca\u00e7a fatal.<\/p>\n\n\n\n

Em algumas regi\u00f5es do mundo, os golfinhos utilizam a cauda para atordoar os peixes e at\u00e9 mesmo jog\u00e1-los ao ar antes de devor\u00e1-los. Estrat\u00e9gia conhecida como fish-kicking<\/em> ou fish-whacking<\/em> em ingl\u00eas, que significa golpear peixes.<\/p>\n\n\n\n

Algumas popula\u00e7\u00f5es australianas de golfinho-nariz-de-garrafa realizam uma manobra para tirar os polvos da \u00e1gua na tentativa de\u00a0se esquivar das ventosas dos cefal\u00f3podes antes de devor\u00e1-los.<\/p>\n\n\n\n

Outras vezes, a t\u00e9cnica de bater a cauda pode servir para diferentes prop\u00f3sitos. Alguns golfinhos da ba\u00eda Shark, na Austr\u00e1lia, golpeiam a superf\u00edcie da \u00e1gua com a cauda enquanto utilizam o focinho para forragear algas marinhas abaixo \u2014\u00a0talvez como forma de assustar os peixes para que saiam de seus esconderijos. Os cientistas batizaram esse comportamento de\u00a0kerplunking<\/em>, em ingl\u00eas.<\/p>\n\n\n\n

Forrageamento cooperativo: conseguindo alimento<\/h3>\n\n\n\n

Muitos animais trabalham juntos para capturar suas presas, como a estrat\u00e9gia do anel de lama dos golfinhos. Mas poucas esp\u00e9cies de animais trabalham em conjunto com humanos.<\/p>\n\n\n\n

Em Laguna, no litoral sul de Santa Catarina, os golfinhos-nariz-de-garrafa re\u00fanem peixes em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 costa, onde os pescadores aguardam. Com \u00e1gua na altura do peito e as m\u00e3os cheias de linha, os pescadores lan\u00e7am suas redes no exato momento em que os golfinhos se aproximam.<\/p>\n\n\n\n

\u00a0\u201cOs pescadores se beneficiam porque pegam muito mais tainhas e, \u00e0s vezes, tainhas maiores quando seguem os sinais dos golfinhos\u201d, conta\u00a0Mauricio Cantor, ecologista comportamental da Universidade do Estado do Oregon. \u201cPrincipalmente porque a \u00e1gua pode ser muito turva, ent\u00e3o n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel enxergar os peixes.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Mas \u00e9 evidente que os golfinhos conseguem \u201cv\u00ea-los\u201d muito bem por meio de seu sistema sonar, denominado\u00a0ecolocaliza\u00e7\u00e3o. E, segundo Cantor, os golfinhos tamb\u00e9m se beneficiam porque os pescadores e suas redes agem como uma barreira contra a qual podem empurrar os peixes. \u00c9 uma forma de coopera\u00e7\u00e3o muito bem-sucedida, os primeiros registros desse tipo de trabalho em equipe datam de cerca de 120 anos no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

O forrageamento cooperativo tamb\u00e9m ocorre em outra esp\u00e9cie, o golfinho-do-irrawaddy que vive nas \u00e1guas doces de Mianmar (antiga Birm\u00e2nia).<\/p>\n\n\n\n

Uso de esponjas e shelling<\/em>: ferramentas para a ca\u00e7a<\/h3>\n\n\n\n

Desde a d\u00e9cada de 1980, os pesquisadores acompanham algumas dezenas de golfinhos na ba\u00eda Shark que praticam a arte da \u201cesponja\u201d, um exemplo de uso de ferramentas.<\/p>\n\n\n\n

Os golfinhos arrancam uma esponja do fundo do mar e a encaixam em seus focinhos, provavelmente para proteg\u00ea-los enquanto vasculham o leito rochoso do oceano em busca de peixes. O uso da esponja tamb\u00e9m permite que os predadores assustem pequenos peixes que podem se esconder de seu sonar natural.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com a pesquisa de Mann, eles n\u00e3o utilizam essa t\u00e9cnica apenas por divers\u00e3o,\u00a0isso torna os golfinhos culturalmente distintos dos animais que os cercam.<\/p>\n\n\n\n

\u201cGolfinhos que praticam essa t\u00e9cnica se destacam como sendo mais solit\u00e1rios e menos soci\u00e1veis\u201d, salienta ela. E quando se socializam, tendem a se agrupar com outros golfinhos que possuem o mesmo comportamento. O mais interessante de tudo, segundo ela, \u00e9 que a\u00a0t\u00e9cnica da esponja parece ser passada de m\u00e3es para filhas. \u201cUma das f\u00eameas descobertas em 1984 ainda pratica essa estrat\u00e9gia\u201d, observa Mann. \u201cEla tem 37 anos.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Ainda menos comum \u00e9 um comportamento conhecido como \u201cshelling<\/em>\u201d, no qual um golfinho persegue um peixe at\u00e9 uma concha vazia.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs golfinhos colocam a boca na abertura da concha, levam-na para a superf\u00edcie e depois a agitam para que o peixe caia na boca aberta\u201d, revela\u00a0Sonja Wild, ecologista comportamental da Universidade de Konstanz, na Alemanha,\u00a0que liderou um estudo sobre essa estrat\u00e9gia entre golfinhos da ba\u00eda Shark, em 2020.<\/p>\n\n\n\n

Curiosamente, esse comportamento \u00e9 transmitido de modo horizontal, ao passo que o uso de esponjas \u00e9 aprendido apenas verticalmente. Em outras palavras, os\u00a0golfinhos podem aprender a usar as conchas com seus colegas, mas a\u00a0t\u00e9cnica da esponja \u00e9 transmitida apenas de pais para filhos.<\/p>\n\n\n\n

Por meio de imagens de sat\u00e9lite e drones, e at\u00e9 mesmo de fotografias tiradas com smartphones<\/em>, \u00e9 prov\u00e1vel que os cientistas continuem acrescentando novas descobertas \u00e0 j\u00e1 longa lista de comportamentos de forrageamento dos golfinhos, conclui Ramos, da Universidade da Cidade de Nova York.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA tecnologia nos permite descobrir fatos que antes n\u00e3o eram acess\u00edveis.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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