{"id":175519,"date":"2021-12-17T00:10:15","date_gmt":"2021-12-17T03:10:15","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175519"},"modified":"2021-12-17T00:10:15","modified_gmt":"2021-12-17T03:10:15","slug":"conheca-o-morcego-que-se-alimenta-de-outros-morcegos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/redacao\/traducoes\/2021\/12\/17\/175519-conheca-o-morcego-que-se-alimenta-de-outros-morcegos.html","title":{"rendered":"Conhe\u00e7a o morcego que se alimenta de outros morcegos"},"content":{"rendered":"\n<p>\u201c\u00c9 o Vampyrum!\u201d Winifred Frick gritou da trilha escura \u00e0 frente. A floresta tropical ao nosso redor fervilhava de cat\u00eddeos, enquanto macacos uivadores uivavam na noite \u00famida. Quando alcancei Frick na rede de neblina &#8211; um carretel de malha preta que os cientistas usavam para pegar morcegos para estudar &#8211; olhei por cima do ombro e a vis\u00e3o fez meu cora\u00e7\u00e3o palpitar.<\/p>\n\n\n\n<p>Frick, o cientista-chefe da organiza\u00e7\u00e3o sem fins lucrativos Bat Conservation International e ecologista da Universidade da Calif\u00f3rnia, em Santa Cruz, era o ponto de corrida nas redes na pesquisa de morcegos deste ano em Belize. Durante a semana passada nesta expedi\u00e7\u00e3o de novembro, eu vi dezenas de morcegos de perto na Reserva Arqueol\u00f3gica de Lamanai: os morcegos <em>Centurio senex<\/em> com rostos de buldogues, os morcegos <em>Rhynchonycteris naso<\/em> com nariz de pin\u00f3quio e at\u00e9 mesmo morcegos vampiros comuns com sorrisos dentu\u00e7os.<\/p>\n\n\n\n<p>Nenhum era maior do que um p\u00e1ssaro canoro. Mas o morcego que me encarava agora era do tamanho de um corvo &#8211; com orelhas, focinho e dentes de Lobo Mau \u00e0 mostra. O espectro de vampiro, mais conhecido como morcego espectral, \u00e9 o maior morcego do hemisf\u00e9rio ocidental, com asas que podem se estender por mais de um metro.<\/p>\n\n\n\n<p>O <em>Vampyrum spectrum<\/em> \u00e0s vezes tamb\u00e9m \u00e9 chamado de grande morcego vampiro falso &#8211; falso, porque n\u00e3o sorve sangue como seu primo vampiro; ele come carne. Esses predadores do \u00e1pice ca\u00e7am roedores, grandes insetos, p\u00e1ssaros e outros morcegos, \u00e0s vezes atacando-os em pleno voo.<\/p>\n\n\n\n<iframe loading=\"lazy\" width=\"636\" height=\"358\" src=\"https:\/\/www.youtube.com\/embed\/JJAoF96D-dA\" title=\"YouTube video player\" frameborder=\"0\" allow=\"accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture\" allowfullscreen><\/iframe>\n\n\n\n<p>Com isso em mente, Frick &#8211; que j\u00e1 lidou com milhares de morcegos em sua carreira de 20 anos, mas nunca com um morcego espectral &#8211; pegou em sua mochila um par ainda mais grosso de luvas de couro. \u201cSe eu n\u00e3o tomar cuidado, isso vai me morder demais\u201d, disse Frick.<\/p>\n\n\n\n<p>Na semana anterior, uma equipe de rede diferente havia capturado uma f\u00eamea de morcego espectral &#8211; a primeira da esp\u00e9cie vista durante 14 anos de pesquisas anuais aqui.<\/p>\n\n\n\n<p>Desembara\u00e7ando o morcego da rede para dar uma olhada mais de perto, Frick ficou surpreso ao descobrir buracos em cada asa &#8211; sugerindo que se tratava da mesma f\u00eamea que seus colegas haviam capturado antes. (A perfura\u00e7\u00e3o \u00e9 um m\u00e9todo de pesquisa r\u00e1pido e inofensivo para adquirir amostras gen\u00e9ticas. A pele se repara rapidamente e n\u00e3o impede o voo.)<\/p>\n\n\n\n<blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u201cOs morcegos s\u00e3o partes importantes da biodiversidade dos mam\u00edferos, e o Vampyrum em particular \u00e9 um \u00f3timo exemplo de um morcego com um fator de grande impacto\u201d, diz Frick. \u201cEles s\u00e3o as on\u00e7as voando nas florestas tropicais da Am\u00e9rica Central e do Sul.\u201d<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n<h4 class=\"wp-block-heading\" id=\"h-um-morcego-muito-especial\">\u2018Um morcego muito especial\u2019<\/h4>\n\n\n\n<p>Melissa Ingala, pesquisadora associada do Museu Americano de Hist\u00f3ria Natural, em Nova York, e colegas colocaram uma pequena etiqueta PIT sob a pele do morcego e coletaram amostras fecais para determinar o que ela havia comido recentemente. Se o morcego for pego novamente, a equipe pode comparar as amostras fecais para ver se sua dieta mudou &#8211; informa\u00e7\u00f5es importantes sobre o comportamento do animal, disse Ingala.<\/p>\n\n\n\n<p>\u201c\u00c9 t\u00e3o raro pegar esses caras que simplesmente n\u00e3o sabemos muito sobre eles\u201d, diz Nancy Simmons, curadora-chefe do Departamento de Mamologia do Museu Americano de Hist\u00f3ria Natural. Simmons e Brock Fenton, professor em\u00e9rito da Western University no Canad\u00e1, organizam essas pesquisas anuais com morcegos &#8211; um esfor\u00e7o que rendeu pelo menos 60 publica\u00e7\u00f5es cient\u00edficas at\u00e9 agora.<\/p>\n\n\n\n<blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u201cAcho que os Vampyrum, em particular, est\u00e3o apenas cruzando a floresta em busca de pequenos vertebrados e, quando ouvem algo estranho, v\u00e3o investigar\u201d, diz Simmons.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n<p>Os morcegos geralmente s\u00e3o considerados comedores de insetos, frutas ou n\u00e9ctar, mas um estudo recente mostra que o Vampyrum \u00e9 apenas uma das nove esp\u00e9cies de morcegos que se qualificam como carn\u00edvoros.<\/p>\n\n\n\n<p>A pesquisa sugere que essas esp\u00e9cies, que incluem o falso morcego vampiro lanoso (<em>Chrotopterus auritus<\/em>) e o morcego comedor de r\u00e3s (<em>Trachops cirrhosus<\/em>), desempenham um papel subestimado como principais predadores em seus ecossistemas, em parte ajudando a controlar as popula\u00e7\u00f5es de presas.<\/p>\n\n\n\n<p>Do sul do M\u00e9xico at\u00e9 o Brasil, o morcego espectral voa noite adentro em busca de p\u00e1ssaros, arrebatando-os de galhos de \u00e1rvores ou ninhos. Os mam\u00edferos voadores tamb\u00e9m pegam roedores que correm entre a serapilheira.<\/p>\n\n\n\n<p>\u201cEles descem e envolvem suas presas, usando suas asas como leque\u201d, diz Rodrigo A. Medell\u00edn, ecologista da Universidade do M\u00e9xico que foi coautor do recente estudo sobre morcegos carn\u00edvoros e n\u00e3o fez parte da expedi\u00e7\u00e3o a Belize.<\/p>\n\n\n\n<blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>Ent\u00e3o, assim como uma on\u00e7a, \u201celes administram a mordida mortal, geralmente mordendo o topo da cabe\u00e7a ou a nuca\u201d.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n<p>Por mais dram\u00e1tico que pare\u00e7a, os cientistas raramente testemunharam isso, provavelmente porque h\u00e1 densidades muito baixas de morcegos espectrais, como \u00e9 o caso de outros predadores de v\u00e9rtice. Al\u00e9m disso, como os predadores precisam de espa\u00e7o para ca\u00e7ar, a perda de habitat \u00e9 um problema s\u00e9rio para eles: a Uni\u00e3o Internacional para a Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza relaciona os morcegos espectrais como quase amea\u00e7ados de extin\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n<blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u201cEsta floresta pode ter cinco &#8211; provavelmente \u00e9 apenas esta f\u00eamea, seu companheiro e sua prole\u201d, disse Ingala. Em compara\u00e7\u00e3o, pode haver centenas ou mesmo milhares de v\u00e1rias outras esp\u00e9cies de morcegos na mesma floresta.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n<p>\u201cEste \u00e9 um morcego muito especial\u201d, disse Ingala.<\/p>\n\n\n\n<h4 class=\"wp-block-heading\" id=\"h-para-esses-carnivoros-a-familia-vem-em-primeiro-lugar\">Para esses carn\u00edvoros, a fam\u00edlia vem em primeiro lugar<\/h4>\n\n\n\n<p>Em um esfor\u00e7o para aprender mais sobre morcegos espectrais, Medell\u00edn fez uma oferta permanente de que se algu\u00e9m pudesse mostrar a ele um poleiro de Vampyrum em seu ambiente nativo no M\u00e9xico, ele lhes daria $1.000 (cerca de R$ 270,00) na hora. At\u00e9 agora, a recompensa rendeu tr\u00eas poleiros.<\/p>\n\n\n\n<p>\u201cO que \u00e9 tr\u00eas a mais do que qualquer outra pessoa no mundo\u201d, brinca Medell\u00edn, que tamb\u00e9m \u00e9 explorador da National Geographic.<\/p>\n\n\n\n<p>Esses poucos poleiros j\u00e1 revelaram informa\u00e7\u00f5es valiosas. Por exemplo, Medell\u00edn e sua equipe observaram que quando morcegos espectrais f\u00eameas ficam presos em casa com um filhote, que pode ter quase metade de seu tamanho, o macho carrega roedores e outras presas de volta para ela.<\/p>\n\n\n\n<p>\u201cEsse tipo de alimenta\u00e7\u00e3o suplementar n\u00e3o era conhecido desses morcegos\u201d, diz Medell\u00edn.<\/p>\n\n\n\n<p>Da mesma forma, os experimentos de Medell\u00edn com morcegos espectrais em cativeiro mostraram que eles param a ecolocaliza\u00e7\u00e3o quando se aproximam da presa &#8211; talvez porque o ultrassom pudesse alertar outros morcegos e at\u00e9 mesmo alguns roedores. Em vez disso, eles parecem confiar nos sons produzidos pelas pr\u00f3prias presas.<\/p>\n\n\n\n<p>\u201cH\u00e1 tamb\u00e9m uma hip\u00f3tese que preciso testar, que \u00e9 a de que os morcegos tamb\u00e9m podem estar usando o cheiro\u201d, diz ele. Isso ocorre porque muitas das esp\u00e9cies de p\u00e1ssaros que o Vampyrum costumam comer, como os cucos e os juruvas, t\u00eam odores corporais fortes e nidificam em comunidade. \u201cEssas s\u00e3o grandes propagandas de um predador\u201d, diz Medell\u00edn.<\/p>\n\n\n\n<p>Medell\u00edn diz que est\u00e1 intrigado com o fato de os morcegos matarem e comerem p\u00e1ssaros grandes, como os papagaios-da-amaz\u00f4nia. Eles podem ser mais pesados \u200b\u200bdo que um morcego espectral e \u201cpodem facilmente decapitar [um] com seus bicos\u201d, diz ele. &#8220;E ainda assim, o Vampyrum est\u00e1 comendo eles.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<h4 class=\"wp-block-heading\" id=\"h-e-o-mundo-de-vampyrum\">\u00c9 o mundo de Vampyrum<\/h4>\n\n\n\n<p>O estudo recente de Medell\u00edn observa que algumas esp\u00e9cies de morcegos carn\u00edvoros vivem em territ\u00f3rios sobrepostos e sua presen\u00e7a ou aus\u00eancia parece afetar o comportamento de outros morcegos.<\/p>\n\n\n\n<p>Ele observa, por exemplo, que tanto o Vampyrum quanto o Chrotopterus (falsos morcegos vampiros lanosos) gostam de empoleirar-se em \u00e1rvores ocas. Ainda assim, em \u00e1reas onde ambas as esp\u00e9cies ocorrem, o Chrotopterus tende a se empoleirar em cavernas, s\u00edtios arqueol\u00f3gicos e bueiros.<\/p>\n\n\n\n<blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u201cMas quando o Vampyrum sai do sistema, seja porque voc\u00ea est\u00e1 subindo em altitude ou latitude, ent\u00e3o o Chrotopterus volta para as \u00e1rvores ocas\u201d, diz ele.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n<p>Tudo isso sugere a Medell\u00edn que outras esp\u00e9cies de morcegos que vivem no mundo de Vampyrum ajustam seu comportamento para sua pr\u00f3pria seguran\u00e7a. E agora que vi um morcego espectral em carne e osso, n\u00e3o posso dizer que os culpo.<\/p>\n\n\n\n<p><em>Fonte: National Geographic\/ Jason Bittel<br>Tradu\u00e7\u00e3o: Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil \/ Maria Beatriz Ayello Leite<br>Para ler a reportagem original em ingl\u00eas acesse:<\/em> <a href=\"https:\/\/www.nationalgeographic.com\/animals\/article\/more-mysteries-revealed-about-bat-eating-bat\" target=\"_blank\" rel=\"noreferrer noopener\">https:\/\/www.nationalgeographic.com\/animals\/article\/more-mysteries-revealed-about-bat-eating-bat<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<div class=\"mh-excerpt\"><p>Os cientistas est\u00e3o aprendendo mais sobre o morcego espectral raramente visto, a &#8220;on\u00e7a de asas&#8221; da Am\u00e9rica Latina. <a class=\"mh-excerpt-more\" href=\"http:\/\/localhost\/redacao\/traducoes\/2021\/12\/17\/175519-conheca-o-morcego-que-se-alimenta-de-outros-morcegos.html\" title=\"Conhe\u00e7a o morcego que se alimenta de outros morcegos\"><\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":175533,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4132],"tags":[4329,3003,4394,5097],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175519"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=175519"}],"version-history":[{"count":9,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175519\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":175538,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175519\/revisions\/175538"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/175533"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=175519"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=175519"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=175519"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}