{"id":175762,"date":"2022-01-03T09:51:40","date_gmt":"2022-01-03T12:51:40","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175762"},"modified":"2022-01-03T09:51:42","modified_gmt":"2022-01-03T12:51:42","slug":"primeiro-milipede-de-verdade-descoberto-especie-possui-1-306-pernas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/03\/175762-primeiro-milipede-de-verdade-descoberto-especie-possui-1-306-pernas.html","title":{"rendered":"Primeiro mil\u00edpede de verdade descoberto: esp\u00e9cie possui 1.306 pernas"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Esta min\u00fascula centopeia filiforme, com cerca de dez cent\u00edmetros de comprimento, utiliza suas v\u00e1rias pernas para se movimentar subterraneamente.
FOTO DE\u00a0OF MAREK ET AL. 2021<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Cientistas na Austr\u00e1lia descobriram uma nova esp\u00e9cie de centopeia que vive a 60 metros de profundidade no solo, n\u00e3o tem olhos e se movimenta rapidamente sobre 1.306 pernas.<\/p>\n\n\n\n

Eles a chamaram de Eumillipes persephone<\/em> em homenagem a Pers\u00e9fone, a deusa grega e rainha do submundo. Mas o novo invertebrado merece ser coroado por outro motivo: ele tem mais pernas do que qualquer animal que j\u00e1 existiu na Terra, extintos ou vivos.<\/p>\n\n\n\n

Na verdade, os oponentes dessa competi\u00e7\u00e3o n\u00e3o chegam nem perto. O maior esp\u00e9cime da nova esp\u00e9cie, uma f\u00eamea, tinha menos de dez cent\u00edmetros de comprimento, mas superou facilmente o detentor do recorde mundial anterior,\u00a0Illacme plenipes<\/em>,\u00a0um mil\u00edpede que vive perto do Vale do Sil\u00edcio, na Calif\u00f3rnia, Estados Unidos, e tem 750 pernas.<\/p>\n\n\n\n

Isso significa que a\u00a0E. persephone<\/em>\u00a0\u00e9 uma verdadeira mil\u00edpede:\u00a0millipede<\/em>, em latim, significa \u201cmil p\u00e9s\u201d, segundo\u00a0novo estudo publicado em dezembro na revista\u00a0Scientific Reports<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Embora a quantidade de pernas do novo animal n\u00e3o tenha precedentes, ainda pode haver animais com ainda mais pernas.<\/p>\n\n\n\n

Muitas esp\u00e9cies de mil\u00edpedes come\u00e7am a vida com apenas oito pernas, mas conforme sua pele se modifica, adquirem novos segmentos corporais \u2014 ou an\u00e9is \u2014 e podem continuar desenvolvendo mais pernas, diz o l\u00edder do estudo\u00a0Paul Marek, especialista em mil\u00edpedes do Instituto Polit\u00e9cnico e Universidade Estadual da Virg\u00ednia.<\/p>\n\n\n\n

\u201cProvavelmente existe algum indiv\u00edduo com mais an\u00e9is e mais pernas, e isso chega a ser dif\u00edcil at\u00e9 de imaginar\u201d, diz Marek.<\/p>\n\n\n\n

Indo mais a fundo<\/h3>\n\n\n\n

Em 2020, os colegas de Marek, liderados por\u00a0Bruno Buzatto, da Universidade Macquarie, da Austr\u00e1lia, viajaram para a regi\u00e3o de Goldfields, na Austr\u00e1lia Ocidental, para procurar centopeias e outros animais subterr\u00e2neos.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Essa \u00e1rea \u00e9 conhecida por ser rica em ouro e n\u00edquel, explorado por empresas de minera\u00e7\u00e3o que abrem buracos profundos na terra. Os buracos n\u00e3o chegam a quinze cent\u00edmetros de largura, mas isso j\u00e1 \u00e9 o suficiente para arriar armadilhas que capturam as min\u00fasculas criaturas que habitam esses lugares.<\/p>\n\n\n\n

Essas armadilhas \u2014 um peda\u00e7o de tubo de PVC preenchido com vegeta\u00e7\u00e3o \u00famida e preso a um cord\u00e3o de n\u00e1ilon \u2014 podem ser deixadas no subsolo por meses. Durante esse per\u00edodo, os habitantes do subsolo, como as centopeias, s\u00e3o atra\u00eddos pelas saborosas plantas podres e ficam presos. <\/p>\n\n\n\n

Foi assim que a equipe encontrou a E. persephone<\/em>. De volta ao seu laborat\u00f3rio na Virg\u00ednia, Marek tirou o esp\u00e9cime da armadilha e, em seguida, obteve imagens microsc\u00f3picas de alta resolu\u00e7\u00e3o de seu corpo. Nessas imagens, ele marcou digitalmente as se\u00e7\u00f5es do corpo do animal em incrementos de 10, uma estrat\u00e9gia para garantir que ele n\u00e3o contasse duas vezes as pernas. A contagem final revelou 1.306 membros individuais. <\/p>\n\n\n\n

Mas para que tantas pernas? A equipe acredita que elas sejam respons\u00e1veis por permitir que a E. persephone<\/em> caminhe em oito planos diferentes simultaneamente.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPor ser um microhabitat<\/em> subterr\u00e2neo com rochas, seixos e solo, elas precisam contornar esses obst\u00e1culos\u201d, diz Marek, que recebeu financiamento da Funda\u00e7\u00e3o Nacional da Ci\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

\u201cParte do corpo da E. persephone<\/em> pode estar de cabe\u00e7a para baixo. Simultaneamente, a outra parte de seu corpo pode estar apontando para baixo e ainda outra parte apontando para cima. Tudo isso se baseia em uma esp\u00e9cie de matriz tridimensional\u201d, afirma.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 prov\u00e1vel que os ancestrais do mil\u00edpede j\u00e1 tenham se espalhado pela superf\u00edcie ou pr\u00f3ximo a ela, mas o clima cada vez mais seco fez com que habitassem camadas cada vez mais profundas do solo, acrescentou o especialista.<\/p>\n\n\n\n

Escondidas do sol, as criaturas evolu\u00edram para serem incolores \u2014 uma caracter\u00edstica compartilhada por diversas esp\u00e9cies adaptadas a cavernas. A esp\u00e9cie de mil pernas parece ter desenvolvido cabe\u00e7as em forma de cone, antenas maci\u00e7as e uma forma de locomo\u00e7\u00e3o poderosa, como de um verme, que permite com que se movam atrav\u00e9s de sedimentos e outros espa\u00e7os apertados.<\/p>\n\n\n\n

Um mundo desconhecido sob nossos p\u00e9s<\/h3>\n\n\n\n

\u201cA descoberta de uma nova esp\u00e9cie \u00e9 sempre empolgante, seja voc\u00ea quem est\u00e1 estudando ou n\u00e3o\u201d, diz\u00a0Bruce Snyder, ecologista de solo da Georgia College and State University. \u201cMas, no que diz respeito \u00e0s esp\u00e9cies mil\u00edpedes, estamos constantemente encontrando novas esp\u00e9cies.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Ainda assim, o fato de a E. persephone<\/em> ter quase duas vezes mais pernas do que o mil\u00edpede mais pr\u00f3ximo em n\u00famero de pernas \u00e9 \u201cespantoso\u201d, diz Snyder, que n\u00e3o participou da pesquisa.<\/p>\n\n\n\n

Snyder diz que \u00e9 provavelmente ainda mais interessante cientificamente que a nova esp\u00e9cie venha de um grupo taxon\u00f4mico completamente diferente do que o detentor do recorde anterior, l. plenipes<\/em>. Isso sugere que as estruturas animais que contam com um n\u00famero extremo de pernas est\u00e3o evoluindo de forma independente, como uma adapta\u00e7\u00e3o bem-sucedida \u00e0 vida subterr\u00e2nea.<\/p>\n\n\n\n

A profundidade do reino das E. persephone<\/em> tamb\u00e9m \u00e9 surpreendente.<\/p>\n\n\n\n

\u201cFrequentemente, me pergunto: at\u00e9 que profundidade elas podem chegar?\u201d disse Snyder. \u201cElas conseguem chegar a profundidades muito maiores do que eu imaginava ser poss\u00edvel encontrar qualquer coisa.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Em geral, o mundo subterr\u00e2neo \u00e9 muito pouco estudado. Sendo assim, a distribui\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica dessa esp\u00e9cie e de seus parentes ainda \u00e9 desconhecida.<\/p>\n\n\n\n

\u201cIsso mostra que, apesar de mais de 200 anos de explora\u00e7\u00e3o\u201d, acrescenta Marek, \u201cainda existem ecossistemas inexplorados.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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