{"id":175776,"date":"2022-01-04T17:27:53","date_gmt":"2022-01-04T20:27:53","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175776"},"modified":"2022-01-04T17:28:55","modified_gmt":"2022-01-04T20:28:55","slug":"proposta-ambiental-da-ue-e-primeiro-teste-do-governo-alemao","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/04\/175776-proposta-ambiental-da-ue-e-primeiro-teste-do-governo-alemao.html","title":{"rendered":"Proposta ambiental da UE \u00e9 primeiro teste do governo alem\u00e3o"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Em dezembro, o novo governo alem\u00e3o,\u00a0formado por social-democratas, verdes e liberais,\u00a0apresentou uma\u00a0pauta ambiental um tanto ambiciosa, focada em aumentar a produ\u00e7\u00e3o de energias renov\u00e1veis e diminuir as emiss\u00f5es de CO2. Menos de um m\u00eas ap\u00f3s ter sido formada, a coaliz\u00e3o enfrenta seu primeiro grande teste: apresentar uma postura unificada perante\u00a0a controversa proposta divulgada pela Comiss\u00e3o\u00a0Europeia na v\u00e9spera do r\u00e9veillon.<\/p>\n\n\n\n

O \u00f3rg\u00e3o executivo da Uni\u00e3o Europeia pretende classificar o g\u00e1s natural e a energia nuclear como favor\u00e1veis ao meio ambiente, e busca tamb\u00e9m incluir investimentos nessas fontes de energia em sua t\u00e3o aguardada lista de taxonomia \u2013 um sistema de classifica\u00e7\u00e3o verde focado em investimentos do setor energ\u00e9tico.<\/p>\n\n\n\n

A lista faz parte dos planos do bloco para descarbonizar a economia europeia e construir usinas de energia limpa, o que exigir\u00e1 investimento de bilh\u00f5es de euros. A classifica\u00e7\u00e3o de atividades econ\u00f4micas pela Comiss\u00e3o Europeia segundo a taxonomia tamb\u00e9m visa permitir que investidores dirijam seus recursos para tecnologias e empresas mais sustent\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

Conforme a proposta preliminar, as usinas nucleares e a g\u00e1s precisam preencher determinados crit\u00e9rios para entrar na lista. Por exemplo, os investimentos em novas centrais nucleares em pa\u00edses como Fran\u00e7a, Holanda e Pol\u00f4nia s\u00f3 pode ser considerado sustent\u00e1vel se atenderem os mais modernos padr\u00f5es tecnol\u00f3gicos e for apresentado um plano concreto para elimina\u00e7\u00e3o de grande quantidade de res\u00edduos radioativos.<\/p>\n\n\n\n

As usinas de g\u00e1s natural tamb\u00e9m poderiam receber um selo verde por um per\u00edodo predeterminado. Para tal, os pa\u00edses devem respeitar certos limites de emiss\u00e3o de gases de efeito estufa ou mesmo provar que as usinas tamb\u00e9m podem ser operadas com hidrog\u00eanio verde ou g\u00e1s com baixo teor de carbono.<\/p>\n\n\n\n

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Da esq. para a dir.: ministros alem\u00e3es Robert Habeck (Clima e da Economia), Annalena Baerbock (Rela\u00e7\u00f5es Exteriores), chanceler federal Olaf Scholz e Christian Lindner (ministro das Finan\u00e7as e l\u00edder do FDP).<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Coaliz\u00e3o dividida<\/h2>\n\n\n\n

O principal ponto de disc\u00f3rdia na Alemanha \u00e9 a inclus\u00e3o de usinas a g\u00e1s no projeto da Comiss\u00e3o Europeia. Inicialmente, um porta-voz do governo alem\u00e3o saudou os planos da UE, dizendo que o g\u00e1s natural \u00e9 “uma importante tecnologia de transi\u00e7\u00e3o rumo \u00e0 neutralidade de gases-estufa, com a elimina\u00e7\u00e3o gradual da energia nuclear e produzida a partir de carv\u00e3o”.<\/p>\n\n\n\n

O fato suscitou duras cr\u00edticas foram muito fortes por parte de diversos ministros do Partido Verde, o segundo maior na coaliz\u00e3o de governo da Alemanha.<\/p>\n\n\n\n

O vice-chanceler alem\u00e3o e ministro do Clima e da Economia, Robert Habeck, disse \u00e0 ag\u00eancia de not\u00edcias alem\u00e3 DPA que a proposta da UE “dilui o bom r\u00f3tulo de sustentabilidade”, acrescentando ser “question\u00e1vel se essa \u2018onda verde’ ser\u00e1 aceita pelo mercado financeiro”. A ministra do Meio Ambiente Steffi Lemke, tamb\u00e9m do Partido Verde, igualmente classificou a proposta da UE como “question\u00e1vel”.<\/p>\n\n\n\n

O Partido Liberal Democr\u00e1tico (FDP), pr\u00f3-mercado livre, recuou ante as cr\u00edticas dos parceiros verdes. O vice-presidente do partido, Wolfgang Kubicki, declarou ao jornal Bild<\/em> que “n\u00e3o \u00e9 um bom europeu quem s\u00f3 aceita o que lhe conv\u00e9m”, e advertiu que a coaliz\u00e3o precisa “chegar a um consenso sobre como alcan\u00e7ar um equil\u00edbrio entre os objetivos de redu\u00e7\u00e3o de CO2 e um fornecimento est\u00e1vel de energia”.<\/p>\n\n\n\n

O ministro das Finan\u00e7as e l\u00edder do FDP, Christian Lindner, disse ao jornal S\u00fcddeutsche Zeitung<\/em> que, do ponto de vista realista, a Alemanha “precisa de usinas de g\u00e1s natural como uma tecnologia de transi\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que estamos eliminando carv\u00e3o e a energia nuclear”. Ele sugeriu, ainda, que as usinas de g\u00e1s natural mais modernas podem ser futuramente convertidas para operar com hidrog\u00eanio.<\/p>\n\n\n\n

Por fim, o Partido Social-Democrata, o maior da coaliz\u00e3o, j\u00e1 havia afirmado que o g\u00e1s natural desempenhar\u00e1 um papel fundamental na transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica, e isso deveria se refletir na taxonomia verde da UE.<\/p>\n\n\n\n

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Abandono gradual da energia nuclear na Alemanha foi decidido pela coaliz\u00e3o de governo de 1998-2003<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Parte do percurso<\/h2>\n\n\n\n

Conforme Klaus Jacob, do Centro de Pesquisa de Pol\u00edtica Ambiental da Universidade Livre de Berlim, esse debate em torno de quest\u00f5es ambientais no atual governo alem\u00e3o era completamente previs\u00edvel, mas n\u00e3o representa “um ponto de ruptura pr\u00e9-determinado dentro da coaliz\u00e3o”.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o se pode fazer um plano fixo de agora at\u00e9 2030, ou at\u00e9 2050. \u00c9 preciso se ajustar \u00e0s condi\u00e7\u00f5es cambiantes. Isso \u00e9 o que a coaliz\u00e3o est\u00e1 fazendo. V\u00ea-se no acordo da coaliz\u00e3o que nem tudo foi negociado. N\u00e3o se pode prever tudo”, afirmou o professor \u00e0 DW.<\/p>\n\n\n\n

“No momento est\u00e1 claro, por exemplo, que as metas clim\u00e1ticas para 2022 e 2023 n\u00e3o ser\u00e3o alcan\u00e7adas. Isso significa que ser\u00e1 preciso iniciar programas imediatos nos setores e minist\u00e9rios que contribuem em particular para essa situa\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n\n\n\n

Isso se aplica a minist\u00e9rios como o dos Transportes (FDP) e da Constru\u00e7\u00e3o (SPD), e “ao processo de negocia\u00e7\u00e3o que define se isso \u00e9 suficiente, h\u00e1 sempre um conflito entre os departamentos”, concluiu Jacob.<\/p>\n\n\n\n

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Celebra\u00e7\u00e3o pelo fechamento da usina nuclear de Grohnde, na Alemanha, em 31\/12\/2021<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Fase nuclear pr\u00f3xima de ser finalizada<\/h2>\n\n\n\n

Social-democratas, verdes e liberais, as tr\u00eas partes da coaliz\u00e3o governamental alem\u00e3, est\u00e3o totalmente de acordo quanto \u00e0 elimina\u00e7\u00e3o gradual da energia nuclear no pa\u00eds: as \u00faltimas usinas devem ser desativadas dentro de apenas um ano.<\/p>\n\n\n\n

A decis\u00e3o de eliminar energia nuclear, por\u00e9m, n\u00e3o \u00e9 de agora, mas foi tomada por social-democratas e verdes na coaliz\u00e3o de 1998 a 2003, sob o chanceler federal Gerhard Schr\u00f6der (SPD), em resposta \u00e0 premissa de que n\u00e3o havia maneira de armazenar res\u00edduos nucleares com seguran\u00e7a. Quase duas d\u00e9cadas antes, os protestos antinucleares deram origem ao Partido Verde, que tem a elimina\u00e7\u00e3o da energia nuclear como uma de suas pol\u00edticas centrais.<\/p>\n\n\n\n

Durante o governo de centro-direita de Angela Merkel em coaliz\u00e3o com o FDP, houve um recuo nessa elimina\u00e7\u00e3o progressiva. A partir de 2011, no entanto, ap\u00f3s o devastador acidente na usina de Fukushima, no Jap\u00e3o, Merkel deu uma guinada, retomando o processo de extin\u00e7\u00e3o gradual.<\/p>\n\n\n\n

Sobre os planos de conceitua\u00e7\u00e3o da energia nuclear como ecol\u00f3gica, por parte da UE, a ministra alem\u00e3 do Meio Ambiente, Steffi Lemke, disse que a Comiss\u00e3o Europeia “cria o grande perigo de bloquear e prejudicar investimentos realmente vi\u00e1veis e sustent\u00e1veis em favor da perigosa energia nuclear”.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, a opini\u00e3o p\u00fablica na Alemanha parece estar menos cr\u00edtica em compara\u00e7\u00e3o a anos anteriores. Numa pesquisa online feita em novembro pela YouGov para o peri\u00f3dico alem\u00e3o Die Welt am Sonntag,<\/em> cerca da metade dos 2 mil participantes se declarou a favor da revers\u00e3o do desligamento nuclear, devido ao recente aumento dos pre\u00e7os de energia.<\/p>\n\n\n\n

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Projeto da Comiss\u00e3o Europeia divide Estados-membros e gera discuss\u00e3o entre contribuintes<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Fissura na Uni\u00e3o Europeia<\/h2>\n\n\n\n

Os 27 Estados-membros da Uni\u00e3o Europeia t\u00eam at\u00e9 12 de janeiro para comentar ou protestar contra o projeto. Mas \u00e9 improv\u00e1vel que a proposta n\u00e3o seja aprovada, uma vez que, al\u00e9m da Alemanha, apenas \u00c1ustria, Luxemburgo, Dinamarca e Portugal levantaram cr\u00edticas.<\/p>\n\n\n\n

A aprova\u00e7\u00e3o s\u00f3 pode ser impedida se pelo menos 20 pa\u00edses da UE, representando 65% da popula\u00e7\u00e3o total do bloco, ou 353 membros do parlamento votarem contra.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto a Fran\u00e7a, que det\u00e9m a presid\u00eancia da UE e ter\u00e1 elei\u00e7\u00f5es presidenciais em abril, \u00e9 um dos pa\u00edses que faz campanha pelo projeto, a \u00c1ustria amea\u00e7a recorrer ao Tribunal de Justi\u00e7a Europeu para impedir que a minuta seja aprovada.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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