{"id":175793,"date":"2022-01-05T09:21:24","date_gmt":"2022-01-05T12:21:24","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175793"},"modified":"2022-01-05T09:21:30","modified_gmt":"2022-01-05T12:21:30","slug":"dinossauro-banguela-do-parana-destoa-dos-primos-carnivoros","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/05\/175793-dinossauro-banguela-do-parana-destoa-dos-primos-carnivoros.html","title":{"rendered":"Dinossauro ‘banguela’ do Paran\u00e1 destoa dos primos carn\u00edvoros"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
O dinossauro sem dentes da esp\u00e9cie\u00a0Berthasaura leopoldinae<\/em>\u00a0viveu entre 80 milh\u00f5es e 70 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s, quando a regi\u00e3o do sul do Brasil onde foi encontrado era um ambiente des\u00e9rtico.
FOTO DE\u00a0ILLUSTRATION BY MAURILIO OLIVEIRA<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma \u00e1rea no estado do Paran\u00e1 ganhou o nome de \u201cCemit\u00e9rio dos Pterossauros\u201d devido a centenas de ossos fossilizados de\u00a0pterossauros\u00a0encontrados na antiga bacia. Por isso, quando paleont\u00f3logos que trabalhavam no local encontraram um novo f\u00f3ssil de uma criatura com um bico r\u00edgido semelhante ao de um papagaio, presumiram que se tratava de mais um r\u00e9ptil voador.<\/p>\n\n\n\n

Mas os pesquisadores ficaram surpresos ao saber que haviam encontrado uma nova esp\u00e9cie de dinossauro sem dentes. Ainda mais incomum, o animal pertence a um grupo denominado ceratosaurianos \u2014 formado quase que exclusivamente por carn\u00edvoros.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA exist\u00eancia desse dinossauro desdentado nos obriga a repensar a perda evolutiva dos dentes em todos os dinossauros desse grupo\u201d, afirma Alexander Kellner, paleont\u00f3logo da equipe que encontrou o f\u00f3ssil e diretor do\u00a0Museu Nacional do Brasil. \u201c\u00c9 uma descoberta que mudar\u00e1 nossa vis\u00e3o e nossos conhecimentos sobre esses animais.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O esqueleto fossilizado, descrito no peri\u00f3dico\u00a0Scientific Reports<\/em>, pertence a uma nova esp\u00e9cie denominada\u00a0Berthasaura leopoldinae\u00a0<\/em>que viveu entre 80 milh\u00f5es e 70 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s durante o per\u00edodo Cret\u00e1ceo. O nome formal \u00e9 uma homenagem a\u00a0Bertha Lutz, c\u00e9lebre cientista brasileira que defendia o voto das mulheres, e\u00a0Maria Leopoldina, austr\u00edaca que se tornou Imperatriz do Brasil e defensora das ci\u00eancias naturais.<\/p>\n\n\n\n

O nome cient\u00edfico torna o Berthasaura<\/em> um dos raros dinossauros que homenageia as mulheres com um g\u00eanero novo.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 uma mensagem importante que pode inspirar novas cientistas a ingressar nessa \u00e1rea de estudos, especialmente no campo dos dinossauros\u201d, afirma\u00a0Aline Ghilardi, paleont\u00f3loga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que n\u00e3o integrou a equipe do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Ela tamb\u00e9m destaca como o esqueleto est\u00e1 quase completo e extremamente bem preservado. Entre 2011 e 2014, pesquisadores do Museu Nacional do Brasil e do Centro Paleontol\u00f3gico da Universidade do Contestado coletaram se\u00e7\u00f5es de seu cr\u00e2nio, mand\u00edbula, coluna vertebral, ossos peitorais e p\u00e9lvicos, membros anteriores e posteriores.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 sempre \u00f3timo para a paleontologia\u201d, observa Ghilardi, \u201cporque nos ajuda a entender melhor as rela\u00e7\u00f5es entre as esp\u00e9cies\u201d.<\/p>\n\n\n\n

La\u00e7os familiares<\/h3>\n\n\n\n

Quando os pesquisadores que encontraram o\u00a0Berthasaura leopoldinae<\/em>,\u00a0perceberam que o dinossauro diante deles n\u00e3o tinha dentes e imediatamente pensaram no\u00a0Limusaurus inextricabilis<\/em>, ter\u00f3pode desdentado descoberto no noroeste da China. O\u00a0Limusaurus<\/em>\u00a0viveu entre 161 milh\u00f5es e 156 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s, durante o per\u00edodo Jur\u00e1ssico. Com base em f\u00f3sseis de adultos e jovens da mesma esp\u00e9cie, os cientistas sabem que esse dinossauro ceratossauriano perdia os dentes na adolesc\u00eancia, que n\u00e3o voltavam a crescer.<\/p>\n\n\n\n

Berthasaura<\/em>, por outro lado, nunca sequer possuiu dentes.<\/p>\n\n\n\n

O esqueleto encontrado no Paran\u00e1 \u00e9 de um indiv\u00edduo jovem e \u201cficou claro que n\u00e3o havia dentes na arcada superior (da boca)\u201d, conta Kellner. \u201cHavia uma placa \u00f3ssea onde se esperaria haver dentes. Mas nos perguntamos: haveria dentes na arcada inferior? Assim, foi isolada essa parte do material e utilizada tomografia computadorizada para confirmar que esse animal de fato nunca possuiu dentes\u201d.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
F\u00f3sseis cranianos permitiram aos cientistas reconstituir o cr\u00e2nio do indiv\u00edduo jovem de\u00a0Berthasaura leopoldinae<\/em>, o que revelou que o animal nunca teve dentes.
FOTO DE\u00a0GRAPHIC COURTESY OF MUSEU NACIONAL\/UFRJ<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A equipe quer descobrir o que fez a esp\u00e9cie evoluir dessa forma. Para Kellner, tudo se resume \u00e0 dieta alimentar. Embora ainda n\u00e3o haja evid\u00eancias concretas, ele acredita que o dinossauro pode ter sido um herb\u00edvoro \u2014 o que o diferencia de outros ter\u00f3podes, que s\u00e3o quase todos carn\u00edvoros.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPor que ele perderia os dentes se precisasse rasgar a carne?\u201d, indaga ele. \u201c\u00c9 uma adapta\u00e7\u00e3o. Em algum momento no passado, seu ancestral tinha dentes e os perdeu.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Mas nem todos \u2014 incluindo outros membros de sua equipe \u2014 concordam. Para Geovane Alves de Souza, outro pesquisador do Museu Nacional, \u00e9 cedo para confirmar a alimenta\u00e7\u00e3o do Berthasaura<\/em>. Ele suspeita que pode ter sido um on\u00edvoro capaz de rasgar a carne com o bico, da mesma forma que as gralhas e corvos modernos fazem.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA aus\u00eancia de dentes n\u00e3o confirma h\u00e1bitos alimentares\u201d, comenta ele. Para determinar a dieta alimentar de um animal primitivo, os cientistas geralmente recorrem a algumas t\u00e9cnicas e ferramentas. Uma delas implica o exame de is\u00f3topos est\u00e1veis deixados por alimentos em dentes fossilizados \u2014 algo imposs\u00edvel no caso do Berthasaura<\/em>. Outra delas \u00e9 o desenvolvimento de um modelo 3D exato do cr\u00e2nio do animal para averiguar sua movimenta\u00e7\u00e3o ao morder, rasgar ou mastigar poss\u00edveis alimentos. Contudo, como os ossos do Berthasaura<\/em> foram encontrados desarticulados, isso tamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 algo que precisa ser verificado, pois \u00e9 inesperado\u201d, conta Kellner. \u201c\u00c9 o primeiro dinossauro sem dentes da Am\u00e9rica Latina.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Futuras escava\u00e7\u00f5es?<\/h3>\n\n\n\n

A equipe espera que o local onde o Berthasaura<\/em> foi encontrado ofere\u00e7a mais ind\u00edcios.<\/p>\n\n\n\n

A \u00e1rea, chamada Cemit\u00e9rio dos Pterossauros, era um deserto no per\u00edodo Cret\u00e1ceo, e v\u00e1rias outras esp\u00e9cies \u2014 incluindo pterossauros, lagartos e\u00a0outro ter\u00f3pode\u00a0\u2014 j\u00e1 haviam sido encontradas no local, todas com esqueletos notavelmente intactos. Kellner atribui a excelente preserva\u00e7\u00e3o dos ossos a um fen\u00f4meno natural provavelmente ocorrido por diversas vezes ap\u00f3s suas mortes.<\/p>\n\n\n\n

\u201cImaginamos que havia muitos pterossauros e alguns dinossauros \u2014 ainda mais raros \u2014 que morreram\u201d, afirma ele. \u201cPosteriormente ocorreram inunda\u00e7\u00f5es repentinas, que podem ocorrer no deserto, que arrastaram tudo pelo caminho, inclusive animais mortos, e os levaram a uma bacia, onde ficaram depositados e preservados\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Ele e o restante da equipe esperam obter mais informa\u00e7\u00f5es sobre o Berthasaura<\/em> ao encontrar mais membros da esp\u00e9cie na regi\u00e3o. Por ora, entretanto, a pandemia e a falta de recursos impediram seu retorno ao local da escava\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Por enquanto, eles se preparam para abrir um centro de visitantes no Rio de Janeiro enquanto o Museu Nacional, que sofreu um\u00a0inc\u00eandio devastador\u00a0em setembro de 2018, est\u00e1 em reconstru\u00e7\u00e3o. O esqueleto fossilizado e uma reprodu\u00e7\u00e3o em 3D do\u00a0Berthasaura<\/em>, entre outros objetos, estar\u00e3o em exposi\u00e7\u00e3o para quem quiser observ\u00e1-los de perto.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEsse tipo de dinossauro demonstra, mais uma vez, como podemos levar ci\u00eancia \u00e0 popula\u00e7\u00e3o\u201d, reitera Kellner. \u201cNosso pa\u00eds disp\u00f5e de muitos dep\u00f3sitos f\u00f3sseis importantes. N\u00e3o \u00e9 apenas o s\u00edtio arqueol\u00f3gico desse dinossauro. O essencial neste momento \u00e9 obter financiamento para voltar ao campo e continuar as pesquisas.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Uma \u00e1rea no estado do Paran\u00e1 ganhou o nome de \u201cCemit\u00e9rio dos Pterossauros\u201d devido a centenas de ossos fossilizados de\u00a0pterossauros\u00a0encontrados na antiga bacia. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":175794,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[3158,4414,422],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175793"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=175793"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175793\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":175796,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175793\/revisions\/175796"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/175794"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=175793"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=175793"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=175793"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}