{"id":175932,"date":"2022-01-12T20:05:47","date_gmt":"2022-01-12T23:05:47","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175932"},"modified":"2022-01-12T20:05:52","modified_gmt":"2022-01-12T23:05:52","slug":"area-atingida-por-chuvas-em-mg-tem-3-das-barragens-com-maior-risco-de-desabamento-do-pais","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/12\/175932-area-atingida-por-chuvas-em-mg-tem-3-das-barragens-com-maior-risco-de-desabamento-do-pais.html","title":{"rendered":"\u00c1rea atingida por chuvas em MG tem 3 das barragens com maior risco de desabamento do pa\u00eds"},"content":{"rendered":"\n
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Imagem a\u00e9rea da barragem Forquilha III, tamb\u00e9m operada pela Vale e que, segundo a ANM, est\u00e1 em n\u00edvel 3 de emerg\u00eancia. – GOOGLE MAPS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As chuvas que v\u00eam atingindo Minas Gerais nas \u00faltimas semanas e j\u00e1 causaram a morte de pelo menos 24 pessoas est\u00e3o afetando a regi\u00e3o onde est\u00e3o localizadas as tr\u00eas barragens com maior risco de desabamento do Brasil e reabrem a “ferida” deixada pelo desmoronamento de barragens em Mariana, em 2015, e de Brumadinho, em 2019.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As barragens s\u00e3o: Forquilha III, Sul Superior e B3\/B4, todas operadas pela Vale e pr\u00f3ximas a cidades que, juntas, t\u00eam popula\u00e7\u00e3o estimada em 255 mil pessoas.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a Ag\u00eancia Nacional de Minera\u00e7\u00e3o (ANM), estas s\u00e3o as \u00fanicas barragens do Brasil em situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia n\u00edvel 3, quando o rompimento \u00e9 iminente ou est\u00e1 em curso. Desde o in\u00edcio da nova temporada de chuvas, nenhum incidente nelas foi registrado.<\/p>\n\n\n\n

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que as chuvas aumentam os riscos de problemas em barragens como as de rejeitos de minera\u00e7\u00e3o. Segundo eles, o risco em Minas Gerais \u00e9 ainda maior por conta da alta concentra\u00e7\u00e3o dessas estruturas e da proximidade delas com centros urbanos.<\/p>\n\n\n\n

Procurada, a Vale disse que construiu conten\u00e7\u00f5es pr\u00f3ximas \u00e0s estruturas para impedir o avan\u00e7o de sedimentos em caso de rompimento.<\/p>\n\n\n\n

Em meio ao aumento das chuvas, familiares de v\u00edtimas do desmoronamento da barragem de Brumadinho relatam apreens\u00e3o e temor de que cenas como as de 2019 possam se repetir.<\/p>\n\n\n\n

“Tem helic\u00f3pteros passando por cima das nossas cabe\u00e7as e tudo isso nos faz lembrar aquele cen\u00e1rio de guerra de quando a barragem se rompeu e matou minha irm\u00e3. Outros familiares de v\u00edtimas comentam o quanto isso reabriu as nossas feridas”, disse Josiane Melo, que perdeu a irm\u00e3 na trag\u00e9dia de Brumadinho.<\/p>\n\n\n\n

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Josiane Melo (\u00e0 esquerda) diz que as chuvas em Minas Gerais reabrem a ferida da perda da irm\u00e3, Eliane Melo (\u00e0 direita), que morreu v\u00edtima do rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, em 2019 – ARQUIVO PESSOAL<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O Estado de Minas Gerais tem sido atingido por chuvas intensas desde o in\u00edcio do ano. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente em Belo Horizonte a precipita\u00e7\u00e3o acumulou 241,7 mm em 72 horas – entre os dias 8 e 10, bem acima da m\u00e9dia hist\u00f3rica para o m\u00eas, que \u00e9 de 329mm.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com a Defesa Civil estadual, 341 munic\u00edpios est\u00e3o em situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia em decorr\u00eancia dos temporais. Al\u00e9m dos mortos, as chuvas deixaram 3,9 mil pessoas desabrigadas e outras 24,6 mil desalojadas.<\/p>\n\n\n\n

O n\u00famero de mortos n\u00e3o inclui as 10 v\u00edtimas da queda de um bloco de pedra sobre uma lancha em Capit\u00f3lio, no s\u00e1bado (8\/1) porque o caso ainda est\u00e1 sob investiga\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Empresas como a Vale, CSN, Usiminas, Samarco e Vallourec tiveram que interromper algumas de suas opera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

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Imagem a\u00e9rea da barragem Sul Superior, da Vale, em Minas Gerais. Ela \u00e9 uma das tr\u00eas barragens classificadas como em n\u00edvel de emerg\u00eancia 3, o mais alto previsto pela ANM – GOOGLE MAPS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A Vale paralisou as atividades em duas \u00e1reas de produ\u00e7\u00e3o. Segundo a empresa, a medida foi tomada para garantir a seguran\u00e7a de seus funcion\u00e1rios. Ela tamb\u00e9m paralisou a circula\u00e7\u00e3o de trens da Estrada de Ferro Vit\u00f3ria a Minas (EFVM).<\/p>\n\n\n\n

A Minera\u00e7\u00e3o Usiminas interrompeu suas atividades na regi\u00e3o de Itatiaiu\u00e7u (MG).<\/p>\n\n\n\n

A companhia informou ainda que acionou o n\u00edvel 1 do Plano de A\u00e7\u00e3o de Emerg\u00eancia de Barragens da Minera\u00e7\u00e3o (PAEBM) para sua Barragem Central, desativada desde 2014. Esse n\u00edvel prev\u00ea um estado inicial de alerta, mas n\u00e3o significaria que a estrutura est\u00e1 comprometida.<\/p>\n\n\n\n

No s\u00e1bado, o dique de uma barragem da Vallourec transbordou e inundou um trecho da BR-040, que liga Minas Gerais ao Rio de Janeiro. O trecho chegou a ser interditado, mas j\u00e1 foi liberado.<\/p>\n\n\n\n

O incidente fez com que a ANM aumentasse o grau de emerg\u00eancia da barragem para o n\u00edvel 3, mas a medida foi revertida no dia seguinte e ela se encontra, agora, no n\u00edvel 2. \u00c9 em meio a esse cen\u00e1rio que o temor se volta para as barragens consideradas mais suscet\u00edveis a rompimento.<\/p>\n\n\n\n

Perigo<\/h2>\n\n\n\n

As tr\u00eas barragens em maior situa\u00e7\u00e3o de risco do Brasil est\u00e3o localizadas em munic\u00edpios que, por conta das chuvas, est\u00e3o em situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia, de acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais: Ouro Preto, Nova Lima e Bar\u00e3o de Cocais.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a ANM, no entanto, as barragens n\u00e3o est\u00e3o em situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia por conta das chuvas deste ano, no entanto. Elas est\u00e3o nesse n\u00edvel de alerta desde mar\u00e7o de 2019, ap\u00f3s o rompimento da barragem da mina do C\u00f3rrego do Feij\u00e3o, em Brumadinho.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a ag\u00eancia, o n\u00edvel 3 de emerg\u00eancia \u00e9 concedido quando t\u00e9cnicos constatam que a estrutura de uma barragem est\u00e1 em situa\u00e7\u00e3o de rompimento iminente (pode acontecer a qualquer momento) ou quando ela j\u00e1 est\u00e1 se rompendo.<\/p>\n\n\n\n

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Imagem a\u00e9rea da barragem B3\/B4, da Vale. De acordo com a ANM, a estrutura tamb\u00e9m est\u00e1 em n\u00edvel 3 de emerg\u00eancia. – GOOGLE MAPS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em mar\u00e7o de 2019, quando a Vale elevou o n\u00edvel de emerg\u00eancia de Forquilha III e B3\/B4, a empresa disse que a medida foi tomada de forma “preventiva” por terem fatores de seguran\u00e7a abaixo do que determinavam as normas do governo federal.<\/p>\n\n\n\n

As tr\u00eas estruturas s\u00e3o barragens a montante, do mesmo tipo da que colapsou em Brumadinho.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a ANM, elas t\u00eam um dano potencial alto, o que significa que o seu rompimento poderia causar preju\u00edzos significativos para as comunidades localizadas ao seu redor.<\/p>\n\n\n\n

Elas est\u00e3o no plano de descaracteriza\u00e7\u00e3o da companhia, termo usado pela ind\u00fastria para indicar a desativa\u00e7\u00e3o de uma barragem, obras para deix\u00e1-la totalmente est\u00e1vel e a sua reincorpora\u00e7\u00e3o ao meio ambiente.<\/p>\n\n\n\n

Em nota enviada pela Vale, a empresa diz que construiu estruturas para proteger as comunidades pr\u00f3ximas \u00e0s barragens.<\/p>\n\n\n\n

“Todos os barramentos da empresa nessa situa\u00e7\u00e3o j\u00e1 t\u00eam suas respectivas conten\u00e7\u00f5es finalizadas, sendo capazes de reter os rejeitos em caso de necessidade. \u00c9 o caso da barragem Sul Superior, na mina Gongo Soco, em Bar\u00e3o de Cocais (MG); da B3\/B4, na mina Mar Azul, em Nova Lima (MG); e da barragem Forquilha III, na mina F\u00e1brica, em Itabirito (MG)”, diz um trecho da nota enviada pela companhia.<\/p>\n\n\n\n

Intensificar monitoramento<\/h2>\n\n\n\n

O professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Vi\u00e7osa Eduardo Ant\u00f4nio Gomes Marques diz que a intensidade das chuvas registradas nos \u00faltimos dias aumenta os riscos de incidentes em barragens.<\/p>\n\n\n\n

“As chuvas, aumentam, sim, a possibilidade de incidentes. Isso acontece especialmente em Minas Gerais porque temos uma quantidade muito grande de barragens pr\u00f3ximas a cidades”, explica.<\/p>\n\n\n\n

Marques afirma que o risco de rompimento, no entanto, atinge tanto as barragens que est\u00e3o em n\u00edvel tr\u00eas de emerg\u00eancia quanto aquelas que est\u00e3o em n\u00edveis inferiores.<\/p>\n\n\n\n

Ele afirma que \u00e9 importante intensificar o monitoramento das estruturas afetadas pela chuva. Segundo ele, uma das maiores preocupa\u00e7\u00f5es hoje \u00e9 o comportamento das paredes naturais de barragens.<\/p>\n\n\n\n

Por conta da chuva, ele afirma, o solo est\u00e1 muito saturado e isso poderia levar a uma queda de barrancos dentro dos reservat\u00f3rios, o que aumentaria a press\u00e3o sobre as barragens levando ao transbordamento ou, em casos extremos, \u00e0 sua ruptura.<\/p>\n\n\n\n

“A gente v\u00ea que as barragens est\u00e3o sendo monitoradas, mas uma possibilidade \u00e9 que a chuva fa\u00e7a os taludes ca\u00edrem, o que pressionaria as barragens. Isso \u00e9 perigoso porque as estruturas est\u00e3o muito perto de cidades e o tempo para evacua\u00e7\u00e3o \u00e9 curto”, diz.<\/p>\n\n\n\n

Sobre as tr\u00eas que est\u00e3o em n\u00edvel m\u00e1ximo de emerg\u00eancia, Marques confirma que as obras de conten\u00e7\u00e3o j\u00e1 foram feitas e que, caso elas tenham sido dimensionadas e executadas da forma correta, um poss\u00edvel rompimento teria impactos reduzidos sobre a popula\u00e7\u00e3o local.<\/p>\n\n\n\n

“As obras de conten\u00e7\u00e3o foram finalizadas e um rompimento n\u00e3o traria tantos riscos como antes. Mas essa estimativa considera que todas as obras foram feitas e dimensionadas da forma correta. Se isso n\u00e3o aconteceu, \u00e9 dif\u00edcil saber os impactos”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

O professor de seguran\u00e7a em barragens da Universidade Federal de Itajub\u00e1 (Unifei) Carlos Barreira Martinez diz que \u00e9 preciso manter o monitoramento das barragens em n\u00edvel 3 de emerg\u00eancia e intensificar a aten\u00e7\u00e3o sobre outras estruturas que, por conta da chuva, podem representar riscos.<\/p>\n\n\n\n

Ele aponta ainda um novo elemento que, segundo ele, deveria ser considerado no c\u00e1lculo de seguran\u00e7a para barragens: a ocorr\u00eancia de fen\u00f4menos clim\u00e1ticos extremos. Segundo ele, as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas est\u00e3o alterando o ciclo de chuvas e isso pode trazer impactos sobre as barragens.<\/p>\n\n\n\n

“Essas estruturas s\u00e3o feitas considerando um regime pluviom\u00e9trico que n\u00e3o previa esses eventos extremos t\u00e3o recorrentes. O que estamos vendo \u00e9 uma s\u00e9rie de chuvas muito intensas num curto espa\u00e7o de tempo e em regi\u00f5es muito pontuais. Isso pode trazer impactos que precisam ser dimensionados”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

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O estrago causado pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em 2015 – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em nota, a ANM informou que intensificou as vistorias a barragens em Minas Gerais em janeiro em decorr\u00eancia das chuvas. Segundo o \u00f3rg\u00e3o, j\u00e1 teriam sido feitas mais de 20 vistorias no estado neste m\u00eas.<\/p>\n\n\n\n

“As equipes da ANM est\u00e3o em campo, intensificando a vistoria das estruturas, de forma a orientar as empresas a mitigar eventuais anomalias que estejam acontecendo ou venham a acontecer”, diz um trecho da nota. A reportagem procurou o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de Minas Gerais, mas eles n\u00e3o responderam.<\/p>\n\n\n\n

Ferida aberta<\/h2>\n\n\n\n

O aumento das chuvas em Minas Gerais nos \u00faltimos dias trouxe de volta p\u00e9ssimas mem\u00f3rias para Josiane Melo, moradora de Brumadinho. H\u00e1 tr\u00eas anos, ela perdeu sua irm\u00e3 quando a barragem da Vale na mina do C\u00f3rrego do Feij\u00e3o se rompeu. A engenheira civil Eliane Melo trabalhava para uma empresa terceirizada na \u00e1rea atingida pelo rompimento.<\/p>\n\n\n\n

“A chuva deixou muita gente ilhada, lama entrando na casa das pessoas. Tem helic\u00f3pteros passando por cima das nossas cabe\u00e7as e tudo isso nos faz lembrar aquele cen\u00e1rio de guerra de quando a barragem se rompeu e matou minha irm\u00e3. Outros familiares de v\u00edtimas comentam o quanto isso reabriu as nossas feridas”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

Josiane diz que as not\u00edcias sobre a possibilidade de rompimento de outras estruturas est\u00e3o deixando a popula\u00e7\u00e3o em estado de alerta. Isso acontece porque, assim como em 2019, as empresas respons\u00e1veis pelas barragens t\u00eam afirmado que as estruturas est\u00e3o seguras.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 a mesma coisa que aconteceu em 2019. Todo mundo dizia que as barragens de Mariana e Brumadinho eram seguras at\u00e9 que elas se romperam. As pessoas est\u00e3o preocupadas. Est\u00e1 todo mundo se perguntando: ser\u00e1 que vai acontecer de novo?”, disse.<\/p>\n\n\n\n

A reportagem procurou o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de Minas Gerais, mas n\u00e3o obteve retorno.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"