{"id":175948,"date":"2022-01-13T09:24:06","date_gmt":"2022-01-13T12:24:06","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175948"},"modified":"2022-01-13T09:24:09","modified_gmt":"2022-01-13T12:24:09","slug":"onda-de-calor-na-america-do-sul-pode-elevar-temperaturas-a-quase-50-graus","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/13\/175948-onda-de-calor-na-america-do-sul-pode-elevar-temperaturas-a-quase-50-graus.html","title":{"rendered":"Onda de calor na Am\u00e9rica do Sul pode elevar temperaturas a quase 50 graus"},"content":{"rendered":"\n
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Onda de calor pode fazer com que cidades na Argentina, Uruguai e Paraguai registrem temperaturas pr\u00f3ximas dos 50\u00baC – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma onda de calor intensa atinge a regi\u00e3o central da Am\u00e9rica do Sul nesta semana e pode fazer com que cidades na Argentina, Uruguai e Paraguai registrem temperaturas recordes, pr\u00f3ximas dos 50\u00baC. Causado por uma massa de ar quente e seca, o fen\u00f4meno repercute tamb\u00e9m no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, onde os term\u00f4metros podem chegar a 40\u00baC.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os primeiros sinais do aquecimento j\u00e1 s\u00e3o sentidos desde segunda-feira (10\/1), quando a cidade de San Antonio Oeste, na Patag\u00f4nia argentina, registrou 42,8\u00baC, e a prov\u00edncia de Mendoza foi colocada sob alerta vermelho.<\/p>\n\n\n\n

Nesta ter\u00e7a-feira (12\/1), a previs\u00e3o de m\u00e1xima de 37\u00baC para Buenos Aires foi superada e os term\u00f4metros marcavam 40\u00baC por volta das 16h do hor\u00e1rio local – a maior temperatura desde 1995.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o Servi\u00e7o Meteorol\u00f3gico Nacional (SMN), a capital argentina enfrenta seu quarto dia mais quente em 115 anos, ou desde que os registros passaram a ser arquivados em 1906.<\/p>\n\n\n\n

A expectativa \u00e9 que o calor s\u00f3 cres\u00e7a nos pr\u00f3ximos dias. Os locais mais quentes da Argentina devem registrar entre 45\u00baC e 47\u00baC, de acordo com previs\u00f5es feitas pela MetSul, empresa de meteorologia ga\u00facha. Os term\u00f4metros uruguaios devem ficar entre 41\u00baC e 43\u00baC.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 no Brasil, as temperaturas mais altas no Rio Grande do Sul devem ser marcadas no oeste do estado, com m\u00e1ximas entre 10\u00baC e 15\u00baC acima da m\u00e9dia para esta \u00e9poca do ano. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu aviso de perigo para 216 munic\u00edpios do RS em raz\u00e3o da onda de calor.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com o modelo feito pela MetSul, a \u00e1rea da cidade de Uruguaiana pode ver uma escalada de calor com m\u00e1ximas de 41\u00baC e 42\u00baC nos pr\u00f3ximos dias. At\u00e9 regi\u00f5es mais frias, como a Serra Ga\u00facha, podem ter marcas extremas no final da semana, com m\u00e1ximas de at\u00e9 37\u00baC em Caxias do Sul e ao redor dos 40\u00baC nos vales de Farroupilha e Bento Gon\u00e7alves.<\/p>\n\n\n\n

Em Porto Alegre e regi\u00e3o, o calor ser\u00e1 maior no final da semana e no pr\u00f3ximo fim de semana, com marcas ao redor ou acima dos 40\u00baC e \u00edndices de radia\u00e7\u00e3o ultravioleta entre 11 e 16. A Defesa Civil do munic\u00edpio pede cuidado extremo e recomenda que a popula\u00e7\u00e3o se proteja do sol, mantenha a hidrata\u00e7\u00e3o constante e evite exerc\u00edcios entre 10h e 16h.<\/p>\n\n\n\n

A maior temperatura j\u00e1 registrada no Rio Grande do Sul, de acordo com os dados oficiais contabilizados desde 1910, foi de 42,6\u00baC, nos ver\u00f5es de 1917, em Alegrete, e de 1943, em Jaguar\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

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Mapa divulgado pela MetSul aponta calor extremo para os pr\u00f3ximos dias no sul do Brasil e no centro da Am\u00e9rica do Sul – METSUL<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Preju\u00edzos no campo e cortes de energia<\/h2>\n\n\n\n

O impacto das condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas extremas deve ser sentido especialmente pelos agricultores. A regi\u00e3o que engloba o sul do Brasil, o Uruguai e a Argentina sofreu perdas significativas no cultivo com uma profunda seca que marcou o ano que passou, e as temperaturas elevadas podem agravar ainda mais a situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

No Rio Grande do Sul, 159 munic\u00edpios j\u00e1 est\u00e3o em situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia devido \u00e0 estiagem que come\u00e7ou em novembro. Os preju\u00edzos registrados at\u00e9 o momento est\u00e3o espalhados pela produ\u00e7\u00e3o de gr\u00e3os, frutas, hortigranjeiros e leite.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 no sul da Argentina, onde as chuvas n\u00e3o acumularam nem 200 mil\u00edmetros em todo o ano de 2021, a seca atinge especialmente o polo portu\u00e1rio de Ros\u00e1rio, onde cerca de 80% das exporta\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas do pa\u00eds s\u00e3o carregadas.<\/p>\n\n\n\n

“O setor agropecu\u00e1rio que j\u00e1 vinha sofrendo com a falta de chuva deve ser ainda mais castigado pelas altas temperaturas. O calor em excesso afeta diretamente o desenvolvimento das plantas e pode queimar as planta\u00e7\u00f5es”, diz Olivio Bahia, meteorologista do Inmet.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 ainda risco de inc\u00eandios florestais e quedas de energia. No Uruguai, os primeiros dias de 2022 j\u00e1 foram marcados por imagens assustadoras do fogo no oeste do pa\u00eds. Cerca de 37 mil hectares foram arrasados nas regi\u00f5es de Paysand\u00fa e R\u00edo Negro, marcando a maior queimada da hist\u00f3ria do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, as autoridades argentinas j\u00e1 alertavam desde a semana passada para a possibilidade de uma crise de abastecimento de luz com cortes de energia em Buenos Aires e outras cidades do pa\u00eds. S\u00f3 nesta ter\u00e7a-feira, 11 bairros e 700 mil usu\u00e1rios ficaram sem luz na capital.<\/p>\n\n\n\n

A falta de energia est\u00e1 associada \u00e0 alta demanda e ao baixo n\u00edvel dos rios que abastecem as usinas hidrel\u00e9tricas do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

O cen\u00e1rio preocupante levou o governo argentino a reunir v\u00e1rios minist\u00e9rios e organismos para coordenar a\u00e7\u00f5es que possam amenizar os riscos provocados pelas altas temperaturas.<\/p>\n\n\n\n

No encontro realizado na segunda-feira, as autoridades discutiram a amplia\u00e7\u00e3o da oferta de unidades de terapia intensiva, centros de di\u00e1lise e neonatologia para acompanhar a popula\u00e7\u00e3o mais vulner\u00e1vel e buscaram solu\u00e7\u00f5es para manter o fornecimento de energia e \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

“Fizemos contato com governadores e prefeitos para unir for\u00e7as e responder a esta dif\u00edcil situa\u00e7\u00e3o excepcional”, disse \u00e0 imprensa o ministro chefe da Casa Civil, Juan Manzur.<\/p>\n\n\n\n

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O ministro chefe da Casa Civil argentina, Juan Manzur (ao centro, com o microfone), em reuni\u00e3o em Buenos Aires sobre alta das temperaturas no pa\u00eds – JEFATURA DE GABINETE DE MINISTROS DE ARGENTINA<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O que est\u00e1 causando o calor extremo?<\/h2>\n\n\n\n

Segundo \u00c9der Maier, especialista em climatologia da Am\u00e9rica do Sul e membro do Centro Polar e Clim\u00e1tico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a onda de calor atual \u00e9 consequ\u00eancia da massa de ar quente e seca instalada entre a Argentina e o Brasil. O fen\u00f4meno \u00e9 favorecido pela \u00e1rea de alta press\u00e3o atmosf\u00e9rica que est\u00e1 atuando sobre o Rio Grande do Sul, inibindo a forma\u00e7\u00e3o de nebulosidade e, consequentemente, elevando as temperaturas e reduzindo a umidade do ar.<\/p>\n\n\n\n

“A baixa cobertura de nuvens e o tempo seco causam maior efici\u00eancia do sistema ambiental em converter a radia\u00e7\u00e3o solar em calor”, diz o especialista.<\/p>\n\n\n\n

O que se observa atualmente tamb\u00e9m pode ser classificado como um “extremo clim\u00e1tico composto”. O termo \u00e9 utilizado pelos meteorologistas para descrever eventos clim\u00e1ticos extremos simult\u00e2neos, concorrentes ou coincidentes, que podem levar a impactos ainda maiores para o meio ambiente e a popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Atualmente na Am\u00e9rica do Sul, a poderosa onda de calor \u00e9 acompanhada por um quadro de estiagem forte a severa – enquanto a seca favorece as altas temperaturas, o calor tamb\u00e9m piora a estiagem.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o climatologista e professor de ci\u00eancias atmosf\u00e9ricas da USP, Pedro Leite da Silva Dias, a onda de calor est\u00e1 ainda associada \u00e0s fortes chuvas registradas na Bahia e em Minas Gerais nas \u00faltimas semanas. O bloqueio de alta press\u00e3o atmosf\u00e9rica impede que as chuvas se desloquem para o sul, fazendo com que elas fiquem retidas sobre as regi\u00f5es nordeste e sudeste do Brasil.<\/p>\n\n\n\n

“Funciona como uma gangorra: enquanto o centro da Am\u00e9rica Latina experimenta seca e calor, o nordeste e sudeste brasileiros sofrem com a chuva”, diz.<\/p>\n\n\n\n

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Instituto Nacional de Meteorologia emitiu aviso de perigo para 216 munic\u00edpios do RS em raz\u00e3o da onda de calor – CLIMATEMPO<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

H\u00e1 ainda uma rela\u00e7\u00e3o com o fen\u00f4meno clim\u00e1tico La Ni\u00f1a, que se desenvolve quando ventos que sopram sobre o Pac\u00edfico empurram as \u00e1guas quentes da superf\u00edcie para o oeste, em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 Indon\u00e9sia. Isso causa grandes mudan\u00e7as clim\u00e1ticas em diferentes partes do mundo, inclusive na Am\u00e9rica do Sul.<\/p>\n\n\n\n

“A atmosfera est\u00e1 toda conectada e um fen\u00f4meno an\u00f4malo nunca acontece de forma isolada”, explica o climatologista e professor de ci\u00eancias atmosf\u00e9ricas da USP, Pedro Leite da Silva Dias. “O La Nin\u00e3 contribui n\u00e3o s\u00f3 para potencializar a intensidade da atual onda de calor, como tamb\u00e9m pode fazer com que ela demore a passar”.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 registros de eventos extremos associados ao La Nin\u00e3 h\u00e1 pelo menos 2 milh\u00f5es de anos, mas j\u00e1 se sabe que seus efeitos negativos est\u00e3o se tornando cada vez mais intensos.<\/p>\n\n\n\n

Cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas da ONU (IPCC, na sigla em ingl\u00eas) atribuem essa e outras mudan\u00e7as do comportamento natural do planeta \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. O estudo, feito por centenas de cientistas que analisam milhares de evid\u00eancias coletadas ao redor do planeta, alerta para o aumento de ondas de calor, secas, alagamentos e outros eventos clim\u00e1ticos extremos nos pr\u00f3ximos dez anos.<\/p>\n\n\n\n

“As temperaturas m\u00e1ximas aumentaram significativamente nos \u00faltimos 60 anos e o aquecimento global \u00e9, sem d\u00favidas, um potencial candidato para explicar o aumento da intensidade das ondas de calor”, diz Silva Dias.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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