{"id":175954,"date":"2022-01-13T09:51:31","date_gmt":"2022-01-13T12:51:31","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175954"},"modified":"2022-01-13T09:51:37","modified_gmt":"2022-01-13T12:51:37","slug":"relatorio-destaca-uso-de-pesticidas-vetados-na-ue-no-brasil","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/13\/175954-relatorio-destaca-uso-de-pesticidas-vetados-na-ue-no-brasil.html","title":{"rendered":"Relat\u00f3rio destaca uso de pesticidas vetados na UE no Brasil"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Trabalho de grupos ambientalistas alem\u00e3es aponta que Brasil \u00e9 o terceiro pa\u00eds que mais usa defensivos agr\u00edcolas, v\u00e1rios deles altamente perigosos. Pesticidas intoxicam 400 mil de agricultores por ano no mundo.<\/p>\n\n\n\n

O Brasil \u00e9 um dos pa\u00edses de destaque de um novo relat\u00f3rio de grupos ambientalistas alem\u00e3es sobre uso de pesticidas no mundo e suas consequ\u00eancias para a sa\u00fade humana e o meio ambiente. O trabalho de 50 p\u00e1ginas intitulado Pestizidatlas 2022<\/em> (Atlas dos pesticidas 2022) foi apresentado nesta quarta-feira (12\/01) em Berlim pela Funda\u00e7\u00e3o Heinrich B\u00f6ll, entidade pr\u00f3xima ao Partido Verde, em coopera\u00e7\u00e3o com a filial alem\u00e3 do grupo ambientalista Amigos da Terra e o jornal L<\/em>e<\/em> M<\/em>onde<\/em> D<\/em>iplomatique<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Na publica\u00e7\u00e3o, especialistas descrevem o neg\u00f3cio bilion\u00e1rio com agrot\u00f3xicos e suas consequ\u00eancias. “O Atlas fornece dados, informa\u00e7\u00f5es e se concentra em certas \u00e1reas. Que tipo de subst\u00e2ncias s\u00e3o essas realmente? Onde est\u00e3o os problemas? O que os pesticidas fazem aos pequenos agricultores no sul global? Qual o risco para as pessoas em diferentes partes do mundo? Pesticidas nos afetam em todos os lugares, mesmo quando n\u00e3o estamos pr\u00f3ximos \u00e0 planta\u00e7\u00e3o”, diz a engenheira agr\u00f4noma Susan Haffmans da rede Pestizid Aktions-Netzwerk, que desempenhou um papel de lideran\u00e7a no desenvolvimento do relat\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o texto, desde 1990, o uso de agrot\u00f3xicos no mundo cresceu 80%.<\/p>\n\n\n\n

Leis pouco r\u00edgidas<\/h2>\n\n\n\n

Um dos pontos abordados na obra \u00e9 o uso por pa\u00edses em desenvolvimento, como o Brasil, de pesticidas com subst\u00e2ncias consideradas altamente t\u00f3xicas e que s\u00e3o, por isso, proibidas na Uni\u00e3o Europeia (UE).<\/p>\n\n\n\n

“O Brasil,\u00a0pa\u00eds que est\u00e1 em terceiro lugar no mundo em utiliza\u00e7\u00e3o de defensivos agr\u00edcolas, importa a maioria dos ingredientes ativos de pesticidas do exterior, inclusive\u00a0de pa\u00edses da UE”, diz o trabalho.<\/p>\n\n\n\n

“Em 2019 estiveram entre eles pelo menos 14 ingredientes ativos altamente perigosos que n\u00e3o s\u00e3o mais permitidos na UE, como, por exemplo, Fipronil da Basf, altamente prejudicial a abelhas, e o clorpirif\u00f3s, da portuguesa Ascenza Agro, altamente t\u00f3xico por seus efeitos neurol\u00f3gicos. Al\u00e9m disso, a perigosa cianamida, da alem\u00e3 Alzchem, e a propineb, que prejudica a fun\u00e7\u00e3o sexual e a fertilidade, da Bayer. Outra subst\u00e2ncia que chega ao Brasil \u00e9 o epoxiconazol, da Basf, que desde abril de 2020 n\u00e3o \u00e9 permitido na UE”, ressalta o texto.<\/p>\n\n\n\n

O relat\u00f3rio aponta como uma das causas disso o fato de a legisla\u00e7\u00e3o brasileira ser branda em rela\u00e7\u00e3o aos limites de toxicidade nos res\u00edduos em alimentos. “O Brasil imp\u00f5e \u00e0 sua popula\u00e7\u00e3o limites para res\u00edduos t\u00f3xicos em alimentos que \u00e0s vezes est\u00e3o duas ou tr\u00eas vezes, e em alguns casos 100 vezes acima dos valores m\u00e1ximos permitidos na UE”, diz o estudo. “Em 2019, segundo\u00a0dados oficiais brasileiros, 23% da amostras excederam os valores m\u00e1ximos permitidos de res\u00edduos, que j\u00e1 s\u00e3o altos”, ressalta do texto.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Pesticidas s\u00e3o espalhados pelo vento, chegando a percorrer centenas de quil\u00f4metros<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Tamb\u00e9m res\u00edduos de\u00a0subst\u00e2ncias proibidas na UE\u00a0mas permitidas no Brasil foram encontrados em gr\u00e3os, frutas e vegetais brasileiros. Atrav\u00e9s da exporta\u00e7\u00e3o, esses res\u00edduos chegam tamb\u00e9m a outros pa\u00edses”, acrescenta o trabalho.<\/p>\n\n\n\n

O alto uso de defensivos na agricultura brasileira nem sempre se traduz em crescimento da safra, conforme os autores do relat\u00f3rio. “No Brasil, o uso de herbicidas (especialmente do glifosato) triplicou no cultivo de soja entre 2002 e 2012, chegando a at\u00e9 230 mil toneladas por ano. Mas apesar do aumento na quantidade de agrot\u00f3xico aplicado, os rendimentos por hectare aumentaram apenas cerca de 10%”, ressalta o texto.<\/p>\n\n\n\n

Quase 400 milh\u00f5es de intoxicados por ano<\/h2>\n\n\n\n

De acordo com um estudo cient\u00edfico recente publicado na revista Public Health<\/em>, 385 milh\u00f5es de pessoas envolvidas com agricultura desenvolvem intoxica\u00e7\u00e3o aguda por pesticidas todos os anos. Os trabalhadores rurais e agricultores sentem-se fracos ap\u00f3s o envenenamento, t\u00eam dores de cabe\u00e7a, v\u00f4mitos, diarreia, erup\u00e7\u00f5es cut\u00e2neas, dist\u00farbios no sistema nervoso e desmaios. Em casos graves, o cora\u00e7\u00e3o, os pulm\u00f5es ou os rins s\u00e3o severamente afetados.<\/p>\n\n\n\n

Cerca de 11 mil pessoas no ramo morrem a cada ano de envenenamento agudo. Trabalhadores agr\u00edcolas e pequenos propriet\u00e1rios no sul global s\u00e3o particularmente atingidos pelo envenenamento por pesticidas. <\/p>\n\n\n\n

“Vemos que 44% dos agricultores em todo o mundo sofrem pelo menos uma intoxica\u00e7\u00e3o por ano. E em alguns pa\u00edses o n\u00famero \u00e9 muito maior”, diz Haffmans.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o estudo, existem v\u00e1rias raz\u00f5es para o n\u00famero significativamente maior de intoxica\u00e7\u00f5es nos pa\u00edses do sul: por um lado, um n\u00famero particularmente grande de pesticidas altamente perigosos \u00e9 empregado nesses pa\u00edses, muitas vezes tamb\u00e9m aqueles que s\u00e3o\u00a0proibidos na Europa.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, muitos pequenos agricultores n\u00e3o usam roupas de prote\u00e7\u00e3o e n\u00e3o s\u00e3o informados sobre os perigos. “\u00c0s vezes, os pesticidas s\u00e3o simplesmente enchidos em pequenos sacos pl\u00e1sticos ou garrafas pl\u00e1sticas pelos revendedores, sem etiqueta, sem instru\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a sobre como us\u00e1-los e sem aviso”, afirma Haffmans.<\/p>\n\n\n\n

Ventos alastram pesticidas<\/h2>\n\n\n\n

Segundo o Atlas, os pesticidas s\u00e3o espalhados pelo vento, chegando a percorrer centenas de quil\u00f4metros. O uso de pesticidas tem consequ\u00eancias para todos: as toxinas afetam rios e len\u00e7\u00f3is fre\u00e1ticos. Insetos, p\u00e1ssaros e animais aqu\u00e1ticos morrem intoxicados, e a biodiversidade fica amea\u00e7ada. Al\u00e9m disso, muitas vezes res\u00edduos s\u00e3o encontrados nos alimentos. Os pesticidas j\u00e1 podem ser detectados na urina de muitas pessoas.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Estudo aponta que cerca de 11 mil pessoas no ramo morrem a cada ano de envenenamento agudo provocado por pesticidas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os pesticidas causam doen\u00e7as cr\u00f4nicas. “Estudos mostram, por exemplo, uma conex\u00e3o com doen\u00e7a de Parkinson, diabetes tipo dois ou certos tipos de c\u00e2ncer”, diz Haffmans. Eles tamb\u00e9m est\u00e3o associados a asma, alergias, obesidade e dist\u00farbios das gl\u00e2ndulas end\u00f3crinas, bem como abortos e deformidades em regi\u00f5es particularmente afetadas.<\/p>\n\n\n\n

O herbicida glifosato — o pesticida mais usado — produziu manchetes repetidas vezes. Em 2015, a Ag\u00eancia Internacional de Pesquisa sobre o C\u00e2ncer (IARC) classificou o glifosato como “provavelmente cancer\u00edgeno”. Um metaestudo cient\u00edfico da Universidade de Washington em 2019 tamb\u00e9m determinou um risco aumentado de tumores malignos de linfonodos devido ao glifosato, o chamado linfoma n\u00e3o Hodgkin.<\/p>\n\n\n\n

Lucro importa mais que sa\u00fade<\/h2>\n\n\n\n

Vender pesticidas \u00e9 lucrativo. Os quatro maiores produtores mundiais de agrot\u00f3xicos s\u00e3o Syngenta (Su\u00ed\u00e7a\/China), Bayer e BASF (Alemanha) e Corteva (EUA). De acordo com o Atlas, eles alcan\u00e7aram um faturamento combinado de 31 bilh\u00f5es de euros em 2020.<\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos anos, as vendas globais de pesticidas cresceram em m\u00e9dia 4% ao ano. Via de regra, por\u00e9m, as empresas n\u00e3o pagam nada por danos \u00e0 sa\u00fade ou ao meio ambiente, ou apenas se houver decis\u00f5es judiciais correspondentes, como nos EUA. Pessoas que haviam usado o pesticida Roundup com o ingrediente ativo glifosato ficaram gravemente doentes, 125 mil delas\u00a0processaram a Bayer. O grupo j\u00e1 pagou alguns prejudicados, e cerca de 10 bilh\u00f5es de euros foram reservados no balan\u00e7o da empresa para indeniza\u00e7\u00f5es pela Bayer.<\/p>\n\n\n\n

Apesar destes casos, a Bayer e outras empresas continuam a vender pesticidas altamente t\u00f3xicos, incluindo aqueles que s\u00e3o proibidos na UE devido \u00e0 sua periculosidade.<\/p>\n\n\n\n

Os fabricantes de pesticidas est\u00e3o atualmente tentando obter uma nova aprova\u00e7\u00e3o para o glifosato na UE. Nove pa\u00edses da UE votaram pela proibi\u00e7\u00e3o em 2017, 18 pela extens\u00e3o, agora a proibi\u00e7\u00e3o deve vigorar a partir de 2024.<\/p>\n\n\n\n

Um fato grave \u00e9 que, de acordo com o Atlas, as autoridades respons\u00e1veis da UE n\u00e3o fizeram an\u00e1lises adequadas sobre a aprova\u00e7\u00e3o do glifosato. “\u00c9 alarmante e assustador”, diz Haffmans, De acordo com o trabalho, tr\u00eas quartos de estudos independentes sobre a subst\u00e2ncia chegam \u00e0 conclus\u00e3o de que o glifosato \u00e9 mutag\u00eanico.<\/p>\n\n\n\n

Grupos ambientalistas est\u00e3o pressionando por uma mudan\u00e7a que afaste os pesticidas qu\u00edmicos. Os 30 autores do Atlas usam artigos para destacar pol\u00edticas que podem diminuir seu impacto. “Nas \u00faltimas duas d\u00e9cadas, o Sri Lanka salvou comprovadamente quase 10 mil vidas ao proibir pesticidas perigosos”, ressalta Haffmans. “Na \u00cdndia, algumas regi\u00f5es j\u00e1 cultivam abrindo m\u00e3o de pesticidas, em parte ou completamente. Isso, por sua vez, incentiva que outras regi\u00f5es sigam o exemplo.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Trabalho de grupos ambientalistas alem\u00e3es aponta que Brasil \u00e9 o terceiro pa\u00eds que mais usa defensivos agr\u00edcolas, v\u00e1rios deles altamente perigosos. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":175955,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[203,4088,272],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175954"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=175954"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175954\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":175958,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/175954\/revisions\/175958"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/175955"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=175954"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=175954"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=175954"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}