{"id":175959,"date":"2022-01-13T15:51:03","date_gmt":"2022-01-13T18:51:03","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=175959"},"modified":"2022-01-13T15:51:06","modified_gmt":"2022-01-13T18:51:06","slug":"aplicativo-ajuda-comunidades-a-monitorar-enchentes-e-prevenir-desastres","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/13\/175959-aplicativo-ajuda-comunidades-a-monitorar-enchentes-e-prevenir-desastres.html","title":{"rendered":"Aplicativo ajuda comunidades a monitorar enchentes e prevenir desastres"},"content":{"rendered":"\n
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Alunos em Balne\u00e1rio Rinc\u00e3o (SC) utilizam app Dados \u00e0 Prova D&#39;\u00c1gua (Foto: Rosinei da Silveira\/Ag\u00eancia Fapesp)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Um aplicativo pode mudar a forma como comunidades e \u00f3rg\u00e3os governamentais lidam com as\u00a0enchentes. Com um telefone\u00a0celular\u00a0em m\u00e3os, moradores de bairros vulner\u00e1veis a\u00a0inunda\u00e7\u00f5es\u00a0podem n\u00e3o apenas se informar com anteced\u00eancia sobre poss\u00edveis eventos do tipo como contribuir com os \u00f3rg\u00e3os competentes no mapeamento de \u00e1reas suscet\u00edveis e na preven\u00e7\u00e3o de desastres.<\/p>\n\n\n\n

A ferramenta \u00e9 um dos desdobramentos do\u00a0projeto Dados \u00e0 Prova D\u2019\u00c1gua, parceria entre as universidades de Glasgow e Warwick, no Reino Unido, Heidelberg, na Alemanha, do Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e da Funda\u00e7\u00e3o Getulio Vargas, com apoio da Fapesp.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO princ\u00edpio b\u00e1sico \u00e9 de que tecnologia, engajamento das pessoas, gera\u00e7\u00e3o, uso e circula\u00e7\u00e3o de dados melhoram a resili\u00eancia das comunidades vulner\u00e1veis a\u00a0desastres socioambientais. Neste caso, inunda\u00e7\u00f5es\u201d, explica Maria Alexandra da Cunha, professora na Escola de Administra\u00e7\u00e3o de Empresas da Funda\u00e7\u00e3o Get\u00falio Vargas (EAESP-FGV), coordenadora da parte brasileira do projeto.<\/p>\n\n\n\n

Levantamento realizado em 2020 pela Confedera\u00e7\u00e3o Nacional dos Munic\u00edpios (CNM) contabilizou 1.697 decretos de emerg\u00eancia ou estado de calamidade p\u00fablica por conta de chuvas intensas naquele ano.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a \u00e1rea de Defesa Civil da CNM, os preju\u00edzos chegaram a R$ 10,1 bilh\u00f5es, decorrentes de tempestades, ciclones, deslizamentos, inunda\u00e7\u00f5es, enxurradas e tornados, sendo o setor de habita\u00e7\u00e3o o mais afetado, com 280.486 moradias danificadas ou destru\u00eddas e preju\u00edzos de R$ 8,5 bilh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

O aplicativo Dados \u00e0 Prova D\u2019\u00c1gua, que tem o mesmo nome do projeto, foi testado por professores, estudantes, agentes da Defesa Civil e moradores em mais de 20 munic\u00edpios nos estados de Pernambuco, Santa Catarina, Mato Grosso, Acre e S\u00e3o Paulo e deve ser disponibilizado em breve na Play Store, loja virtual de aplicativos da Google.<\/p>\n\n\n\n

Para alimentar o aplicativo, os pesquisadores usam o princ\u00edpio da\u00a0ci\u00eancia cidad\u00e3. Alunos de escolas p\u00fablicas passam por um treinamento, que envolve a constru\u00e7\u00e3o de pluvi\u00f4metros artesanais, usando uma garrafa PET e uma r\u00e9gua simples.<\/p>\n\n\n\n

Cada estudante fica, ent\u00e3o, respons\u00e1vel por verificar diariamente a quantidade de chuvas medida por cada um desses pluvi\u00f4metros e inserir as medidas no aplicativo, que v\u00e3o para o banco de dados do projeto. Espera-se que esses dados possam futuramente ajudar a subsidiar medidas de preven\u00e7\u00e3o a desastres.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs dados necess\u00e1rios \u00e0 gest\u00e3o de riscos de desastres fluem tradicionalmente de forma unidirecional, dos centros de expertise para a popula\u00e7\u00e3o e \u00f3rg\u00e3os executores. O aplicativo possibilita ampliar esse fluxo, pois promove a participa\u00e7\u00e3o direta da comunidade nos processos de gest\u00e3o e amplia a fonte de dados locais dos centros especializados\u201d, afirma M\u00e1rio Martins, pesquisador vinculado ao projeto, que realiza o p\u00f3s-doutorado na EAESP-FGV com bolsa da Fapesp.<\/p>\n\n\n\n

A aplica\u00e7\u00e3o permite ainda enviar informa\u00e7\u00f5es sobre \u00e1reas alagadas,\u00a0intensidade de chuva\u00a0e altura da \u00e1gua no leito do rio, al\u00e9m de conter dados disponibilizados por \u00f3rg\u00e3os como as \u00e1reas de suscetibilidade do Servi\u00e7o Geol\u00f3gico do Brasil (CPRM) e dados pluviom\u00e9tricos do Cemaden, para uso dos moradores das comunidades.<\/p>\n\n\n\n

\u201cN\u00e3o quer\u00edamos apenas desenvolver um aplicativo. Durante nossas atividades nas \u00e1reas de estudo, nos preocupamos em discutir como o aplicativo poderia ser utilizado pelos moradores durante os desastres. Por isso, acabamos desenvolvendo um novo m\u00e9todo de desenvolvimento de software e uma ferramenta que pudesse ser usada por todos\u201d, conta L\u00edvia Degrossi, que realiza p\u00f3s-doutorado na EAESP-FGV.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora desenvolveu a aplica\u00e7\u00e3o em colabora\u00e7\u00e3o com profissionais do Cemaden, da Defesa Civil e da Secretaria de\u00a0Meio Ambiente\u00a0do Acre. Participaram ainda estudantes das escolas estaduais Renato Braga e Vicente Leporace, no Jardim S\u00e3o Lu\u00eds, na cidade de S\u00e3o Paulo, e moradores do bairro, que fica no M\u2019Boi Mirim, \u00e1rea do munic\u00edpio com maior n\u00famero de regi\u00f5es de risco, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnol\u00f3gicas (IPT).<\/p>\n\n\n\n

Mem\u00f3rias de enchentes<\/strong><\/p>\n\n\n\n

\u201cTrabalhamos em escolas p\u00fablicas com baixos \u00edndices socioecon\u00f4micos e com hist\u00f3rico de inunda\u00e7\u00f5es. O Jardim S\u00e3o Lu\u00eds, com muitos c\u00f3rregos e montanhas, \u00e9 bastante vulner\u00e1vel aos alagamentos, mas tamb\u00e9m a desmoronamentos. A ideia era criar dados e promover a circula\u00e7\u00e3o dos que j\u00e1 existem, aqueles que os \u00f3rg\u00e3os governamentais t\u00eam, mas n\u00e3o chegam \u00e0s\u00a0comunidades\u201d, informa Fernanda Lima e Silva, que realiza est\u00e1gio de p\u00f3s-doutorado na EAESP-FGV com bolsa da Fapesp.<\/p>\n\n\n\n

Junto com Degrossi, a pesquisadora coordenou a constru\u00e7\u00e3o de um guia de aprendizagem para o desenvolvimento de uma disciplina eletiva, a ser oferecida por escolas p\u00fablicas, preferencialmente com estudantes de ensino m\u00e9dio, sobre preven\u00e7\u00e3o de desastres, ci\u00eancia cidad\u00e3 e o impacto das\u00a0mudan\u00e7as clim\u00e1ticas\u00a0no dia a dia das pessoas. A rede de colaboradores envolveu professores das escolas participantes do projeto e do Cemaden Educa\u00e7\u00e3o, que vai disponibilizar o guia em seu site.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m da preven\u00e7\u00e3o de desastres, o projeto trabalha com mem\u00f3rias das enchentes. Inicialmente, os estudantes do Jardim S\u00e3o Lu\u00eds entrevistaram parentes mais velhos e levaram para a sala de aula hist\u00f3rias que acabaram fornecendo dados sobre o passado das enchentes na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m foram realizadas rodas de conversa com os moradores mais antigos e at\u00e9 mesmo a produ\u00e7\u00e3o de uma s\u00e9rie de\u00a0minidocument\u00e1rios chamada\u00a0Mem\u00f3rias \u00e0 Prova D\u00b4\u00c1gua<\/em>, dispon\u00edvel on-line.<\/p>\n\n\n\n

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