{"id":176022,"date":"2022-01-17T10:44:56","date_gmt":"2022-01-17T13:44:56","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=176022"},"modified":"2022-01-17T10:45:03","modified_gmt":"2022-01-17T13:45:03","slug":"brasil-enfrenta-covid-19-e-desastres-climaticos-da-mesma-forma-e-isso-e-ruim","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/17\/176022-brasil-enfrenta-covid-19-e-desastres-climaticos-da-mesma-forma-e-isso-e-ruim.html","title":{"rendered":"Brasil enfrenta Covid-19 e desastres clim\u00e1ticos da mesma forma \u2014 e isso \u00e9 ruim"},"content":{"rendered":"\n
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Al\u00e9m da descontinuidade de recursos, h\u00e1 ainda um problema de base referente \u00e0 necessidade de pol\u00edticas para o desenvolvimento urbano que reduzam a distribui\u00e7\u00e3o espacial da vulnerabilidade (Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Anna Shvets\/Pexels<\/em>)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Existe uma correla\u00e7\u00e3o entre o\u00a0enfrentamento da Covid-19\u00a0e de\u00a0desastres ambientais\u00a0no Brasil, e isso n\u00e3o \u00e9 bom. Estudo realizado por pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) mostrou que, al\u00e9m da descontinuidade de\u00a0recursos, h\u00e1 ainda um problema de base referente \u00e0 necessidade de pol\u00edticas para o\u00a0desenvolvimento urbano\u00a0que reduzam a distribui\u00e7\u00e3o espacial da\u00a0vulnerabilidade. Os dados foram\u00a0apresentados na revista\u00a0Sustainable Cities and Society<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Em uma primeira etapa, a pesquisa comparou os\u00a0munic\u00edpios\u00a0das regi\u00f5es Sul e Sudeste mais afetados por problemas como\u00a0secas, enchentes e\u00a0deslizamentos\u00a0nos \u00faltimos dez anos e os que sofreram maior impacto da Covid-19.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs 45 munic\u00edpios mais atingidos por desastres naturais s\u00e3o os mesmos que mais sofreram com altos n\u00fameros de casos e de mortes durante a\u00a0pandemia. Como os locais coincidem \u2013 e s\u00e3o\u00a0\u00e1reas mais vulner\u00e1veis\u00a0em termos de estrutura verde, acesso \u00e0 sa\u00fade e\u00a0saneamento\u00a0\u2013, seria interessante atacar os problemas de\u00a0infraestrutura\u00a0nessas regi\u00f5es\u201d, explica Andrea Young, autora do estudo e pesquisadora do Cemaden. O trabalho foi apoiado pela Fapesp.<\/p>\n\n\n\n

Entre os munic\u00edpios no topo do ranking tanto de desastres naturais quanto de impactos causados pela pandemia est\u00e3o: S\u00e3o Paulo (com 38.770 mortes por Covid-19 em 2020) e Rio de Janeiro (34.102 \u00f3bitos), seguidos por Belo Horizonte (6.636 \u00f3bitos). \u201cEmbora alguns munic\u00edpios apresentem n\u00fameros reduzidos de\u00a0desastres\u00a0em rela\u00e7\u00e3o a anos anteriores, gra\u00e7as a investimentos em defesa civil, chama a aten\u00e7\u00e3o o fato de que Campinas [SP] tenha registrado mais de 4 mil mortes por Covid-19 e que em Santo Andr\u00e9 [SP], S\u00e3o Bernardo [SP] e S\u00e3o Gon\u00e7alo [RJ] tenham ocorrido mais de 3 mil mortes. Santos [SP] e Joinville [SC] apresentaram mais de 2 mil \u00f3bitos cada\u201d, conta.<\/p>\n\n\n\n

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Devido ao n\u00famero significativo de cidades afetadas por desastres como enchentes, deslizamentos e secas, o estudo focou nas regi\u00f5es Sudeste e Sul e selecionou 45 munic\u00edpios localizados em sete regi\u00f5es metropolitanas que foram afetadas por desastres nos \u00falt (Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Andrea Young\/Sustainable Cities and Society)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Descontinuidade de recursos e programas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O estudo identificou ainda a exist\u00eancia de uma correla\u00e7\u00e3o entre a transfer\u00eancia de\u00a0verba\u00a0para combate a desastres e para a pandemia. Nesse caso, como n\u00e3o havia dados hist\u00f3ricos suficientes nos 45 munic\u00edpios, a pesquisadora concentrou a an\u00e1lise na cidade de S\u00e3o Paulo. O estudo de caso na capital paulista tamb\u00e9m mostrou converg\u00eancia entre os\u00a0bairros mais afetados\u00a0pela pandemia e aqueles com maior risco de desastre.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEm um primeiro momento da pandemia, o governo federal ofereceu dinheiro para ajudar a quest\u00e3o das\u00a0fam\u00edlias\u00a0e, de maneira mais reduzida, \u00e0s pessoas que t\u00eam neg\u00f3cios. Isso ocorreu antes de toda a confus\u00e3o para a\u00a0compra das vacinas\u00a0em 2020. Por\u00e9m, em 2021, o or\u00e7amento para a sa\u00fade caiu abruptamente\u201d, afirma Young.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com dados do\u00a0Tesouro\u00a0Nacional, o or\u00e7amento federal para gastos emergenciais com Covid-19 foi de US$ 115 bilh\u00f5es em 2020. No ano seguinte foi reduzido para US$ 26 bilh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora ressalta que a descontinuidade de recursos observada na pandemia tamb\u00e9m tem sido o padr\u00e3o no enfrentamento das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas ao longo dos \u00faltimos dez anos. \u201cQuando ocorre o desastre ambiental, invariavelmente e de forma r\u00e1pida ocorre a transfer\u00eancia de recursos para a\u00a0emerg\u00eancia. Por\u00e9m, passado o problema imediato, esse recurso \u00e9 cortado e o\u00a0plano de a\u00e7\u00e3o\u00a0\u00e9 descontinuado. S\u00f3 que s\u00e3o problemas estruturais e que v\u00e3o voltar com a pr\u00f3xima chuva, a pr\u00f3xima\u00a0seca\u00a0ou, no caso da Covid-19, a pr\u00f3xima onda ou epidemia\u201d, diz.<\/p>\n\n\n\n

Por parte do munic\u00edpio, a pesquisadora observa que, para a quest\u00e3o ambiental, existe uma maior preocupa\u00e7\u00e3o em\u00a0reconstruir\u00a0as \u00e1reas atingidas do que em aumentar a resili\u00eancia dessas regi\u00f5es. \u201cA maioria dos munic\u00edpios investe em concreto, seguindo a l\u00f3gica de mais asfalto, diques e reservat\u00f3rios, em vez de replantio e saneamento, por exemplo. Com isso, a reconstru\u00e7\u00e3o dessas \u00e1reas acaba sendo com estruturas cinza, n\u00e3o voltadas para a\u00a0quest\u00e3o ecol\u00f3gica. Ent\u00e3o \u00e9 claro que essas \u00e1reas ser\u00e3o afetadas novamente\u201d, avalia.<\/p>\n\n\n\n

Para a pesquisadora, a situa\u00e7\u00e3o revela, portanto, que o dinheiro para essas a\u00e7\u00f5es est\u00e1 sendo mal-empregado. \u201c\u00c9 dinheiro mal gasto porque s\u00e3o obras de infraestrutura cinza. Elas s\u00e3o mais caras do que uma obra que tenha o intuito de restaurar uma floresta ou um\u00a0manguezal.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Algo semelhante se deu durante a pandemia. \u201cNo caso da Covid-19, em 2020, o dinheiro para a compra das vacinas foi o menor recurso empregado, o que mostra uma falta de pressa ou de interesse em\u00a0vacinar o quanto antes a popula\u00e7\u00e3o. At\u00e9 agosto de 2021, tinham sido destinados US$ 10 bilh\u00f5es para as vacinas e pagos apenas US$ 2,5 bilh\u00f5es do or\u00e7amento total, enquanto o or\u00e7amento emergencial total para municipalidade foi de aproximadamente US$ 112,5 bilh\u00f5es. \u00c9 poss\u00edvel perceber que a\u00a0atua\u00e7\u00e3o governamental\u00a0\u00e9 sempre muito parecida, n\u00e3o importa o tipo de emerg\u00eancia\u201d, explica.<\/p>\n\n\n\n

Mesmas fraquezas e oportunidades<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Ao comparar o enfrentamento da Covid-19 e dos desastres ambientais, o estudo identificou as mesmas\u00a0fraquezas\u00a0e potencialidades. \u201cNa cidade de S\u00e3o Paulo, cada bairro reagiu de forma diferente \u00e0 Covid-19. Alguns locais da\u00a0periferia\u00a0deram respostas r\u00e1pidas, pois tinham formado redes de conex\u00e3o que se autoajudavam, como observado em Parais\u00f3polis. Outros bairros isolados no sul do munic\u00edpio foram muito prejudicados pelo baixo acesso ao\u00a0transporte\u00a0e pela prec\u00e1ria rede de conex\u00e3o entre os moradores\u201d, comenta a pesquisadora.<\/p>\n\n\n\n

Young ressalta que\u00a0resili\u00eancia\u00a0n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 infraestrutura, mas tamb\u00e9m a forma como os bairros estabelecem as redes de\u00a0conex\u00e3o\u00a0e como se comunicam. Para ela, a an\u00e1lise torna evidente que as respostas do governo tanto \u00e0 pandemia quanto \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas devem estar vinculadas \u00e0 tecnologia,\u00a0intelig\u00eancia urbana\u00a0e solu\u00e7\u00f5es baseadas na natureza.<\/p>\n\n\n\n

\u201cN\u00e3o \u00e9 que se gasta pouco. Muitas vezes n\u00e3o se gasta no local que mais precisa. Em alguns bairros houve mais casos de Covid-19, pois o saneamento era ruim. Isso tamb\u00e9m vale para desastres naturais. Ent\u00e3o ser\u00e1 que n\u00e3o seria melhor focar nesse\u00a0problema\u00a0daqui para frente, executando as\u00a0medidas adequadas\u00a0e, portanto, economizando recursos? Afinal, saber onde est\u00e1 o problema e prioriz\u00e1-lo \u00e9 uma forma de\u00a0economizar\u201d, afirma.<\/p>\n\n\n\n

Young acredita que falta monitoramento sobre as a\u00e7\u00f5es que tornaram os bairros mais resilientes e tamb\u00e9m sobre a continuidade da destina\u00e7\u00e3o de\u00a0recursos. \u201cNesse momento, precisamos ficar muito atentos com o SUS [Sistema \u00danico de Sa\u00fade], pois se o governo federal realmente come\u00e7ar a\u00a0cortar esses or\u00e7amentos\u00a0\u2013 que n\u00e3o deveriam ser mexidos, pois s\u00e3o obrigat\u00f3rios \u2013 vai ocorrer mais uma vez a descontinuidade de recursos e planos. Vai ficar deficit\u00e1rio.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Existe uma correla\u00e7\u00e3o entre o\u00a0enfrentamento da Covid-19\u00a0e de\u00a0desastres ambientais\u00a0no Brasil, e isso n\u00e3o \u00e9 bom. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":176023,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[203,4379,299],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/176022"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=176022"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/176022\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":176025,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/176022\/revisions\/176025"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/176023"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=176022"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=176022"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=176022"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}