{"id":176063,"date":"2022-01-20T09:38:45","date_gmt":"2022-01-20T12:38:45","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=176063"},"modified":"2022-01-20T09:38:48","modified_gmt":"2022-01-20T12:38:48","slug":"a-desconhecida-riqueza-de-fosseis-de-dinossauro-na-india","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/20\/176063-a-desconhecida-riqueza-de-fosseis-de-dinossauro-na-india.html","title":{"rendered":"A desconhecida riqueza de f\u00f3sseis de dinossauro na \u00cdndia"},"content":{"rendered":"\n
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Esta pode ter sido a apar\u00eancia do rajassauro, uma das esp\u00e9cies de dinossauro descobertas na \u00cdndia. – ALAMY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A \u00cdndia abriga alguns dos f\u00f3sseis mais espetaculares do mundo, que v\u00e3o desde vastos leitos de ovos de dinossauro at\u00e9 estranhas criaturas pr\u00e9-hist\u00f3ricas desconhecidas da ci\u00eancia. Mas muitos deles ainda aguardam no solo para que sejam estudados.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Em 2000, visitando o Museu Central de Nagpur, no oeste da \u00cdndia, o paleont\u00f3logo Jeffrey A. Wilson debru\u00e7ou-se sobre um dos f\u00f3sseis mais fascinantes que ele j\u00e1 tinha visto. Um dos seus colegas o havia escavado em 1984, na localidade de Dholi Dungri, em Gujarat, na costa oeste da \u00cdndia. “Foi a primeira vez em que os ossos de um beb\u00ea dinossauro e seus ovos foram encontrados juntos no mesmo f\u00f3ssil”, afirma Wilson, que \u00e9 professor do Departamento de Ci\u00eancias Geol\u00f3gicas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

Mas, para sua surpresa, havia algo mais. Segundo ele, “nesse f\u00f3ssil, os ossos que eu estava examinando tinham duas pequenas v\u00e9rtebras com uma conex\u00e3o especial – algo que s\u00f3 as cobras t\u00eam”.<\/p>\n\n\n\n

Para evitar qualquer possibilidade de erro de interpreta\u00e7\u00e3o, Wilson procurou o mesmo padr\u00e3o ao longo da coluna vertebral – e o encontrou, confirmando sua impress\u00e3o inicial. “Foi como se uma l\u00e2mpada se acendesse na minha cabe\u00e7a. Poderia haver tamb\u00e9m uma cobra pr\u00e9-hist\u00f3rica nesse f\u00f3ssil?”<\/p>\n\n\n\n

Mas n\u00e3o havia nenhum lugar na \u00cdndia que pudesse fazer a limpeza profunda do f\u00f3ssil que era necess\u00e1ria para o estudo. Wilson levou quatro anos para conseguir a aprova\u00e7\u00e3o da ag\u00eancia de Pesquisas Geol\u00f3gicas da \u00cdndia (GSI, na sigla em ingl\u00eas) – o organismo governamental que fiscaliza as pesquisas geol\u00f3gicas em todo o pa\u00eds – para transportar o f\u00f3ssil para os Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

Wilson conta que, chegado o momento, ele embalou tudo em uma caixa e colocou em uma mochila que carregou consigo para os Estados Unidos. Ao chegar l\u00e1, a limpeza levou um ano inteiro para remover a matriz rochosa em volta dos seus ossos moles e delicados.<\/p>\n\n\n\n

Nos anos que se seguiram, cientistas, paleont\u00f3logos e especialistas em cobras dedicaram-se ao estudo do f\u00f3ssil. At\u00e9 que, em 2013, em conjunto com o paleont\u00f3logo indiano Dhananjay Mohabey e outros colegas da GSI, Wilson redigiu um estudo que descreve o momento incrivelmente cheio de a\u00e7\u00e3o capturado pelo f\u00f3ssil.<\/p>\n\n\n\n

Os autores n\u00e3o apenas confirmaram a presen\u00e7a de uma cobra pr\u00e9-hist\u00f3rica, mas tamb\u00e9m descobriram que sua mand\u00edbula estava totalmente aberta para comer o beb\u00ea dinossauro que havia acabado de nascer. Esse nascimento ocorreu ao lado de uma ninhada de ovos de dinossauro que ainda estavam inteiros.<\/p>\n\n\n\n

O ge\u00f3logo que estudou o projeto deduziu que os animais provavelmente haviam sido enterrados por um deslizamento de terra – um evento que teria come\u00e7ado rapidamente, sem aviso, capturando para sempre aquele momento vivido entre a presa e o predador.<\/p>\n\n\n\n

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Centenas de ninhos de dinossauro fossilizados j\u00e1 foram encontrados na \u00cdndia – ALAMY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

E \u00e9 assim que foi apresentada ao mundo da ci\u00eancia a esp\u00e9cie Sanajeh indicus – nome derivado de “maravilha antiga da \u00cdndia”, em s\u00e2nscrito. Os cientistas observaram que as cobras pr\u00e9-hist\u00f3ricas n\u00e3o conseguiam abrir suas mand\u00edbulas completamente para abocanhar presas grandes – uma capacidade adquirida por algumas cobras modernas ao longo do processo de evolu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Em 2013, um f\u00f3ssil similar foi descoberto naquele local e a mesma equipe agora prepara outro estudo que descreve como a anatomia do Sanajeh indicus relembra muito os lagartos modernos.<\/p>\n\n\n\n

Os f\u00f3sseis podem revelar segredos de um passado distante que n\u00e3o conhecer\u00edamos de outra forma. Mas, apesar das descobertas revolucion\u00e1rias da ci\u00eancia nos \u00faltimos anos, simplesmente n\u00e3o existe dinheiro suficiente, nem estudos sistem\u00e1ticos do imenso patrim\u00f4nio f\u00f3ssil da \u00cdndia, segundo os paleont\u00f3logos.<\/p>\n\n\n\n

“Acho que grande parte da heran\u00e7a de f\u00f3sseis da \u00cdndia encontra-se inexplorada e foi esquecida”, afirma Advait M. Jukar, paleont\u00f3logo de vertebrados da Universidade Yale e pesquisador do Departamento de Paleobiologia do Instituto Smithsonian em Washington, ambos nos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

“A \u00cdndia produziu as primeiras baleias, alguns dos maiores rinocerontes e elefantes que j\u00e1 existiram, vastos leitos de ovos de dinossauro e estranhos r\u00e9pteis com chifres anteriores \u00e0 era dos dinossauros. Mas existem muitas lacunas que ainda precisam ser preenchidas”, segundo ele. E isso ocorre porque grandes partes da \u00cdndia n\u00e3o foram sistematicamente exploradas por paleont\u00f3logos profissionais.<\/p>\n\n\n\n

Quebra-cabe\u00e7as da evolu\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

Apesar disso, no decorrer dos anos, importantes descobertas paleontol\u00f3gicas na \u00cdndia ajudaram os cientistas a reunir informa\u00e7\u00f5es fundamentais para desmistificar velhas teorias e lan\u00e7ar nova luz sobre a evolu\u00e7\u00e3o da vida ao longo do tempo.<\/p>\n\n\n\n

O paleont\u00f3logo pioneiro Ashok Sahni, cujo av\u00f4, pai e tio trabalharam no campo, est\u00e1 no centro de muitas dessas descobertas. Sahni muitas vezes financia suas expedi\u00e7\u00f5es com recursos pr\u00f3prios – e sua pr\u00f3pria cole\u00e7\u00e3o de f\u00f3sseis preencheu as prateleiras do Museu de Hist\u00f3ria Natural da Universidade de Punjab, na \u00cdndia.<\/p>\n\n\n\n

Sahni se lembra de pesquisar cada cent\u00edmetro de terra de um s\u00edtio de dinossauros no calor intenso da cidade de Jabalpur, no centro da \u00cdndia, em busca de f\u00f3sseis, em 1982. Quando ele se abaixou para amarrar seus cadar\u00e7os, encontrou na sua frente quatro ou cinco estruturas esf\u00e9ricas, com 16-20 cm de comprimento. “Eram estruturas muito desgastadas, redondas, quase todas do mesmo tamanho. Fiquei perplexo. Seriam ovos de dinossauro?”<\/p>\n\n\n\n

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O Titanosaurus indicus foi descoberto depois que foram encontradas v\u00e9rtebras gigantes na cidade indiana de Jabalpur, no Estado de Madhya Pradesh (centro da \u00cdndia), em 1828 – ALAMY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

E eram realmente ovos de Titanosaurus indicus, um grande dinossauro herb\u00edvoro do per\u00edodo cret\u00e1ceo. Foi a primeira vez em que uma ninhada de ovos de dinossauro havia sido descoberta na \u00cdndia. Hoje, 40 anos depois, locais de ninhos de dinossauro j\u00e1 foram encontrados em todo o pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Em agosto de 2003, Sahni ficou mundialmente famoso depois de 20 anos de escava\u00e7\u00f5es, identifica\u00e7\u00f5es e reconstitui\u00e7\u00f5es dos ossos da mais nova esp\u00e9cie descoberta de dinossauro carn\u00edvoro da \u00cdndia, o Rajasaurus narmadensis, que se acredita tivesse pouco mais de nove metros de comprimento.<\/p>\n\n\n\n

Mas s\u00e3o as descobertas menos conhecidas e glamurosas de Sahni que realmente enriqueceram a ci\u00eancia. Em 2010, ele participou de uma equipe de cientistas indianos, alem\u00e3es e norte-americanos que descobriu insetos perfeitamente preservados em \u00e2mbar. Estima-se que os insetos tenham vivido h\u00e1 mais de 54 milh\u00f5es de anos.<\/p>\n\n\n\n

A descoberta veio de uma mina de linhito a 30 km a nordeste de Surat, no Estado de Gujarat (oeste da \u00cdndia). Indica-se atualmente que a regi\u00e3o pode abrigar algumas das mais antigas florestas dec\u00edduas (formadas por \u00e1rvores que perdem suas folhas no inverno) do mundo. “As conclus\u00f5es publicadas questionaram a no\u00e7\u00e3o de que a \u00cdndia foi sempre um continente isolado”, afirma Sahni.<\/p>\n\n\n\n

Outro evento importante na evolu\u00e7\u00e3o ocorreu quando mam\u00edferos similares aos cervos que habitavam a terra evolu\u00edram, tornando-se as baleias. Pesquisas revelaram que todas as baleias do mundo originaram-se nos leitos oce\u00e2nicos da \u00cdndia e do Paquist\u00e3o. “Conhecemos a apar\u00eancia dessas primeiras baleias devido a descobertas feitas em Kutch [no Estado de Gujarat] e no norte da \u00cdndia e do Paquist\u00e3o, mas n\u00e3o sabemos muito sobre a apar\u00eancia dos seus precursores”, explica Advait Jukar.<\/p>\n\n\n\n

Estudar esses peda\u00e7os do passado tamb\u00e9m nos ajuda a entender como considerar o futuro e a medir o n\u00edvel dos danos que estamos causando ao meio ambiente, segundo ele. “A maioria dos paleont\u00f3logos concorda, por exemplo, que a nossa esp\u00e9cie desempenhou papel dominante na extin\u00e7\u00e3o dos grandes mam\u00edferos como o mamute em todo o mundo [durante a \u00faltima Idade do Gelo]. Isso nos d\u00e1 uma ideia de como muitas fun\u00e7\u00f5es ecol\u00f3gicas, como a dispers\u00e3o das sementes ou o transporte dos nutrientes, podem ter sido perdidas com essas extin\u00e7\u00f5es”, afirma Jukar.<\/p>\n\n\n\n

Registros de f\u00f3sseis mais novos podem tamb\u00e9m ajudar a compreender onde as esp\u00e9cies costumavam viver antes que os seres humanos transformassem a paisagem – e podemos empregar essas informa\u00e7\u00f5es em planos de conserva\u00e7\u00e3o futura ou gest\u00e3o da terra, segundo ele. “Sabemos que as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas causam movimenta\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies para seus ambientes preferidos. Podemos usar as informa\u00e7\u00f5es sobre onde os animais e as plantas viviam no passado para prever melhor os locais para onde eles poder\u00e3o migrar em cen\u00e1rios de mudan\u00e7as clim\u00e1ticas futuras”, afirma Jukar.<\/p>\n\n\n\n

Pegadas coloniais<\/h2>\n\n\n\n
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Historicamente, os cientistas ocidentais costumavam patrocinar escava\u00e7\u00f5es nas regi\u00f5es mais pobres do mundo e depois enviavam os f\u00f3sseis para seus pa\u00edses. – ALAMY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Certos locais, como a Am\u00e9rica do Norte, possuem fama estabelecida como locais com abund\u00e2ncia de f\u00f3sseis, muitas vezes por conta de ricas descobertas de dinossauros extensamente popularizadas por exibi\u00e7\u00f5es em museus, obras liter\u00e1rias, filmes e, mais recentemente, na internet, segundo Amelia Bonea, historiadora da \u00cdndia contempor\u00e2nea e pesquisadora do Centro Heidelberg de Estudos Transculturais da Universidade de Heidelberg, na Alemanha.<\/p>\n\n\n\n

“J\u00e1 os locais de f\u00f3sseis em outras partes do mundo nem sempre contaram o mesmo grau de visibilidade, apesar do seu significado cient\u00edfico”, afirma Bonea. Ela acredita que, no caso da \u00cdndia, existem duas raz\u00f5es principais para esse tipo de desaten\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

De um lado, Bonea culpa o passado colonial. Era pr\u00e1tica comum, por exemplo, enviar as descobertas pioneiras para a Europa ou a Am\u00e9rica do Norte, onde elas seriam estudadas para benef\u00edcio da ci\u00eancia ocidental, em detrimento dos habitantes locais. Um estudo recente concluiu que, mesmo nos \u00faltimos 30 anos, 97% dos f\u00f3sseis descobertos em um banco de dados importante foram adicionados por autores originalmente de pa\u00edses de renda alta ou m\u00e9dia-alta.<\/p>\n\n\n\n

O segundo fator, segundo Bonea, \u00e9 a falta de reconhecimento, pelos Estados p\u00f3s-coloniais, do valor do seu patrim\u00f4nio f\u00f3ssil e da relev\u00e2ncia p\u00fablica das disciplinas que o estudam, al\u00e9m da falta de apoio ao seu desenvolvimento.<\/p>\n\n\n\n

“Esse desenvolvimento \u00e9 ir\u00f4nico, considerando que a \u00cdndia possui uma institui\u00e7\u00e3o de pesquisa – o Instituto de Paleoci\u00eancias Birbal Sahni, em Lucknow [no norte do pa\u00eds] – que \u00e9 algo \u00fanico”, explica Bonea. “Quando ele foi inaugurado, em 1946, era uma das duas \u00fanicas institui\u00e7\u00f5es do mundo dedicadas especificamente ao estudo da paleobot\u00e2nica. O outro instituto similar era o Laborat\u00f3rio de Palinologia da Universidade do Estado da Pensilv\u00e2nia [nos Estados Unidos].”<\/p>\n\n\n\n

Mesmo antes de ter sido cunhada a palavra “dinossauro”, sab\u00edamos que os primeiros f\u00f3sseis haviam sido encontrados no Reino Unido em 1824. O megalossauro foi encontrado em Oxfordshire, na Inglaterra, e data do per\u00edodo jur\u00e1ssico m\u00e9dio (cerca de 174 a 164 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s). Mas um fato menos conhecido \u00e9 que a descoberta dos primeiros ossos de dinossauro na \u00cdndia veio logo em seguida.<\/p>\n\n\n\n

Apenas quatro anos depois, em 1828, W. H. Sleeman encontrou os dois primeiros f\u00f3sseis do que viria a ser chamado de Titanosaurus indicus (“lagarto indiano colossal”) em Jabalpur, no centro da \u00cdndia. Eles passaram por muitas m\u00e3os, at\u00e9 que um homem brit\u00e2nico os enviou para a Inglaterra, junto com milhares de outros f\u00f3sseis que foram embalados em ba\u00fas e transportados de navio.<\/p>\n\n\n\n

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Acredita-se que o rajassauro tenha sido um predador de emboscada e tinha um \u00fanico chifre na sua cabe\u00e7a, que pode ter sido usado como atrativo para o acasalamento. – ALAMY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“No in\u00edcio dos anos 1900, ge\u00f3logos brit\u00e2nicos estiveram na \u00cdndia coletando mais exaustivamente, de forma que hoje, se voc\u00ea quiser ver cole\u00e7\u00f5es completas de dinossauros indianos, precisa ir a Londres ou a Nova York”, afirma Jeffrey Wilson.<\/p>\n\n\n\n

Tudo isso causou impactos, especialmente sobre uma gera\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as indianas que cresceu sabendo muito pouco sobre os seus pr\u00f3prios dinossauros nativos. Essa situa\u00e7\u00e3o surpreendeu Wilson quando come\u00e7ou a trabalhar na \u00cdndia.<\/p>\n\n\n\n

Ele encontrou modelos de Tyrannosaurus rex e Triceratops recebendo os visitantes no lado externo dos museus indianos. “Eu sempre me perguntava o que \u00e9 que eles estavam fazendo ali. Voc\u00ea deveria ter um Rajasaurus, um Jainosaurus ou um Rahiolisaurus no lugar deles. As crian\u00e7as indianas deveriam conhecer os dinossauros indianos”, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

Formar consci\u00eancia \u00e9 dif\u00edcil quando essa informa\u00e7\u00e3o n\u00e3o tem lugar nos curr\u00edculos escolares, nem nos livros did\u00e1ticos. Mas indiv\u00edduos de todas as profiss\u00f5es v\u00eam preenchendo essa lacuna nos \u00faltimos anos – especialmente professores, produtores de podcasts e escritores de livros infantis.<\/p>\n\n\n\n

The Adventures of Padma and a Blue Dinosaur (“As aventuras de Padma e o dinossauro azul”, em tradu\u00e7\u00e3o livre), da escritora Vaishali Shroff, foi publicado em 2018 para cativar as crian\u00e7as. Usando fic\u00e7\u00e3o e fantasia para contar detalhes reais sobre os dinossauros indianos, o livro ganhou o pr\u00eamio de Melhor Livro Infantil Indiano na categoria Meio Ambiente em 2019.<\/p>\n\n\n\n

Desde ent\u00e3o, Shroff vem falando para centenas de crian\u00e7as nas escolas de muitas cidades indianas, ensinando sobre as diversas esp\u00e9cies de dinossauros da \u00cdndia e as principais descobertas ao longo dos anos. “Minha inten\u00e7\u00e3o era fazer as crian\u00e7as se apaixonarem pelo patrim\u00f4nio f\u00f3ssil dos dinossauros do nosso pa\u00eds e fazer com que elas soubessem que poderia muito bem haver f\u00f3sseis de dinossauro no quintal das suas casas”, conta ela.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 Desi Stones and Bones (“Pedras e ossos da \u00cdndia”, em tradu\u00e7\u00e3o livre) \u00e9 um podcast jornal\u00edstico independente sobre a rica heran\u00e7a dos dinossauros indianos, criado pela jornalista Anupama Chandrasekaran, de Chennai, na costa leste do pa\u00eds. Ao longo de uma s\u00e9rie de oito epis\u00f3dios desde 2019, ela rastreou a jornada do patrim\u00f4nio f\u00f3ssil indiano, entrevistando habitantes locais e os paleont\u00f3logos que tentam proteg\u00ea-lo.<\/p>\n\n\n\n

“Embora grande parte da heran\u00e7a dos dinossauros indianos venha definhando por neglig\u00eancia ao longo dos anos, fiquei fascinada ao ver a paix\u00e3o com que alguns habitantes locais a est\u00e3o protegendo”, afirma Chandrasekaran.<\/p>\n\n\n\n

Ela relembra uma reuni\u00e3o, em 2018, com o professor de f\u00edsica do ensino m\u00e9dio Vishal Verma, na casa dele em Manavar, no centro da \u00cdndia, que a impressionou muito. A casa de Verma era repleta de caixas de f\u00f3sseis at\u00e9 o teto.<\/p>\n\n\n\n

Ele a ensinou a identificar os poros das cascas de ovos de dinossauro fossilizados que podem dizer se ele era herb\u00edvoro ou carn\u00edvoro. Ela ficou maravilhada ao saber como o conhecimento indiano dos dinossauros do pa\u00eds tinha motiva\u00e7\u00e3o pessoal e, muitas vezes, n\u00e3o era documentado.<\/p>\n\n\n\n

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A \u00cdndia tem uma grande quantidade de locais de ocorr\u00eancia de f\u00f3sseis, como Balasinor, no Estado de Gujarat – muitas vezes chamado de “Jurassic Park” do pa\u00eds. – ALAMY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Desafios persistentes<\/h2>\n\n\n\n

Mesmo com o aumento da consci\u00eancia nos \u00faltimos anos, roubos e vandalismo dos principais locais de ocorr\u00eancia de f\u00f3sseis de dinossauros do pa\u00eds tornaram-se mais uma dificuldade.<\/p>\n\n\n\n

Este n\u00e3o \u00e9 um problema exclusivo da \u00cdndia, segundo Jeffrey Wilson. “Nos Estados Unidos, se voc\u00ea encontrar um f\u00f3ssil na sua propriedade, tamb\u00e9m pode fazer com ele o que quiser. N\u00e3o existem leis protegendo f\u00f3sseis de dinossauros – eles s\u00e3o tratados como minerais. E existem muitas dificuldades com essa abordagem”, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

Ao contr\u00e1rio dos minerais, o valor de um f\u00f3ssil de dinossauro n\u00e3o \u00e9 imediatamente evidente. Wilson destaca que, na \u00cdndia, muitos dados paleontol\u00f3gicos s\u00e3o perdidos devido \u00e0 minera\u00e7\u00e3o e outras atividades humanas.<\/p>\n\n\n\n

Para muitos paleont\u00f3logos indianos, a luta muitas vezes \u00e9 bem mais b\u00e1sica – como a falta de espa\u00e7o para abrigar os ossos. Sem infraestrutura de museus adequada, a maioria dos f\u00f3sseis acaba nos corredores empoeirados dos edif\u00edcios das universidades, segundo Ashok Sahni. “A descoberta do rajassauro tamb\u00e9m aconteceu assim”, ele conta. Os ossos ficaram guardados por 20 anos antes de serem identificados e reunidos.<\/p>\n\n\n\n

Financiamentos inconstantes tamb\u00e9m podem prejudicar os projetos. “Se existirem dois projetos precisando de financiamento – um sobre \u00e1guas subterr\u00e2neas e outro sobre paleontologia, \u00e9 f\u00e1cil adivinhar qual ser\u00e1 mais importante em um pa\u00eds em desenvolvimento”, explica Sahni.<\/p>\n\n\n\n

Existe uma correla\u00e7\u00e3o muito forte entre o PIB de um pa\u00eds e as descobertas de f\u00f3sseis. Isso ocorre, em grande parte, porque um campo como a paleontologia exige muito financiamento, patroc\u00ednio e museus de renome mundial com laborat\u00f3rios de prepara\u00e7\u00e3o de f\u00f3sseis e instala\u00e7\u00f5es de armazenagem, que os pa\u00edses em desenvolvimento frequentemente n\u00e3o t\u00eam, segundo Advait Jukar.<\/p>\n\n\n\n

Outra quest\u00e3o mais preocupante que dificulta o estudo dos f\u00f3sseis indianos \u00e9 a necessidade de maior coopera\u00e7\u00e3o regional entre os cientistas. A paleontologia indiana simplesmente n\u00e3o pode existir em isolamento, afirma Wilson, porque a \u00cdndia \u00e9 indissoci\u00e1vel do Paquist\u00e3o, Mianmar e Bangladesh, em termos de patrim\u00f4nio f\u00f3ssil. Todos esses pa\u00edses formam uma unidade geol\u00f3gica, mas quest\u00f5es pol\u00edticas podem dificultar viagens e a livre troca de informa\u00e7\u00f5es entre os cientistas.<\/p>\n\n\n\n

“Poder fazer isso \u00e9 uma etapa muito importante para aumentar o aprendizado”, conclui Wilson.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A \u00cdndia abriga alguns dos f\u00f3sseis mais espetaculares do mundo, que v\u00e3o desde vastos leitos de ovos de dinossauro at\u00e9 estranhas criaturas pr\u00e9-hist\u00f3ricas desconhecidas da ci\u00eancia. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":176064,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[3158,4414,2099],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/176063"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=176063"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/176063\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":176070,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/176063\/revisions\/176070"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/176064"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=176063"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=176063"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=176063"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}