{"id":176106,"date":"2022-01-24T18:25:10","date_gmt":"2022-01-24T21:25:10","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=176106"},"modified":"2022-01-24T18:25:12","modified_gmt":"2022-01-24T21:25:12","slug":"populacoes-de-girafas-crescem-e-trazem-nova-esperanca-aos-cientistas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/01\/24\/176106-populacoes-de-girafas-crescem-e-trazem-nova-esperanca-aos-cientistas.html","title":{"rendered":"Popula\u00e7\u00f5es de girafas crescem e trazem nova esperan\u00e7a aos cientistas"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Duas girafas machos na Reserva de Ca\u00e7a Madikwe, na \u00c1frica do Sul. A popula\u00e7\u00e3o total de girafas na natureza tem aumentado significativamente desde 2015.
FOTO DE\u00a0SHANNON WILD, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma nova pesquisa revela que o n\u00famero de girafas aumentou em toda a \u00c1frica, uma rara boa not\u00edcia no mundo da conserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com uma an\u00e1lise recente de dados de pesquisas em todo o continente africano, a popula\u00e7\u00e3o total de\u00a0girafas\u00a0\u00e9 agora de cerca de 117 mil indiv\u00edduos, aproximadamente 20% maior do que a estimativa de 2015, quando o \u00faltimo grande levantamento realizado foi publicado.<\/p>\n\n\n\n

O aumento reflete o crescimento populacional natural em algumas \u00e1reas, mas tamb\u00e9m significa dados censit\u00e1rios mais precisos, afirma\u00a0Julian Fennessy, diretor executivo da Funda\u00e7\u00e3o de Conserva\u00e7\u00e3o de Girafas, com sede na Nam\u00edbia. \u201c\u00c9 \u00f3timo ver esses n\u00fameros aumentando\u201d, comenta ele, que tamb\u00e9m foi um dos autores da nova pesquisa.<\/p>\n\n\n\n

As girafas j\u00e1 foram consideradas uma \u00fanica esp\u00e9cie. Por\u00e9m, evid\u00eancias gen\u00e9ticas recentes mostram que provavelmente existam\u00a0quatro esp\u00e9cies distintas, das quais tr\u00eas obtiveram crescimento populacional consider\u00e1vel: girafas-do-norte, girafas-reticuladas e girafas-masai. A quarta esp\u00e9cie, representada pelas girafas-do-sul, permaneceu com n\u00famero relativamente est\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Os dados foram coletados durante os \u00faltimos anos em 21 pa\u00edses, por governos, pesquisadores, organiza\u00e7\u00f5es sem fins lucrativos e at\u00e9 cidad\u00e3os cientistas. Fennessy e outros seis autores analisaram esse vasto acervo de informa\u00e7\u00f5es e\u00a0publicaram os resultados\u00a0em dezembro de 2021 no peri\u00f3dico de pesquisa revisado por pares\u00a0Imperiled:\u00a0The Encyclopedia of Conservation.<\/em><\/p>\n\n\n\n

Mesmo assim, as popula\u00e7\u00f5es permanecem relativamente pequenas, considerando que havia um milh\u00e3o desses animais h\u00e1 algumas centenas de anos e seus n\u00fameros diminu\u00edram por d\u00e9cadas, o que alguns cientistas consideram uma \u201cextin\u00e7\u00e3o silenciosa\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Os animais est\u00e3o amea\u00e7ados pela degrada\u00e7\u00e3o e fragmenta\u00e7\u00e3o do habitat<\/em>, mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e ca\u00e7a furtiva. A situa\u00e7\u00e3o continua urgente, diz Fennessy.<\/p>\n\n\n\n

\u201cMas tamb\u00e9m h\u00e1 boas not\u00edcias, e muitas vezes os conservacionistas se concentram apenas nos aspectos negativos\u201d, comenta ele.<\/p>\n\n\n\n

Montando o quebra-cabe\u00e7a<\/h3>\n\n\n\n

Encontrar e interpretar todos os dados envolveu um esfor\u00e7o monumental e contou com bastante trabalho em equipe, conscientiza\u00e7\u00e3o e colabora\u00e7\u00e3o. \u201cAgora podemos ser mais confiantes em rela\u00e7\u00e3o ao processo de juntar todas as pe\u00e7as desse complexo e din\u00e2mico quebra-cabe\u00e7a\u201d, diz o coautor\u00a0Michael Brown, ecologista da Funda\u00e7\u00e3o de Conserva\u00e7\u00e3o de Girafas e do Instituto Smithsoniano de Biologia e Conserva\u00e7\u00e3o, na Virg\u00ednia, Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisa de campo tamb\u00e9m se tornou mais precisa. Historicamente, os pesquisadores faziam o levantamento das popula\u00e7\u00f5es de girafas selvagens sobrevoando as \u00e1reas. Mas esse m\u00e9todo pode subestimar o total de indiv\u00edduos em certas locais, j\u00e1 que os\u00a0herb\u00edvoros de pernas longas\u00a0podem permanecer escondidos sob \u00e1rvores e a vegeta\u00e7\u00e3o. Uma nova e mais robusta abordagem envolve trabalho fotogr\u00e1fico intensivo, em que programas de computador analisam as imagens e reconhecem os indiv\u00edduos com base em seu padr\u00e3o exclusivo de manchas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEmbora os m\u00e9todos avan\u00e7ados de pesquisa possam ter ocasionado parte do aumento nas estimativas populacionais, houve indicadores muito positivos de que os programas de conserva\u00e7\u00e3o locais tamb\u00e9m t\u00eam exercido um impacto profundo\u201d, explica\u00a0Jenna Stacy-Dawes, bi\u00f3loga que n\u00e3o participou do artigo atual e que estuda girafas na Alian\u00e7a pela Vida Selvagem do Zool\u00f3gico de San Diego.<\/p>\n\n\n\n

A girafa-do-norte, esp\u00e9cie mais amea\u00e7ada, vive em popula\u00e7\u00f5es isoladas na \u00c1frica Central e Ocidental, assim como em Uganda e partes do Qu\u00eania. O novo artigo estima que existam mais de 5,9 mil indiv\u00edduos dessa esp\u00e9cie, um aumento significativo em rela\u00e7\u00e3o a 2015, quando o n\u00famero estimado era de 4,78 mil.<\/p>\n\n\n\n

Fennessy explica que diversos projetos envolvendo a transloca\u00e7\u00e3o da esp\u00e9cie para novas \u00e1reas sem popula\u00e7\u00f5es existentes \u2014 por exemplo, em reservas no N\u00edger, Chade e Uganda \u2014 ajudaram a aumentar o n\u00famero de indiv\u00edduos. Por exemplo, 15 girafas foram transferidas para o Parque Nacional do Lago Mburo, em Uganda, em 2015. A popula\u00e7\u00e3o j\u00e1 cresceu para um total de 37 girafas, diz Fennessy.<\/p>\n\n\n\n

A segunda esp\u00e9cie menos populosa \u00e9 a girafa-reticulada, que habita principalmente o norte do Qu\u00eania. Os autores do artigo estimam que h\u00e1 pouco menos de 16 mil girafas-reticuladas \u2014 aproximadamente o dobro do censo de 2015. Segundo Brown, o aumento provavelmente reflete os dados de maior qualidade e n\u00e3o um grande crescimento populacional.<\/p>\n\n\n\n

As girafas-masai, encontradas principalmente na Tanz\u00e2nia e no sul do Qu\u00eania, t\u00eam uma popula\u00e7\u00e3o estimada de 45 mil indiv\u00edduos, o que significa um aumento de 44% em rela\u00e7\u00e3o ao censo realizado h\u00e1 sete anos. A esp\u00e9cie mais populosa, a girafa-do-sul, est\u00e1 presente em toda a Nam\u00edbia, Botsuana, \u00c1frica do Sul e outros territ\u00f3rios. Agora, estima-se que sejam 48 mil, aproximadamente o mesmo n\u00famero de 2015.<\/p>\n\n\n\n

Ainda existem algumas \u00e1reas sem dados populacionais de qualidade, como o Sud\u00e3o do Sul, embora muitos temam que a ca\u00e7a ilegal tenha aumentado devido \u00e0 agita\u00e7\u00e3o civil na regi\u00e3o. As estimativas populacionais na Eti\u00f3pia e na Som\u00e1lia tamb\u00e9m n\u00e3o s\u00e3o claras. H\u00e1 tamb\u00e9m lugares onde os n\u00fameros est\u00e3o diminuindo, como os das girafas-do-norte na Rep\u00fablica Centro-Africana ou das girafas-do-sul no Zimb\u00e1bue.<\/p>\n\n\n\n

Esperan\u00e7a renovada <\/h3>\n\n\n\n

A Uni\u00e3o Internacional para a Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza (UICN), que determina o estado de conserva\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies, ainda n\u00e3o concluiu a an\u00e1lise dos novos dados gen\u00e9ticos sobre as girafas e ainda as considera uma \u00fanica esp\u00e9cie, classificada como vulner\u00e1vel \u00e0 extin\u00e7\u00e3o, com nove subesp\u00e9cies.<\/p>\n\n\n\n

A UICN considera que duas subesp\u00e9cies de girafas-do-norte est\u00e3o criticamente amea\u00e7adas e outras duas \u2014 a girafa-masai e a girafa-reticulada \u2014 est\u00e3o em perigo.<\/p>\n\n\n\n

A ca\u00e7a ilegal para o consumo da carne e uso do couro, ossos e caudas dos animais continua sendo um grande problema em certas regi\u00f5es. Mas\u00a0Jared Stabach, pesquisador do Instituto Smithsoniano de Biologia e Conserva\u00e7\u00e3o, diz que sua principal preocupa\u00e7\u00e3o \u00e9 o desenvolvimento insustent\u00e1vel, como perfura\u00e7\u00e3o do solo para extra\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo e constru\u00e7\u00e3o de estradas. \u201c\u00c9 isso que me tira o sono \u00e0 noite\u201d, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

Um exemplo \u00e9 a expans\u00e3o da explora\u00e7\u00e3o de\u00a0petr\u00f3leo e g\u00e1s\u00a0nas imedia\u00e7\u00f5es do Parque Nacional Murchison Falls, em Uganda, que amea\u00e7a fragmentar e danificar o\u00a0habitat<\/em>\u00a0da grande popula\u00e7\u00e3o de girafas-do-norte, criticamente amea\u00e7adas de extin\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo assim, em lugares onde governos, cidad\u00e3os, pesquisadores e conservacionistas se reuniram para proteger o animal mais alto do mundo, h\u00e1 esperan\u00e7a de que as popula\u00e7\u00f5es possam prosperar.<\/p>\n\n\n\n

\u201cQuando as condi\u00e7\u00f5es s\u00e3o boas para as girafas, elas conseguem se recuperar de maneiras incr\u00edveis\u201d, diz Brown. \u201cTudo de que precisam \u00e9 uma chance.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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