{"id":176469,"date":"2022-02-23T20:06:15","date_gmt":"2022-02-23T23:06:15","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=176469"},"modified":"2022-02-23T20:23:32","modified_gmt":"2022-02-23T23:23:32","slug":"incendios-florestais-podem-aumentar-30-ate-2050","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/02\/23\/176469-incendios-florestais-podem-aumentar-30-ate-2050.html","title":{"rendered":"Inc\u00eandios florestais podem aumentar 30% at\u00e9 2050"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Bombeiros exaustos batalham h\u00e1 semanas contra o fogo no norte da Argentina. Alimentados por ventos fortes, pouca chuva e baixa umidade decorrente de uma seca excepcionalmente longa, os inc\u00eandios florestais j\u00e1 destru\u00edram quase 8 mil quil\u00f4metros quadrados de floresta, p\u00e2ntano e terras agr\u00edcolas \u2013 uma \u00e1rea equivalente a cinco cidades de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n

“Isso nunca aconteceu conosco, nunca vivemos algo assim, fomos realmente vencidos”, afirmou o morador Jorge Ayala \u00e0 ag\u00eancia de not\u00edcias AP no fim de semana. E a expectativa \u00e9 que desastres como esses se tornem mais constantes e destrutivos, nos pr\u00f3ximos anos e d\u00e9cadas.<\/p>\n\n\n\n

Inc\u00eandios extremos \u2013 mais frequentes, intensos e cada vez mais localizados em \u00e1reas at\u00edpicas, como o \u00c1rtico \u2013 devem aumentar at\u00e9 14% at\u00e9 2030 e 30% at\u00e9 meados do s\u00e9culo, de acordo com um novo relat\u00f3rio do Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e do centro ambientalista sem fins lucrativos GRID-Arendal, da Noruega.<\/p>\n\n\n\n

A probabilidade de inc\u00eandios pode aumentar at\u00e9 50% maior, at\u00e9 2100. Mesmo se o mundo conseguir reduzir significativamente as emiss\u00f5es, provavelmente haver\u00e1 um aumento dos inc\u00eandios florestais, afirma o relat\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisadores t\u00eam cada vez mais relacionado esses desastres \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas causadas pela humanidade, um fato ressaltado pelo relat\u00f3rio, que liga a crescente gravidade dos inc\u00eandios a uma maior incid\u00eancia de secas, temperaturas crescentes e fortes ventos.<\/p>\n\n\n\n

“Ao mesmo tempo, a mudan\u00e7a clim\u00e1tica \u00e9 agravada pelos inc\u00eandios florestais, principalmente pela devasta\u00e7\u00e3o de ecossistemas sens\u00edveis e ricos em carbono, como turfeiras e florestas tropicais”, afirmam os autores do relat\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 medida que esses ecossistemas s\u00e3o destru\u00eddos, eles liberam na atmosfera cargas de CO2 que estavam contidas, contribuindo ainda mais para o aquecimento global e reduzindo o potencial de captura de emiss\u00f5es futuras. “Isso transforma as paisagens em barris de p\u00f3lvora, tornando mais dif\u00edcil deter o aumento das temperaturas.”<\/p>\n\n\n\n

Na\u00e7\u00f5es pobres s\u00e3o as mais afetadas<\/h2>\n\n\n\n

A terr\u00edvel previs\u00e3o j\u00e1 come\u00e7ou a se tornar realidade. Nos \u00faltimos anos, houve temporadas de inc\u00eandios cada vez mais destrutivas em locais como Am\u00e9rica do Norte, Brasil, partes da Europa, Sib\u00e9ria e Austr\u00e1lia, que devastaram ecossistemas e comunidades em todo o mundo.<\/p>\n\n\n\n

Essa destrui\u00e7\u00e3o \u2013 de planta\u00e7\u00f5es e casas, da sa\u00fade humana e da natureza \u2013 mostra que inc\u00eandios florestais “afetam desproporcionalmente as na\u00e7\u00f5es mais pobres do mundo”, segundo o relat\u00f3rio. As consequ\u00eancias podem durar anos, ap\u00f3s os inc\u00eandios serem extintos, sobretudo em partes do mundo que carecem de recursos para reconstruir e se adaptar ao ambiente em mudan\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

“O fogo afeta o ar, o solo, a \u00e1gua”, lembra Glynis Humphrey, da Universidade da Cidade do Cabo, que contribuiu para o relat\u00f3rio. “O fogo interage de perto com o clima, em termos de emiss\u00f5es de carbono e padr\u00f5es de chuva, e afeta a sa\u00fade dos seres humanos e do ecossistema. E afeta os empregos e a situa\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica em que os indiv\u00edduos se encontram.”<\/p>\n\n\n\n

Foco na preven\u00e7\u00e3o, n\u00e3o na resposta<\/h2>\n\n\n\n

Os cientistas alertam que a maior parte dos gastos governamentais globais relacionados a inc\u00eandios florestais \u00e9 dedicada ao combate \u00e0s chamas ap\u00f3s o in\u00edcio do fogo, com menos de 1% destinado ao planejamento, preven\u00e7\u00e3o e prepara\u00e7\u00e3o.  Para enfrentar esse risco crescente e diminuir o impacto de inc\u00eandios destrutivos, os governos precisar\u00e3o “mudar radicalmente seus investimentos”.<\/p>\n\n\n\n

“As rea\u00e7\u00f5es atuais dos governos aos inc\u00eandios florestais muitas vezes colocam dinheiro no lugar errado”, afirma Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma. “Temos que minimizar os riscos de inc\u00eandios florestais extremos, estando mais bem preparados: investir mais na redu\u00e7\u00e3o do risco de fogo, trabalhar com as comunidades locais, e fortalecer o compromisso global de combater a mudan\u00e7a clim\u00e1tica.”<\/p>\n\n\n\n

O relat\u00f3rio pede aos governos que destinem dois ter\u00e7os do financiamento ao planejamento, preven\u00e7\u00e3o, prepara\u00e7\u00e3o e recupera\u00e7\u00e3o. “\u00c9 essencial que o fogo esteja na mesma categoria que a gest\u00e3o de desastres  com enchentes e secas”, disse Humphrey em coletiva de imprensa. “\u00c9 absolutamente essencial.”<\/p>\n\n\n\n

Conhecimento ind\u00edgena<\/h2>\n\n\n\n

Embora parte desse financiamento deva ser destinada ao monitoramento e an\u00e1lise aprimorados, a fim de entender melhor como os inc\u00eandios florestais est\u00e3o evoluindo num clima em mudan\u00e7a, e o que pode ser feito para gerenciar isso, os autores tamb\u00e9m destacam a import\u00e2ncia do conhecimento ind\u00edgena.<\/p>\n\n\n\n

Isso pode incluir o uso de queimadas induzidas, ou “inc\u00eandios bons”, para reduzir o combust\u00edvel capaz de alimentar chamas maiores. Outros m\u00e9todos incluem criar aceiros ou usar chamas controladas para estabelecer paisagens em mosaico, que inibem a propaga\u00e7\u00e3o de inc\u00eandios florestais; ou promover o crescimento de grama e plantas que ajudam a evitar a seca.<\/p>\n\n\n\n

“Enquanto os pa\u00edses e as economias se desenvolvem, e a demografia muda, muitas dessas pr\u00e1ticas tradicionais perdem for\u00e7a ou mudam ou diminuem com o tempo, ou d\u00e3o lugar a pr\u00e1ticas alternativas”, diz Peter Moore, que trabalhou como especialista em gest\u00e3o de inc\u00eandios na Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para Alimenta\u00e7\u00e3o e Agricultura (FAO).<\/p>\n\n\n\n

Em resposta a uma consulta da DW, Moore apontou que as pr\u00e1ticas ind\u00edgenas est\u00e3o come\u00e7ando a ser reconhecidas e implementadas na Austr\u00e1lia, Canad\u00e1 e oeste dos Estados Unidos, com organiza\u00e7\u00f5es como a International Savanna Fire Management Initiative transplantando pr\u00e1ticas ind\u00edgenas tradicionais da Austr\u00e1lia para locais como Botsuana.<\/p>\n\n\n\n

O ex-especialista da FAO enfatizou que a documenta\u00e7\u00e3o e ter esse conhecimento amplamente acess\u00edvel s\u00e3o as chaves para convencer o mundo do valor dessas pr\u00e1ticas tradicionais, “ser capaz de mapear a experi\u00eancia [ind\u00edgena], de trabalhar com ela e reintroduzi-la de volta no meio ambiente”.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"