{"id":176667,"date":"2022-03-07T16:32:14","date_gmt":"2022-03-07T19:32:14","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=176667"},"modified":"2022-03-07T16:32:17","modified_gmt":"2022-03-07T19:32:17","slug":"como-o-desenvolvimento-da-vida-afetou-o-manto-profundo-da-terra","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/03\/07\/176667-como-o-desenvolvimento-da-vida-afetou-o-manto-profundo-da-terra.html","title":{"rendered":"Como o desenvolvimento da vida afetou o manto profundo da Terra"},"content":{"rendered":"\n
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\u00c9 not\u00f3rio que os processos transcorridos no interior da Terra influenciam o que acontece na\u00a0superf\u00edcie. Por exemplo, vulc\u00f5es fazem emergir rochas magm\u00e1ticas e expelem gases na\u00a0atmosfera, e assim influenciam os ciclos biogeoqu\u00edmicos em nosso planeta. No entanto, o que \u00e9 menos evidente \u00e9 que o inverso tamb\u00e9m \u00e9 verdadeiro: o que acontece na superf\u00edcie afeta o interior da Terra \u2014 mesmo at\u00e9 grandes profundidades.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Essa \u00e9 a conclus\u00e3o alcan\u00e7ada por um grupo internacional de pesquisadores liderados por Andrea Giuliani, pesquisadora bolsista do Departamento de Ci\u00eancias da Terra do Instituto Federal Su\u00ed\u00e7o de Tecnologia de Zurique (ETH), em um novo estudo publicado na revista\u00a0Science Advances<\/em>. Segundo o estudo, o desenvolvimento da vida em nosso planeta afeta partes do manto inferior da Terra.<\/p>\n\n\n\n

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Kimberlites s\u00e3o rochas complexas que chegaram \u00e0 superf\u00edcie da Terra vindas de grandes profundidades. A imagem mostra uma fina se\u00e7\u00e3o de um kimberlite rico em carbonato, is\u00f3topos examinados pelos cientistas. Cr\u00e9dito: David Swart via Phys<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Na pesquisa, os cientistas examinaram a composi\u00e7\u00e3o isot\u00f3pica do\u00a0carbono\u00a0em 150 amostras de raras rochas vulc\u00e2nicas portadoras de diamantes chamadas\u00a0kimberlites\u00a0<\/em>de diferentes \u00e9pocas da hist\u00f3ria da Terra. Essas rochas especiais s\u00e3o como \u201cmensageiros\u201d das regi\u00f5es mais baixas do manto da Terra.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Eles descobriram que os kimberlitesmais jovens, que t\u00eam menos de 250 milh\u00f5es de anos, t\u00eam uma composi\u00e7\u00e3o que varia consideravelmente da constitui\u00e7\u00e3o das rochas mais antigas. Em muitas das amostras mais jovens, a composi\u00e7\u00e3o dos is\u00f3topos de carbono est\u00e1 fora do alcance que seria esperado para rochas do manto.<\/p>\n\n\n\n

Para os pesquisadores, um gatilho decisivo para essa mudan\u00e7a na composi\u00e7\u00e3o de kimberlites <\/em>mais jovens foi a Explos\u00e3o Cambriana. Essa fase relativamente curta \u2013 geologicamente falando \u2013 ocorreu durante um per\u00edodo de poucas dezenas de milh\u00f5es de anos no in\u00edcio da \u00c9poca Cambriana, cerca de 540 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s. <\/p>\n\n\n\n

Rela\u00e7\u00e3o entre epis\u00f3dios na superf\u00edcie e no manto da Terra \u00e9 c\u00edclica e interdependente<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

Segundo os especialistas, quase todas as tribos animais existentes apareceram na Terra pela primeira vez durante essa \u00e9poca de transi\u00e7\u00e3o. \u201cO enorme aumento das formas de vida nos oceanos mudou decisivamente o que estava acontecendo na superf\u00edcie da Terra\u201d, explica Giuliani. \u201cE isso, por sua vez, afetou a composi\u00e7\u00e3o de sedimentos no fundo do oceano\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Para o manto inferior da Terra, essa mudan\u00e7a \u00e9 relevante porque alguns dos sedimentos no fundo do mar \u2013 incluindo restos de animais mortos \u2013 entram no manto atrav\u00e9s de\u00a0placas tect\u00f4nicas. Ao longo das zonas de subdu\u00e7\u00e3o, esses sedimentos \u2014 juntamente com a crosta oce\u00e2nica subjacente \u2014 s\u00e3o transportados para grandes profundidades.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Assim, o carbono que foi armazenado como material org\u00e2nico nos sedimentos tamb\u00e9m atinge o manto da Terra. L\u00e1, os sedimentos se misturam com outros materiais rochosos do manto da Terra e, depois de um certo tempo, estimado em pelo menos 200 a 300 milh\u00f5es de anos, sobem \u00e0 superf\u00edcie novamente em outros lugares \u2014 por exemplo, na forma de magmas de kimberlite<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m do carbono, os pesquisadores tamb\u00e9m examinaram a composi\u00e7\u00e3o isot\u00f3pica de outros elementos qu\u00edmicos, como estr\u00f4ncio e h\u00e1fnio, que mostraram um padr\u00e3o semelhante ao carbono. \u201cIsso significa que a assinatura do carbono n\u00e3o pode ser explicada por outros processos como o desgaseamento, porque caso contr\u00e1rio, os is\u00f3topos de estr\u00f4ncio e h\u00e1fnio n\u00e3o estariam correlacionados com os de carbono\u201d, observa Giuliani.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Giuliani, suas descobertas abrem as portas para novos estudos. Por exemplo, elementos como f\u00f3sforo ou zinco, que foram significativamente afetados pelo surgimento da vida, tamb\u00e9m poderiam fornecer pistas sobre como os processos na superf\u00edcie da Terra influenciam o interior do planeta. \u201cA Terra \u00e9 realmente um sistema global complexo\u201d, diz Giuliani. \u201cE agora queremos entender esse sistema com mais detalhes\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Olhar Digital<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"