{"id":176805,"date":"2022-03-11T17:15:26","date_gmt":"2022-03-11T20:15:26","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=176805"},"modified":"2022-03-11T17:15:31","modified_gmt":"2022-03-11T20:15:31","slug":"guerra-na-ucrania-pode-provocar-crise-alimentar-mundial","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/03\/11\/176805-guerra-na-ucrania-pode-provocar-crise-alimentar-mundial.html","title":{"rendered":"Guerra na Ucr\u00e2nia pode provocar crise alimentar mundial"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

O pre\u00e7o do trigo bate recordes diariamente: na Chicago Board of Trade, o principal mercado internacional de produtos agr\u00e1rios, ele est\u00e1 50% mais alto do que antes da ofensiva militar da R\u00fassia contra a Ucr\u00e2nia, em 24 de fevereiro. Essa infla\u00e7\u00e3o se explica por ambas as partes do conflito contarem entre os maiores exportadores do cereal no mundo.<\/p>\n\n\n\n

A maior parte da produ\u00e7\u00e3o global de trigo \u00e9 consumida no local de cultivo, o excedente vai parar nos mercados internacionais. Destes, a Ucr\u00e2nia e a R\u00fassia det\u00eam “uma parcela gigantesca, de cerca de um ter\u00e7o”, explica o agroeconomista Matin Qaim, diretor do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento (ZEF, na sigla em alem\u00e3o), em Bonn.<\/p>\n\n\n\n

A R\u00fassia \u00e9, de longe, o maior exportador, enquanto a Ucr\u00e2nia ocupa o quinto lugar, atr\u00e1s dos Estados Unidos, Canad\u00e1 e Fran\u00e7a, em ordem descendente. A maior parte do cereal dos dois pa\u00edses do Leste Europeu \u00e9 exportado no ver\u00e3o e outono europeus (junho a dezembro), “portanto os maiores problemas ainda est\u00e3o por vir”, adverte Qaim.<\/p>\n\n\n\n

A guerra n\u00e3o dificulta apenas a exporta\u00e7\u00e3o dos estoques dispon\u00edveis: caso se prolongue, pelo menos na Ucr\u00e2nia n\u00e3o ser\u00e1 poss\u00edvel semear e colher na medida usual. Isso, por sua vez, impulsionar\u00e1 ainda mais alto os pre\u00e7os do trigo. Para os pa\u00edses consumidores, trata-se de um grande problema, j\u00e1 que muitos dependem de importa\u00e7\u00f5es de g\u00eaneros aliment\u00edcios: “Na\u00e7\u00f5es como o L\u00edbano ou o Egito importam a maior parcela de seus alimentos, muitas vezes entre 70% e 90%.”<\/p>\n\n\n\n

“Nada a fazer, sen\u00e3o comer ainda menos”<\/h2>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m no Qu\u00eania, 80% do trigo vem do exterior: “N\u00f3s importamos de diversos pa\u00edses, tamb\u00e9m da R\u00fassia e da Ucr\u00e2nia. O que est\u00e1 acontecendo l\u00e1 vai derrubar as cadeias de abastecimento”, explicou \u00e0 r\u00e1dio alem\u00e3 ARD o economista queniano Ken Gichinga. A Turquia \u00e9 tamb\u00e9m, em grande parte, dependente de trigo importado.<\/p>\n\n\n\n

E o trigo n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico produto agr\u00e1rio de que os pa\u00edses em guerra det\u00eam uma grande parcela do mercado mundial: eles produzem 20% do milho e cevada, assim como at\u00e9 80% do \u00f3leo de semente de girassol. “Estamos registrando aumentos de pre\u00e7o n\u00e3o s\u00f3 do trigo, mas tamb\u00e9m de outros alimentos”, refor\u00e7a Qaim.<\/p>\n\n\n\n

Para os pobres dos pa\u00edses em desenvolvimento, a alta dos g\u00eaneros representa, acima de tudo, fome: “Eles n\u00e3o t\u00eam nada a fazer, sen\u00e3o simplesmente comer ainda menos”, explica o diretor do ZEF.<\/p>\n\n\n\n

Alguns pa\u00edses, como a \u00cdndia e a China, ainda possuem atualmente grandes reservas de trigo. “\u00c9 claro que eles podem desbastar esses estoques, e assim ampliar a oferta de trigo”, comenta o agroeconomista. Entretanto isso n\u00e3o bastaria, nem de longe, para compensar a lacuna da participa\u00e7\u00e3o russa e ucraniana.<\/p>\n\n\n\n

Dilema das san\u00e7\u00f5es ocidentais<\/h2>\n\n\n\n

No entanto, os russos seguem cultivando e colhendo trigo e outros produtos. “A quest\u00e3o \u00e9 se teremos como possibilitar as exporta\u00e7\u00f5es russas de g\u00eaneros aliment\u00edcios a fim de evitar uma cat\u00e1strofe humanit\u00e1ria, ou seja: os danos colaterais da guerra em outras partes do mundo”, especula Qaim.<\/p>\n\n\n\n

Isso, por sua vez, diz respeito \u00e0s san\u00e7\u00f5es ocidentais contra a R\u00fassia, que n\u00e3o s\u00f3 dificultam as exporta\u00e7\u00f5es como seu pagamento, j\u00e1 que diversos bancos russos foram exclu\u00eddos do sistema internacional de transfer\u00eancias monet\u00e1rias: “Aqui, precisamos discutir seriamente sobre exce\u00e7\u00f5es para alimentos”, insta Qaim.<\/p>\n\n\n\n

Os desdobramentos futuros dependem, acima de tudo, do transcorrer da guerra. Um perigo real \u00e9 que, tamb\u00e9m na Ucr\u00e2nia, venha a grassar a fome em massa \u2013 num pa\u00eds que, devido a seu chernossolo, de f\u00e9rtil terra negra, j\u00e1 foi chamado de “celeiro da Europa”.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"