{"id":176987,"date":"2022-03-23T16:29:08","date_gmt":"2022-03-23T19:29:08","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=176987"},"modified":"2022-03-23T16:29:10","modified_gmt":"2022-03-23T19:29:10","slug":"como-a-guerra-na-ucrania-ameaca-a-agricultura-no-mundo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/03\/23\/176987-como-a-guerra-na-ucrania-ameaca-a-agricultura-no-mundo.html","title":{"rendered":"Como a guerra na Ucr\u00e2nia amea\u00e7a a agricultura no mundo"},"content":{"rendered":"\n
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R\u00fassia \u00e9 uma das principais produtoras globais de fertilizantes, cuja car\u00eancia resulta em safras reduzidas e pre\u00e7os altos. Brasil est\u00e1 entre pa\u00edses alarmados com consequ\u00eancias de san\u00e7\u00f5es geradas pela invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 s\u00e9culos a fam\u00edlia Conzen mant\u00e9m planta\u00e7\u00f5es na prov\u00edncia de Heinsberg, no extremo oeste da Alemanha, pr\u00f3ximo \u00e0 fronteira com a Holanda. Atualmente Bernhard Conzen cultiva cereais, beterraba-sacarina e milho para vender a cooperativas.<\/p>\n\n\n\n

Mas os neg\u00f3cios da fam\u00edlia est\u00e3o sendo sufocados pela explos\u00e3o dos pre\u00e7os dos fertilizantes: “Os efeitos s\u00e3o fatais, os custos de produ\u00e7\u00e3o cresceram exponencialmente”, comenta \u00e0 DW o tamb\u00e9m presidente da Associa\u00e7\u00e3o Agr\u00e1ria da Ren\u00e2nia. “A recupera\u00e7\u00e3o de custos \u00e9 question\u00e1vel e temos grandes lacunas de liquidez.”<\/p>\n\n\n\n

A demanda forte e a alta dos custos de produ\u00e7\u00e3o impulsionaram o pre\u00e7o dos adubos j\u00e1 em 2021, gerando apreens\u00f5es de seguran\u00e7a alimentar e inflacionando as mat\u00e9rias-primas agr\u00e1rias. Analistas estimavam que a press\u00e3o se aliviaria no ano corrente, mas a arbitr\u00e1ria invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia pela R\u00fassia veio como outro fator encarecedor.<\/p>\n\n\n\n

Como uma das principais for\u00e7as no setor, a R\u00fassia responde por 15% do com\u00e9rcio global de fertilizantes e 17% das exporta\u00e7\u00f5es totais de potassa, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Pol\u00edtica Alimentar (IFPRI, na sigla em ingl\u00eas). Al\u00e9m disso, fornece 20% do g\u00e1s natural, componente-chave na produ\u00e7\u00e3o de fertilizantes.<\/p>\n\n\n\n

Diversos pa\u00edses da Europa e \u00c1sia Central dependem da R\u00fassia para mais de 50% de seu consumo do produto. O setor agr\u00e1rio da Alemanha obt\u00e9m do pa\u00eds 30% de seus suprimentos, um volume que os produtores nacionais n\u00e3o est\u00e3o aptos a fornecer, no curto ou m\u00e9dio prazo, alertam organiza\u00e7\u00f5es locais.<\/p>\n\n\n\n

“No momento, os pre\u00e7os para recursos operacionais como adubos, diesel e ra\u00e7\u00f5es est\u00e3o batendo recordes”, afirma Johann Meierh\u00f6fer, porta-voz da Associa\u00e7\u00e3o de Agricultores Alem\u00e3es (DBV). “Embora os pre\u00e7os\u00a0do produtor tenham subido marcadamente, ao mesmo tempo, o alto custo desses recursos n\u00e3o s\u00f3 significa maior necessidade de liquidez para os fazendeiros, como tamb\u00e9m aumento dos riscos, pois eles sempre dependem da meteorologia.”<\/p>\n\n\n\n

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Apelos para suspens\u00e3o de san\u00e7\u00f5es \u00e0 R\u00fassia<\/h2>\n\n\n\n

Os agricultores contam que os altos custos operacionais provocar\u00e3o gargalos de fornecimento e produ\u00e7\u00e3o reduzida. A alta da energia e da log\u00edstica tamb\u00e9m se reflete no pre\u00e7o dos alimentos para o consumidor, que sobe continuamente.<\/p>\n\n\n\n

“Uma parcela dessa alta tamb\u00e9m ser\u00e1 repassada para o consumidor final”, confirma Meierh\u00f6fer. “Devemos manter em mente que a produ\u00e7\u00e3o agr\u00e1ria prim\u00e1ria tem operado com margens de lucro muito pequenas, portanto n\u00e3o h\u00e1 muita flexibilidade aqui.”<\/p>\n\n\n\n

Assim como Conzen, muitos fazendeiros alem\u00e3es j\u00e1 t\u00eam assegurados seus estoques de fertilizantes para o atual per\u00edodo de cultivo. Por\u00e9m a depend\u00eancia do abastecimento por terceiros pa\u00edses gera d\u00favidas quanto \u00e0s futuras safras. A Organiza\u00e7\u00e3o para Alimenta\u00e7\u00e3o e Agricultura das Na\u00e7\u00f5es Unidas (FAO) calcula que o pre\u00e7o de refer\u00eancia global dos fertilizantes subir\u00e1 13% at\u00e9 2023, resultando numa redu\u00e7\u00e3o das safras e lucros em 2022 e 2023.<\/p>\n\n\n\n

Meierh\u00f6fer prop\u00f5e que as autoridades alem\u00e3s ajudem os agricultores reduzindo a carga tribut\u00e1ria sobre o diesel e pressionando os tomadores de decis\u00f5es da Uni\u00e3o Europeia a suspenderem temporariamente as barreiras alfandeg\u00e1rias sobre a importa\u00e7\u00e3o de adubos.<\/p>\n\n\n\n

“Garantir um suprimento de fertilizantes no longo prazo tamb\u00e9m \u00e9 importante. De outro modo, devemos contar com uma consider\u00e1vel redu\u00e7\u00e3o das safras nos pr\u00f3ximos anos” adverte o porta-voz da DBV.<\/p>\n\n\n\n

Brasil “reza” pelo fim da invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia<\/h2>\n\n\n\n

A invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia e as san\u00e7\u00f5es contra a R\u00fassia preocupam igualmente o\u00a0setor agr\u00e1rio brasileiro, que importa 85% das mat\u00e9rias-primas usadas na produ\u00e7\u00e3o de fertilizantes, em parte da R\u00fassia e de Belarus.<\/p>\n\n\n\n

Pot\u00eancia mundial no setor, os agroneg\u00f3cios de exporta\u00e7\u00e3o do Brasil chegaram a 120,6 bilh\u00f5es de d\u00f3lares em 2021, 20% a mais do que no ano anterior. Contudo, os custos operacionais e a necessidade de encontrar fornecedores alternativos para garantir as pr\u00f3ximas safras s\u00e3o um novo desafio.<\/p>\n\n\n\n

“S\u00f3 a soja, milho e cana-de-a\u00e7\u00facar representam 73% do consumo de fertilizantes do Brasil”, explica \u00e0 DW Eduardo Daher, diretor da Associa\u00e7\u00e3o Brasileira do Agroneg\u00f3cio (ABAG).<\/p>\n\n\n\n

Com estoques de adubos suficientes para cobrir os pr\u00f3ximos quatro meses, na busca por novas fontes a ministra da Agricultura, Tereza Dias, recorreu ao Canad\u00e1 e ao Oriente M\u00e9dio. Em meados de mar\u00e7o, ela tamb\u00e9m liderou uma proposta, apoiada pelo Mercosul e apresentada \u00e0 FAO, para que os fertilizantes sejam exclu\u00eddos das san\u00e7\u00f5es contra a R\u00fassia, por motivos de seguran\u00e7a alimentar.<\/p>\n\n\n\n

“O agroneg\u00f3cio do mundo inteiro est\u00e1 com um problema enorme. Todo mundo est\u00e1 tentando encontrar diferentes fornecedores de adubos”, comenta Daher. “No setor, estamos rezando para que a guerra acabe logo e por uma boa temporada de ver\u00e3o, com a quantidade certa de chuva. Porque a infla\u00e7\u00e3o vai ser um problema-chave.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n\n\n\n

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