{"id":177033,"date":"2022-03-28T16:32:20","date_gmt":"2022-03-28T19:32:20","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177033"},"modified":"2022-03-28T16:32:22","modified_gmt":"2022-03-28T19:32:22","slug":"o-que-e-a-ultima-area-de-gelo-do-artico-chave-para-o-futuro-da-vida-na-terra","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/03\/28\/177033-o-que-e-a-ultima-area-de-gelo-do-artico-chave-para-o-futuro-da-vida-na-terra.html","title":{"rendered":"O que \u00e9 a \u00faltima \u00e1rea de gelo do \u00c1rtico, chave para o futuro da vida na Terra"},"content":{"rendered":"\n
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O derretimento da \u00faltima \u00e1rea de gelo do \u00c1rtico poder\u00e1 causar a destrui\u00e7\u00e3o completa do seu ecossistema – GETTY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

H\u00e1 uma regi\u00e3o do \u00c1rtico que resiste aos golpes das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Acreditava-se h\u00e1 algum tempo que parte da regi\u00e3o \u00e1rtica estivesse em grande parte protegida contra o aumento das temperaturas globais, mas estudos mais recentes mostram que ela tamb\u00e9m est\u00e1 amea\u00e7ada.<\/p>\n\n\n\n

Trata-se da regi\u00e3o conhecida como a \u00faltima \u00e1rea de gelo do \u00c1rtico (LIA, na sigla em ingl\u00eas) \u2014 uma faixa de 1 milh\u00e3o de km\u00b2 entre a Groenl\u00e2ndia e o Canad\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

Seu nome deriva da camada de gelo mais espessa e antiga do \u00c1rtico, que, segundo os modelos de previs\u00e3o clim\u00e1tica, faz com que ela seja a \u00e1rea que permanecer\u00e1 congelada por mais tempo \u00e0 medida que o planeta se aquece.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo no ver\u00e3o do hemisf\u00e9rio norte, quando parte do gelo do \u00c1rtico derrete, a LIA permanece congelada.<\/p>\n\n\n\n

“Mas isso vai mudar no futuro”, segundo afirmou \u00e0 BBC News Mundo, servi\u00e7o de not\u00edcias em espanhol da BBC, Robert Newton, pesquisador do Observat\u00f3rio da Terra Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia, nos EUA.<\/p>\n\n\n\n

“Veremos nos pr\u00f3ximos anos que, durante o ver\u00e3o, a camada de gelo da LIA ser\u00e1 cada vez menor.”<\/p>\n\n\n\n

Newton \u00e9 coautor de um estudo recente sobre o futuro da LIA.<\/p>\n\n\n\n

“Se o gelo que permanece congelado durante todo o ano desaparecer, ser\u00e1 destru\u00eddo um ecossistema completo e surgir\u00e1 algo novo”, segundo ele.<\/p>\n\n\n\n

A redu\u00e7\u00e3o da LIA ter\u00e1 consequ\u00eancias devastadoras para as esp\u00e9cies de flora e fauna que habitam a regi\u00e3o \u2014 e tamb\u00e9m causar\u00e1 impactos aos seres humanos.<\/p>\n\n\n\n

Mas o que \u00e9 a LIA e por que grande parte do futuro do planeta depende dela?<\/p>\n\n\n\n

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ROBERT NEWTON<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Gelo eterno?<\/h2>\n\n\n\n

Os ventos e as correntes mar\u00edtimas que v\u00e3o da Sib\u00e9ria at\u00e9 o Canad\u00e1 fazem com que camadas de gelo se acumulem na LIA, criando um bloco mais espesso e duradouro.<\/p>\n\n\n\n

Um arquip\u00e9lago pertencente ao Canad\u00e1 captura esse gelo, impedindo que ele se infiltre em dire\u00e7\u00e3o ao sul e derreta no Oceano Atl\u00e2ntico, segundo explica o portal Science News.<\/p>\n\n\n\n

Historicamente, a espessura da camada de gelo no \u00c1rtico tem sido de 2,5 a 3 metros \u2014 enquanto, na LIA, a espessura m\u00e9dia tem sido de 6 a 10 metros.<\/p>\n\n\n\n

Mas, \u00e0 medida que o planeta se aquece, as temperaturas no \u00c1rtico aumentam cerca de 2,5 vezes mais r\u00e1pido do que no restante da Terra, segundo Newton.<\/p>\n\n\n\n

Isso se deve, em parte, ao fato de que o aquecimento cria um c\u00edrculo vicioso. A superf\u00edcie branca do gelo reflete a luz solar para o espa\u00e7o, mantendo a superf\u00edcie fria. Mas, se esse gelo derreter, o aquecimento se acelera e, por sua vez, derrete mais gelo.<\/p>\n\n\n\n

Atualmente, a espessura m\u00e9dia no \u00c1rtico caiu para menos de 1,5 metro e, na LIA, est\u00e1 em cerca de 4 metros.<\/p>\n\n\n\n

No ver\u00e3o, a camada de gelo \u00e9 cada vez menor.<\/p>\n\n\n\n

Atualmente, ocupa uma \u00e1rea que \u00e9 menos da metade da que ocupava no in\u00edcio da d\u00e9cada de 1980, segundo as pesquisas de Newton.<\/p>\n\n\n\n

“A pergunta \u00e9 em quanto tempo passaremos de um \u00c1rtico com gelo para um \u00c1rtico sem gelo”, resume o especialista.<\/p>\n\n\n\n

Cen\u00e1rios poss\u00edveis<\/h2>\n\n\n\n

Para Newton, h\u00e1 dois cen\u00e1rios poss\u00edveis para a LIA.<\/p>\n\n\n\n

Um deles \u00e9 mais otimista. Nele, a humanidade deixa de emitir grandes quantidades de CO2 ou consegue aplicar, em grande escala, a tecnologia que permite extrair o CO2 que j\u00e1 est\u00e1 na atmosfera.<\/p>\n\n\n\n

“Se conseguirmos estabilizar a temperatura em cerca de 2 \u00b0C acima da era pr\u00e9-industrial, a LIA poder\u00e1 ter gelo por todo o ano”, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

Mas existe tamb\u00e9m um cen\u00e1rio menos otimista.<\/p>\n\n\n\n

“Se mantivermos o ritmo de produ\u00e7\u00e3o de carbono dos \u00faltimos 50 anos, os c\u00e1lculos indicam que, at\u00e9 a metade do s\u00e9culo 21, n\u00e3o haver\u00e1 cobertura de gelo marinho no \u00c1rtico durante o ver\u00e3o, incluindo a LIA”, afirma Newton.<\/p>\n\n\n\n

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\u00c0 primeira vista um territ\u00f3rio desolado, o \u00c1rtico abriga muitos animais e vegetais que dependem do gelo para sua sobreviv\u00eancia – ROBERT NEWTON<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Um relat\u00f3rio recente da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU) estima que, com base nos compromissos atuais de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es de CO2, a temperatura do planeta aumentar\u00e1 em 2,7 \u00b0C at\u00e9 o ano 2100.<\/p>\n\n\n\n

Neste cen\u00e1rio, o gelo de ver\u00e3o do \u00c1rtico est\u00e1 condenado a desaparecer.<\/p>\n\n\n\n

Ref\u00fagio de vida<\/h2>\n\n\n\n

Embora o \u00c1rtico pare\u00e7a um territ\u00f3rio desolado, sabemos que abriga uma grande quantidade de flora e fauna que depende do gelo para sobreviver.<\/p>\n\n\n\n

Nele, habitam animais muito conhecidos, como as baleias beluga, as focas e os ursos polares.<\/p>\n\n\n\n

Mas tamb\u00e9m existe um mundo de vida microsc\u00f3pica essencial para o equil\u00edbrio do ecossistema. A camada subaqu\u00e1tica do gelo est\u00e1 repleta de pl\u00e2nctons, crust\u00e1ceos e pequenos peixes. Todos eles t\u00eam seu lugar na cadeia alimentar e dependem do gelo para viver e se reproduzir.<\/p>\n\n\n\n

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Os animais selvagens ser\u00e3o os primeiros a sofrer os efeitos do degelo polar, mas os seres humanos tamb\u00e9m ser\u00e3o afetados em muitas partes do mundo – GETTY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Newton explica que, se o ecossistema polar desaparecer, outros animais que n\u00e3o dependem do gelo v\u00e3o colonizar o \u00c1rtico.<\/p>\n\n\n\n

“Ser\u00e1 uma nova ecologia, mas levar\u00e1 muito tempo para que a vida do \u00c1rtico se recupere”, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

Impacto para os seres humanos<\/h2>\n\n\n\n

Mas as consequ\u00eancias n\u00e3o v\u00e3o afetar apenas os animais selvagens.<\/p>\n\n\n\n

Para as comunidades que habitam o \u00c1rtico, o gelo \u00e9 fundamental para conservar suas fontes de alimento, al\u00e9m de ser parte da sua cultura.<\/p>\n\n\n\n

“O mundo \u00e9 um lugar interconectado”, afirma Newton.<\/p>\n\n\n\n

“Tudo o que acontece no \u00c1rtico tem um grande impacto no resto do planeta.”<\/p>\n\n\n\n

Em v\u00e1rias partes do mundo, est\u00e3o ocorrendo mais eventos clim\u00e1ticos extremos do que h\u00e1 20 ou 30 anos, segundo Newton. Chuvas mais fortes, tempestades e secas prolongadas “est\u00e3o, em parte, relacionados \u00e0 perda de gelo no \u00c1rtico”.<\/p>\n\n\n\n

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O gelo \u00e9 parte da cultura das pessoas que vivem no \u00c1rtico – GETTY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O futuro<\/h2>\n\n\n\n

Atualmente, um ter\u00e7o da LIA est\u00e1 sob prote\u00e7\u00e3o. Em 2019, o Canad\u00e1 estabeleceu uma \u00e1rea de 320 mil km\u00b2 onde foram proibidos o transporte, a minera\u00e7\u00e3o e todos os demais tipos de desenvolvimento por cinco anos.<\/p>\n\n\n\n

Mas o restante da \u00e1rea est\u00e1 dispon\u00edvel para explora\u00e7\u00e3o mineral.<\/p>\n\n\n\n

O relat\u00f3rio da Universidade de Columbia adverte que o Oceano \u00c1rtico e seu litoral abrigam bilh\u00f5es de d\u00f3lares em reservas de petr\u00f3leo e dep\u00f3sitos de minerais, como n\u00edquel e cobre.<\/p>\n\n\n\n

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GETTY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os especialistas da universidade alertam que, \u00e0 medida que aumentar a quantidade de \u00e1gua no ver\u00e3o, tamb\u00e9m crescer\u00e1 a press\u00e3o para escavar, perfurar e abrir corredores de transporte, o que contaminaria a LIA com poss\u00edveis derramamentos de \u00f3leo e o uso de subst\u00e2ncias industriais.<\/p>\n\n\n\n

E, como se estas amea\u00e7as j\u00e1 n\u00e3o fossem suficientes, Newton argumenta que a perda da LIA teria tamb\u00e9m um “custo emocional”.<\/p>\n\n\n\n

“Perder o mundo que conhecemos causa forte impacto psicol\u00f3gico”, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

“O \u00c1rtico pode n\u00e3o estar na paisagem da sua janela, mas \u00e9 parte do mundo em que vivemos.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"