{"id":177041,"date":"2022-03-28T16:39:23","date_gmt":"2022-03-28T19:39:23","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177041"},"modified":"2022-03-28T16:39:29","modified_gmt":"2022-03-28T19:39:29","slug":"paleotocas-o-que-sao-as-estruturas-pre-historicas-que-atingem-tamanho-inedito-no-brasil","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/03\/28\/177041-paleotocas-o-que-sao-as-estruturas-pre-historicas-que-atingem-tamanho-inedito-no-brasil.html","title":{"rendered":"Paleotocas: o que s\u00e3o as estruturas pr\u00e9-hist\u00f3ricas que atingem tamanho in\u00e9dito no Brasil"},"content":{"rendered":"\n
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Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto cadastraram mais de mil paleotocas no Brasil – PROJETO PALEOTOCAS\/UFRGS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Estruturas cavadas por animais pr\u00e9-hist\u00f3ricos s\u00e3o raras no Hemisf\u00e9rio Norte. Quando atingem alguns cent\u00edmetros de espessura e poucos metros de extens\u00e3o, costumam ser definidas pelos paleont\u00f3logos por meio de adjetivos como “mega”, “gigante” ou “colossal”. Em Novo Hamburgo, munic\u00edpio ga\u00facho da regi\u00e3o do Vale do Rio dos Sinos, por\u00e9m, um desses abrigos apresenta 1,20 metro de altura, 1,8 metro de largura e 18 metros de extens\u00e3o.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A estrutura fica no interior do parque aqu\u00e1tico Ecoparque da Lomba, no bairro de Lomba Grande. O propriet\u00e1rio, Siegfried Fischborn, que mant\u00e9m o estabelecimento h\u00e1 21 anos, ficou intrigado ao ler uma reportagem no jornal NH, de Novo Hamburgo, sobre uma paleotoca identificada no munic\u00edpio vizinho de Taquara, h\u00e1 cerca de dois anos.<\/p>\n\n\n\n

A descoberta parecia-se com o v\u00e3o existente em uma rocha do parque, infiltrado por \u00e1gua pot\u00e1vel. “No final do texto, havia um telefone de pesquisadores para que se informasse sobre a exist\u00eancia de poss\u00edveis paleotocas”, relembra Fischborn \u00e0 BBC News Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Dias depois, uma equipe do Projeto Paleotocas, do Instituto de Geoci\u00eancias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi ao local e confirmou que se tratava de um t\u00fanel escavado por animal pr\u00e9-hist\u00f3rico.<\/p>\n\n\n\n

Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto j\u00e1 cadastraram mais de mil estruturas desse tipo em todo o Brasil e produziram mais de 80 trabalhos cient\u00edficos sobre o tema.<\/p>\n\n\n\n

Coordenador do projeto, o professor do Instituto de Geoci\u00eancias Heinrich Theodor Frank explica que paleotocas s\u00e3o pouco comuns na Europa e na Am\u00e9rica do Norte em raz\u00e3o da hist\u00f3ria geol\u00f3gica daquelas regi\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

“S\u00e3o \u00e1reas atingidas por quatro glacia\u00e7\u00f5es em 600 mil anos, que funcionaram como niveladores de terreno. Vest\u00edgios deixados pela fauna extinta foram consumidos pela a\u00e7\u00e3o de agentes naturais, quando n\u00e3o pela atividade humana”, analisa.<\/p>\n\n\n\n

Para design\u00e1-los, surgiu em portugu\u00eas o termo “paleotocas”, tradu\u00e7\u00e3o livre do ingl\u00eas paleoburrows<\/em>. Segundo Frank, algumas l\u00ednguas, como o alem\u00e3o, n\u00e3o disp\u00f5em sequer de palavras para definir essas escava\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Somente no Rio Grande do Sul, foram cadastradas paleotocas em mais de 20 munic\u00edpios, incluindo Porto Alegre. A capital parece deter a primazia na correta identifica\u00e7\u00e3o de uma dessas estruturas como obra de animais pr\u00e9-hist\u00f3ricos.<\/p>\n\n\n\n

Em 1980, a descoberta de t\u00faneis nas imedia\u00e7\u00f5es da Faculdade de Agronomia da UFRGS, na zona leste da cidade, teve repercuss\u00e3o na imprensa local. Ouvidos na \u00e9poca, moradores atribu\u00edram a escava\u00e7\u00e3o a \u00edndios, jesu\u00edtas, rebeldes farroupilhas do s\u00e9culo 19 e at\u00e9 a extraterrestres.<\/p>\n\n\n\n

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Data\u00e7\u00e3o exata das paleotocas, \u00e9 considerada imposs\u00edvel – PROJETO PALEOTOCAS\/UFRGS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Oper\u00e1rios que trabalhavam numa obra vi\u00e1ria nas imedia\u00e7\u00f5es relataram ter caminhado por cerca de 30 metros no v\u00e3o da estrutura e que, ao final, a altura chegava a dois metros e o corredor dividia-se em tr\u00eas t\u00faneis, segundo o jornal Folha da Manh\u00e3.<\/p>\n\n\n\n

Com base nessas informa\u00e7\u00f5es, os pesquisadores da UFRGS estimam que a abertura tinha altura de 80 cent\u00edmetros e largura de 1,5 metro.<\/p>\n\n\n\n

Ao estudar as paleotocas, os pesquisadores da UFRGS identificaram tr\u00eas padr\u00f5es b\u00e1sicos de tamanho. A maioria apresenta cerca de 1,3 metro de di\u00e2metro. As mais imponentes podem chegar a 2 metros de altura e 4 metros de largura. H\u00e1, por\u00e9m, um perfil intermedi\u00e1rio, de 80 cent\u00edmetros de espessura.<\/p>\n\n\n\n

Somados, os t\u00faneis no interior dessas estruturas chegam a mais de 40 metros de comprimento, mas os especialistas estimam que a amplitude original provavelmente chegava a 100 metros.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 comum que essas estruturas sejam identificadas quando h\u00e1 obras vi\u00e1rias que exigem escava\u00e7\u00f5es ou cortes no terreno, especialmente fora dos grandes centros. Para quem tem o olho treinado, \u00e9 poss\u00edvel descobri-las mesmo quando se passa por acaso, de carro, pelo local”, diz Frank.<\/p>\n\n\n\n

Foi o que aconteceu em 2018, em uma das \u00faltimas sa\u00eddas de campo da equipe (com a pandemia do novo coronav\u00edrus, a ado\u00e7\u00e3o do home office pela universidade e a falta de financiamento, essas expedi\u00e7\u00f5es tiveram de ser interrompidas).<\/p>\n\n\n\n

Em Farroupilha, na serra ga\u00facha, os pesquisadores visualizaram v\u00e1rias paleotocas a mais de 4 metros de altura num pared\u00e3o escavado para a constru\u00e7\u00e3o de um pr\u00e9dio. Em raz\u00e3o da localiza\u00e7\u00e3o, n\u00e3o foi poss\u00edvel, por\u00e9m, explorar o interior do abrigo.<\/p>\n\n\n\n

A Paleontologia classifica essas e outras ocorr\u00eancias como icnof\u00f3sseis, ou seja, marcas e vest\u00edgios deixados por animais e vegetais de outras \u00e9pocas geol\u00f3gicas em sedimentos e rochas.<\/p>\n\n\n\n

Assim como animais hoje existentes, como tatus, corujas e outros, escavam tocas para se proteger de predadores e abrigar filhotes, exemplares da chamada megafauna do Pleistoceno, entre 2,5 milh\u00f5es de anos e 11 mil anos, recorriam ao mesmo artif\u00edcio.<\/p>\n\n\n\n

Outros exemplos de icnof\u00f3sseis incluem pegadas, marcas de garras, fezes fossilizadas (copr\u00f3litos) e assim por diante. As paleotocas seriam, assim, os maiores iconof\u00f3sseis existentes.<\/p>\n\n\n\n

“Nosso conhecimento sobre os animais que produziram essas estruturas avan\u00e7ou pouco. Acreditamos que tenham sido feitos por tatus gigantes, que chegavam a 250 quilos de peso”, estima Frank.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo esses animais, no entanto, n\u00e3o teriam condi\u00e7\u00f5es de cavar paleotocas com largura entre 2 e 4 metros. Nesses casos, afirma o pesquisador, o mais prov\u00e1vel \u00e9 que tenham sido feitos por pregui\u00e7as gigantes que habitavam a Am\u00e9rica do Sul. Em muitos abrigos, h\u00e1 marcas padronizadas nas paredes, produzidas por garras de animais.<\/p>\n\n\n\n

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Pesquisadores buscam por estruturas pr\u00e9-hist\u00f3ricas no pa\u00eds – PROJETO PALEOTOCAS\/UFRGS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ge\u00f3logos, petr\u00f3logos (estudiosos de rochas), paleont\u00f3logos e arque\u00f3logos disponham de in\u00fameros recursos para determinar idade de f\u00f3sseis, rochas e restos humanos.<\/p>\n\n\n\n

A data\u00e7\u00e3o exata das paleotocas, por\u00e9m, \u00e9 considerada imposs\u00edvel, uma vez que o terreno no qual foram escavadas \u00e9 composto de rochas muito mais antiga do que esses abrigos.<\/p>\n\n\n\n

Admite-se, por\u00e9m, que por estarem situadas perto da superf\u00edcie, tenham aparecido h\u00e1 menos de 500 mil anos.<\/p>\n\n\n\n

Na propriedade de 21 hectares do agricultor Gilberto Ari Flach, no munic\u00edpio de Harmonia, a 74 km de Porto Alegre, o que era considerado h\u00e1 v\u00e1rias gera\u00e7\u00f5es como uma gruta foi identificado na d\u00e9cada passada como uma paleotoca.<\/p>\n\n\n\n

“A toca j\u00e1 era conhecida no tempo do meu av\u00f4”, afirma Flach \u00e0 BBC News Brasil. Situada numa \u00e1rea de dif\u00edcil acesso, num matagal, a estrutura est\u00e1 tomada por \u00e1gua pot\u00e1vel e n\u00e3o corre risco de desaparecer.<\/p>\n\n\n\n

“Ningu\u00e9m vai at\u00e9 l\u00e1, est\u00e1 no meio do mato”, explica o agricultor, que mant\u00e9m dois avi\u00e1rios na propriedade.<\/p>\n\n\n\n

A quem encontrar estruturas assemelhadas a paleotocas, Frank sugere duas medidas: fotografar o local e informar o Projeto Paleotocas pelo e-mail paleotocas@gmail.com.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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