{"id":177167,"date":"2022-04-01T18:59:01","date_gmt":"2022-04-01T21:59:01","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177167"},"modified":"2022-04-01T18:59:03","modified_gmt":"2022-04-01T21:59:03","slug":"plataformas-de-gelo-antarticas-estao-quebrando-como-isso-afeta-o-nivel-do-mar","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/04\/01\/177167-plataformas-de-gelo-antarticas-estao-quebrando-como-isso-afeta-o-nivel-do-mar.html","title":{"rendered":"Plataformas de gelo ant\u00e1rticas est\u00e3o quebrando. Como isso afeta o n\u00edvel do mar?"},"content":{"rendered":"\n
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A plataforma de gelo Thwaites na Ant\u00e1rtida Ocidental \u00e9 a prolonga\u00e7\u00e3o flutuante da geleira hom\u00f4nima, que flui para o mar. Cerca de dois ter\u00e7os da plataforma de gelo j\u00e1 se desfez. Em dezembro de 2021, os cientistas viram sinais preocupantes de desintegra\u00e7\u00e3o na parte restante. As plataformas de gelo retardam o fluxo de gelo da terra para o mar, mantendo o aumento do n\u00edvel dos oceanos sob controle.
FOTO DE\u00a0JIM YUNGEL, OBSERVATORIO DE LA TIERRA, NASA<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Tudo o que a cientista Erin Pettit podia ver quando olhou para as fotos de sat\u00e9lite da plataforma de gelo em frente \u00e0 geleira Thwaites, na Ant\u00e1rtida Ocidental, foi a rachadura gigante que se estendia pela maior parte da imagem.<\/p>\n\n\n\n

Dois anos antes, quando ela e seus colegas decidiam onde realizariam suas pesquisas, toda a plataforma de gelo flutuante \u2013 uma l\u00edngua de gelo saindo da enorme geleira atr\u00e1s dela \u2013 era s\u00f3lida. Era seguro planejar um acampamento l\u00e1, eles pensaram.<\/p>\n\n\n\n

Mas em dezembro passado, quando se preparavam para viajar, as imagens revelaram enormes rachaduras no gelo apontando diretamente para o local do acampamento.<\/p>\n\n\n\n

Era improv\u00e1vel que as rachaduras crescessem r\u00e1pido o suficiente para colocar os cientistas em perigo. Mas para Pettit isso significava algo ainda mais assustador: o in\u00edcio da desintegra\u00e7\u00e3o da plataforma de gelo, mais um passo em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 desintegra\u00e7\u00e3o da pr\u00f3pria geleira.<\/p>\n\n\n\n

Em mar\u00e7o, a Ant\u00e1rtida Oriental \u2013 o outro lado do continente, ainda mais frio \u2013 teve, pela primeira vez, um colapso de uma plataforma de gelo. Como uma onda de calor de ver\u00e3o austral trouxe temperaturas extraordin\u00e1rias e ventos fortes para a regi\u00e3o, a plataforma de gelo Conger se desintegrou em poucos dias.<\/p>\n\n\n\n

O colapso inesperado destacou a import\u00e2ncia e a incerteza sobre as plataformas de gelo do continente, que agem como rolhas de garrafas que controlam o fluxo de gelo da terra para o mar. Seu colapso incipiente, temem os cientistas, poderia ser o in\u00edcio de mais perda de gelo e, portanto, muito mais aumento do n\u00edvel do mar, o que afetaria pa\u00edses em todo o mundo.<\/p>\n\n\n\n

Apesar do colapso de Conger, a preocupa\u00e7\u00e3o mais premente ainda s\u00e3o as plataformas de gelo que est\u00e3o na Ant\u00e1rtida Ocidental, onde Pettit trabalha. Sua descoberta em dezembro de 2021 sugeriu que a plataforma de gelo Thwaites poderia se desintegrar dentro da d\u00e9cada, deixando a enorme e incomumente prec\u00e1ria geleira desprotegida.<\/p>\n\n\n\n

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Extens\u00e3o das plataformas de gelo ant\u00e1rticas em 2020 e local do colapso da plataforma de gelo Conger em mar\u00e7o de 2022.
Fonte: U.S. National Ice Center
ARTE DE\u00a0RILEY D. CHAMPINE, NG STAFF<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Do tamanho da Fl\u00f3rida, a geleira Thwaites tem gelo suficiente para elevar o n\u00edvel global do mar em dois metros. Ela tamb\u00e9m \u00e9 um gargalo que protege o maior manto de gelo da Ant\u00e1rtida Ocidental, que, se derretesse completamente, elevaria o n\u00edvel do mar em tr\u00eas metros. E por causa de algumas peculiaridades cruciais e assustadoras da geologia e geografia, Thwaites poderia um dia se tornar um dos mais significativos impulsionadores do aumento global do n\u00edvel do mar.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 a geleira mais importante do mundo\u201d, afirma Julia Wellner, ge\u00f3loga marinha da Universidade de Houston.<\/p>\n\n\n\n

E a trajet\u00f3ria em que ela parece estar \u00e9 \u201calarmante\u201d, diz o glaci\u00f3logo Ted Scambos, da Universidade do Colorado, que co-lidera um grande programa de pesquisa de v\u00e1rios anos na Thwaites. \u201cEla sozinha poderia mudar a hist\u00f3ria. Isso pode mudar o jogo do que precisamos fazer at\u00e9 o final do s\u00e9culo\u201d em diante para nos adaptar ao aumento do n\u00edvel do mar, diz ele \u2013 desde a constru\u00e7\u00e3o de prote\u00e7\u00f5es \u201cduras\u201d, como paredes marinhas ou diques, at\u00e9 a retirada da popula\u00e7\u00e3o da costa.<\/p>\n\n\n\n

O mar est\u00e1 subindo<\/h3>\n\n\n\n

Embora uma previs\u00e3o precisa seja imposs\u00edvel, \u00e9 claro para onde o n\u00edvel do mar est\u00e1 indo: para cima, possivelmente muito e em breve. A maioria das comunidades costeiras j\u00e1 luta at\u00e9 mesmo para reconhecer a realidade, comentou A.R. Siders, soci\u00f3logo da Universidade de Delaware. \u201cN\u00e3o \u00e9 uma quest\u00e3o de ‘se’ os mares v\u00e3o subir dois metros, mas ‘quando’. S\u00f3 temos que tomar a decis\u00e3o [de nos adaptar], mesmo com alguma incerteza.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Globalmente, os mares subiram pouco mais de 20 cent\u00edmetros desde 1900, mas o aumento est\u00e1 acelerando: um quarto disso aconteceu desde 2006. No \u00faltimo relat\u00f3rio do Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas (IPCC), divulgado em 2021, os cientistas determinaram que o n\u00edvel m\u00e9dio global do mar est\u00e1 subindo cerca de 3,7 mil\u00edmetros por ano. O IPCC projetou com \u201cconfian\u00e7a m\u00e9dia\u201d que aumentaria mais 38 a 76 cent\u00edmetros at\u00e9 2100, e continuar\u00e1 subindo por s\u00e9culos.<\/p>\n\n\n\n

Algumas regi\u00f5es est\u00e3o vendo um aumento mais r\u00e1pido do que a m\u00e9dia global. A Costa Leste dos Estados Unidos, por exemplo, \u00e9 mais atingida em parte porque a Corrente do Golfo est\u00e1 desacelerando e canalizando menos \u00e1gua para longe da costa. As costas dos EUA, em m\u00e9dia, provavelmente ver\u00e3o o n\u00edvel do mar subir uns 30 cm at\u00e9 2050 e 60 cm at\u00e9 2100, segundo as recentes proje\u00e7\u00f5es da Administra\u00e7\u00e3o Nacional Oce\u00e2nica e Atmosf\u00e9rica dos Estados Unidos (NOAA).<\/p>\n\n\n\n

Cerca de 110 milh\u00f5es de pessoas em todo o mundo vivem em zonas vulner\u00e1veis a inunda\u00e7\u00f5es por mar\u00e9s altas. Com mares cerca de 30 cm mais altos, centenas de milhares de casas nos litorais dos Estados Unidos, mas particularmente nas regi\u00f5es leste e do Golfo, poderiam sofrer inunda\u00e7\u00f5es semanalmente. Com 60 cm, grande parte das Maldivas e outras pequenas na\u00e7\u00f5es insulares seriam submersas.<\/p>\n\n\n\n

Mas mesmo em 2100 o aumento do n\u00edvel do mar poderia ser maior que 60 cm. Segundo a NOAA e outras ag\u00eancias, se n\u00e3o controlarmos as emiss\u00f5es e o planeta aquecer 12,7\u00baC, h\u00e1 50% de chance de os mares subirem mais de 1 metro at\u00e9 2100 \u2013 e 10% de chance de eles subirem mais de 1,80 m.<\/p>\n\n\n\n

A maior fonte de incerteza, al\u00e9m de quando conseguiremos reduzir as emiss\u00f5es, \u00e9 a rapidez com que um manto de gelo superaquecido pode desmoronar e derreter \u2013 especialmente os mantos de gelo da Ant\u00e1rtida, que possuem \u00e1gua suficiente para elevar o n\u00edvel do mar em 58 m.<\/p>\n\n\n\n

Bilh\u00f5es de toneladas de gelo ant\u00e1rtico j\u00e1 caem no mar a cada ano, mas contribuem apenas com uma pequena fra\u00e7\u00e3o, cerca de 10%, do aumento total do n\u00edvel do mar. A maior parte da alta vem da expans\u00e3o da \u00e1gua do mar \u00e0 medida que se aquece, das geleiras das montanhas, e do derretimento do gelo da Groenl\u00e2ndia, que provavelmente acelerar\u00e1 no final do s\u00e9culo.<\/p>\n\n\n\n

Em algum momento no futuro, a Ant\u00e1rtida tamb\u00e9m come\u00e7ar\u00e1 a descarregar muito mais derretimento no oceano. A quest\u00e3o \u00e9 se essa mudan\u00e7a levar\u00e1 s\u00e9culos para acontecer, remodelando lentamente os litorais para que as comunidades possam se adaptar, ou se acontecer\u00e1 mais r\u00e1pido.<\/p>\n\n\n\n

Mas a din\u00e2mica das plataformas de gelo e geleiras s\u00e3o terrivelmente dif\u00edceis de prever, especialmente porque o aquecimento dessa velocidade e magnitude \u00e9 sem precedentes durante a era da observa\u00e7\u00e3o humana. \u201cProvavelmente n\u00e3o vamos saber com certeza nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas\u201d, reflete Bob Kopp, especialista em eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar na Universidade Rutgers.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, ele e outros cientistas temem que a Ant\u00e1rtida Ocidental possa atravessar um ponto de inflex\u00e3o al\u00e9m do qual a perda acelerada de gelo maci\u00e7o se torne inevit\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Ciclo vicioso amea\u00e7a Thwaites <\/h3>\n\n\n\n

Um lugar que eles est\u00e3o observando muito de perto para identificar sinais de cat\u00e1strofe \u00e9 a geleira Thwaites, que j\u00e1 \u00e9 respons\u00e1vel por 4% do aumento global do n\u00edvel do mar.<\/p>\n\n\n\n

Ao contr\u00e1rio da maioria das camadas de gelo na Groenl\u00e2ndia e na Ant\u00e1rtida Oriental, a maior parte das camadas da Ant\u00e1rtida Ocidental est\u00e3o em rochas que ficam abaixo do n\u00edvel do mar. O gelo, com quase dois quil\u00f4metros de espessura em alguns lugares, transborda uma bacia profunda, da qual apenas a borda se eleva acima do n\u00edvel atual do mar. Al\u00e9m dessa borda, o gelo encontra o oceano na \u201czona de aterramento\u201d \u2013 uma parede subaqu\u00e1tica gigante que sobe do fundo do mar. Na superf\u00edcie, o gelo continua para o mar como uma plataforma flutuante, como se fosse o chap\u00e9u de um cogumelo.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 medida que o ar quente e a \u00e1gua do mar derretem o gelo, a linha de aterramento recua. Um momento assustador vir\u00e1 quando ele se retrair para al\u00e9m da borda da bacia rochosa; a partir desse ponto, a base cai em dire\u00e7\u00e3o ao interior da Ant\u00e1rtida.<\/p>\n\n\n\n

Qualquer outro recuo apenas tornar\u00e1 a parede de gelo subaqu\u00e1tica mais alta, expondo mais gelo \u00e0 \u00e1gua, que pode ent\u00e3o derret\u00ea-la mais rapidamente, o que empurra o aterramento ainda mais para tr\u00e1s \u2013 um ciclo vicioso de retra\u00e7\u00e3o. O termo t\u00e9cnico para este efeito \u00e9 \u201cinstabilidade do manto de gelo marinho\u201d, ou Misi, na sigla em ingl\u00eas.<\/p>\n\n\n\n

Na Geleira Thwaites, a linha de aterramento j\u00e1 est\u00e1 bem perto da borda da tigela.<\/p>\n\n\n\n

Mas h\u00e1 outro risco que poderia acelerar o fim do gelo, que os cientistas reconheceram pela primeira vez apenas alguns anos atr\u00e1s. Chama-se “instabilidade do penhasco de gelo marinho”, ou Mici, na sigla em ingl\u00eas.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 medida que uma geleira perde sua plataforma de gelo, sua parte frontal se torna um penhasco de gelo alto e vertical que se estende do fundo do mar acima da superf\u00edcie. \u00c9 prov\u00e1vel que um penhasco t\u00e3o nu seja fundamentalmente inst\u00e1vel, \u201ccomo um castelo de areia\u201d, compara Jeremy Bassis, da Universidade de Michigan. Isso porque h\u00e1 um limite f\u00edsico al\u00e9m do qual o material \u2013 areia ou gelo \u2013 n\u00e3o pode mais se sustentar.<\/p>\n\n\n\n

Em 2012, Bassis e Catherine Walker sugeriram que, se as fal\u00e9sias de gelo ficarem mais altas do que cerca de 1 mil metros \u2013 uma possibilidade muito real na Bacia de Thwaites \u2013, elas poderiam come\u00e7ar a entrar em colapso catastr\u00f3fico, acelerando a retirada e expondo penhascos de gelo cada vez mais altos, e assim por diante. Seria como a instabilidade da plataforma de gelo marinha, s\u00f3 que com esteroides!<\/p>\n\n\n\n

Quando outros cientistas adicionaram esse processo em seus modelos da camada de gelo, eles encontraram algo chocante. Em um estudo de 2016, uma equipe mostrou que, no pior cen\u00e1rio de emiss\u00f5es, quase todo o manto de gelo da Ant\u00e1rtida Ocidental poderia se perder dentro de 500 anos. Em 2100, o derretimento da regi\u00e3o poderia adicionar mais 2,6 m aos mares do mundo.<\/p>\n\n\n\n

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A plataforma de gelo Conger, na Ant\u00e1rtida Oriental, quebrou recentemente durante um inesperado aumento da temperatura durante o ver\u00e3o austral. Ela vinha se desintegrando lentamente ano ap\u00f3s ano, mas de repente colapsou dep\u00f3is das temperaturas superarem os 21\u00a0\u00baC acima do normal (at\u00e9 atingir os ainda frios -12 \u00baC).
FOTO DE\u00a0NASA VIA AP<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Desde ent\u00e3o, estudos mais detalhados t\u00eam revertido um pouco desse, principalmente ao descobrir que, quando as fal\u00e9sias de gelo ficam muito altas, elas podem cair em vez de entrar em colapso. Isso diminui consideravelmente a perda de gelo, reduzindo a contribui\u00e7\u00e3o da Ant\u00e1rtida Ocidental para o aumento do n\u00edvel do mar para 33 cent\u00edmetros extras at\u00e9 2100. Poderia at\u00e9 ser substancialmente menor \u2013 apenas alguns cent\u00edmetros \u2013 se as emiss\u00f5es forem cortadas imediatamente.<\/p>\n\n\n\n

O primeiro sinal: uma plataforma de gelo em colapso<\/h3>\n\n\n\n

O primeiro passo na desintegra\u00e7\u00e3o da geleira Thwaites \u00e9 a desintegra\u00e7\u00e3o de suas plataformas de gelo protetoras, que a abastecem e retardam seu inexor\u00e1vel deslizamento para o mar. Elas j\u00e1 desapareceram ao longo de dois ter\u00e7os da costa da geleira, que tem 120 km de comprimento. Nesses lugares, o gelo flui tr\u00eas vezes mais r\u00e1pido.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 por isso que Erin Pettit ficou t\u00e3o atordoada no ano passado, quando viu as rachaduras cortando a plataforma de gelo perto de seu acampamento, no \u00faltimo trecho de mais de 40 km.<\/p>\n\n\n\n

Essa plataforma \u00e9 mantida no lugar por uma conex\u00e3o t\u00eanue com uma cordilheira no fundo do oceano, que \u00e9 alta o suficiente para encostar na base da plataforma de gelo. Mas, nesta temporada, Pettit e seus colegas descobriram que a plataforma de gelo n\u00e3o estava mais tocando o cume da cordilheira \u2013 e estava come\u00e7ando a se desfazer mais r\u00e1pido do que poderiam imaginar.<\/p>\n\n\n\n

Esta parte da plataforma de gelo, explica Pettit, \u00e9 atingida por quebras finas que mal se sustentam. \u201c\u00c9 prov\u00e1vel que se quebre em centenas de icebergs, assim como se quebraria a janela de um carro\u201d, compara ela. Essa desintegra\u00e7\u00e3o \u00e9 prov\u00e1vel dentro de uma d\u00e9cada e talvez daqui a tr\u00eas anos.<\/p>\n\n\n\n

Isso n\u00e3o vai aumentar o n\u00edvel do mar porque a plataforma de gelo j\u00e1 est\u00e1 flutuando; j\u00e1 est\u00e1 no oceano. Mas quanto mais r\u00e1pido a geleira por tr\u00e1s dela derramar mais gelo no mar, mais r\u00e1pido o n\u00edvel dos oceanos subir\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

Quanto, qu\u00e3o r\u00e1pido?<\/h3>\n\n\n\n

A geometria da Ant\u00e1rtida Ocidental \u00e9 tal que se a geleira Thwaites colapsar, muito mais gelo a seguiria. \u00c9 bastante certo, por\u00e9m, que o Thwaites n\u00e3o ter\u00e1 muito efeito no n\u00edvel do mar antes de 2050, afirma Ben Hamlington, especialista em eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar no Laborat\u00f3rio de Propuls\u00e3o a Jato da Nasa e um dos autores do recente relat\u00f3rio de eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar dos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, acrescentou ele, as coisas ficam muito menos certas \u2013 por causa da complexa intera\u00e7\u00e3o entre plataformas de gelo, mantos de gelo, a forma da base e a incerteza sobre quanto mais carbono os humanos emitir\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Embora alguns processos que podem causar perdas r\u00e1pidas e dram\u00e1ticas de gelo possam come\u00e7ar nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas, \u00e9 improv\u00e1vel que seus efeitos completos se sintam at\u00e9 os anos 2100.<\/p>\n\n\n\n

Ainda n\u00e3o est\u00e1 claro se Thwaites cruzou o limiar da mudan\u00e7a irrevers\u00edvel, e um estudo recente sugere que ainda h\u00e1 tempo para evitar isso. Manter o aquecimento global a menos de 2\u00ba C \u2013 o objetivo do Acordo de Paris, e ainda tecnicamente poss\u00edvel \u2013 deve ser suficiente para evitar, pelo menos dramaticamente, o decl\u00ednio de Thwaites e muitas outras geleiras ant\u00e1rticas, diz o estudo. O planeta j\u00e1 aqueceu 1,1\u00b0C.<\/p>\n\n\n\n

A instabilidade do manto de gelo da Ant\u00e1rtida Ocidental \u00e9, em ess\u00eancia, um ponto de inflex\u00e3o: se o atravessarmos, h\u00e1 pouca esperan\u00e7a de retorno. Um aquecimento sustentado de mais de 3\u00baC, por exemplo, poderia manter a Terra em um n\u00edvel do mar de 6 a 12 metros maior do que hoje por at\u00e9 1000 anos.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo que no futuro se tornasse poss\u00edvel remover di\u00f3xido de carbono suficiente da atmosfera para trazer as temperaturas de volta para baixo, as camadas de gelo provavelmente seriam irrecuper\u00e1veis: elas s\u00e3o muito mais dif\u00edceis de crescer do que quebrar.<\/p>\n\n\n\n

\u201cJ\u00e1 estamos vendo muito mais recuo do que pode voltar a crescer em uma vida humana\u201d, lamenta Wellner.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Tudo o que a cientista Erin Pettit podia ver quando olhou para as fotos de sat\u00e9lite da plataforma de gelo em frente \u00e0 geleira Thwaites, na Ant\u00e1rtida Ocidental, foi a rachadura gigante que se estendia pela maior parte da imagem. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":177168,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[595,2112,1912],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177167"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=177167"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177167\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":177171,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177167\/revisions\/177171"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/177168"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=177167"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=177167"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=177167"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}