{"id":177172,"date":"2022-04-01T19:07:36","date_gmt":"2022-04-01T22:07:36","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177172"},"modified":"2022-04-01T19:07:43","modified_gmt":"2022-04-01T22:07:43","slug":"visitamos-o-veleiro-noruegues-que-usa-ciencia-de-ponta-em-prol-dos-oceanos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/04\/01\/177172-visitamos-o-veleiro-noruegues-que-usa-ciencia-de-ponta-em-prol-dos-oceanos.html","title":{"rendered":"Visitamos o veleiro noruegu\u00eas que usa ci\u00eancia de ponta em prol dos oceanos"},"content":{"rendered":"\n
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Veleiro noruegu\u00eas Statsraad Lehmkuhl tem 108 anos (Foto: Ole-Morten Alger\u00f8y)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Qual a situa\u00e7\u00e3o atual dos oceanos? \u00c9 a pergunta a que a\u00a0One Ocean Expedition\u00a0busca responder. A bordo do veleiro centen\u00e1rio Statsraad Lehmkuhl, a tripula\u00e7\u00e3o norueguesa pretende pesquisar, ao longo de 20 meses de circunavega\u00e7\u00e3o, os n\u00edveis de\u00a0CO2, a presen\u00e7a de\u00a0micropl\u00e1sticos\u00a0e a\u00a0biodiversidade\u00a0marinha. No \u00faltimo dia 23 de fevereiro, o veleiro atracou no P\u00eder Mau\u00e1, no\u00a0Rio de Janeiro, para uma parada de tr\u00eas dias no Brasil, durante os quais promoveu palestras sobre a tem\u00e1tica do desenvolvimento sustent\u00e1vel dos oceanos.<\/p>\n\n\n\n

A iniciativa n\u00e3o \u00e9 por acaso: estamos oficialmente na\u00a0D\u00e9cada da Ci\u00eancia Oce\u00e2nica. Declarada pelas Na\u00e7\u00f5es Unidas em 2017, a agenda que vai de 2021 a 2030 tem como objetivo fomentar o desenvolvimento sustent\u00e1vel dos oceanos com base na\u00a0ci\u00eancia. Com 361 milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados, 3600 metros de profundidade e 1,3 bilh\u00e3o de quil\u00f4metros c\u00fabicos, eles ocupam cerca de 70% da superf\u00edcie terrestre. Ainda assim, voc\u00ea provavelmente j\u00e1 ouviu falar que conhecemos mais sobre o\u00a0espa\u00e7o\u00a0do que essa imensa camada de\u00a0\u00e1gua\u00a0do nosso pr\u00f3prio planeta. \u00c9 verdade: as estimativas variam, mas costumam apontar que somente 10% das regi\u00f5es oce\u00e2nicas foram exploradas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEssa circunavega\u00e7\u00e3o tem como objetivo contribuir com a D\u00e9cada em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 produ\u00e7\u00e3o e divulga\u00e7\u00e3o do conhecimento, uma vez que ainda temos enormes lacunas em rela\u00e7\u00e3o ao\u00a0oceano\u201d, explica o bi\u00f3logo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanogr\u00e1fico da Universidade de S\u00e3o Paulo (IO-USP) e coordenador da C\u00e1tedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano. \u201cMas \u00e9 importante destacar que o oceano est\u00e1 doente, s\u00f3 n\u00e3o sabemos o quanto.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Para tentar determinar a extens\u00e3o do problema, a embarca\u00e7\u00e3o de 98 metros de comprimento e 108 anos de\u00a0hist\u00f3ria\u00a0foi convertida em uma verdadeira universidade aqu\u00e1tica. \u201cN\u00f3s escondemos o equipamento para manter a apar\u00eancia original e majestosa do veleiro\u201d, afirma o capit\u00e3o do Statsraad Lehmkuhl, Marcus A. Seidl. \u201cEssa expedi\u00e7\u00e3o tem um simbolismo muito grande, por ser um barco com mais de\u00a0100 anos\u00a0a gente pode dizer que o casco viu um oceano muito diferente daquele que a gente tem hoje; um oceano que a gente n\u00e3o tem mais\u201d, completa Turra.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo \u00e9 conduzir pesquisas com diferentes tem\u00e1ticas: identificar a presen\u00e7a e extens\u00e3o de micropl\u00e1sticos ao longo do trajeto; compreender a intera\u00e7\u00e3o do oceano com a\u00a0atmosfera, verificando como o CO2 se dissolve na \u00e1gua; avaliar a biodiversidade; registrar a presen\u00e7a e comportamento dos\u00a0animais marinhos com base na ac\u00fastica; e contribuir para o mapeamento do fundo do mar.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisa de ponta<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A miss\u00e3o \u00e9 ambiciosa. Segundo o especialista da USP, um dos principais gargalos para se fazer pesquisa oceanogr\u00e1fica s\u00e3o os custos de constru\u00e7\u00e3o, manuten\u00e7\u00e3o e opera\u00e7\u00e3o. Al\u00e9m das embarca\u00e7\u00f5es, equipamentos acoplados, como sondas que registram a topografia do\u00a0fundo do mar, podem custar mais de R$ 1 milh\u00e3o. Isso sem contar o treinamento de equipes que n\u00e3o s\u00f3 saibam operar tais ferramentas, mas tamb\u00e9m ler os dados que elas fornecem.<\/p>\n\n\n\n

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Ao longo de 20 meses de circunavega\u00e7\u00e3o, pesquisadores noruegueses v\u00e3o investigar os n\u00edveis de CO2 nos oceanos, a presen\u00e7a de micropl\u00e1sticos e a biodiversidade marinha (Foto: Isak Okkenhaug)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Para a pesquisa dos micropl\u00e1sticos, por exemplo, uma bomba de \u00e1gua com dispositivo de filtra\u00e7\u00e3o para esses res\u00edduos microsc\u00f3picos foi instalada na tomada de \u00e1gua do mar. Depois de filtradas, as part\u00edculas retidas no filtro s\u00e3o submetidas a tratamentos em laborat\u00f3rios ultralimpos, para ent\u00e3o passarem por uma caracteriza\u00e7\u00e3o qu\u00edmica. Mesmo aquelas com no m\u00e1ximo 0,03 cent\u00edmetro, s\u00e3o analisadas usando a t\u00e9cnica de espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), m\u00e9todo com o qual \u00e9 poss\u00edvel determinar a estrutura e composi\u00e7\u00e3o de mol\u00e9culas com base nas frequ\u00eancias de vibra\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Conhecer a composi\u00e7\u00e3o desses pol\u00edmeros \u00e9 importante para entender, entre outros fatores, a distribui\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica dos diferentes micropl\u00e1sticos e modelar a trajet\u00f3ria que os materiais percorrem com base em correntes oce\u00e2nicas.<\/p>\n\n\n\n

Outro equipamento de ponta a bordo do Statsraad Lehmkuhl \u00e9 a ecossonda de banda larga Kongsberg Maritime EK80. Ela coleta continuamente dados da quilha at\u00e9 1000 metros abaixo do\u00a0navio, revelando a densidade e o comportamento de\u00a0peixes\u00a0e zoopl\u00e2ncton nos locais por onde a embarca\u00e7\u00e3o passa.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo \u00e9 conhecer a distribui\u00e7\u00e3o da camada mesopel\u00e1gica, que vai de 200 a 1000 metros de profundidade e \u00e9 uma das partes menos compreendidas do oceano, ainda que uma das mais relevantes. Nela, habitam organismos que s\u00e3o parte importante das cadeia alimentar e que transferem grandes quantidades de\u00a0carbono\u00a0da superf\u00edcie para o oceano profundo, contribuindo para o combate \u00e0s\u00a0mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

Todos os dados coletados pelo veleiro s\u00e3o abertos. \u201cN\u00e3o existe lado comercial disso\u201d, ressalta o capit\u00e3o da expedi\u00e7\u00e3o. \u201cN\u00f3s acreditamos que para que mudan\u00e7as aconte\u00e7am, o mais importante \u00e9 conhecimento.\u201d<\/p>\n\n\n\n

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Veleiro da Noruega usa ci\u00eancia de ponta em prol da D\u00e9cada da Ci\u00eancia Oce\u00e2nica (Foto: Hanna Tevik)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Na vis\u00e3o do especialista da USP, um dos resultados mais esperados \u00e9 ter uma caracteriza\u00e7\u00e3o de como est\u00e1 a\u00a0sa\u00fade\u00a0do oceano atualmente, para termos clareza do estrago que a atividade humana vem causando no bioma. \u201cExiste uma crescente de entendimento da import\u00e2ncia do oceano no funcionamento do planeta\u201d, observa Turra. \u201cIniciativas como essa s\u00e3o fundamentais, porque o conhecimento contribui para podermos utilizar os servi\u00e7os oce\u00e2nicos de forma sustent\u00e1vel e desenvolver inova\u00e7\u00f5es tecnol\u00f3gicas, mas tamb\u00e9m ajudam a compreender como o\u00a0clima\u00a0vai mudar, pois ele depende fortemente dos oceanos.”<\/p>\n\n\n\n

O papel do Brasil<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Embora a\u00a0Noruega\u00a0seja uma das principais protagonistas no movimento pela busca da sustentabilidade do oceano, o\u00a0Brasil\u00a0tamb\u00e9m tem papel de destaque. \u201cTemos um hist\u00f3rico de rela\u00e7\u00f5es internacionais muito grande quando o assunto \u00e9 ci\u00eancia oce\u00e2nica\u201d, afirma Turra. Segundo o especialista, o pa\u00eds tem sob sua jurisdi\u00e7\u00e3o 5,7 milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados de oceano, dois ter\u00e7os do territ\u00f3rio que ocupa em terra. \u00c9 uma \u00e1rea t\u00e3o grande que foi apelidada de\u00a0Amaz\u00f4nia\u00a0Azul, tamanha a biodiversidade e potencial de gera\u00e7\u00e3o de riquezas \u2014 da pesca a recursos como minerais, petr\u00f3leo e aproveitamento de energia maremotriz.<\/p>\n\n\n\n

Nesta D\u00e9cada da Ci\u00eancia Oce\u00e2nica, uma das iniciativas encabe\u00e7adas pelo pa\u00eds \u00e9 a Voz dos Oceanos, liderada pela fam\u00edlia Schurmann. Com apoio do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), a expedi\u00e7\u00e3o que come\u00e7ou em agosto de 2021 vai documentar a presen\u00e7a de\u00a0lixo\u00a0pl\u00e1stico nos oceanos.<\/p>\n\n\n\n

A bordo do veleiro Kat, que tem um quarto do tamanho do Statsraad Lehmkuhl, a tripula\u00e7\u00e3o vai navegar durante dois anos por toda a costa brasileira, seguir pelas ilhas do\u00a0Caribe, a costa dos Estados Unidos,\u00a0Gal\u00e1pagos\u00a0e Polin\u00e9sia at\u00e9 chegar \u00e0\u00a0Nova Zel\u00e2ndia.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO Brasil tem uma posi\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica de lideran\u00e7a especialmente no\u00a0Atl\u00e2ntico Sul, conduzindo importantes programas de pesquisa e dialogando com pa\u00edses do continente americano e africano. E sempre esteve muito aberto \u00e0 colabora\u00e7\u00e3o com outros pa\u00edses, de forma bilateral ou n\u00e3o\u201d, opina Turra. \u201cA vinda desse veleiro [o Statsraad Lehmkuhl<\/em>] \u00e9 um exemplo de como o Brasil tem se posicionado. O pa\u00eds deu passagem, boas-vindas e levou mensagens auspiciosas para que essa embarca\u00e7\u00e3o possa seguir seu curso e cumprir sua miss\u00e3o.\u201d Afinal, lembra o especialista, embora por\u00e7\u00f5es de oceano estejam sob jurisdi\u00e7\u00e3o de determinados pa\u00edses, os efeitos da a\u00e7\u00e3o humana s\u00e3o sentidos por todos.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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