{"id":177235,"date":"2022-04-14T16:44:05","date_gmt":"2022-04-14T19:44:05","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177235"},"modified":"2022-04-14T16:44:10","modified_gmt":"2022-04-14T19:44:10","slug":"afetados-pela-vale-cobram-posicionamento-de-bancos-alemaes","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/04\/14\/177235-afetados-pela-vale-cobram-posicionamento-de-bancos-alemaes.html","title":{"rendered":"Afetados pela Vale cobram posicionamento de bancos alem\u00e3es"},"content":{"rendered":"\n
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Pela primeira vez, porta-vozes de comunidades no Brasil afetadas por atividades da Vale viajaram \u00e0 Europa para discutir com institui\u00e7\u00f5es financeiras sobre investimentos na mineradora que contradizem compromissos socioambientais adotados por bancos estrangeiros.<\/p>\n\n\n\n

Uma das principais vozes em busca de repara\u00e7\u00e3o ap\u00f3s o\u00a0rompimento da barragem da Vale\u00a0em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, o\u00a0bispo\u00a0Dom Vicente de Paula se encontrou na \u00faltima semana de mar\u00e7o com representantes de bancos e investidores na Alemanha. \u00c0 DW Brasil, ele relatou que o grupo de brasileiros pediu cortes de investimentos dos bancos em empresas\u00a0acusadas de viola\u00e7\u00f5es de direitos humanos e ambientais, como a Vale.<\/p>\n\n\n\n

“Tr\u00eas anos depois do rompimento da barragem, temos 270 mortes e seis pessoas ainda n\u00e3o encontradas na lama. H\u00e1 uma bacia hidrogr\u00e1fica totalmente destru\u00edda, uma comunidade afetada por doen\u00e7as decorrentes da contamina\u00e7\u00e3o por min\u00e9rios, al\u00e9m de totalmente atingida pelo luto e pela dor”, ressaltou o bispo.<\/p>\n\n\n\n

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Bispo Dom Vicente: “Tr\u00eas anos depois do rompimento da barragem em brumadinho, h\u00e1 uma comunidade afetada por doen\u00e7as decorrentes da contamina\u00e7\u00e3o por min\u00e9rios, al\u00e9m de totalmente atingida pelo luto e pela dor”<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ao lado de Dom Vicente de Paula, Larissa Santos, da organiza\u00e7\u00e3o Justi\u00e7a nos Trilhos, tamb\u00e9m relatou na Alemanha que a comunidade Piqui\u00e1 de Baixo, no Maranh\u00e3o, sofre os impactos ambientais da minera\u00e7\u00e3o causados pela Estrada de Ferro de Caraj\u00e1s e dos projetos de siderurgia da Vale. Na localidade, os \u00edndices de polui\u00e7\u00e3o do ar decorrentes da atividade sider\u00fargica ultrapassam os permitidos pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS).<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m dos casos de Piqui\u00e1 de Baixo e Brumadinho, a\u00a0trag\u00e9dia de Mariana, em 2015, foi lembrada pelo grupo que esteve na Alemanha como grande desastre ambiental ligado \u00e0 Vale.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Dom Vicente, nenhum dos bancos com quem os l\u00edderes comunit\u00e1rios se reuniram na Alemanha sinalizou,\u00a0durante os encontros, uma proposta concreta para cortar os investimentos ou deixar de participar de fundos de mineradoras envolvidas em conflitos no Brasil. “Houve uma conversa positiva. Mas, em termos de resolu\u00e7\u00f5es concretas, nada foi confirmado”, diz o bispo.<\/p>\n\n\n\n

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Na Alemanha, Larissa Santos, da organiza\u00e7\u00e3o Justi\u00e7a nos Trilhos, relatou que\u00a0a comunidade Piqui\u00e1 de Baixo, no Maranh\u00e3o, sofre os impactos ambientais da minera\u00e7\u00e3o causados pela Estrada de Ferro de Caraj\u00e1s e dos projetos de siderurgia da Vale<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Princ\u00edpios para Responsabilidade Banc\u00e1ria da ONU<\/h2>\n\n\n\n

O grupo que viajou \u00e0 Europa \u00e9 composto por membros n\u00e3o apenas do Brasil, mas tamb\u00e9m de Col\u00f4mbia, Honduras e Equador. Os encontros com bancos alem\u00e3es foram promovidos pela campanha “Desinvestimento em Minera\u00e7\u00e3o”\u00a0junto \u00e0 Facing Finance, Rede Igrejas e Minera\u00e7\u00e3o e a organiza\u00e7\u00e3o cat\u00f3lica Misereor, em rea\u00e7\u00e3o a uma\u00a0reportagem da DW Brasil\u00a0de dezembro de 2021.<\/p>\n\n\n\n

A reportagem detalhou como v\u00e1rios bancos alem\u00e3es, apesar de terem assinado os chamados\u00a0Princ\u00edpios para Responsabilidade Banc\u00e1ria da ONU, em 2019, continuavam a investir em mineradoras envolvidas em conflitos. Um relat\u00f3rio de 2018 publicado pela ONG alem\u00e3 Facing Finance, reportou viola\u00e7\u00f5es espec\u00edficas de direitos humanos e ambientais cometidas pela Vale, Anglo American, Glencore, BHP, Rio Tinto, Barrick Gold, Eni, Gazprom, Goldcorp, Grupo M\u00e9xico.<\/p>\n\n\n\n

As diretrizes da ONU assinadas em 2019 por centenas de bancos, entre eles o Deutsche Bank, por exemplo, preveem que estes fa\u00e7am dilig\u00eancias adequadas e apurem informa\u00e7\u00f5es sobre conflitos socioambientais em que seus clientes estejam envolvidos. Mas n\u00e3o implicam a responsabiliza\u00e7\u00e3o legal dessas institui\u00e7\u00f5es por eventuais crimes ambientais cometidos pelos clientes \u2013 algo que organiza\u00e7\u00f5es de direitos humanos e ativistas cobram h\u00e1 d\u00e9cadas.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 verdade tamb\u00e9m que os Princ\u00edpios para Responsabilidade Banc\u00e1ria da ONU n\u00e3o obrigam as institui\u00e7\u00f5es financeiras a cortar cr\u00e9ditos ou deixar de participar de fundos de investimentos. Por isso, muitas delas mant\u00eam rela\u00e7\u00f5es financeiras com organiza\u00e7\u00f5es acusadas \u2013 h\u00e1 d\u00e9cadas \u2013 de crimes ambientais.<\/p>\n\n\n\n

O problema \u00e9 que muitas institui\u00e7\u00f5es financeiras vendem uma imagem de “sustentabilidade socioambiental” que n\u00e3o condiz com seus investimentos. Para Guilherme Cavalli, coordenador da campanha “Desinvestimento em Minera\u00e7\u00e3o\u201d e organizador do encontro entre l\u00edderes comunit\u00e1rios e bancos alem\u00e3es “\u00e9 lament\u00e1vel a falta de consci\u00eancia de muitos investidores que continuam presentes, por exemplo, nos fundos dessas empresas”.<\/p>\n\n\n\n

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Atividades da Vale em Piqui\u00e1 de Baixo, no Maranh\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O que dizem os bancos<\/h2>\n\n\n\n

No encontro com as lideran\u00e7as brasileiras na Alemanha ocorrido em mar\u00e7o, estiveram presentes o banco Deutsche Bank, al\u00e9m do Union Investment e DZ Bank. Segundo um levantamento de 2022 da Facing Finance, os dois \u00faltimos n\u00e3o aparecem como investidores da Vale, mas, sim, da mineradora Anglo American, que tamb\u00e9m \u00e9 acusada de viola\u00e7\u00f5es em pa\u00edses latino-americanos.<\/p>\n\n\n\n

Especificamente sobre Brumadinho e Piqui\u00e1 de Baixo, o Union Investment, bra\u00e7o de investimentos do DZ Bank Group, disse \u00e0 DW Brasil que cortou a Vale do seu portf\u00f3lio de clientes, ap\u00f3s “respostas insuficientes da mineradora” na sequ\u00eancia do acidente do rompimento da barragem em 2019.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o DZ Bank, que \u00e9 signat\u00e1rio dos princ\u00edpios da ONU, disse que n\u00e3o comentaria rela\u00e7\u00f5es individuais com seus clientes.<\/p>\n\n\n\n

Dados pesquisados pela Facing Finance em janeiro de 2022 mostram que tr\u00eas institui\u00e7\u00f5es financeiras alem\u00e3s investiram na mineradora Vale. O Deutsche Bank, tamb\u00e9m por meio da sua Asset Manager DWS, teria investido cerca de 69 milh\u00f5es de euros na empresa. O Allianz e seus grupos 369 milh\u00f5es de euros, e o Deka, 24 milh\u00f5es de euros. <\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, a Vale ainda mant\u00e9m barragens em risco. Algumas delas, s\u00e3o maiores que a de Brumadinho. Atualmente, existem 41 barragens de minera\u00e7\u00e3o em situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia em todo o Brasil. A maioria delas – incluindo as tr\u00eas barragens mineiras classificadas como de maior risco – s\u00e3o da Vale. Os dados s\u00e3o do relat\u00f3rio mensal da Ag\u00eancia Nacional de Minera\u00e7\u00e3o, referentes a mar\u00e7o.<\/p>\n\n\n\n

A DW Brasil entrou em contato com o Deutsche Bank, o Allianz e o Deka para questionar se t\u00eam conhecimento de que a Vale mant\u00e9m barragens em situa\u00e7\u00e3o de risco e o que eles t\u00eam feito para que seus investimentos na empresa estejam vinculados a projetos que sigam as melhores pr\u00e1ticas socioambientais, de acordo com os princ\u00edpios da ONU.<\/p>\n\n\n\n

O Deutsche Bank, signat\u00e1rio dos princ\u00edpios da ONU, n\u00e3o deu uma resposta concreta sobre continuidade de investimentos apesar das barragens em risco da mineradora, por\u00e9m afirmou que o encontro com l\u00edderes comunit\u00e1rios de Brumadinho e Piqui\u00e1 de Baixo “\u00e9 um dos exemplos do seu engajamento cont\u00ednuo com representantes da sociedade civil”.<\/p>\n\n\n\n

O grupo Allianz, <\/strong>que n\u00e3o se reuniu com as lideran\u00e7as comunit\u00e1rias na Alemanha, n\u00e3o respondeu aos questionamentos da DW Brasil e n\u00e3o esclareceu se \u00e9 signat\u00e1rio dos pr\u00edncipios da ONU.<\/p>\n\n\n\n

O Deka, que tamb\u00e9m n\u00e3o esteve no encontro, diferenciou os seus portf\u00f3lios de investimentos. Disse que no \u00e2mbito do portf\u00f3lio de Governan\u00e7a Ambiental, Social e Corporativa (ESG) n\u00e3o investe na mineradora, pois “a Vale \u00e9 classificada como n\u00e3o invest\u00edvel devido a quest\u00f5es ambientais e sociais”. Por\u00e9m, nos seus “portf\u00f3lios n\u00e3o sustent\u00e1veis”, mant\u00e9m “algumas posi\u00e7\u00f5es muito pequenas”. Por ser uma empresa de gest\u00e3o de fundos, o Deka n\u00e3o \u00e9 signat\u00e1rio dos Princ\u00edpios para Responsabilidade Banc\u00e1ria, mas dos Princ\u00edpios para Investimentos Respons\u00e1veis da ONU.<\/p>\n\n\n\n

T\u00dcV S\u00fcd<\/h2>\n\n\n\n

O caso de Brumadinho n\u00e3o se restringe \u00e0 Vale, mineradora brasileira que quadriplicou seu lucro nos \u00faltimos anos. Ap\u00f3s concluir a segunda fase de investiga\u00e7\u00f5es, em novembro passado, a\u00a0Pol\u00edcia Federal indiciou 19 pessoas, a Vale e a empresa respons\u00e1vel pela auditoria da barragem, a\u00a0T\u00dcV S\u00fcd, pelo rompimento da barragem.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a ONG Facing Finance, as institui\u00e7\u00f5es Deutsche Bank, Landesbank Baden-Wurttemberg, UniCredit SpA, Commerzbank AG e HSBC Holdings PLC (UK) concederam juntas em 2021 um empr\u00e9stimo no valor de 300 milh\u00f5es de euros \u00e0 T\u00dcV S\u00fcd, empresa que \u00e9 acusada de ter falsificado a certifica\u00e7\u00e3o da barragem de minera\u00e7\u00e3o de Brumadinho pouco antes do desastre.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o h\u00e1 nada ilegal em conceder cr\u00e9ditos \u00e0 T\u00dcV S\u00fcd. Mas nenhuma das institui\u00e7\u00f5es financeiras mencionadas respondeu concretamente \u00e0 pergunta da DW Brasil sobre como trabalharam em conjunto com os seus clientes \u2013 alegadamente tamb\u00e9m a certificadora alem\u00e3 \u2013 para garantir os padr\u00f5es de responsabilidade ambiental, segundo preveem os princ\u00edpios para investimentos socialmente respons\u00e1veis da ONU.<\/p>\n\n\n\n

Diante da gravidade dos problemas enfrentados, os casos de Brumadinho e Piqui\u00e1 de Baixo tamb\u00e9m foram denunciados pelos l\u00edderes comunit\u00e1rios brasileiros na \u00faltima quinta-feira (07\/04) \u00e0 representa\u00e7\u00e3o francesa da Organiza\u00e7\u00e3o para a Coopera\u00e7\u00e3o e Desenvolvimento Econ\u00f4mico (OCDE). Eles denunciaram o governo brasileiro, mas apontam que se bancos cortassem investimentos em empresas acusadas de violar direitos humanos e ambientais, muitos projetos controversos n\u00e3o sairiam do papel.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Pela primeira vez, porta-vozes de comunidades no Brasil afetadas por atividades da Vale viajaram \u00e0 Europa para discutir com institui\u00e7\u00f5es financeiras sobre investimentos na mineradora. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":177236,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4029,3721,1733],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177235"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=177235"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177235\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":177240,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177235\/revisions\/177240"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/177236"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=177235"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=177235"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=177235"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}