{"id":177278,"date":"2022-04-22T17:30:48","date_gmt":"2022-04-22T20:30:48","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177278"},"modified":"2022-04-22T17:30:50","modified_gmt":"2022-04-22T20:30:50","slug":"o-que-sao-os-vulcoes-de-gelo-ultimo-misterio-de-plutao-que-intriga-os-astronomos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/04\/22\/177278-o-que-sao-os-vulcoes-de-gelo-ultimo-misterio-de-plutao-que-intriga-os-astronomos.html","title":{"rendered":"O que s\u00e3o os vulc\u00f5es de gelo, \u00faltimo mist\u00e9rio de Plut\u00e3o que intriga os astr\u00f4nomos"},"content":{"rendered":"\n
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A sonda New Horizons captou imagens mais precisas da superf\u00edcie de Plut\u00e3o, que agora est\u00e3o sendo analisadas pela Nasa – NASA\/JHUAPL\/SWRI<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Plut\u00e3o, o maior planeta an\u00e3o do Sistema Solar, acaba de ficar mais interessante depois que um relat\u00f3rio demonstrou que fluxos de lava congelada cobriram recentemente partes substanciais da sua superf\u00edcie.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

“Recentemente”, neste contexto, indica provavelmente n\u00e3o mais de um bilh\u00e3o de anos atr\u00e1s. \u00c9 claro que \u00e9 muito tempo \u2014 e n\u00e3o h\u00e1 indica\u00e7\u00f5es de que ainda haja vulc\u00f5es ativos \u2014 mas \u00e9 apenas um quarto da idade do Sistema Solar e ningu\u00e9m sabe como Plut\u00e3o gerou o calor necess\u00e1rio para alimentar essas erup\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Essa not\u00edcia, que chega cerca de sete anos depois que a sonda New Horizons, da Nasa, completou seu voo espetacular sobre Plut\u00e3o, em 14 de julho de 2015, deve-se \u00e0 an\u00e1lise das imagens e outros dados por uma equipe liderada pela cientista planet\u00e1ria Kelsi Singer, do Instituto de Pesquisas do Sudoeste em Boulder, no Colorado (Estados Unidos).<\/p>\n\n\n\n

A equipe de Singer chamou particularmente a aten\u00e7\u00e3o para um local montanhoso conhecido como monte Wright, que se eleva a 4-5 km acima da superf\u00edcie daquela regi\u00e3o. Sua base tem cerca de 150 km de di\u00e2metro e ele tem uma depress\u00e3o central (um buraco) com 40-50 km de largura, cujo piso fica pelo menos no mesmo n\u00edvel do terreno vizinho.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas afirmam que o monte Wright \u00e9 um vulc\u00e3o e menciona a falta de crateras de impacto como evid\u00eancia de que ele provavelmente n\u00e3o tem mais de 1-2 bilh\u00f5es de anos. Muitas outras regi\u00f5es de Plut\u00e3o j\u00e1 existem h\u00e1 tempo suficiente para acumular grandes quantidades de crateras de impacto, mas nenhum fluxo de lava congelada recente as cobriu.<\/p>\n\n\n\n

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New Horizons sobrevoou Plut\u00e3o em meados de 2015 – NASA<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em compara\u00e7\u00e3o com outros vulc\u00f5es, o Monte Wright \u00e9 grande. Seu volume \u00e9 de mais de 20 mil quil\u00f4metros c\u00fabicos. Embora esse volume seja consideravelmente menor que os maiores vulc\u00f5es de Marte, ele \u00e9 similar ao volume total do vulc\u00e3o Mauna Loa, no Hava\u00ed, e muito maior que o volume da sua parte acima do n\u00edvel do mar.<\/p>\n\n\n\n

Isso \u00e9 particularmente impressionante, considerando o pequeno tamanho de Plut\u00e3o, cujo di\u00e2metro \u00e9 de cerca de um ter\u00e7o do di\u00e2metro de Marte e um sexto da Terra.<\/p>\n\n\n\n

As caracter\u00edsticas do monte Wright<\/h2>\n\n\n\n

Na vista detalhada, observa-se que as encostas do Monte Wright e grande parte das suas vizinhan\u00e7as s\u00e3o repletas de eleva\u00e7\u00f5es com at\u00e9 1 km de altura e, em sua maioria, 6-12 km de di\u00e2metro.<\/p>\n\n\n\n

A equipe concluiu que essas eleva\u00e7\u00f5es s\u00e3o compostas principalmente de \u00e1gua congelada e n\u00e3o de gelo de nitrog\u00eanio ou metano, que cobre outras regi\u00f5es jovens de Plut\u00e3o. Os cientistas argumentam que isso \u00e9 consistente com a resist\u00eancia de material necess\u00e1ria para formar e conservar esses domos, mas reconhecem pequenos trechos de gelo de nitrog\u00eanio muito mais fraco, principalmente na depress\u00e3o central.<\/p>\n\n\n\n

As eleva\u00e7\u00f5es provavelmente foram criadas por algum tipo de vulcanismo de gelo, conhecido pelo termo t\u00e9cnico “criovulcanismo” \u2014 erup\u00e7\u00e3o de \u00e1gua congelada, em vez de rocha fundida. A densidade aparente de Plut\u00e3o demonstra que ele deve conter rocha no seu interior, mas suas regi\u00f5es externas s\u00e3o uma mistura de gelos (de \u00e1gua, metano, nitrog\u00eanio e, provavelmente, tamb\u00e9m am\u00f4nia e mon\u00f3xido de carbono, todos os quais possuem densidade de menos de um ter\u00e7o das rochas), da mesma forma que a crosta da Terra e de outros planetas rochosos \u00e9 uma mistura de diversos silicatos minerais.<\/p>\n\n\n\n

Com a temperatura bem abaixo de -200 \u00b0C na superf\u00edcie de Plut\u00e3o, o gelo composto de \u00e1gua congelada \u00e9 imensamente resistente. Ele pode formar \u2014 e, em Plut\u00e3o, realmente forma \u2014 montanhas \u00edngremes que durar\u00e3o pela eternidade sem deslizar pelas encostas como as geleiras da Terra, que \u00e9 muito menos fria e onde o gelo de \u00e1gua \u00e9 mais fraco.<\/p>\n\n\n\n

Como o gelo se funde?<\/h2>\n\n\n\n

\u00c9 claro que o gelo se funde sob temperaturas muito mais baixas que as rochas. E, quando h\u00e1 uma mistura de dois tipos de gelo, a fus\u00e3o pode come\u00e7ar em temperatura inferior que para qualquer um dos gelos puros isoladamente (o mesmo princ\u00edpio que se aplica \u00e0s rochas de silicato compostas de minerais diferentes).<\/p>\n\n\n\n

Isso torna a fus\u00e3o ainda mais f\u00e1cil. Mesmo assim, \u00e9 uma surpresa encontrar evid\u00eancias de erup\u00e7\u00f5es criovulc\u00e2nicas ricas em \u00e1gua relativamente jovens em Plut\u00e3o, pois n\u00e3o existe nenhuma fonte de calor conhecida para aliment\u00e1-las.<\/p>\n\n\n\n

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Mapa topogr\u00e1fico mostrando o Monte Wright em forma de anel na metade norte e o ainda maior Monte Piccard na metade sul – NASA\/UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Existe muito pouca margem para que o interior de Plut\u00e3o seja aquecido por for\u00e7as de mar\u00e9 (o efeito gravitacional entre os corpos em \u00f3rbita, como uma lua e um planeta), as mesmas que aquecem o interior de algumas luas de J\u00fapiter e Saturno. E a quantidade de rochas no interior de Plut\u00e3o n\u00e3o \u00e9 suficiente para produzir muito calor por radioatividade.<\/p>\n\n\n\n

Singer e seus colegas especulam que Plut\u00e3o tenha, de alguma forma, mantido o calor do seu nascimento, que n\u00e3o conseguiu sair por muito tempo ao longo da sua hist\u00f3ria. Isso seria consistente com o fato de Plut\u00e3o ter um oceano interno profundo com \u00e1gua l\u00edquida, como indicaram outras evid\u00eancias.<\/p>\n\n\n\n

Se as sali\u00eancias das quais foi constru\u00eddo o monte Wright realmente representarem erup\u00e7\u00f5es de \u00e1gua congelada, esse material certamente n\u00e3o estava fluindo livremente como \u00e1gua l\u00edquida, mas deve ter sido algum tipo de “mingau” viscoso rico em cristais, talvez com uma cobertura externa totalmente congelada, mas ainda flex\u00edvel, que confinou os derrames de fluido em sali\u00eancias em forma de c\u00fapula.<\/p>\n\n\n\n

Uma lacuna no argumento?<\/h2>\n\n\n\n

A equipe aponta a profundidade e o volume da depress\u00e3o central do monte Wright para descartar indica\u00e7\u00f5es anteriores de que se trataria de uma cratera vulc\u00e2nica (caldeira) ou que ela teria sido escavada por erup\u00e7\u00f5es explosivas. Na verdade, os cientistas a consideram um espa\u00e7o que, de alguma forma, escapou de ser coberto por sali\u00eancias das erup\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Tenho minhas d\u00favidas quanto a isso, pois existe um vulc\u00e3o ainda maior ao sul do monte Wright \u2014 o monte Piccard \u2014 que tamb\u00e9m possui uma grande depress\u00e3o central.<\/p>\n\n\n\n

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Monte Wright, nas imagens estudadas pela equipe da cientista planet\u00e1ria Kelsi Singer – NASA<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Acredito que seja muita coincid\u00eancia que haja dois vulc\u00f5es adjacentes, ambos com buracos acidentais no meio. Acho mais prov\u00e1vel que essas depress\u00f5es centrais sejam inerentes de alguma forma \u00e0 maneira como esses vulc\u00f5es cresceram ou entraram em erup\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Temos menos imagens do monte Piccard em compara\u00e7\u00e3o com o monte Wright porque, quando a New Horizons fez sua maior aproxima\u00e7\u00e3o, a rota\u00e7\u00e3o de Plut\u00e3o havia levado o monte Piccard para o lado escuro. O sobrevoo foi t\u00e3o r\u00e1pido que apenas o lado de Plut\u00e3o voltado para o Sol naquele momento certo p\u00f4de ser visto em detalhes.<\/p>\n\n\n\n

Mas a New Horizon conseguiu imagens do monte Piccard gra\u00e7as \u00e0 luz do Sol que sofreu fraca reflex\u00e3o sobre o solo, obscurecida na atmosfera de Plut\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Foi um feito not\u00e1vel, mas nos deixou querendo saber mais. Quais outros detalhes estar\u00e3o ocultos na outra metade de Plut\u00e3o, da qual n\u00e3o temos imagens?<\/p>\n\n\n\n

Provavelmente levaremos d\u00e9cadas para descobrir e poder aprender mais sobre como se formaram esses vulc\u00f5es gelados.<\/p>\n\n\n\n

*David Rothery \u00e9 professor de geoci\u00eancias planet\u00e1rias da Universidade Aberta, institui\u00e7\u00e3o de ensino \u00e0 dist\u00e2ncia do Reino Unido.<\/em><\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"