{"id":177310,"date":"2022-04-27T19:14:35","date_gmt":"2022-04-27T22:14:35","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177310"},"modified":"2022-04-27T19:14:38","modified_gmt":"2022-04-27T22:14:38","slug":"pterossauro-do-brasil-abala-teorias-sobre-evolucao-das-penas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/04\/27\/177310-pterossauro-do-brasil-abala-teorias-sobre-evolucao-das-penas.html","title":{"rendered":"Pterossauro do Brasil abala teorias sobre evolu\u00e7\u00e3o das penas"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Cr\u00e2nio fossilizado de r\u00e9ptil alado da Bacia do Araripe leva paleont\u00f3logos a reverem teorias sobre a plumagem de pterossauros, dinossauros e aves. Estruturas podem ter surgido 100 milh\u00f5es de anos antes do que se pensava.<\/p>\n\n\n\n

Um f\u00f3ssil origin\u00e1rio do Nordeste brasileiro proporcionou uma revela\u00e7\u00e3o paleontol\u00f3gica sensacional: os pterossauros que viveram centenas de milh\u00f5es de anos atr\u00e1s j\u00e1 tinham estruturas semelhantes a penas. Elas serviriam \u00e0 regula\u00e7\u00e3o da temperatura e \u00e0 comunica\u00e7\u00e3o visual, como ocorre nas aves modernas, segundo artigo<\/a> publicado nesta quarta-feira (20\/04) pela revista cient\u00edfica Nature<\/em><\/p>\n\n\n\n

Pterossauros s\u00e3o r\u00e9pteis alados extintos, parentes pr\u00f3ximos dos dinossauros. Juntamente com as aves, eles integravam o grupo taxon\u00f4mico Avemetatarsalia, que compartilha um ancestral evolutivo comum.<\/p>\n\n\n\n

O f\u00f3ssil em quest\u00e3o, com cerca de 113 milh\u00f5es de anos, era de parte do cr\u00e2nio de um Tupandactylus imperator, esp\u00e9cie caracterizada por uma enorme crista na cabe\u00e7a, composta de pele sobre ossos delgados e, neste caso, coberta por penas excepcionalmente bem preservadas.<\/p>\n\n\n\n

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Condi\u00e7\u00f5es geol\u00f3gicas do Araripe permitem f\u00f3sseis extremamente detalhados, muitas vezes levados ilegalmente do pa\u00eds<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Regula\u00e7\u00e3o t\u00e9rmica e comunica\u00e7\u00e3o visual<\/h2>\n\n\n\n

A conclus\u00e3o da equipe liderada pelos paleont\u00f3logos Pascal Godefroit, do Real Instituto de Ci\u00eancias Naturais da B\u00e9lgica, e Maria McNamara \u00e9 que as penas se desenvolveram j\u00e1 no antepassado comum dos dinossauros, p\u00e1ssaros e pterossauros, cerca de 250 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s. Ou seja: cerca de 100 milh\u00f5es de anos mais cedo do que se pensava.<\/p>\n\n\n\n

“Para mim, esses f\u00f3sseis fecham o assunto: pterossauros realmente tinham penas”, comentou \u00e0 NBC News<\/em> o professor de paleontologia Steve Brussate, da Universidade de Edimburgo, que revisou o estudo. “Penas n\u00e3o s\u00e3o s\u00f3 uma coisa das aves, nem mesmo s\u00f3 dos dinossauros, elas evolu\u00edram num passado bem mais remoto.”<\/p>\n\n\n\n

McNamara e Godefroit detectaram dois tipos de penas no Tupandactylus imperator, um deles de estrutura ramificada, como as das aves atuais. Suas dimens\u00f5es reduzidas e a aus\u00eancia de ramifica\u00e7\u00f5es secund\u00e1rias indicam que elas n\u00e3o tinham a fun\u00e7\u00e3o de auxiliar o voo, mas provavelmente ajudavam os r\u00e9pteis a manterem a temperatura interna.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, ao examinar as penas do r\u00e9ptil pr\u00e9-hist\u00f3rico sob um microsc\u00f3pio de el\u00e9trons de alta pot\u00eancia, os pesquisadores encontraram melanossomas, organelas produtoras do pigmento melanina, com formas variadas.<\/p>\n\n\n\n

Nas penas dos p\u00e1ssaros atuais, h\u00e1 uma correla\u00e7\u00e3o entre a forma dessas estruturas e a cor das penas. Portanto, al\u00e9m de confirmar os la\u00e7os gen\u00e9ticos entre as duas ordens animais, o achado sugere que os pterossauros possu\u00edam plumagem multicolorida, cuja fun\u00e7\u00e3o secund\u00e1ria seria comunicativa.<\/p>\n\n\n\n

“Uma das grandes quest\u00f5es \u00e9: por que as penas se desenvolveram, qual era sua fun\u00e7\u00e3o?”, comenta McNamara. “Acho que aqui temos ind\u00edcios realmente fortes de que a comunica\u00e7\u00e3o visual foi um fator importante em impulsionar a evolu\u00e7\u00e3o das penas.” Assim, \u00e9 poss\u00edvel que as cristas de alguns pterossauros transmitissem mensagens visual, como para atrair parceiros de acasalamento ou intimidar rivais.<\/p>\n\n\n\n

F\u00f3sseis brasileiros cobi\u00e7ados e contrabandeados<\/h2>\n\n\n\n

O f\u00f3ssil de Tupandactylus imperator, excelentemente preservado em quatro blocos de calc\u00e1rio, foi originalmente encontrado na Bacia do Araripe, entre os estados de Pernambuco, Cear\u00e1 e Piau\u00ed. Ele provavelmente deixou o Brasil de forma ilegal, mas foi repatriado em 2022 por meio de acordo entre o Real Instituto de Ci\u00eancias Naturais da B\u00e9lgica e o governo brasileiro.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o jornal Folha de S. Paulo<\/em>, a cobi\u00e7a pelos f\u00f3sseis do Araripe \u00e9 grande, pois as condi\u00e7\u00f5es geol\u00f3gicas da regi\u00e3o contribuem para preservar detalhes dos tecidos moles (m\u00fasculos, pele, vasos sangu\u00edneos) e outras estruturas, como penas.<\/p>\n\n\n\n

A paleont\u00f3loga Taissa Rodrigues, especialista em pterossauros da Universidade Federal do Esp\u00edrito Santo, comentou \u00e0\u00a0Folha de S. Paulo<\/em>: “Eu fui a um encontro acad\u00eamico alguns anos atr\u00e1s e vi o trabalho descrevendo essas estruturas ser apresentado. Na \u00e9poca, o esp\u00e9cime estava numa cole\u00e7\u00e3o estrangeira. Fico muito contente em ver que as pol\u00edticas das revistas especializadas, como a\u00a0Nature<\/em>, estejam resultando na repatria\u00e7\u00e3o de f\u00f3sseis brasileiros, como \u00e9 o caso desse Tupandactylus.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n\n\n\n

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