{"id":177620,"date":"2022-05-19T20:51:20","date_gmt":"2022-05-19T23:51:20","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177620"},"modified":"2022-05-19T20:51:27","modified_gmt":"2022-05-19T23:51:27","slug":"por-que-cerebro-dos-humanos-ha-3-mil-anos-era-maior-que-o-nosso","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/05\/19\/177620-por-que-cerebro-dos-humanos-ha-3-mil-anos-era-maior-que-o-nosso.html","title":{"rendered":"Por que c\u00e9rebro dos humanos h\u00e1 3 mil anos era maior que o nosso"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
O c\u00e9rebro humano atual \u00e9 menor que o dos nossos ancestrais<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Nossa civiliza\u00e7\u00e3o moderna pode ser a mais avan\u00e7ada que j\u00e1 existiu na Terra, mas nossos ancestrais tinham c\u00e9rebros maiores que os nossos cerca de 100 gera\u00e7\u00f5es atr\u00e1s.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Alguns milhares de anos atr\u00e1s, os seres humanos atingiram um marco na sua hist\u00f3ria, quando come\u00e7aram a surgir as primeiras civiliza\u00e7\u00f5es complexas conhecidas. Em muitos aspectos, as pessoas que andavam e se reuniam nas primeiras cidades do mundo teriam sido parecidas com os moradores das cidades atuais. Mas, daquela \u00e9poca at\u00e9 hoje, os c\u00e9rebros humanos se encolheram, ainda que levemente.<\/p>\n\n\n\n

O volume m\u00e9dio perdido seria mais ou menos equivalente a quatro bolas de t\u00eanis de mesa, segundo Jeremy DeSilva, antrop\u00f3logo da Faculdade Dartmouth, nos Estados Unidos. E, segundo an\u00e1lises de f\u00f3sseis cranianos publicadas por ele e seus colegas em 2021, essa redu\u00e7\u00e3o come\u00e7ou h\u00e1 apenas 3 mil anos.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 muito mais recente do que prev\u00edamos”, afirma DeSilva. “Esper\u00e1vamos algo mais pr\u00f3ximo de 30 mil anos.”<\/p>\n\n\n\n

A agricultura surgiu entre 5 e 10 mil anos atr\u00e1s, mas existem evid\u00eancias de que o cultivo de plantas pode ter come\u00e7ado at\u00e9 23 mil anos atr\u00e1s. E logo se seguiu a expans\u00e3o das civiliza\u00e7\u00f5es, repletas de arquitetura e m\u00e1quinas.<\/p>\n\n\n\n

A escrita surgiu inicialmente mais ou menos na mesma \u00e9poca. Mas por que, durante essa era de extraordin\u00e1rio desenvolvimento tecnol\u00f3gico, os c\u00e9rebros humanos come\u00e7aram a diminuir de tamanho?<\/p>\n\n\n\n

Essa pergunta tem deixado os pesquisadores co\u00e7ando a cabe\u00e7a. E tamb\u00e9m levanta quest\u00f5es sobre o que o tamanho do c\u00e9rebro realmente revela sobre a intelig\u00eancia dos animais ou sua capacidade cognitiva em geral.<\/p>\n\n\n\n

Os c\u00e9rebros dos animais<\/h2>\n\n\n\n

Muitas esp\u00e9cies t\u00eam c\u00e9rebros muito maiores que o nosso e, mesmo assim, sua intelig\u00eancia – da forma como a compreendemos – \u00e9 muito diferente. Por isso, a rela\u00e7\u00e3o entre o volume cerebral e como os seres humanos pensam n\u00e3o pode ser direta. \u00c9 preciso haver tamb\u00e9m outros fatores.<\/p>\n\n\n\n

Muitas vezes, \u00e9 dif\u00edcil saber exatamente o que faz com que os c\u00e9rebros fiquem maiores ou menores ao longo do tempo em uma dada esp\u00e9cie.<\/p>\n\n\n\n

DeSilva e seus colegas observam que os corpos humanos ficaram menores ao longo do tempo, mas n\u00e3o o suficiente para justificar a redu\u00e7\u00e3o do volume do c\u00e9rebro. De forma que a quest\u00e3o sobre o motivo dessa mudan\u00e7a ainda segue sem resposta.<\/p>\n\n\n\n

Em um estudo recente, eles buscaram inspira\u00e7\u00e3o em uma fonte quase impens\u00e1vel: a pequena formiga.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 primeira vista, o c\u00e9rebro das formigas pode parecer completamente diferente do nosso. Com volume de cerca de um d\u00e9cimo de um mil\u00edmetro c\u00fabico (um ter\u00e7o do tamanho de um gr\u00e3o de sal), ele abriga apenas 250 mil neur\u00f4nios, enquanto o c\u00e9rebro humano possui cerca de 86 bilh\u00f5es deles.<\/p>\n\n\n\n

Mas algumas sociedades de formigas s\u00e3o surpreendentemente similares \u00e0s nossas. \u00c9 assombroso observar que algumas esp\u00e9cies de formigas chegam a praticar uma forma de agricultura, cultivando imensos canteiros de fungos dentro do formigueiro. Essas formigas recolhem folhas e outros materiais vegetais para usar nas suas fazendas antes de colher o fungo que ir\u00e3o comer.<\/p>\n\n\n\n

Quando a equipe de DeSilva comparou os tamanhos dos c\u00e9rebros de diversas esp\u00e9cies de formigas, eles observaram que, \u00e0s vezes, as formigas com sociedades maiores evolu\u00edram para ter c\u00e9rebros maiores – exceto quando tamb\u00e9m evolu\u00edram essa propens\u00e3o para cultivar fungos.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisa sugere que, pelo menos nas formigas, ter um c\u00e9rebro maior \u00e9 importante para se sair bem em sociedades grandes, mas sistemas sociais mais complexos, com maior divis\u00e3o de trabalho, poder\u00e3o fazer com que seus c\u00e9rebros diminuam. Isso pode ocorrer porque as capacidades cognitivas ficam divididas e distribu\u00eddas entre muitos membros do grupo, que desempenham pap\u00e9is diferentes.<\/p>\n\n\n\n

Em outras palavras, a intelig\u00eancia torna-se coletiva e a pr\u00e1tica cotidiana compartamentalizada.<\/p>\n\n\n\n

“E se aconteceu o mesmo com os seres humanos?”, pergunta DeSilva. “E se os seres humanos atingiram um limiar do crescimento populacional, em que os indiv\u00edduos est\u00e3o compartilhando e exteriorizando informa\u00e7\u00f5es nos c\u00e9rebros dos demais?”<\/p>\n\n\n\n

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A escrita \u00e9 algo \u00fanico \u00e0 esp\u00e9cie humana – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O surgimento da escrita<\/h2>\n\n\n\n

Outra possibilidade \u00e9 que o surgimento da escrita – que ocorreu cerca de 2 mil anos antes do in\u00edcio da redu\u00e7\u00e3o do tamanho do c\u00e9rebro humano – tamb\u00e9m tenha influenciado.<\/p>\n\n\n\n

Existem relativamente poucas coisas que nos distinguem de todas as outras esp\u00e9cies e a escrita \u00e9 uma delas. DeSilva questiona se isso poder\u00e1 ter influenciado o volume do c\u00e9rebro devido \u00e0 “exterioriza\u00e7\u00e3o de informa\u00e7\u00f5es pela escrita e [\u00e0] capacidade de comunicar ideias tendo acesso a informa\u00e7\u00f5es fora do nosso pr\u00f3prio c\u00e9rebro”.<\/p>\n\n\n\n

As muitas diferen\u00e7as entre o c\u00e9rebro das formigas e dos seres humanos indicam que devemos ser cautelosos e n\u00e3o tra\u00e7ar paralelos muito apressados. Por isso, DeSilva defende a possibilidade de que este seja um ponto de partida \u00fatil para estudar o que causou a not\u00e1vel – e relativamente recente – redu\u00e7\u00e3o do volume do c\u00e9rebro humano.<\/p>\n\n\n\n

Por enquanto, essas ideias seguem sendo hip\u00f3teses. Existem muitas outras teorias que tentam explicar a redu\u00e7\u00e3o do tamanho do c\u00e9rebro humano. Mas v\u00e1rias delas deixam de ser plaus\u00edveis se a contra\u00e7\u00e3o cerebral realmente come\u00e7ou apenas 3 mil anos atr\u00e1s.<\/p>\n\n\n\n

Um bom exemplo \u00e9 a domestica\u00e7\u00e3o. Dezenas de animais que foram domesticados, incluindo os c\u00e3es, t\u00eam c\u00e9rebros menores que seus ancestrais selvagens. Mas estima-se que a autodomestica\u00e7\u00e3o dos seres humanos tenha ocorrido h\u00e1 dezenas, talvez centenas de milhares de anos – muito antes da grande retra\u00e7\u00e3o do c\u00e9rebro.<\/p>\n\n\n\n

Mas c\u00e9rebros menores significam que, como indiv\u00edduos, os seres humanos agora s\u00e3o menos inteligentes? Na verdade, n\u00e3o, a menos que voc\u00ea esteja falando de diferen\u00e7as sutis em uma grande popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

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Formigas cortadeiras re\u00fanem material vegetal para cultivar fungos, mas suas sociedades complexas podem tamb\u00e9m lev\u00e1-las a ter c\u00e9rebros menores – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Tamanho n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico fator<\/h2>\n\n\n\n

Em 2018, uma equipe de pesquisadores analisou um enorme volume de dados do UK Biobank, um vasto banco de dados biom\u00e9dicos do Reino Unido que cont\u00e9m, entre outras coisas, varreduras cerebrais e resultados de testes de QI de milhares de pessoas.<\/p>\n\n\n\n

Com 13,6 mil pessoas, essa amostra \u00e9 maior que todos os estudos anteriores sobre o tamanho do c\u00e9rebro e QI combinados, segundo um dos autores do estudo, Philipp Koellinger, geneticista comportamental da Universidade Livre de Amsterd\u00e3, na Holanda.<\/p>\n\n\n\n

O estudo concluiu que ter um c\u00e9rebro maior, em m\u00e9dia, correspondeu a resultados levemente melhores nos testes de QI, mas, fundamentalmente, a rea\u00e7\u00e3o n\u00e3o era determinante. Isso significa que algumas pessoas foram muito bem nos testes, mesmo tendo c\u00e9rebros relativamente pequenos, e vice-versa.<\/p>\n\n\n\n

“Na verdade, n\u00e3o existe uma rela\u00e7\u00e3o muito forte”, segundo Koellinger. “\u00c9 inconsistente.” E isso \u00e9 importante, em parte, porque as pessoas historicamente tentam classificar os indiv\u00edduos com base em caracter\u00edsticas como o tamanho ou o formato da sua cabe\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

“Existe uma hist\u00f3ria muito feia no mundo ocidental, o movimento eug\u00eanico e esse tipo de coisas baseadas nessa ideia de biodeterminismo”, ressalta Koellinger. “As correla\u00e7\u00f5es que relatamos n\u00e3o indicam nenhum tipo de biodeterminismo.”<\/p>\n\n\n\n

Como as varreduras cerebrais tamb\u00e9m revelaram algumas informa\u00e7\u00f5es sobre a estrutura do c\u00e9rebro das pessoas e n\u00e3o apenas seu tamanho, o estudo foi capaz de detectar algo mais que poder\u00e1 acontecer. Ele encontrou rela\u00e7\u00e3o entre o volume da massa cinzenta – a camada externa do c\u00e9rebro, que cont\u00e9m uma quantidade de neur\u00f4nios particularmente alta – e o desempenho nos testes de QI.<\/p>\n\n\n\n

Na verdade, diferen\u00e7as estruturais como esta s\u00e3o provavelmente mais significativas em termos de capacidade cognitiva geral da pessoa que o mero tamanho do c\u00e9rebro.<\/p>\n\n\n\n

“Seria uma loucura pensar que o volume pode explicar toda a diferen\u00e7a”, afirma Simon Cox, que estuda o envelhecimento do c\u00e9rebro na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Ele acrescenta que o volume do c\u00e9rebro poder\u00e1 at\u00e9 ser um dos fatores menos importantes.<\/p>\n\n\n\n

Isso faz sentido. O volume do c\u00e9rebro dos homens \u00e9 geralmente cerca de 11% maior que o das mulheres, devido ao seu maior tamanho corporal. Mas estudos comprovaram que, em m\u00e9dia, as mulheres t\u00eam vantagens em algumas capacidades cognitivas e os homens, em outras.<\/p>\n\n\n\n

Cox indica que outras pesquisas de que ele participou revelam que o c\u00e9rebro das mulheres pode compensar seu menor tamanho com diferen\u00e7as estruturais. O c\u00f3rtex cerebral – a camada que cont\u00e9m massa cinzenta – das mulheres, por exemplo, geralmente \u00e9 mais espesso que o dos homens.<\/p>\n\n\n\n

Existem muitas facetas e caracter\u00edsticas do c\u00e9rebro que parecem afetar a capacidade cognitiva. Outro exemplo \u00e9 a mielina\u00e7\u00e3o. Ela designa a cobertura de material que rodeia os ax\u00f4nios – os “cabos” finos e longos que permitem a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios a outras c\u00e9lulas, formando a rede neural.<\/p>\n\n\n\n

Quando as pessoas envelhecem, sua mielina se decomp\u00f5e, reduzindo a efici\u00eancia do c\u00e9rebro. \u00c9 poss\u00edvel detectar essa altera\u00e7\u00e3o estudando a facilidade da difus\u00e3o de \u00e1gua atrav\u00e9s do tecido cerebral. Com a redu\u00e7\u00e3o da mielina, o l\u00edquido flui com mais facilidade, o que \u00e9 um sinal de decl\u00ednio cognitivo.<\/p>\n\n\n\n

O c\u00e9rebro permanece “fenomenalmente complexo”, segundo Cox, e \u00e9 dif\u00edcil saber exatamente qual diferen\u00e7a ter\u00e1 a composi\u00e7\u00e3o estrutural de um c\u00e9rebro espec\u00edfico sobre a intelig\u00eancia da pessoa.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 importante tamb\u00e9m notar que algumas pessoas n\u00e3o t\u00eam o c\u00e9rebro completo, devido a les\u00f5es ou caracter\u00edsticas de desenvolvimento, e, surpreendentemente, parecem n\u00e3o apresentar altera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Foi descoberto na Fran\u00e7a um homem que n\u00e3o tinha 90% do c\u00e9rebro. Mesmo assim, ele teve uma carreira bem sucedida como funcion\u00e1rio p\u00fablico e seu QI foi avaliado em 75 (QI verbal de 84) – pouco abaixo da m\u00e9dia francesa de 97.<\/p>\n\n\n\n

Mas as exce\u00e7\u00f5es nunca podem ser interpretadas como sendo a regra. Recentemente, diversos estudos indicam rela\u00e7\u00f5es estatisticamente significativas, embora sutis, entre o volume e a estrutura cerebral e a intelig\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Tudo isso fica ainda mais interessante considerando os diferentes c\u00e9rebros do reino animal. J\u00e1 exploramos uma compara\u00e7\u00e3o entre o c\u00e9rebro humano e o da formiga, mas e quanto \u00e0s outras esp\u00e9cies? O que incentiva os c\u00e9rebros, grandes ou pequenos, a evoluir?<\/p>\n\n\n\n

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GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A evolu\u00e7\u00e3o \u00e9 um processo dispendioso<\/h2>\n\n\n\n

Amy Balanoff, que estuda a evolu\u00e7\u00e3o cerebral, na Universidade Johns Hopkins em Baltimore, nos Estados Unidos, afirma que o crescimento e a manuten\u00e7\u00e3o do tecido cerebral exigem muita energia, de forma que uma esp\u00e9cie n\u00e3o evolui para ter um c\u00e9rebro grande, a menos que precise dele.<\/p>\n\n\n\n

Ela cita as criaturas parasitas que dependem de ambientes e recursos relativamente est\u00e1veis. As lampreias, por exemplo, possuem c\u00e9rebros notoriamente pequenos, com apenas alguns mil\u00edmetros. “Elas realmente n\u00e3o precisam gastar toda essa energia com tecidos neurais, que, de fato, s\u00e3o metabolicamente caros”, afirma Balanoff.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, com o passar do tempo, alguns animais parecem ter desenvolvido c\u00e9rebros maiores com rela\u00e7\u00e3o ao tamanho do corpo – mas seus c\u00e9rebros, na verdade, n\u00e3o mudaram, apenas seus corpos ficaram menores. Isso se aplica a algumas esp\u00e9cies de aves, segundo explica Balanoff.<\/p>\n\n\n\n

E existem animais que parecem ter evolu\u00eddo para criar regi\u00f5es cerebrais especializadas, que ampliaram o tamanho geral do c\u00e9rebro em compara\u00e7\u00e3o com esp\u00e9cies similares. \u00c9 o caso do peixe-elefante, que tem c\u00e9rebro bastante grande em compara\u00e7\u00e3o com o tamanho do corpo – na verdade, proporcionalmente similar aos seres humanos.<\/p>\n\n\n\n

Esses peixes usam cargas el\u00e9tricas para comunicar-se entre si e detectar as presas. Em 2018, pesquisadores descobriram que uma parte espec\u00edfica do seu c\u00e9rebro – o cerebelo – tem peso acima do normal. Ningu\u00e9m sabe ao certo qual a raz\u00e3o, mas os autores do estudo especulam que ele poderia ajudar o peixe a processar informa\u00e7\u00f5es eletrossensoriais.<\/p>\n\n\n\n

Nos seres humanos, uma \u00e1rea do c\u00e9rebro que nos diferencia \u00e9 o neoc\u00f3rtex, envolvido em fun\u00e7\u00f5es cognitivas superiores – o pensamento consciente, o processamento da linguagem e assim por diante. Sem d\u00favida, n\u00f3s dependemos muito desse tipo de coisa e faz sentido que nossos c\u00e9rebros sejam moldados \u00e0s nossas necessidades.<\/p>\n\n\n\n

Considerando que muita energia \u00e9 necess\u00e1ria para manter as engrenagens girando, \u00e9 interessante observar que os animais com c\u00e9rebros grandes evolu\u00edram ao ponto de adquirir muita energia no in\u00edcio da vida, segundo Anjali Goswami, paleobi\u00f3loga do Museu de Hist\u00f3ria Natural de Londres.<\/p>\n\n\n\n

Pense no refor\u00e7o nutricional dos p\u00e1ssaros quando ainda est\u00e3o nos ovos, ou dos mam\u00edferos atrav\u00e9s da placenta e do leite materno. Na verdade, os beb\u00eas humanos nascem com neur\u00f4nios em excesso (100 bilh\u00f5es), que v\u00e3o diminuindo conforme o seu desenvolvimento.<\/p>\n\n\n\n

Isso acontece porque o c\u00e9rebro se sintoniza de acordo com o desenvolvimento e o ambiente do indiv\u00edduo. Apenas as partes realmente necess\u00e1rias da rede neural s\u00e3o mantidas quando envelhecemos, mas \u00e9 um c\u00e9rebro com bom estoque inicial de neur\u00f4nios que torna isso poss\u00edvel.<\/p>\n\n\n\n

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Os beb\u00eas humanos nascem com neur\u00f4nios em excesso – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A influ\u00eancia do ambiente<\/h2>\n\n\n\n

Os mam\u00edferos evolu\u00edram \u00e0 sombra dos dinossauros, segundo Goswami. Eles precisavam de excelentes capacidades sensoriais para sobreviver e, provavelmente, foi por isso que eles desenvolveram h\u00e1bitos e vis\u00e3o noturna.<\/p>\n\n\n\n

Esse desenvolvimento quase certamente teve impacto sobre o desenvolvimento neural, da mesma forma que a necessidade dos primatas, incluindo nossos ancestrais, de desenvolver as habilidades motoras necess\u00e1rias para movimentar-se pelas \u00e1rvores.<\/p>\n\n\n\n

Desta forma, o ambiente pressionou o c\u00e9rebro dos mam\u00edferos a evoluir e criar capacidades que os ajudassem a sair de situa\u00e7\u00f5es dif\u00edceis. Muitos animais tiveram benef\u00edcios similares ao desenvolver sua destreza cognitiva em um mundo cheio de desafios.<\/p>\n\n\n\n

Um estudo concluiu que as aves que colonizaram as ilhas oce\u00e2nicas (e, por isso, precisaram adaptar-se a um territ\u00f3rio novo e imprevis\u00edvel) tinham c\u00e9rebros maiores que seus parceiros do continente.<\/p>\n\n\n\n

Mas \u00e9 preciso deixar claro que n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel apenas medir o tamanho do c\u00e9rebro de um animal, compar\u00e1-lo com o tamanho do corpo e tirar conclus\u00f5es definitivas sobre a sua intelig\u00eancia. O tamanho \u00e9 apenas uma pe\u00e7a do quebra-cabe\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

De qualquer forma, o que \u00e9 mais inteligente, pensar ou sobreviver? Os seres humanos adoram fazer cogita\u00e7\u00f5es, mas, como afirma Goswami, nossa capacidade de planejar parece muito fraca, considerando a luta atual para lidar com problemas existenciais de longo prazo, como a crise clim\u00e1tica.<\/p>\n\n\n\n

Simon Cox acrescenta outra quest\u00e3o: “existem muito mais coisas na vida al\u00e9m de ter uma avalia\u00e7\u00e3o de capacidade cognitiva superior, ou alto QI.”<\/p>\n\n\n\n

Ele quase nos faz desejar que nossos c\u00e9rebros fossem ainda menores.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Nossa civiliza\u00e7\u00e3o moderna pode ser a mais avan\u00e7ada que j\u00e1 existiu na Terra, mas nossos ancestrais tinham c\u00e9rebros maiores que os nossos cerca de 100 gera\u00e7\u00f5es atr\u00e1s. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":177621,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[5099,36,4139],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177620"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=177620"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177620\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":177626,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177620\/revisions\/177626"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/177621"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=177620"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=177620"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=177620"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}