{"id":177926,"date":"2022-06-09T17:35:28","date_gmt":"2022-06-09T20:35:28","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=177926"},"modified":"2022-06-09T17:35:31","modified_gmt":"2022-06-09T20:35:31","slug":"temperatura-do-atlantico-norte-ajuda-a-prever-evento-climatico-no-nordeste","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/06\/09\/177926-temperatura-do-atlantico-norte-ajuda-a-prever-evento-climatico-no-nordeste.html","title":{"rendered":"Temperatura do Atl\u00e2ntico Norte ajuda a prever evento clim\u00e1tico no Nordeste"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Usina Hidrel\u00e9trica de Sobradinho, na Bahia, com n\u00edvel extremamente seco em dezembro de 2015. (Foto: Marcello Casal Jr\/Ag\u00eancia Brasil)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A temperatura das \u00e1guas do\u00a0oceano Atl\u00e2ntico Norte\u00a0pode ser usada como um indicador clim\u00e1tico para prever com anteced\u00eancia de at\u00e9 tr\u00eas meses per\u00edodos de eventos extremos ligados \u00e0\u00a0redu\u00e7\u00e3o de chuvas\u00a0e secas intensas na regi\u00e3o\u00a0Nordeste\u00a0do Brasil. Essa \u00e9 uma das principais conclus\u00f5es de um estudo publicado na revista cient\u00edfica\u00a0Geophysical Research Letters<\/em>, que envolveu pesquisadores do Brasil, China, Austr\u00e1lia e Alemanha.<\/p>\n\n\n\n

O grupo aplicou uma nova abordagem metodol\u00f3gica, com foco no d\u00e9ficit de precipita\u00e7\u00e3o, e mostrou que, nos \u00faltimos anos, a influ\u00eancia do Atl\u00e2ntico Norte se tornou mais persistente do que a atua\u00e7\u00e3o do\u00a0Pac\u00edfico\u00a0tropical, at\u00e9 ent\u00e3o apontada como um dos fatores de impacto na intensidade das secas no Nordeste. Ao mesmo tempo, a conex\u00e3o entre Pac\u00edfico e Atl\u00e2ntico Norte ficou mais frequente, sugerindo que essas intera\u00e7\u00f5es entre as bacias oce\u00e2nicas tropicais refor\u00e7aram as estiagens na regi\u00e3o nas \u00faltimas d\u00e9cadas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO trabalho foi motivado pela grande seca registrada entre 2012 e 2015. Esse longo per\u00edodo nos fez refletir, do ponto de vista meteorol\u00f3gico, como as temperaturas dos oceanos tropicais influenciam essas condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. O diferencial agora \u00e9 a metodologia inovadora, que explora a quest\u00e3o das diferentes \u00e1reas do Pac\u00edfico e do Atl\u00e2ntico e o padr\u00e3o de seca no Nordeste. Esses resultados servem como ferramenta de gest\u00e3o para que centros meteorol\u00f3gicos fa\u00e7am a previs\u00e3o com anteced\u00eancia de eventos com esse potencial\u201d, diz \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP Lincoln Muniz Alves, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e um dos autores do artigo.<\/p>\n\n\n\n

O estudo teve o apoio da FAPESP por meio de um Projeto Tem\u00e1tico, ligado ao Instituto Nacional de Ci\u00eancia e Tecnologia para Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas (INCT-MC) e cujo pesquisador respons\u00e1vel \u00e9 o professor Elbert Einstein Nehrer Macau, da Universidade Federal de S\u00e3o Paulo (Unifesp).<\/p>\n\n\n\n

A seca que atingiu o semi\u00e1rido do Nordeste entre 2012 e 2015 teve intensidade e impacto recordes, destruindo \u00e1reas agr\u00edcolas, levando \u00e0\u00a0falta de \u00e1gua\u00a0e afetando cidades e pequenas localidades. Outros trabalhos j\u00e1 apontaram como causas dessa situa\u00e7\u00e3o as altera\u00e7\u00f5es na circula\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica, sugerindo um papel ativo das \u00e1guas superficiais mais quentes do que o normal no oceano Atl\u00e2ntico. O\u00a0El Ni\u00f1o, fen\u00f4meno clim\u00e1tico que envolve um aquecimento incomum do Pac\u00edfico, tamb\u00e9m contribuiu com o agravamento do quadro.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 \u00e9poca, o El Ni\u00f1o foi considerado um dos que tiveram maior impacto (depois dos registrados em 1982-1983 e 1997-1998), provocando perdas em diferentes regi\u00f5es do mundo. No Brasil, houve seca intensa no Nordeste e na\u00a0Amaz\u00f4nia, estiagem prolongada no Norte, no centro-norte de Minas, de Goi\u00e1s e no Distrito Federal, al\u00e9m de inunda\u00e7\u00f5es no Sul.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEsse tipo de El Ni\u00f1o, chamado \u2018can\u00f4nico\u2019, ou seja, com o padr\u00e3o de aquecimento na mesma regi\u00e3o do oceano Pac\u00edfico, tem mudado tanto de posicionamento como de intensidade. Paralelamente a isso, temos visto nas \u00faltimas d\u00e9cadas um aquecimento an\u00f4malo no Atl\u00e2ntico tropical. A partir do mix de an\u00e1lises feitas, o artigo d\u00e1 subs\u00eddio para que quem trabalha com previs\u00e3o possa olhar, meses antes, os sinais vindos do Atl\u00e2ntico tropical. O Pac\u00edfico influencia, mas o Atl\u00e2ntico tem peso maior\u201d, completa Alves.<\/p>\n\n\n\n

Novos par\u00e2metros<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A proposta do estudo consiste em usar m\u00e9todos n\u00e3o lineares de coer\u00eancia de fase e an\u00e1lise generalizada de sincroniza\u00e7\u00e3o de eventos para entender os mecanismos de causa e efeito. Para isso, os cientistas interpretaram as rela\u00e7\u00f5es entre a variabilidade da temperatura da superf\u00edcie do mar (TSM) e o \u00edndice de precipita\u00e7\u00e3o-padr\u00e3o como intera\u00e7\u00f5es diretas, enquanto as rela\u00e7\u00f5es entre oceanos foram avaliadas como efeitos indiretos sobre chuvas.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores usaram dados de precipita\u00e7\u00e3o do Climate Prediction Center, ag\u00eancia federal dos Estados Unidos integrante do servi\u00e7o nacional de meteorologia da Administra\u00e7\u00e3o Nacional Oce\u00e2nica e Atmosf\u00e9rica (NOAA, na sigla em ingl\u00eas). Foram selecionadas quatro regi\u00f5es: o Nordeste brasileiro, que tem sido o centro da seca nas \u00faltimas d\u00e9cadas; a \u00e1rea chamada Ni\u00f1o 3, onde houve intensa atividade do fen\u00f4meno ENSO (El Ni\u00f1o – Oscila\u00e7\u00e3o Sul); o Atl\u00e2ntico Norte e o Atl\u00e2ntico Sul, ambas \u00e1reas semelhantes utilizadas em trabalhos anteriores.<\/p>\n\n\n\n

Para verificar a consist\u00eancia, os resultados foram comparados com a chamada regi\u00e3o Ni\u00f1o 4, que inclui o Pac\u00edfico Central e o Atl\u00e2ntico Sul estendido. Para cada dom\u00ednio, foram calculadas a m\u00e9dia espacial da vari\u00e1vel de interesse e as anomalias di\u00e1rias relativas a uma base do per\u00edodo de 1981-2010, sendo as esta\u00e7\u00f5es chuvosas definidas de janeiro a abril, e as secas, de maio a agosto.<\/p>\n\n\n\n

Os resultados revelaram um papel dominante do Atl\u00e2ntico Norte para o d\u00e9ficit de precipita\u00e7\u00e3o e secas, particularmente nas \u00faltimas d\u00e9cadas. Al\u00e9m disso, as frequ\u00eancias de precipita\u00e7\u00e3o e de temperatura da superf\u00edcie do mar mudaram ap\u00f3s eventos de El Ni\u00f1o e La Ni\u00f1a muito fortes, resultando em uma maior probabilidade de coer\u00eancia de fase.<\/p>\n\n\n\n

\u201cN\u00e3o existe mais um padr\u00e3o normal ou de linearidade, como se observava havia tr\u00eas d\u00e9cadas. V\u00e1rios outros trabalhos t\u00eam corroborado com o resultado que obtivemos. Essa metodologia revela que n\u00e3o existe um padr\u00e3o linear para montar as previs\u00f5es. A pesquisa mostra que \u00e9 preciso sair do convencional e destaca a import\u00e2ncia de olhar para outras \u00e1reas dos oceanos, n\u00e3o focando somente no Pac\u00edfico\u201d, afirma Alves.<\/p>\n\n\n\n

Entre as conclus\u00f5es do artigo, o grupo aponta ainda que outros fatores, como mudan\u00e7as no uso da terra, podem levar a altera\u00e7\u00f5es no ciclo hidrol\u00f3gico, como j\u00e1 demonstrado em estudos de modelagem, particularmente sobre a bacia amaz\u00f4nica. Por isso, os cientistas sugerem que novos trabalhos com a metodologia desenvolvida podem focar em como essas mudan\u00e7as no uso da terra alteram as caracter\u00edsticas e intera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cQuando discutimos varia\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas estamos falando tamb\u00e9m em impactos socioecon\u00f4micos e na\u00a0biodiversidade. Por isso, centros meteorol\u00f3gicos podem usar o modelo para trabalhar em preven\u00e7\u00e3o, focando em pol\u00edticas p\u00fablicas ou na tomada de decis\u00e3o sobre a\u00e7\u00f5es de mitiga\u00e7\u00e3o de eventos extremos\u201d, completa Alves.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A temperatura das \u00e1guas do\u00a0oceano Atl\u00e2ntico Norte\u00a0pode ser usada como um indicador clim\u00e1tico para prever com anteced\u00eancia de at\u00e9 tr\u00eas meses per\u00edodos de eventos extremos ligados \u00e0\u00a0redu\u00e7\u00e3o de chuvas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":177927,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[96,3625,26],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177926"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=177926"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177926\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":177928,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/177926\/revisions\/177928"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/177927"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=177926"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=177926"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=177926"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}