{"id":178262,"date":"2022-06-30T17:51:31","date_gmt":"2022-06-30T20:51:31","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=178262"},"modified":"2022-06-30T17:51:34","modified_gmt":"2022-06-30T20:51:34","slug":"a-jovem-cientista-brasileira-premiada-na-franca-por-pesquisas-para-popularizar-consumo-de-plantas-silvestres","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/06\/30\/178262-a-jovem-cientista-brasileira-premiada-na-franca-por-pesquisas-para-popularizar-consumo-de-plantas-silvestres.html","title":{"rendered":"A jovem cientista brasileira premiada na Fran\u00e7a por pesquisas para popularizar consumo de plantas silvestres"},"content":{"rendered":"\n
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Pernambucana Patr\u00edcia Medeiros estuda rela\u00e7\u00f5es entre pessoas e plantas e afirma que brasileiro come poucas esp\u00e9cies convencionais – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Hoje n\u00f3s comemos pouqu\u00edssimas coisas. No Brasil e no mundo, nossa alimenta\u00e7\u00e3o \u00e9 baseada em poucas esp\u00e9cies convencionais. Isso \u00e9 muito negativo do ponto de vista nutricional. Se conseguirmos fazer novos alimentos chegarem \u00e0 mesa das pessoas, teremos uma diversifica\u00e7\u00e3o de nutrientes e de op\u00e7\u00f5es alimentares”, diz \u00e0 BBC News Brasil a etnobi\u00f3loga pernambucana Patr\u00edcia Medeiros, que acaba de receber em Paris um importante pr\u00eamio cient\u00edfico internacional por suas pesquisas que visam popularizar o consumo de plantas silvestres para diversificar a dieta dos brasileiros.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Ela foi uma das 15 ganhadoras, selecionadas por um j\u00fari de especialistas de v\u00e1rios pa\u00edses, a receber o pr\u00eamio International Rising Talents, concedido a jovens cientistas mulheres pela Funda\u00e7\u00e3o L’Or\u00e9al em parceria com a Unesco (Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para a Educa\u00e7\u00e3o, a Ci\u00eancia e a Cultura). Medeiros recebeu 15 mil euros (cerca de R$ 84 mil) para investir em seus estudos.<\/p>\n\n\n\n

Medeiros, que tem um doutorado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e leciona Agroecologia e Engenharia Florestal na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), estuda as rela\u00e7\u00f5es entre as pessoas e plantas. Ela se interessou pelas plantas aliment\u00edcias n\u00e3o convencionais (as chamadas PANCs) motivada pelo desejo de trabalhar com as comunidades extrativistas e auxili\u00e1-las a ampliar sua renda.<\/p>\n\n\n\n

As plantas n\u00e3o convencionais s\u00e3o aquelas que n\u00e3o s\u00e3o conhecidas nos centros urbanos. Muitas delas s\u00e3o vendidas em feiras locais, como no interior do Alagoas, diz ela, mas nem chegam \u00e0 capital.<\/p>\n\n\n\n

Suas pesquisas t\u00eam como base um trip\u00e9 que leva em conta aspectos ecol\u00f3gicos (o manejo sustent\u00e1vel das plantas e frutas silvestres), sociais e nutricionais.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo \u00e9 derrubar as barreiras que limitam o consumo de alimentos poucos conhecidos em centros urbanos ou subaproveitados como o ara\u00e7\u00e1, jenipapo, taioba, cambu\u00ed, ouricori e pimenta rosa, entre outros.<\/p>\n\n\n\n

Primeiro, ela identifica, junto \u00e0s comunidades locais, quais esp\u00e9cies t\u00eam potencial para se tornarem mais populares. Depois, realiza estudos ecol\u00f3gicos e com consumidores para descobrir quais s\u00e3o as plantas silvestres mais aceitas, qual \u00e9 o p\u00fablico-alvo (perfil de potenciais compradores), quais as melhores estrat\u00e9gias, inclusive de marketing, para apresentar esses produtos e para que eles cheguem aos centros urbanos.<\/p>\n\n\n\n

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Etnobi\u00f3loga pernambucana Patr\u00edcia Medeiros defende maior variedade de plantas na alimenta\u00e7\u00e3o dos brasileiros – FUNDA\u00c7\u00c3O L’OR\u00c9AL<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ela costuma, por exemplo, fazer associa\u00e7\u00f5es para entender como as pessoas escolhem o que v\u00e3o comer, se \u00e9 pelo nome, pela apar\u00eancia ou pelo cheiro.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo de Medeiros \u00e9 auxiliar pequenos agricultores a identificar, divulgar e comercializar plantas e frutas silvestres.<\/p>\n\n\n\n

“A populariza\u00e7\u00e3o dessas plantas vai ampliar a renda das comunidades”, diz a cientista, acrescentando que ao mesmo tempo isso permite diversificar os nutrientes e as op\u00e7\u00f5es alimentares, algo que ela afirma ser fundamental.<\/p>\n\n\n\n

“Estudos mostram que os alimentos convencionais t\u00eam defici\u00eancias de certos micronutrientes, como ferro e c\u00e1lcio, minerais que precisamos na nossa alimenta\u00e7\u00e3o. Pesquisas tamb\u00e9m indicam que as plantas silvestres t\u00eam muitos micronutrientes. Ent\u00e3o seria uma forma de diversificar e n\u00e3o de substituir os produtos tradicionais”, afirma a jovem cientista, de 35 anos.<\/p>\n\n\n\n

Os ara\u00e7\u00e1s, por exemplo, t\u00eam altos teores de vitamina C. J\u00e1 o jenipapo \u00e9 altamente energ\u00e9tico e tem uma quantidade interessante de certos micronutrientes, como ferro \u00e9 c\u00e1lcio. Al\u00e9m disso, h\u00e1 pesquisas em curso que indicam que o jenipapo teria propriedades funcionais e auxiliaria a evitar algumas doen\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n

“Cada uma dessas plantas tem um perfil nutricional diferente. Se conseguirmos incrementar a dieta com v\u00e1rias delas, podemos ter um espectro grande na alimenta\u00e7\u00e3o”, ressalta Medeiros.<\/p>\n\n\n\n

Segundo ela, o Brasil ainda aproveita pouco seu potencial alimentar. Isso se d\u00e1 pelo receio da popula\u00e7\u00e3o de consumir o que n\u00e3o \u00e9 convencional. \u00c9 a chamada “neofobia alimentar”, o medo de comer coisas novas.<\/p>\n\n\n\n

Seu trabalho tamb\u00e9m inclui estrat\u00e9gias para driblar a neofobia alimentar que pode desestimular o consumo de plantas silvestres e de esp\u00e9cies frut\u00edferas selvagens.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 necess\u00e1rio diversificar para n\u00e3o sobrecarregar determinadas cadeias de alimentos. Esse \u00e9 o ponto chave”, destaca.<\/p>\n\n\n\n

Mudan\u00e7as clim\u00e1ticas<\/h2>\n\n\n\n

As pesquisas de Medeiros foram premiadas, segundo a Funda\u00e7\u00e3o L’Or\u00e9al, porque al\u00e9m de incluir novos produtos na alimenta\u00e7\u00e3o, promovem a biodiversidade e a seguran\u00e7a alimentar, j\u00e1 que essas plantas s\u00e3o mais adaptadas aos seus ambientes, e reduzem ainda a necessidade de agrot\u00f3xicos e de fertilizantes devido ao fato de nascerem na natureza.<\/p>\n\n\n\n

A cientista pernambucana, que faz suas pesquisas em \u00e1reas de restinga da costa brasileira, diz que \u00e9 necess\u00e1rio ainda diversificar a alimenta\u00e7\u00e3o por conta das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

Segundo ela, n\u00e3o se sabe o que ocorrer\u00e1 nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas e quais s\u00e3o os alimentos da agricultura convencional que estariam amea\u00e7ados e quais s\u00e3o as alternativas poss\u00edveis.<\/p>\n\n\n\n

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Pernambucana recebeu pr\u00eamio cient\u00edfico internacional por suas pesquisas – FUNDA\u00c7\u00c3O L’OR\u00c9AL<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Quanto mais diversas forem nossas op\u00e7\u00f5es alimentares, h\u00e1 mais chances de ter elementos com os quais contar no futuro incerto. H\u00e1 esp\u00e9cies mais resistentes \u00e0s altas temperaturas e, principalmente, \u00e0 aus\u00eancia de chuvas.”<\/p>\n\n\n\n

Ela afirma que estudos indicam que nos pr\u00f3ximos 30 ou 50 anos o espa\u00e7amento entre as chuvas pode aumentar, o que causar\u00e1 problemas, sobretudo para a agricultura familiar, que muitas vezes conta com a \u00e1gua da chuva como principal fonte de irriga\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Agricultura familiar<\/h2>\n\n\n\n

Para a cientista, que tem entre seus alunos trabalhadores rurais assentados, beneficiados pela reforma agr\u00e1ria, a agricultura familiar, que inclui os extrativistas, “\u00e9 essencial para o provimento de alimentos de qualidade.”.<\/p>\n\n\n\n

Ela diz que h\u00e1 preconceitos no Brasil em rela\u00e7\u00e3o ao Movimento dos Sem Terra, mas s\u00e3o eles, defende, que produzem alimentos de qualidade e que “est\u00e3o na vanguarda”, representando “a chave para a transi\u00e7\u00e3o para uma agricultura mais sustent\u00e1vel”.<\/p>\n\n\n\n

Medeiros afirma que o governo brasileiro privilegia muito mais o agroneg\u00f3cio e deveria ter mais a\u00e7\u00f5es voltadas para os agricultores familiares, que t\u00eam, em sua vis\u00e3o, uma participa\u00e7\u00e3o importante na produ\u00e7\u00e3o de alimentos no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

A cientista pernambucana, que havia vencido a edi\u00e7\u00e3o nacional do pr\u00eamio da Funda\u00e7\u00e3o L’Or\u00e9al e, por causa disso, p\u00f4de concorrer \u00e0 premia\u00e7\u00e3o internacional, conseguiu avan\u00e7ar em seu trabalho gra\u00e7as ao apoio financeiro do “Rising Talents” (Talentos Promissores, em tradu\u00e7\u00e3o livre). “Isso me deu a possibilidade de fazer minha pesquisa da melhor maneira poss\u00edvel”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o conhe\u00e7o muitos pesquisadores felizes no Brasil. N\u00e3o temos financiamento. Os cientistas n\u00e3o est\u00e3o conseguindo fazer suas pesquisas”, lamenta ela, acrescentando que os investimentos na \u00e1rea ca\u00edram consideravelmente nos \u00faltimos anos.<\/p>\n\n\n\n

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Pesquisadora defende que governo d\u00ea mais aten\u00e7\u00e3o aos agricultores familiares, que t\u00eam, diz ela, uma participa\u00e7\u00e3o importante na produ\u00e7\u00e3o de alimentos no Brasil. – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Tem muitos pesquisadores que precisam de insumo, de material, de reagentes, que est\u00e3o parados. A situa\u00e7\u00e3o est\u00e1 ser\u00edssima. Precisamos prensar com urg\u00eancia o que queremos para o pa\u00eds”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

“Um pa\u00eds que n\u00e3o tem ci\u00eancia nem educa\u00e7\u00e3o de qualidade n\u00e3o vai ter um protagonismo mundial no futuro. Para que esse protagonismo exista, \u00e9 preciso ter cidad\u00e3os muito bem educados e uma ci\u00eancia forte e ativa”, acrescenta Medeiros.<\/p>\n\n\n\n

Em meio \u00e0s dificuldades gerais da pesquisa cient\u00edfica no Brasil, as mulheres cientistas ainda s\u00e3o mais afetadas e enfrentam v\u00e1rios desafios, diz.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Medeiros, elas sofrem desvantagens como o fato de ocupar menos cargos de import\u00e2ncia em institui\u00e7\u00f5es acad\u00eamicas e, por falta de apoio, t\u00eam menos tempo para se dedicar ao trabalho quando se tornam m\u00e3es, o que n\u00e3o foi o seu caso.<\/p>\n\n\n\n

“Algumas desistem de continuar as pesquisas e acabam apenas lecionando. \u00c9 preciso uma mudan\u00e7a da sociedade e das institui\u00e7\u00f5es”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

“O mundo precisa de ci\u00eancia e a ci\u00eancia precisa de mulheres”, diz a Funda\u00e7\u00e3o L’Or\u00e9al, que apoia e capacita mulheres em tr\u00eas \u00e1reas: pesquisa cient\u00edfica, beleza inclusiva e mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

“Hoje n\u00f3s comemos pouqu\u00edssimas coisas. No Brasil e no mundo, nossa alimenta\u00e7\u00e3o \u00e9 baseada em poucas esp\u00e9cies convencionais. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":178263,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[1611,214,471],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/178262"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=178262"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/178262\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":178267,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/178262\/revisions\/178267"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/178263"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=178262"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=178262"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=178262"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}