{"id":178504,"date":"2022-07-12T18:20:22","date_gmt":"2022-07-12T21:20:22","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=178504"},"modified":"2022-07-12T18:20:30","modified_gmt":"2022-07-12T21:20:30","slug":"como-a-china-conseguiu-cortar-pela-metade-a-poluicao-do-ar-em-7-anos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/07\/12\/178504-como-a-china-conseguiu-cortar-pela-metade-a-poluicao-do-ar-em-7-anos.html","title":{"rendered":"Como a China conseguiu cortar pela metade a polui\u00e7\u00e3o do ar em 7 anos"},"content":{"rendered":"\n
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Est\u00e1tua de panda em Pequim em um dia limpo e num dia polu\u00eddo em 2017 \u2014 Foto: Getty Images via BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Fotografias em que uma densa camada de polui\u00e7\u00e3o n\u00e3o deixa ver o\u00a0Sol\u00a0em plena luz do dia eram comuns na\u00a0China\u00a0na \u00faltima d\u00e9cada. N\u00e3o mais.<\/p>\n\n\n\n

O pa\u00eds reduziu em 40% a quantidade de part\u00edculas nocivas no ar entre 2013 e 2020, segundo o relat\u00f3rio apresentado em junho pelo Instituto de Pol\u00edtica de Energia da\u00a0Universidade de Chicago\u00a0(EPIC, na sigla em ingl\u00eas), nos EUA, que realiza medi\u00e7\u00f5es por sat\u00e9lite.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 a maior redu\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o do meio ambiente em um pa\u00eds em um per\u00edodo t\u00e3o curto de tempo.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Na verdade, os\u00a0Estados Unidos\u00a0levaram tr\u00eas d\u00e9cadas para atingir um objetivo semelhante desde a hist\u00f3rica Lei do Ar Limpo de 1970.<\/p>\n\n\n\n

Como a\u00a0China\u00a0conseguiu fazer isso em t\u00e3o pouco tempo?<\/p>\n\n\n\n

Para responder a esta pergunta, primeiro temos que voltar a 2013, quando a polui\u00e7\u00e3o do ar no pa\u00eds asi\u00e1tico atingia n\u00edveis extremos.<\/p>\n\n\n\n

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Esta fotografia de 2013 mostra a polui\u00e7\u00e3o extrema na cidade de Harbin (no nordeste), uma das mais polu\u00eddas da China \u2014 Foto: Getty Images via BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Naquele ano, a\u00a0China\u00a0registrou uma m\u00e9dia de 52,4 microgramas (\u00b5g) por metro c\u00fabico (m3) de part\u00edculas poluentes PM2,5 \u2014 dez vezes mais do que o limite recomendado pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) hoje.<\/p>\n\n\n\n

As part\u00edculas finas PM2,5, provenientes da combust\u00e3o de res\u00edduos e combust\u00edveis f\u00f3sseis, s\u00e3o muito prejudiciais \u00e0 sa\u00fade devido \u00e0 sua alta capacidade de penetra\u00e7\u00e3o nas vias respirat\u00f3rias.<\/p>\n\n\n\n

“Naquele momento,\u00a0Pequim\u00a0vivia o que chamamos de airpocalipsis (algo como “apocalipse do ar”), com eventos de polui\u00e7\u00e3o extrema que conscientizaram as pessoas sobre o problema”, explica Christa Hasenkopf, diretora de programas de qualidade do ar do EPIC e coautora do estudo, \u00e0 BBC News Mundo, servi\u00e7o de not\u00edcias em espanhol da BBC.<\/p>\n\n\n\n

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Assim era a Cidade Proibida de Pequim em 2013, em um dia de forte polui\u00e7\u00e3o \u2014 Foto: Getty Images via BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Diante da gravidade da situa\u00e7\u00e3o, o governo chin\u00eas declarou guerra \u00e0 polui\u00e7\u00e3o do ar.<\/p>\n\n\n\n

No final de 2013, ativou o Plano de A\u00e7\u00e3o Nacional da Qualidade do Ar para reduzir a polui\u00e7\u00e3o em um per\u00edodo de quatro anos, com um generoso or\u00e7amento de US$ 270 bilh\u00f5es (R$ 1,4 trilh\u00e3o em valores atuais), aos quais se somaram outros US$ 120 bilh\u00f5es de financiamento de\u00a0Pequim.<\/p>\n\n\n\n

A batalha contra o carv\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

Este plano estabeleceu metas espec\u00edficas para reduzir a polui\u00e7\u00e3o em 35% nos quatro anos seguintes.<\/p>\n\n\n\n

E o inimigo n\u00famero um foi justamente o mineral que possibilitou a r\u00e1pida industrializa\u00e7\u00e3o da\u00a0China\u00a0desde o \u00faltimo quarto do s\u00e9culo 20 e se converteu na principal fonte de energia do pa\u00eds: o carv\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O governo proibiu a constru\u00e7\u00e3o de novas usinas de carv\u00e3o nas cidades e regi\u00f5es mais polu\u00eddas e for\u00e7ou as existentes a reduzir as emiss\u00f5es ou mudar para g\u00e1s natural.<\/p>\n\n\n\n

S\u00f3 em 2017, foram fechadas 27 minas de carv\u00e3o na prov\u00edncia de Shanxi, a maior produtora deste mineral na\u00a0China.<\/p>\n\n\n\n

Em janeiro de 2018, a \u00faltima usina de carv\u00e3o em\u00a0Pequim\u00a0foi fechada, enquanto o governo chin\u00eas cancelou planos de construir outras 103 usinas.<\/p>\n\n\n\n

Embora o carv\u00e3o continue sendo a principal fonte de eletricidade da\u00a0China, passou de 67,4% da produ\u00e7\u00e3o total em 2013 para 56,8% em 2020, segundo dados oficiais do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Para compensar a descarboniza\u00e7\u00e3o, o governo chin\u00eas tamb\u00e9m aumentou a gera\u00e7\u00e3o de energia a partir de fontes renov\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

E fez isso ao ponto de que em 2017 as energias renov\u00e1veis \u200b\u200brepresentavam um quarto da gera\u00e7\u00e3o total de eletricidade do pa\u00eds, superando inclusive os\u00a0Estados Unidos, onde o percentual foi de 18% no mesmo ano.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m promoveu ativamente a energia nuclear: entre 2016 e 2020 dobrou sua capacidade para 47 GW, com 20 novas usinas \u2014 e at\u00e9 2035 planeja alcan\u00e7ar 180 gigawatts, quase o dobro da capacidade atual dos\u00a0Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

Restri\u00e7\u00f5es a autom\u00f3veis<\/h2>\n\n\n\n

Outra medida foi reduzir a capacidade de produ\u00e7\u00e3o de ferro e a\u00e7o do setor: apenas entre 2016 e 2017, diminuiu 115 milh\u00f5es de toneladas.<\/p>\n\n\n\n

E, claro, colocou os holofotes sobre os ve\u00edculos com motor de combust\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Em\u00a0Pequim,\u00a0Xangai, Guangzhou e outras grandes cidades, o n\u00famero de carros em circula\u00e7\u00e3o foi restringido com cotas di\u00e1rias, e o n\u00famero de novas placas por ano tamb\u00e9m foi limitado.<\/p>\n\n\n\n

Isso n\u00e3o impediu que os autom\u00f3veis em atividade na\u00a0China\u00a0passassem de 126 milh\u00f5es em 2013 para 273 milh\u00f5es em 2020, segundo dados oficiais.<\/p>\n\n\n\n

Claro, com menos emiss\u00f5es: o governo endureceu as normas e, no fim de 2017, suspendeu a produ\u00e7\u00e3o de 553 modelos de ve\u00edculos nacionais e estrangeiros que polu\u00edam demais.<\/p>\n\n\n\n

\u00canfase nas principais cidades<\/h2>\n\n\n\n

“Estimamos que a\u00a0China\u00a0como um todo ganhar\u00e1 2 anos em sua expectativa m\u00e9dia de vida se os cidad\u00e3os continuarem respirando um ar mais limpo em rela\u00e7\u00e3o aos n\u00edveis de 2013”, indicou a diretora de programas de qualidade do ar do EPIC.<\/p>\n\n\n\n

Hasenkopf destaca que a maioria das principais cidades do pa\u00eds conseguiu reduzir sua polui\u00e7\u00e3o mais do que a m\u00e9dia nacional de 40% entre 2013 e 2020.<\/p>\n\n\n\n

Em\u00a0Xangai, as part\u00edculas diminu\u00edram 44%, em Guangzhou 50%, em Shenzhen 49% e em\u00a0Pequim\u00a056%.<\/p>\n\n\n\n

“Os cidad\u00e3os das quatro cidades respiram um ar significativamente mais puro”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

Mais planos<\/h2>\n\n\n\n

O programa de quatro anos de 2013 foi seguido por mais dois planos trienais para combater a polui\u00e7\u00e3o do ar, um em 2018 e outro em 2020, que endureceram ainda mais as medidas de controle das emiss\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Por outro lado, as restri\u00e7\u00f5es e confinamentos em decorr\u00eancia da pandemia de Covid-19 reduziram a atividade industrial e os transportes, o que se traduziu em uma diminui\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Questionada se isso pode ter influenciado o resultado do estudo, Hasenkopf respondeu que o impacto da pandemia n\u00e3o havia sido avaliado de forma espec\u00edfica.<\/p>\n\n\n\n

Ela assegurou, no entanto, que “os dados para 2020 na\u00a0China\u00a0parecem se enquadrar, no geral, em uma tend\u00eancia constante de diminui\u00e7\u00e3o dos n\u00edveis de polui\u00e7\u00e3o desde 2014”, minimizando o fator covid.<\/p>\n\n\n\n

A\u00a0China\u00a0comparada ao mundo<\/h2>\n\n\n\n

No entanto, nem tudo que reluz \u00e9 ouro. Apesar dos esfor\u00e7os dos \u00faltimos anos, a\u00a0China\u00a0ainda tem um longo caminho pela frente para limpar os c\u00e9us de suas cidades.<\/p>\n\n\n\n

A polui\u00e7\u00e3o em\u00a0Pequim\u00a0\u00e9 de 37,9 \u00b5g\/m3 em m\u00e9dia, valor bastante superior aos 6,3 \u00b5g\/m3 de\u00a0Nova York; 9 \u00b5g\/m3 de\u00a0Londres; 6,9 \u00b5g\/m3 de\u00a0Madri; ou 20,7 \u00b5g\/m3 da\u00a0Cidade do M\u00e9xico, de acordo com os dados de sat\u00e9lite mais recentes.<\/p>\n\n\n\n

Ainda assim, o estudo da\u00a0Universidade de Chicago\u00a0estima que os habitantes da capital chinesa v\u00e3o viver em m\u00e9dia 4,4 anos a mais do que em 2013, gra\u00e7as \u00e0s recentes redu\u00e7\u00f5es de part\u00edculas poluentes.<\/p>\n\n\n\n

Em outros lugares, a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito pior: em\u00a0Nova D\u00e9li, na\u00a0\u00cdndia, a polui\u00e7\u00e3o chega a 107,6 \u00b5g\/m3, mais de 20 vezes o limite de 5 \u00b5g\/m3 recomendado pela\u00a0OMS.<\/p>\n\n\n\n

Bangladesh,\u00a0\u00cdndia,\u00a0Nepal\u00a0e\u00a0Paquist\u00e3o\u00a0s\u00e3o os pa\u00edses onde o ar \u00e9 mais irrespir\u00e1vel, enquanto a\u00a0China, que na \u00faltima d\u00e9cada estava inclu\u00edda entre os cinco primeiros desta lista, ocupa hoje o 9\u00ba lugar com 31,6 \u00b5g\/m3, de acordo com os \u00faltimos dados de sat\u00e9lite de 2020.<\/p>\n\n\n\n

Os\u00a0Estados Unidos\u00a0t\u00eam uma m\u00e9dia de 7,1 \u00b5g\/m3. E, na Am\u00e9rica Latina,\u00a0Guatemala,\u00a0Bol\u00edvia,\u00a0El Salvador\u00a0e\u00a0Peru\u00a0est\u00e3o entre os pa\u00edses com maior polui\u00e7\u00e3o ambiental, com n\u00edveis entre 20 e 30, enquanto os demais est\u00e3o em sua maioria entre 10 e 20.<\/p>\n\n\n\n

A verdade \u00e9 que poucas pessoas no planeta podem dizer que respiram ar puro: 97% da popula\u00e7\u00e3o mundial vive em lugares em que a qualidade do ar est\u00e1 abaixo dos padr\u00f5es da\u00a0OMS.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“Vivemos vidas mais curtas por causa da polui\u00e7\u00e3o no ar que respiramos: estimamos que mais de dois anos de expectativa de vida em m\u00e9dia s\u00e3o perdidos globalmente por causa disso”, diz Hasenkopf.<\/p>\n\n\n\n

“Este fardo em nossas vidas \u00e9 maior do que o do HIV\/AIDS, da mal\u00e1ria ou da guerra.”<\/p>\n\n\n\n

A coautora do estudo afirma que o melhor recurso para reduzir a polui\u00e7\u00e3o do ar n\u00e3o s\u00e3o os avan\u00e7os tecnol\u00f3gicos, mas “uma vontade pol\u00edtica e social sustentada de promover, financiar e fazer cumprir as pol\u00edticas de ar limpo”.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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