{"id":178592,"date":"2022-07-19T19:59:27","date_gmt":"2022-07-19T22:59:27","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=178592"},"modified":"2022-07-19T19:59:30","modified_gmt":"2022-07-19T22:59:30","slug":"brasil-desmatou-20-a-mais-em-2021-do-que-no-ano-anterior","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/07\/19\/178592-brasil-desmatou-20-a-mais-em-2021-do-que-no-ano-anterior.html","title":{"rendered":"Brasil desmatou 20% a mais em 2021 do que no ano anterior"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Relat\u00f3rio aponta alta de destrui\u00e7\u00e3o em todos os biomas brasileiros. Com 98% de ilegalidade, desmatamento \u00e9 movido principalmente pelo avan\u00e7o da agropecu\u00e1ria.<\/p>\n\n\n\n

O Brasil perdeu 16,5 mil quil\u00f4metros quadrados de mata nativa em 2021, uma \u00e1rea equivalente a dez vezes a cidade de S\u00e3o Paulo. Em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior, o\u00a0desmatamento\u00a0em todo o territ\u00f3rio nacional cresceu 20%, aponta o Relat\u00f3rio Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas, lan\u00e7ado nesta segunda-feira (18\/07).<\/p>\n\n\n\n

“Houve alta em todos os biomas, n\u00e3o \u00e9 algo concentrado na\u00a0Amaz\u00f4nia. \u00c9 um fen\u00f4meno que est\u00e1 acontecendo em todo o pa\u00eds”, afirma Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, uma iniciativa que re\u00fane universidades, ONGs e empresas de tecnologia e disponibiliza os dados numa plataforma online gratuita.<\/p>\n\n\n\n

No ranking da destrui\u00e7\u00e3o por bioma, a Amaz\u00f4nia \u00e9 a primeira, com 59% do total de desmatamentos registrados no pa\u00eds. Em 2021, foram 9,7 mil km2 de corte desse bioma, 15% a mais do que o verificado no ano anterior.<\/p>\n\n\n\n

O Cerrado vem na segunda posi\u00e7\u00e3o, com 30% do total desmatado e uma \u00e1rea de 11,6 mil km2 perdida. Na sequ\u00eancia, aparecem a Caatinga, com 1,1 mil km2; a Mata Atl\u00e2ntica, com 301 km2; o Pantanal, com 286 km2, e o Pampa, 24 km2. Esse \u00faltimo foi o bioma que registrou o maior aumento percentual, de 92,1%.<\/p>\n\n\n\n

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Para chegar aos resultados, a equipe do MapBiomas analisou 69.796 alertas de desmatamento captados pelos sat\u00e9lites que integram diferentes sistemas, como o Deter (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe), SAD (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaz\u00f4nia, Imazom), GLAD (Universidade Maryland), SIRAD-X (Instituto Socioambiental, ISA), SAD Caatinga (Geodatin e Universidade Estadual de Feira de Santana, Uefs), SAD Pantanal (SOS Pantanal e ArcPlan) e SAD Mata Atl\u00e2ntica (SOS Mata Atl\u00e2ntica e ArcPlan).<\/p>\n\n\n\n

“Todos os alertas s\u00e3o avaliados por nossos analistas. Os dados s\u00e3o abertos, gratuitos, podem ser usados n\u00e3o apenas pelo governo, mas por institui\u00e7\u00f5es como os bancos. Eles podem, por exemplo, checar se quem pede dinheiro emprestado \u00e9 um desmatador ilegal usando esse banco de dados”, afirma Azevedo.<\/p>\n\n\n\n

Alta ilegalidade, alta velocidade<\/h2>\n\n\n\n

O relat\u00f3rio, feito pelo terceiro ano seguido, indica tamb\u00e9m uma alta taxa de ilegalidade: 98% dos desmatamentos detectados est\u00e3o fora da lei. Isso significa que h\u00e1 problemas como falta de autoriza\u00e7\u00e3o dos \u00f3rg\u00e3os respons\u00e1veis, sobreposi\u00e7\u00e3o a \u00e1reas que deveriam ser protegidas nos im\u00f3veis rurais ou sobreposi\u00e7\u00e3o a \u00e1reas p\u00fablicas protegidas, como unidades de conserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Outro destaque negativo \u00e9 o aumento do tamanho m\u00e9dio dos desmatamentos. De 2020 para 2021, o n\u00famero de \u00e1reas impactadas com mais de 100 hectares saltou de 2.026 para 3.040.<\/p>\n\n\n\n

A velocidade com a qual a mata nativa \u00e9 devastada no pa\u00eds ficou mais acelerada no per\u00edodo: com uma m\u00e9dia de 191 novos alertas por dia, a \u00e1rea de desmatamento di\u00e1rio em 2021 foi de 45 km2. \u00c9 como se um est\u00e1dio do Maracan\u00e3 desaparecesse a cada dois minutos.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 poss\u00edvel ainda, mostra o relat\u00f3rio, saber e penalizar quem comete as irregularidades, j\u00e1 que a maior parte do corte, 76%, ocorreu sobre \u00e1reas que est\u00e3o registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esse registro \u00e9 obrigat\u00f3rio para todos os im\u00f3veis rurais de acordo com o C\u00f3digo Florestal.<\/p>\n\n\n\n

“Isso significa que em pelo menos 3\/4 dos desmatamentos \u00e9 poss\u00edvel encontrar um respons\u00e1vel\u201d, diz Azevedo, ressaltando que o dano \u00e0 vegeta\u00e7\u00e3o nativa foi registrada em apenas 0,9% dos mais de 7 milh\u00f5es de im\u00f3veis cadastrados no CAR.<\/p>\n\n\n\n

De onde vem a press\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

Pela primeira vez desde sua primeira edi\u00e7\u00e3o, o relat\u00f3rio analisou as atividades econ\u00f4micas que mais influenciaram as \u00e1reas desmatadas. A agropecu\u00e1ria aparece como o principal vetor, respons\u00e1vel por 97% dos casos, seguida pelo garimpo (0,5%), expans\u00e3o urbana (0,4%), minera\u00e7\u00e3o (0,1%) e outros motivos (2,5%) ainda em estudo para futuro detalhamento, como constru\u00e7\u00e3o de usinas e\u00f3licas e solares.<\/p>\n\n\n\n

“O desmatamento pode at\u00e9 ter sido feito por um especulador ou grileiro, mas quem mais se beneficia dele, quem mais usa a terra em quest\u00e3o, \u00e9 a agropecu\u00e1ria\u201d, afirma Azevedo.<\/p>\n\n\n\n

Para chegar a essa conclus\u00e3o, os analistas consideram informa\u00e7\u00f5es como formato e localiza\u00e7\u00e3o do desmatamento, assim como atividades econ\u00f4micas do entorno e dados em banco p\u00fablicos.<\/p>\n\n\n\n

Duas regi\u00f5es em especial s\u00e3o apontadas como as mais afetadas pela expans\u00e3o da fronteira agr\u00edcola, a chamada Amacro, na divisa dos estados de Amazonas, Acre e Rond\u00f4nia, e a Matopiba, no encontro de Maranh\u00e3o, Tocantins, Piau\u00ed e Bahia.<\/p>\n\n\n\n

Fiscaliza\u00e7\u00e3o e puni\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

Apesar de todo detalhamento dispon\u00edvel, a fiscaliza\u00e7\u00e3o ainda segue a passos lentos. At\u00e9 maio de 2022, apenas 5,2% da \u00e1rea desmatada sofreu embargo ou autua\u00e7\u00e3o do Ibama.<\/p>\n\n\n\n

“As \u00e1reas onde existem ind\u00edcios de ilegalidade deveriam ser imediatamente embargadas, j\u00e1 que isso pode ser feito remotamente, n\u00e3o \u00e9 preciso ir at\u00e9 l\u00e1. Com isso, a propriedade n\u00e3o conseguiria qualquer tipo de financiamento at\u00e9 que pare o dano e comece a ser feita a recupera\u00e7\u00e3o da vegeta\u00e7\u00e3o”, diz Azevedo.<\/p>\n\n\n\n

Um estudo recente publicado pelo Imazom mostrou que a tecnologia pode ser uma importante aliada para barrar os crimes ambientais e a viol\u00eancia no campo. Provas obtidas remotamente, como imagens de sat\u00e9lites e dados p\u00fablicos sobre terras, passaram a ser consideradas pelo Judici\u00e1rio e podem acelerar puni\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 o que indica a an\u00e1lise de mais de 3 mil processos movidos entre 2017 e 2020 pelo Programa Amaz\u00f4nia Protege, criado pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal para responsabilizar os desmatadores ilegais por meio de a\u00e7\u00f5es civis p\u00fablicas. Juntos, esses processos tentam punir a derrubada de 2,3 mil km2 de floresta com pedidos de indeniza\u00e7\u00f5es que somam R$ 3,7 bilh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisa mostrou que, embora a condena\u00e7\u00e3o em primeira inst\u00e2ncia seja baixa (8% dos casos), as inst\u00e2ncias superiores s\u00e3o mais propensas a usar a essas inova\u00e7\u00f5es jur\u00eddicas que podem mudar o rumo da impunidade.<\/p>\n\n\n\n

“Com as decis\u00f5es favor\u00e1veis ao uso de sat\u00e9lite para responsabilizar desmatadores ilegais, j\u00e1 temos um grande avan\u00e7o no Judici\u00e1rio, que \u00e9 esse aporte tecnol\u00f3gico para localizar e punir quem est\u00e1 degradando a Amaz\u00f4nia. Isso desobriga um \u00fanico meio de comprova\u00e7\u00e3o do crime, como a visita in loco dos \u00f3rg\u00e3os ambientais para poder comprovar que a \u00e1rea est\u00e1 sendo desmatada, especialmente na Amaz\u00f4nia, onde as dist\u00e2ncias e o acesso s\u00e3o um grande desafio\u201d, afirma Jeferson Almeida, pesquisador do Imazon.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n\n\n\n

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