{"id":178844,"date":"2022-08-01T17:46:38","date_gmt":"2022-08-01T20:46:38","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=178844"},"modified":"2022-08-01T17:46:45","modified_gmt":"2022-08-01T20:46:45","slug":"alemanha-debate-estender-funcionamento-de-usinas-nucleares","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/08\/01\/178844-alemanha-debate-estender-funcionamento-de-usinas-nucleares.html","title":{"rendered":"Alemanha debate estender funcionamento de usinas nucleares"},"content":{"rendered":"\n
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Escassez de g\u00e1s russo leva parceiros liberais do governo Scholz a defender adiamento de prazo final para fechar usinas nucleares. Ministro verde deixa a porta aberta, mas membros do seu partido rejeitam essa op\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A poucos meses do in\u00edcio do inverno europeu, o aumento da preocupa\u00e7\u00e3o na Alemanha com os potenciais impactos de\u00a0cortes no fornecimento de g\u00e1s russo\u00a0tem levado o governo e a classe pol\u00edtica do pa\u00eds a debater um tema que no in\u00edcio do ano ainda era tabu: a prorroga\u00e7\u00e3o do funcionamento das usinas nucleares alem\u00e3s ainda em opera\u00e7\u00e3o, cujo fechamento est\u00e1 previsto para o final do ano.<\/p>\n\n\n\n

Um dos principais defensores da prorroga\u00e7\u00e3o \u00e9 o liberal Christian Lindner, ministro das Finan\u00e7as do governo de coaliz\u00e3o liderado pelo social-democrata Olaf Scholz. Em entrevista publicada no fim de semana pelo jornal Bild am Sonntag<\/em>, Lindner argumentou a favor de manter as tr\u00eas usinas ainda em opera\u00e7\u00e3o na Alemanha al\u00e9m de dezembro de 2022. “H\u00e1 muito a ser dito para n\u00e3o fechar as usinas nucleares seguras e ben\u00e9ficas para o clima, mas para us\u00e1-las at\u00e9 2024, se necess\u00e1rio”, disse o ministro.<\/p>\n\n\n\n

O l\u00edder da bancada liberal no Parlamento, Christian D\u00fcrr, tamb\u00e9m v\u00ea a extens\u00e3o da vida \u00fatil das tr\u00eas usinas nucleares restantes como uma quest\u00e3o de solidariedade europeia. “N\u00e3o apenas a Alemanha est\u00e1 enfrentando uma grave crise de energia, mas toda a Europa”, disse D\u00fcrr na semana passada. “N\u00e3o vejo como podemos explicar aos nossos parceiros europeus que estamos fechando fontes seguras de energia por raz\u00f5es ideol\u00f3gicas.” Em mar\u00e7o, a vizinha B\u00e9lgica dediciu adiar seu pr\u00f3prio plano de\u00a0abandonar a energia nuclear.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 Linder tamb\u00e9m pediu publicamente para que o Minist\u00e9rio da Economia e Energia, liderado pelo verde Robert Habeck, impe\u00e7a que o cada vez mais escasso estoque de g\u00e1s seja usado puramente para produzir eletricidade, defendendo que essa demanda seja atendida pelas usinas nucleares. “Temos que trabalhar para evitar que a crise do g\u00e1s seja agravada por uma crise de eletricidade”, disse.<\/p>\n\n\n\n

Fechamento<\/h2>\n\n\n\n

Tr\u00eas usinas nucleares foram desligadas\u00a0na Alemanha no ano passado, restando apenas tr\u00eas centrais ainda em opera\u00e7\u00e3o: Isar 2, Emsland e Neckarwestheim 2. No primeiro trimestre do ano, elas responderam por 6% da gera\u00e7\u00e3o de eletricidade do pa\u00eds, enquanto o g\u00e1s foi respons\u00e1vel por 13%. O desligamento progressivo das usinas nucleares foi colocado em pr\u00e1tica pelo governo da conservadora Angela Merkel em 2011, na esteira do desastre nuclear de Fukushima, no Jap\u00e3o, quando a opini\u00e3o p\u00fablica alem\u00e3 apoiou em peso o fechamento das centrais.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, mesmo o partido de Merkel, hoje na oposi\u00e7\u00e3o, \u00e9 favor\u00e1vel \u00e0 prorroga\u00e7\u00e3o das opera\u00e7\u00f5es das usinas restantes. “N\u00e3o faz sentido desligar as usinas que geram eletricidade. Queremos manter em aberto todas as op\u00e7\u00f5es que existem atualmente”, disse o conservador Friedrich Merz, atual l\u00edder da Uni\u00e3o Democrata-Crist\u00e3 (CDU).<\/p>\n\n\n\n

Mas entre os parceiros da coaliz\u00e3o de Scholz n\u00e3o h\u00e1 ainda um acordo. Recentemente, o ministro verde Habeck sinalizou que est\u00e1 deixando uma porta aberta para uma poss\u00edvel extens\u00e3o da energia nuclear, mas sem se comprometer com o tema. Na metade de julho, seu minist\u00e9rio anunciou que vai conduzir um extensivo “teste de estresse” na rede el\u00e9trica da Alemanha para determinar se a rede de energia no pa\u00eds pode funcionar normalmente sob “condi\u00e7\u00f5es agravadas” \u2013\u00a0isto \u00e9, com menos g\u00e1s e sem as usinas nucleares.<\/p>\n\n\n\n

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O verde Habeck, o chanceler social-democrata Scholz e o liberal Lindner. Membros da coaliz\u00e3o est\u00e3o divididos sobre a energia nuclear<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Hesita\u00e7\u00e3o e oposi\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

Os resultados do teste devem ser divulgados ainda em agosto. Um porta-voz do governo Scholz disse que o chanceler federal quer esperar o resultado antes de determinar o curso de a\u00e7\u00e3o. Um primeiro teste em mar\u00e7o apontou que as tr\u00eas usinas nucleares ainda em funcionamento n\u00e3o eram necess\u00e1rias para garantir a seguran\u00e7a energ\u00e9tica, mas o quadro no pa\u00eds se agravou desde ent\u00e3o, especialmente ap\u00f3s a R\u00fassia\u00a0reduzir para 20%\u00a0o envio de energia que passa pelo gasoduto Nord Stream 1.<\/p>\n\n\n\n

“A quest\u00e3o relevante que precisa ser feita \u00e9 se a estabilidade da rede el\u00e9trica precisa ser garantida por meio de novas medidas este ano”, disse Habeck na semana passada, com uma linguagem mais hesitante do que a exibida ao longo do primeiro semestre, quando ele descartou prorrogar o funcionamento das centrais nucleares.<\/p>\n\n\n\n

Mas muitos membros do partido de Habeck, os Verdes, n\u00e3o querem ouvir falar de uma extens\u00e3o. “Acho que uma extens\u00e3o \u00e9 absolutamente errada”, disse a deputada Ricarda Lang, col\u00edder dos Verdes, no domingo, em reposta aos argumentos do liberal Lindner.<\/p>\n\n\n\n

“A energia nuclear \u00e9 uma tecnologia de alto risco. N\u00e3o devemos sacrificar os direitos b\u00e1sicos dos cidad\u00e3os \u00e0 prote\u00e7\u00e3o contra perigos”, alertou a col\u00edder da bancada do Partido Verde no Parlamento alem\u00e3o, Britta Hasselmann.<\/p>\n\n\n\n

Mas o quadro come\u00e7a a ser visto com mais nuances por membros que est\u00e3o no topo no partido. No dia 24 de julho, uma das vice-presidentes do Bundestag, a ecologista Katrin G\u00f6ring-Eckardt, afirmou que todas as op\u00e7\u00f5es devem ser consideradas. A mesma opini\u00e3o foi compartilhada pela ministra das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores da Alemanha, a verde Annalena Baerbock.<\/p>\n\n\n\n

Mas mesmo os verdes mais abertos ao tema reconhecem que a extens\u00e3o do prazo n\u00e3o \u00e9 uma solu\u00e7\u00e3o definitiva. O ministro Habeck apontou que a possibilidade de economizar g\u00e1s com as usinas nucleares s\u00e3o “muito, muito pequenas”, indicando que o potencial de economia seria em torno de 0,5 a 0,7%.<\/p>\n\n\n\n

Segundo ele, a maior parte do g\u00e1s comprado da R\u00fassia \u00e9 usada para aquecer resid\u00eancias e pela ind\u00fastria, com as usinas nucleares n\u00e3o desempenhando um papel relevante na substitui\u00e7\u00e3o. No entanto, o liberal Lindner argumenta que \u00e9 poss\u00edvel esperar um aumento no consumo de eletricidade no inverno, j\u00e1 que muitos alem\u00e3es est\u00e3o se voltando para aquecedores el\u00e9tricos para escapar da alta dos pre\u00e7os de g\u00e1s. Dessa forma, as centrais nucleares devem estar em funcionamento para atender a potencial demanda.<\/p>\n\n\n\n

A oposi\u00e7\u00e3o \u00e0 energia nuclear \u00e9 uma bandeira hist\u00f3rica do Partido Verde alem\u00e3o e a legenda tra\u00e7a suas origens no vigoroso movimento antinuclear alem\u00e3o dos anos 1970. Quando participaram pela primeira vez de um governo federal de coaliz\u00e3o, na administra\u00e7\u00e3o do chanceler Gerhard Schr\u00f6der, os verdes aprovaram o primeiro plano alem\u00e3o de abandono gradual da energia nuclear.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"