{"id":178975,"date":"2022-08-09T20:32:44","date_gmt":"2022-08-09T23:32:44","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=178975"},"modified":"2022-08-09T20:32:46","modified_gmt":"2022-08-09T23:32:46","slug":"relatorio-denuncia-lobby-do-agronegocio-no-governo-bolsonaro","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/08\/09\/178975-relatorio-denuncia-lobby-do-agronegocio-no-governo-bolsonaro.html","title":{"rendered":"Relat\u00f3rio denuncia lobby do agroneg\u00f3cio no governo Bolsonaro"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Levantamento indica que representantes de grandes multinacionais t\u00eam sido recebidos com frequ\u00eancia pela c\u00fapula do Minist\u00e9rio da Agricultura. Pelo menos 16 encontros sequer constaram da agenda oficial.<\/a><\/a><\/p>\n\n\n\n

Entre janeiro de 2019 e junho de 2022, grandes empresas multinacionais do setor do agroneg\u00f3cio se reuniram pelo menos 278 vezes com membros do alto escal\u00e3o do governo federal, principalmente no Minist\u00e9rio da Agricultura, Pecu\u00e1ria e Abastecimento (Mapa), onde houve 160 reuni\u00f5es do tipo. Esse acesso constante, facilitado no governo Jair Bolsonaro, tem funcionado como lobby para medidas como flexibiliza\u00e7\u00e3o de regras para agrot\u00f3xicos e facilita\u00e7\u00e3o de teste para novas subst\u00e2ncias qu\u00edmicas em campo.<\/p>\n\n\n\n

Segundo levantamento realizado pelo observat\u00f3rio De Olho nos Ruralistas, a empresa Syngenta \u00e9 a campe\u00e3 de reuni\u00f5es com a c\u00fapula governamental: foram 81 encontros no per\u00edodo. Em seguida vem a JBS, com 75, e a Bayer, com 60. No caso desta, contudo, uma informa\u00e7\u00e3o chama a aten\u00e7\u00e3o: 16 das reuni\u00f5es ocorridas com o Mapa sequer constaram da agenda oficial da pasta, s\u00f3 tendo sido reveladas mediante registros obtidos via Lei de Acesso \u00e0 Informa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Coordenador do levantamento, o pesquisador Bruno Stankevicius Bassi ressalta que mesmo o lobby, por si s\u00f3, n\u00e3o sendo ilegal, \u00e9 not\u00e1vel a falta de isonomia no tratamento conferido pelo minist\u00e9rio aos diversos setores interessados em debater o tema. “Apesar de n\u00e3o ser regulamentado no Brasil, o lobby n\u00e3o \u00e9 ilegal. Ele \u00e9 um recurso comum \u00e0s democracias representativas”, comenta.<\/p>\n\n\n\n

“O problema est\u00e1 na disparidade de poder que existe entre a influ\u00eancia do agroneg\u00f3cio e de atores sociais impactados pelos projetos de lei da bancada ruralista, como povos ind\u00edgenas, quilombolas e camponeses\u201d, argumenta Bassi. “Enquanto o agroneg\u00f3cio conta com uma estrutura institucionalizada e com recursos fixos providos por dezenas de entidades de de classe, [\u2026] os movimentos sociais n\u00e3o possuem o mesmo acesso ou recursos.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Ele exemplifica com n\u00fameros do pr\u00f3prio relat\u00f3rio: enquanto os representantes das empresas foram recebidos 160 vezes por oficiais do Mapa \u2013 sendo que 16 reuni\u00f5es contaram com a participa\u00e7\u00e3o da pr\u00f3pria ministra Tereza Cristina \u2013, os movimentos sociais s\u00f3 foram recebidos pelo governo duas vezes. “N\u00e3o h\u00e1 como comparar essas duas for\u00e7as\u201d, frisa Bassi.<\/p>\n\n\n\n

M\u00e9dia \u00e9 o triplo do governo Temer<\/h2>\n\n\n\n

O levantamento mostra tamb\u00e9m que o governo Bolsonaro tem uma m\u00e9dia de encontros do tipo superior a gest\u00f5es anteriores. Na gest\u00e3o Temer, houve 1,12 reuni\u00e3o por m\u00eas de executivos do agroneg\u00f3cio com o minist\u00e9rio. De 2019 para c\u00e1, essa m\u00e9dia saltou para 3,81 encontros por m\u00eas \u2013 mais do que o triplo.<\/p>\n\n\n\n

A DW Brasil questionou o governo Bolsonaro sobre o relat\u00f3rio produzido pela De Olho nos Ruralistas e, especificamente, perguntou por que n\u00e3o h\u00e1 peso igual, na agenda do Mapa, para outros setores envolvidos no mundo agr\u00edcola, al\u00e9m de por que pelo menos 16 encontros com a Bayer n\u00e3o constavam de agenda oficial.<\/p>\n\n\n\n

Em nota, o minist\u00e9rio limitou-se a responder que “realiza periodicamente reuni\u00f5es t\u00e9cnicas com representantes de entidades p\u00fablicas e privadas do setor produtivo agropecu\u00e1rio para colher subs\u00eddios e informa\u00e7\u00f5es relevantes para a formula\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas para o desenvolvimento do setor\u201d.<\/p>\n\n\n\n

“A administra\u00e7\u00e3o p\u00fablica n\u00e3o pode ser confundida com interesses privados de empresas e grupos econ\u00f4micos\u201d, comenta o ambientalista Marcio Astrini, secret\u00e1rio do Observat\u00f3rio do Clima. “O agravo \u00e9 quando o conhecimento, a ci\u00eancia, o interesse coletivo e a impessoalidade correm riscos frente a interesses comerciais ou pessoais. \u00c9 o que estamos assistindo na proposta que retira as avalia\u00e7\u00f5es ambiental e de sa\u00fade p\u00fablica do registro de novos agrot\u00f3xicos.”<\/p>\n\n\n\n

A refer\u00eancia \u00e9 ao projeto que ficou conhecido popularmente como PL do Veneno, atualmente aguardando aprecia\u00e7\u00e3o pelo Senado. Astrini ressalta que a aprova\u00e7\u00e3o de algo do tipo “interessa apenas a quem produz estes t\u00f3xicos, em detrimento da sa\u00fade da popula\u00e7\u00e3o\u201d \u00e9 “a pr\u00f3pria subvers\u00e3o do papel do Estado\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Para o ambientalista, o n\u00famero de encontros extra-oficiais de representantes de multinacionais do agroneg\u00f3cio com o governo deve ser “muito maior do que o declarado\u201d: “As agendas oficiais podem dar um par\u00e2metro, mas certamente h\u00e1 diversas outras agendas informais, jantares, encontros com pol\u00edticos em suas cidades ou bases eleitorais que dificilmente constariam dos registros, mas que t\u00eam por finalidade o mesmo lobby.”<\/p>\n\n\n\n

Empresas se posicionam<\/h2>\n\n\n\n

A reportagem procurou as tr\u00eas empresas que lideram o ranking do levantamento e as questionou sobre os motivos que levaram a tal frequ\u00eancia de encontro. Em nota, a Syngenta afirmou que “investe em pesquisa e desenvolvimento\u201d e “busca trazer para o mercado inova\u00e7\u00f5es\u201d, visando cumprir as “expectativas da sociedade\u201d em “projetos que busquem a seguran\u00e7a alimentar, produzindo mais alimentos, sem exigir aumento de \u00e1rea plantada\u201d.<\/p>\n\n\n\n

“Nesse processo, a empresa sempre teve um di\u00e1logo constante com autoridades, governos, \u00f3rg\u00e3os reguladores, meios de comunica\u00e7\u00e3o e sociedade\u201d, argumenta empresa. “Ao longo das reuni\u00f5es das quais participamos, provemos informa\u00e7\u00f5es sobre temas conectados com a defesa dos interesses de agricultores e da agricultura brasileira\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Por sua vez, a JBS afirmou que “entende que \u00e9 importante contribuir para o debate pelo desenvolvimento do setor\u201d. “Como parte desse di\u00e1logo, [a empresa] se re\u00fane tamb\u00e9m com autoridades p\u00fablicas sempre conforme as legisla\u00e7\u00f5es em vigor\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m em nota, a Bayer argumentou que mant\u00e9m “di\u00e1logos transparentes com autoridades p\u00fablicas\u201d, “assim como tamb\u00e9m participa ativamente de debates na sociedade e acompanha de perto o desenvolvimento de pol\u00edticas p\u00fablicas.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Sobre as reuni\u00f5es ocorridas fora de agenda, a empresa afirmou que “todas as audi\u00eancias dos profissionais de assuntos p\u00fablicos da Bayer [\u2026] s\u00e3o formalmente solicitadas aos \u00f3rg\u00e3os com quem a empresa mant\u00e9m intera\u00e7\u00f5es\u201d. Em outras palavras:\u00a0se n\u00e3o houve men\u00e7\u00e3o na agenda oficial do Mapa, a Bayer n\u00e3o assume qualquer culpa pelo fato.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n\n\n\n

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