{"id":179101,"date":"2022-08-16T19:49:51","date_gmt":"2022-08-16T22:49:51","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179101"},"modified":"2022-08-16T19:49:59","modified_gmt":"2022-08-16T22:49:59","slug":"conheca-o-verme-que-e-uma-arma-contra-a-poluicao-plastica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/08\/16\/179101-conheca-o-verme-que-e-uma-arma-contra-a-poluicao-plastica.html","title":{"rendered":"Conhe\u00e7a o verme que \u00e9 uma arma contra a polui\u00e7\u00e3o pl\u00e1stica"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
A tra\u00e7a-da-cera degrada o polietileno gra\u00e7as \u00e0s enzimas presentes em sua saliva.
FOTO DE\u00a0C\u00c9SAR HERN\u00c1NDEZ<\/strong>\u00a0CSIC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em apenas sete d\u00e9cadas, o\u00a0pl\u00e1stico\u00a0inundou o planeta de tal forma que medir o alcance de suas consequ\u00eancias \u00e9 incompreens\u00edvel. \u00c0 medida que sua dissemina\u00e7\u00e3o continua a poluir at\u00e9 os lugares mais remotos da Terra, h\u00e1 muitos caminhos que os cientistas est\u00e3o tentando explorar para reverter a\u00a0polui\u00e7\u00e3o pl\u00e1stica.<\/p>\n\n\n\n

Agora, um grupo de pesquisadores do Conselho Superior de Pesquisa Cient\u00edfica (Csic, na sigla em espanhol) descobriu que a saliva da tra\u00e7a-da-cera (Galleria mellonella<\/em>) abriga enzimas que degradam o polietileno, um dos pl\u00e1sticos mais utilizados e tamb\u00e9m um dos mais resistentes. Segundo dados do Csic, juntamente com o polipropileno e o poliestireno, esses tr\u00eas tipos de pl\u00e1sticos representam 70% da produ\u00e7\u00e3o total.<\/p>\n\n\n\n

Essa descoberta,\u00a0publicada\u00a0no\u00a0BioRxiv<\/em>, pode abrir um novo caminho muito esperan\u00e7oso para o meio ambiente, se a revis\u00e3o confirmar os dados. \u201cEm condi\u00e7\u00f5es ambientais normais, o pl\u00e1stico leva meses ou anos para se degradar\u201d, diz Federica Bertocchini, pesquisadora do Centro de Pesquisa Biol\u00f3gica (CIB-Csic), na Espanha, que liderou o estudo.<\/p>\n\n\n\n

A crise ambiental atual tem um alcance cujas consequ\u00eancias s\u00e3o imposs\u00edveis para a comunidade cient\u00edfica prever, o que, no entanto, coincide na preocupa\u00e7\u00e3o gerada por n\u00e3o saber at\u00e9 que ponto esta amea\u00e7a \u00e0 sa\u00fade e ao meio ambiente est\u00e1 afetando \u2013 e afetar\u00e1 por anos \u2013 o planeta.<\/p>\n\n\n\n

Uma descoberta casual<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

\u201cPara degradar o pl\u00e1stico, o oxig\u00eanio precisa penetrar no pol\u00edmero \u2013 a mol\u00e9cula do pl\u00e1stico. Essa primeira etapa de oxida\u00e7\u00e3o, que normalmente \u00e9 resultado da exposi\u00e7\u00e3o ao Sol ou altas temperaturas, \u00e9 um gargalo que retarda a degrada\u00e7\u00e3o de pl\u00e1sticos como o polietileno, um dos mais resistentes\u201d, explica o pesquisador.<\/p>\n\n\n\n

\u201cDescobrimos agora que as enzimas da saliva da tra\u00e7a-da-cera realizam esta etapa crucial: oxidam o pl\u00e1stico. Assim, possibilitam superar o gargalo da degrada\u00e7\u00e3o do pl\u00e1stico e acelerar sua decomposi\u00e7\u00e3o\u201d, complementa.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora investiga esses processos de degrada\u00e7\u00e3o qu\u00edmica desde 2017, quando descobriu o poss\u00edvel papel que a lagarta poderia desempenhar. Naquela \u00e9poca, a pesquisadora descobriu essa qualidade de vermes de cera por acaso ao olhar para uma colmeia cheia de tra\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n

Nesse momento, Bertocchini decidiu retirar os vermes e deix\u00e1-los em um saco pl\u00e1stico enquanto limpava os favos. \u201cDepois de ter tudo pronto, voltei para a sala onde estavam as tra\u00e7as e vi que elas estavam por toda parte, que haviam escapado da bolsa, apesar de ainda estar fechada\u201d, conta a pesquisadora. \u201cS\u00f3 havia uma explica\u00e7\u00e3o: os vermes haviam feito os buracos e escapado por ali. Foi quando este projeto come\u00e7ou.”<\/p>\n\n\n\n

Vermes comedores de pl\u00e1stico<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

Desde ent\u00e3o, \u201crealizamos muitos experimentos para verificar a efici\u00eancia desses vermes na biodegrada\u00e7\u00e3o do polietileno. 100 tra\u00e7as-da-cera s\u00e3o capazes de biodegradar 92 miligramas de polietileno em 12 horas, \u00e9 realmente muito r\u00e1pido\u201d, constata Bertocchini.<\/p>\n\n\n\n

Nessa linha, entre as \u00e1reas de pesquisa mais promissoras dos \u00faltimos anos est\u00e3o, como protagonistas, os meios biol\u00f3gicos: ou seja, biodegrada\u00e7\u00e3o, um processo natural associado a microrganismos como bact\u00e9rias e fungos.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 alguns anos esse novo campo de pesquisa foi aberto. Observou-se que alguns insetos do g\u00eanero Lepidoptera e Coleoptera eram capazes de degradar polietileno e poliestireno.<\/p>\n\n\n\n

“Em nosso laborat\u00f3rio descobrimos o inseto que parece ser o mais r\u00e1pido de todos: as larvas da Galleria mellonella<\/em>, conhecida como verme ou tra\u00e7a-da-cera”, explica Bertocchini. “Essas larvas eram capazes de oxidar e quebrar pol\u00edmeros pl\u00e1sticos em um tempo muito curto (ap\u00f3s apenas uma hora de exposi\u00e7\u00e3o)”.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, at\u00e9 o momento, apenas um punhado de microorganismos pode quebrar os pol\u00edmeros pl\u00e1sticos resistentes do polietileno, de acordo com o Csic. “E, al\u00e9m disso, na maioria dos casos \u00e9 necess\u00e1rio um pr\u00e9-tratamento agressivo para garantir a oxida\u00e7\u00e3o e, assim, permitir que os microrganismos tenham algum efeito (ainda que lento) no pl\u00e1stico.”<\/p>\n\n\n\n

O pesquisador explica que, nos \u00faltimos anos, foram feitas tentativas para descobrir como esses insetos conseguem fazer algo assim.<\/p>\n\n\n\n

Pl\u00e1stico como alimento?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

\u201cMuitos estudos t\u00eam se concentrado nos microrganismos que vivem no sistema digestivo desses vermes, partindo do pressuposto de que as tra\u00e7as podem usar o pl\u00e1stico como alimento e que a degrada\u00e7\u00e3o seria resultado de sua atividade metab\u00f3lica e do processo digestivo\u201d, explica o investigador.<\/p>\n\n\n\n

\u201cMas essa suposi\u00e7\u00e3o \u00e9 altamente question\u00e1vel, e \u00e9 por isso que nossa pesquisa se concentrou desde o in\u00edcio na cavidade oral dos vermes\u201d, acrescenta.<\/p>\n\n\n\n

“Observamos cuidadosamente o comportamento da lagarta na presen\u00e7a do polietileno e descobrimos que as enzimas presentes na saliva do verme, ou seja, no l\u00edquido coletado da boca do inseto, s\u00e3o capazes de degradar o polietileno”, conta. Bertocchini. \u201cO pol\u00edmero em contato com a saliva oxida e despolimeriza em poucas horas. Identificamos res\u00edduos degradados que se formam na presen\u00e7a de sua saliva\u201d, detalha.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, essa equipe de pesquisadores analisou a saliva com microscopia eletr\u00f4nica e observou um alto teor de prote\u00edna. \u201cNa saliva, isolamos duas enzimas que podem reproduzir a oxida\u00e7\u00e3o causada pela saliva inteira\u201d, indica o pesquisador. Essas duas prote\u00ednas se chamam Demetra e Ceres e pertencem \u00e0 fam\u00edlia das enzimas fenol-oxidase. <\/p>\n\n\n\n

\u201cDescobrimos que a enzima Demetra teve um efeito significativo no polietileno, deixando marcas (pequenas crateras) vis\u00edveis a olho nu na superf\u00edcie do pl\u00e1stico\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Duas enzimas, dois efeitos<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

Segundo a pesquisadora, esse efeito tamb\u00e9m foi confirmado pelo aparecimento de produtos de degrada\u00e7\u00e3o formados ap\u00f3s a exposi\u00e7\u00e3o do polietileno a essa enzima, que oxida o pol\u00edmero, embora sem deixar marcas vis\u00edveis, sugerindo que as duas enzimas t\u00eam efeito diferente sobre o polietileno, resume.<\/p>\n\n\n\n

Os fen\u00f3is s\u00e3o mol\u00e9culas que as plantas usam como defesa contra inimigos em potencial, como larvas de insetos. Portanto, os insetos podem produzir enzimas fenol oxidase como forma de oxidar os fen\u00f3is vegetais, neutralizando-os, permitindo que eles se alimentem das plantas com seguran\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Essas subst\u00e2ncias tamb\u00e9m est\u00e3o presentes em muitos aditivos pl\u00e1sticos, o que pode torn\u00e1-los alvos dessas enzimas e criar as condi\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias para a oxida\u00e7\u00e3o e despolimeriza\u00e7\u00e3o do pl\u00e1stico. “At\u00e9 o momento, isso \u00e9 apenas especula\u00e7\u00e3o e mais experimentos ser\u00e3o necess\u00e1rios para aprofundar o mecanismo de a\u00e7\u00e3o enzim\u00e1tica”, alertam os pesquisadores.<\/p>\n\n\n\n

Nesta linha, outra quest\u00e3o ainda mais interessante \u00e9 descobrir como as tra\u00e7as-de-cera adquiriram essa habilidade. Os pesquisadores arriscam que pode ser devido a um processo evolutivo. “Os vermes se alimentam de cera de colmeia e p\u00f3len de uma grande variedade de esp\u00e9cies de plantas.”<\/p>\n\n\n\n

Portanto, se voc\u00ea levar em conta que a cera da colmeia est\u00e1 cheia de fen\u00f3is, esse tipo de enzima seria muito \u00fatil para os vermes. “Indiretamente, isso explicaria por que as tra\u00e7as podem quebrar o polietileno. No entanto, essa teoria \u00e9 apenas especula\u00e7\u00e3o at\u00e9 agora e ser\u00e3o necess\u00e1rios mais estudos combinando a biologia dos insetos com a biotecnologia”, concluem.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n\n\n\n

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