{"id":179164,"date":"2022-08-18T19:09:51","date_gmt":"2022-08-18T22:09:51","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179164"},"modified":"2022-08-18T19:09:54","modified_gmt":"2022-08-18T22:09:54","slug":"um-segundo-asteroide-pode-ter-atingido-a-terra-durante-a-extincao-dos-dinossauros","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/08\/18\/179164-um-segundo-asteroide-pode-ter-atingido-a-terra-durante-a-extincao-dos-dinossauros.html","title":{"rendered":"Um segundo asteroide pode ter atingido a Terra durante a extin\u00e7\u00e3o dos dinossauros"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Esta ilustra\u00e7\u00e3o mostra o impacto de um\u00a0 asteroide semelhante ao evento ocorrido h\u00e1 cerca de 66 milh\u00f5es de anos, que causou a extin\u00e7\u00e3o de tr\u00eas quartos das esp\u00e9cies da Terra. Outra cratera de impacto pode ter sido descoberta na costa da \u00c1frica Ocidental, em uma nova reviravolta dessa extin\u00e7\u00e3o.
ARTE DE\u00a0CLAUS LUNAU<\/strong>\u00a0SCIENCE SOURCE<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em um instante catastr\u00f3fico h\u00e1 cerca de 66 milh\u00f5es de anos, o curso da vida na Terra mudou para sempre. Um\u00a0asteroide\u00a0de cerca de 10 km de largura atingiu a costa da regi\u00e3o onde hoje fica localizada a pen\u00ednsula de Yucat\u00e1n, no M\u00e9xico, e deu in\u00edcio a um cataclismo global.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Os gigantescos\u00a0tsunamis\u00a0resultantes avan\u00e7aram por milhares de quil\u00f4metros sobre regi\u00f5es costeiras.\u00a0Inc\u00eandios florestais\u00a0assolaram vastas extens\u00f5es terrestres. E\u00a0a evapora\u00e7\u00e3o de rochas ao longo do fundo do mar\u00a0lan\u00e7ou gases que provocaram oscila\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas extremas \u2013 tudo isso causou a extin\u00e7\u00e3o de cerca de 75% das esp\u00e9cies do planeta, incluindo todos os\u00a0dinossauros\u00a0n\u00e3o avi\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

Mas essa pode n\u00e3o ser a hist\u00f3ria completa.\u00a0Sob camadas de areia na costa da \u00c1frica Ocidental,\u00a0h\u00e1 ind\u00edcios de que a gigantesca rocha espacial n\u00e3o seria a \u00fanica.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisadores identificaram uma poss\u00edvel cratera com cerca de 8.5 km de largura, revelada em levantamentos s\u00edsmicos do leito oce\u00e2nico, segundo um novo\u00a0estudo publicado na revista cient\u00edfica\u00a0Science Advances<\/em>. A cratera, batizada de Nadir, em homenagem a um vulc\u00e3o submarino nas proximidades, parece ter sido esculpida pelo impacto de uma rocha espacial com largura m\u00ednima de 400 metros \u2013 e pode ter sido formada na mesma \u00e9poca da cratera de Chicxulub, a cicatriz extensa na superf\u00edcie da Terra deixada pelo asteroide que dizimou os dinossauros.<\/p>\n\n\n\n

\u201cMuita gente questiona: como o impacto de Chicxulub \u2014 embora enorme \u2013 poderia ter tantos efeitos destrutivos em todo o mundo?\u201d, indaga Veronica Bray, autora do estudo, cientista planet\u00e1ria da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. \u201cPode ser que n\u00e3o tenha sido apenas um asteroide.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O objeto celeste que originou Nadir teria sido consideravelmente menor que o causador da cratera de Chicxulub. Por isso, seus efeitos provavelmente foram mais localizados. Contudo, se confirmado, a segunda queda de meteorito em um curto intervalo poderia ter sido um golpe duplo na cat\u00e1strofe global no fim do per\u00edodo Cret\u00e1ceo, de acordo com o estudo. <\/p>\n\n\n\n

Uma hip\u00f3tese formulada \u00e9 que os dois asteroides poderiam ser provenientes de um mesmo corpo celeste original, que se partiu em dois antes de atravessar a atmosfera da Terra e atingir o solo, e se afastaram a uma dist\u00e2ncia superior a 5 400 km.<\/p>\n\n\n\n

Embora sejam necess\u00e1rias an\u00e1lises adicionais para confirmar a idade e identidade da poss\u00edvel cratera, e se possui rela\u00e7\u00e3o com Chicxulub, cientistas est\u00e3o cautelosamente empolgados com o poss\u00edvel novo local de impacto.<\/p>\n\n\n\n

O registro de impactos antigos na Terra \u00e9 lamentavelmente incompleto devido \u00e0 agita\u00e7\u00e3o geol\u00f3gica intensa do planeta. Extens\u00f5es da superf\u00edcie s\u00e3o recicladas no manto da Terra, ao passo que outras s\u00e3o refeitas com novas rochas vulc\u00e2nicas, e outras ainda s\u00e3o erodidas pela movimenta\u00e7\u00e3o de geleiras. Apenas cerca de 200 crateras de impacto foram confirmadas no planeta, o que impede cientistas de entender completamente como esses impactos afetaram a Terra antiga e que papel podem desempenhar no futuro do planeta.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA Terra destr\u00f3i incessantemente crateras de impacto\u201d, afirma Jennifer Anderson, ge\u00f3loga experimental especializada em crateras de impacto na Universidade Estadual de Winona, nos Estados Unidos, mas que n\u00e3o integrou a equipe do estudo. Devido \u00e0 atividade geol\u00f3gica do planeta, prossegue ela, \u201cqualquer descoberta de uma nova cratera de impacto na Terra \u00e9 sempre importante\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Nova cratera: uma surpresa s\u00edsmica<\/h2>\n\n\n\n

Assim como muitas descobertas, a poss\u00edvel nova cratera foi encontrada por acaso. Uisdean Nicholson, ge\u00f3logo da Universidade Heriot-Watt, em Edenborough, no Reino Unido, estava interessado em reconstituir a separa\u00e7\u00e3o entre a Am\u00e9rica do Sul e a \u00c1frica ocorrida h\u00e1 aproximadamente 100 milh\u00f5es de anos.<\/p>\n\n\n\n

Em busca de vest\u00edgios, Nicholson examinou as forma\u00e7\u00f5es sob o leito oce\u00e2nico entre os dois continentes, em colabora\u00e7\u00e3o com as empresas WesternGico e TGS, para obter dados s\u00edsmicos. A an\u00e1lise rastreou ondas s\u00edsmicas no subsolo para identificar forma\u00e7\u00f5es subterr\u00e2neas. Quase imediatamente, Nicholson detectou algo incomum.<\/p>\n\n\n\n

O especialista em levantamentos s\u00edsmicos observou dados referentes a muitas forma\u00e7\u00f5es, como protuber\u00e2ncias e cavidades nas estratifica\u00e7\u00f5es subterr\u00e2neas, incluindo c\u00fapulas de sal, que se erguiam atrav\u00e9s de rochas mais densas circundantes. Mas as oscila\u00e7\u00f5es de dados diante dele sugeriam algo mais catacl\u00edsmico. \u201cNunca vi nada parecido\u201d, afirma Nicholson.<\/p>\n\n\n\n

Ele procurou outros cientistas, incluindo Bray, para perguntar se acreditavam que poderia ser uma cratera de impacto, e todos concordaram: a forma\u00e7\u00e3o consiste em uma cavidade cercada por uma borda com um pico proeminente em seu centro, algo comum entre essas crateras.<\/p>\n\n\n\n

Ao analisar o formato e a dimens\u00e3o da estrutura, a equipe desenvolveu modelos de suas poss\u00edveis origens. Os resultados sugerem que a cratera tenha sido causada pelo impacto de uma rocha espacial com cerca de 400 metros de largura, que atravessou a atmosfera e atingiu a superf\u00edcie do mar a cerca de 70 000 km por hora. Ao mergulhar no oceano, observa Bray, \u201cafundou pela \u00e1gua sem nenhuma resist\u00eancia\u201d.<\/p>\n\n\n\n

A colis\u00e3o teria desencadeado a energia de 5 000 megatoneladas de TNT, estima a equipe, evaporando quase instantaneamente a \u00e1gua e as camadas do fundo do mar abaixo. Em seguida, uma onda de choque teria varrido a superf\u00edcie, fazendo com que rochas s\u00f3lidas escorressem como l\u00edquido. Em poucos minutos, o leito oce\u00e2nico teria se elevado, formando um pico central e depois desmoronado sobre si mesmo. O resultado seria um monte no meio de uma depress\u00e3o c\u00f4ncava \u2013 exatamente o que os cientistas acreditam estar enterrado na costa oeste da \u00c1frica.<\/p>\n\n\n\n

Ao correlacionar as camadas de sedimentos dessa regi\u00e3o com amostras datadas de outros locais, os pesquisadores estimaram que a forma\u00e7\u00e3o se originou h\u00e1 cerca de 66 milh\u00f5es de anos \u2013 idade incrivelmente semelhante \u00e0 cratera de Chicxulub.<\/p>\n\n\n\n

Dois asteroides?<\/h2>\n\n\n\n

Estudar as consequ\u00eancias ambientais do fen\u00f4meno causador de Nadir pode ajudar a compreender melhor o que impactos futuros podem causar ao nosso planeta. O suposto causador de Nadir teria dimens\u00e3o compar\u00e1vel ao asteroide Bennu, que tem uma chance em 1 750 de colidir com a Terra nos pr\u00f3ximos tr\u00eas s\u00e9culos, tornando-o um dos asteroides mais propensos a atingir nosso planeta. <\/p>\n\n\n\n

Tal evento estaria longe de ser insignificante, provocando tsunamis por centenas de quil\u00f4metros. Ou, nas palavras de Bray: \u201c\u00c9 grande o suficiente para destruir uma ou duas cidades.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Mas n\u00e3o se sabe ao certo as repercuss\u00f5es dessa descoberta para nossa compreens\u00e3o dos fen\u00f4menos ocorridos imediatamente ap\u00f3s o impacto de Chicxulub e do fim da era dos dinossauros. A energia liberada pelo impacto de Nadir e suas consequ\u00eancias ambientais teriam sido ofuscadas pela colis\u00e3o do asteroide Chicxulub, de 10 km de largura, com a Terra e o cataclismo global que se seguiu.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 uma magnitude completamente diferente\u201d, afirma Martin Schmieder, especialista em estruturas de grandes impactos da Universidade de Ci\u00eancias Aplicadas de Neu-Ulm, na Alemanha, que analisou o estudo antes de sua publica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Mas o impacto de Nadir poderia ter \u201cagravado a destrui\u00e7\u00e3o\u201d de um ecossistema j\u00e1 devastado, comenta Bray. \u00c9 preciso ainda saber se houve outros impactos nesse mesmo per\u00edodo. Os autores do estudo observam que, com 65,4 milh\u00f5es de anos, a cratera de impacto Boltysh, na Ucr\u00e2nia, \u00e9 um pouco mais recente do que Chicxulub.<\/p>\n\n\n\n

Conjuntos de colis\u00f5es de fragmentos de cometas ou asteroides foram documentados anteriormente na Terra e em outros planetas. Por exemplo, perto da resid\u00eancia de Anderson, no meio-oeste dos Estados Unidos, tr\u00eas crateras datam de aproximadamente 460 milh\u00f5es de anos. <\/p>\n\n\n\n

Fizeram parte de um pico de impactos durante o per\u00edodo Ordoviciano, associados por cientistas a uma poss\u00edvel colis\u00e3o no cintur\u00e3o de asteroides que lan\u00e7ou um sucess\u00e3o de meteoritos em dire\u00e7\u00e3o a nosso planeta ao longo de milh\u00f5es de anos.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, identificar os sinais desses impactos na hist\u00f3ria espor\u00e1dica de colis\u00f5es antigas da Terra representa um desafio. Estima-se que um impacto do tamanho de Nadir ocorra a intervalos um pouco menores de 100 mil anos, afirma Schmieder. \u201cEnt\u00e3o, basicamente podem ocorrer a qualquer momento.\u201d<\/p>\n\n\n\n

E em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 pr\u00f3pria Nadir, mais estudos ser\u00e3o necess\u00e1rios para determinar como se formou.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 uma descoberta impressionante\u201d, escreveu por e-mail Gareth Collins, cientista planet\u00e1rio especializado em crateras de impacto da Imperial College de Londres, no Reino Unido, embora ressalte que ainda n\u00e3o h\u00e1 muitas conclus\u00f5es decorrentes da descoberta. \u00c9 necess\u00e1rio coletar amostras diretamente para confirmar a origem da forma\u00e7\u00e3o e obter datas mais precisas sobre o poss\u00edvel impacto que a causou.<\/p>\n\n\n\n

Os autores do estudo j\u00e1 solicitaram verbas de emerg\u00eancia para perfurar a forma\u00e7\u00e3o de Nadir e coletar amostras da rocha da cratera que possivelmente sofreu o impacto, derreteu e se fundiu a outros materiais, bem como das camadas de sedimentos acima dela. O espessamento do leito de areia e lodo sobre a estrutura enterrada pode ter preservado as caracter\u00edsticas da cratera e ainda poderia ajudar a revelar o estado da vida oce\u00e2nica nos anos posteriores ao impacto \u2013 oferecendo diversos dados novos sobre as consequ\u00eancias de colis\u00f5es de asteroides com nosso planeta.<\/p>\n\n\n\n

\u201cMas, evidentemente\u201d, observa Bray, \u201cs\u00f3 ser\u00e1 poss\u00edvel saber ao certo ap\u00f3s perfurar\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n\n\n\n

<\/a><\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"