{"id":179207,"date":"2022-08-23T20:24:18","date_gmt":"2022-08-23T23:24:18","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179207"},"modified":"2022-08-23T20:24:21","modified_gmt":"2022-08-23T23:24:21","slug":"um-mes-apos-acordo-ucrania-ainda-luta-para-exportar-graos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/08\/23\/179207-um-mes-apos-acordo-ucrania-ainda-luta-para-exportar-graos.html","title":{"rendered":"Um m\u00eas ap\u00f3s acordo, Ucr\u00e2nia ainda luta para exportar gr\u00e3os"},"content":{"rendered":"\n
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Semanas ap\u00f3s pacto entre Moscou e Kiev que permitiu abertura dos portos ucranianos, produtores do pa\u00eds seguem enfrentando obst\u00e1culos para escoar gr\u00e3os. Especialistas pedem ajuda internacional.<\/p>\n\n\n\n

Cerca de 30 navios\u00a0deixaram os maiores portos\u00a0da Ucr\u00e2nia no Mar Negro desde\u00a022 de julho, quando\u00a0Moscou e Kiev assinaram um acordo\u00a0mediado pela Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU)\u00a0e pela Turquia para\u00a0permitir o escoamento de gr\u00e3os, ap\u00f3s meses de\u00a0bloqueio por navios de guerra russos\u00a0e\u00a0minas mar\u00edtimas\u00a0ucranianas.<\/p>\n\n\n\n

Um dos primeiros navios a deixar a Ucr\u00e2nia foi fretado pela ONU para entregar 23 mil toneladas de trigo \u00e0 Eti\u00f3pia. At\u00e9 agora, mais de 600 mil toneladas de gr\u00e3os chegaram ao mercado mundial, de acordo com o balan\u00e7o provis\u00f3rio da administra\u00e7\u00e3o portu\u00e1ria estatal da Ucr\u00e2nia.<\/p>\n\n\n\n

Os planos da autoridade portu\u00e1ria s\u00e3o ambiciosos: 100 navios por m\u00eas devem deixar em breve os portos ucranianos de\u00a0Odessa, Pivdenny e Chornomorsk.\u00a0Mas ainda se est\u00e1 muito longe disso.<\/p>\n\n\n\n

Empresas de transporte hesitam<\/h2>\n\n\n\n

Grande parte dos navios que partiram da Ucr\u00e2nia nas primeiras semanas ap\u00f3s o acordo assinado com a R\u00fassia eram embarca\u00e7\u00f5es que estavam presas nos portos h\u00e1 meses. Desde meados de agosto, novos cargueiros v\u00eam gradualmente chegando aos portos de Odessa e arredores.<\/p>\n\n\n\n

“H\u00e1 muita lentid\u00e3o com novos contratos”, afirma Pavlo Martyshev, do Centro de Pesquisa\u00a0de Alimentos e Uso da Terra da Kiev School of Economics (KSE), \u00e0 DW. “Os agentes no mercado realmente n\u00e3o confiam nos russos e esperam surpresas”, aponta, referindo-se ao\u00a0ataque russo ao porto de Odessa\u00a0apenas um dia ap\u00f3s a assinatura do acordo.<\/p>\n\n\n\n

Em uma an\u00e1lise feita para a KSE no in\u00edcio de agosto, o pesquisador ainda estimou com otimismo o potencial de exporta\u00e7\u00e3o adicional gra\u00e7as ao acordo de gr\u00e3os em mais de 5 bilh\u00f5es de d\u00f3lares \u2212 importantes divisas para a Ucr\u00e2nia devastada pela guerra e os agricultores do pa\u00eds. Mas a realidade at\u00e9 agora pinta um quadro diferente.<\/p>\n\n\n\n

“Os custos de frete variam bastante, muitas vezes no per\u00edodo de um dia. O mercado est\u00e1 nervoso. \u00c0s vezes h\u00e1 relatos de ataques com m\u00edsseis russos na regi\u00e3o de Odessa, \u00e0s vezes no porto de Mykolaiv, outras vezes ca\u00e7as russos sobrevoam o corredor mar\u00edtimo desmilitarizado destinado \u00e0 passagem segura de cargueiros”, diz Martyshev.<\/p>\n\n\n\n

Altos pr\u00eamios de risco<\/h2>\n\n\n\n

Gennedi Ivanov, diretor administrativo da empresa de log\u00edstica BPG Shipping, sabe exatamente o que significa transportar mercadorias em condi\u00e7\u00f5es de guerra. Por mais de dez anos, sua empresa organizou viagens de navios de carga para o I\u00eamen. Ivanov agora precisa convencer empresas de transporte mar\u00edtimo a atracar em sua cidade natal, Odessa, apesar de todos os riscos.<\/p>\n\n\n\n

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Ant\u00f3nio Guterres, da ONU, e o presidente turco Recep Erdogan mediaram acordo entre R\u00fassia e Ucr\u00e2nia em Istambul<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“H\u00e1 apenas algumas\u00a0empresas de transporte mar\u00edtimo que trabalham sistematicamente em regi\u00f5es potencialmente perigosas, como a \u00c1frica Ocidental ou o\u00a0I\u00eamen,\u00a0e est\u00e3o dispostas a servir tamb\u00e9m a Ucr\u00e2nia porque sabem que h\u00e1 pr\u00eamios de risco. Em \u00faltima an\u00e1lise, isso significa que os custos de frete s\u00e3o muito mais altos do que nos pa\u00edses vizinhos e ‘pac\u00edficos’, como Rom\u00eania ou Bulg\u00e1ria”, explicou Ivanov \u00e0 DW.<\/p>\n\n\n\n

Mas o especialista em frete mar\u00edtimo est\u00e1 confiante: por quanto mais tempo o corredor de exporta\u00e7\u00e3o funcionar sem incidentes, mais as companhias de transporte mar\u00edtimo se atrever\u00e3o a ir para a Ucr\u00e2nia. “Quando o acordo de gr\u00e3os foi assinado, as seguradoras esperavam pr\u00eamios de 4% a 5% do valor de mercado dos navios para o per\u00edodo de sete dias. Hoje \u00e9 de 1% a 1,5%, o que ainda custa uma m\u00e9dia de 200 mil a 270 mil d\u00f3lares por semana”, explica.<\/p>\n\n\n\n

Desvantagem ucraniana<\/h2>\n\n\n\n

O especialista em frete faz as contas: alugar um navio para exportar gr\u00e3os da Ucr\u00e2nia custa cerca de 10 mil d\u00f3lares por dia a mais do que se pagaria na vizinha Rom\u00eania, por exemplo. Extensas verifica\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a em Istambul tamb\u00e9m levam companhias de transporte mar\u00edtimo a cobrar dos clientes ucranianos por mais sete a nove dias.<\/p>\n\n\n\n

Essa foi uma condi\u00e7\u00e3o dos russos nas negocia\u00e7\u00f5es: todos os navios deveriam ser revistados pelos militares turcos tanto no caminho para a Ucr\u00e2nia quanto na volta, a fim de evitar qualquer entrega de armas por navio. “Tudo isso significa que uma tonelada de carga dos portos da Ucr\u00e2nia custa\u00a025 a 35 d\u00f3lares a mais do que da Rom\u00eania”, enfatiza Ivanov.<\/p>\n\n\n\n

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Navio fretado pela ONU carregou mais de 23 milh\u00f5es de toneladas de gr\u00e3os de Odessa para a Eti\u00f3pia<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Esses custos reduzem os rendimentos dos exportadores e levam a redu\u00e7\u00f5es nos pre\u00e7os de compra para os agricultores ucranianos. \u00c9 uma vantagem competitiva para o principal rival nos mercados de gr\u00e3os, a R\u00fassia, embora os pr\u00eamios de risco para os portos russos tamb\u00e9m tenham subido um pouco desde o in\u00edcio da guerra.<\/p>\n\n\n\n

“A R\u00fassia espera uma colheita recorde de mais de 90 milh\u00f5es de toneladas de trigo neste ano. Nessas circunst\u00e2ncias, o trigo russo dominar\u00e1 o mercado. Os russos podem dar descontos, eles j\u00e1 desbancaram o trigo ucraniano dos mercados mais importantes, como Turquia ou Egito”, diz Martyshev.<\/p>\n\n\n\n

O mesmo se aplica ao \u00f3leo de girassol. “Muitas f\u00e1bricas est\u00e3o paradas desde o in\u00edcio da guerra e, em vez de \u00f3leo de girassol, a Ucr\u00e2nia agora est\u00e1 exportando sementes de girassol n\u00e3o processadas, o que traz significativamente menos divisas.”<\/p>\n\n\n\n

O que fazer com milh\u00f5es de toneladas de gr\u00e3os?<\/h2>\n\n\n\n

Segundo estimativas de especialistas, cerca de 18 milh\u00f5es de toneladas de gr\u00e3os ainda est\u00e3o presas nos silos ucranianos. A situa\u00e7\u00e3o come\u00e7a a ficar apertada, especialmente para os agricultores que cultivam milho.<\/p>\n\n\n\n

“A pr\u00f3xima colheita ser\u00e1 em setembro\/outubro e, a menos que as exporta\u00e7\u00f5es sejam drasticamente aceleradas, haver\u00e1 falta de capacidade de armazenamento para cerca de 10 milh\u00f5es de toneladas de milho”, alerta Martyshev.<\/p>\n\n\n\n

O pesquisador pede apoio internacional, por exemplo, na forma de empr\u00e9stimos baratos, especialmente para estabelecimentos agr\u00edcolas menores, para construir silos provis\u00f3rios e ajudar os agricultores na pr\u00f3xima semeadura.<\/p>\n\n\n\n

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Produtores ucranianos est\u00e3o preocupados com a pr\u00f3xima colheita, pois o espa\u00e7o para armazenar gr\u00e3os est\u00e1 se esgotando<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Segundo Heinz Strubenhoff, que atuou por muitos anos como especialista agr\u00edcola do Banco Mundial na Ucr\u00e2nia e hoje trabalha como especialista independente, o acordo de gr\u00e3os s\u00f3 trar\u00e1 resultados tang\u00edveis se os parceiros internacionais mais importantes da Ucr\u00e2nia ajudarem a pagar os pr\u00eamios de risco do seguro de carga.<\/p>\n\n\n\n

“A R\u00fassia tem interesse em garantir que ainda haja incerteza e que os pr\u00eamios de seguro permane\u00e7am altos. A Uni\u00e3o Europeia e os Estados Unidos devem ter interesse em apoiar a Ucr\u00e2nia com os custos de resseguro dos riscos e, assim, tornar as exporta\u00e7\u00f5es novamente competitivas”, disse o especialista.<\/p>\n\n\n\n

Strubenhoff teme que, se a lucratividade das exporta\u00e7\u00f5es de gr\u00e3os estiver em quest\u00e3o, muitos agricultores na Ucr\u00e2nia sejam for\u00e7ados a plantar mais colza ou girassol. E isso\u00a0n\u00e3o ajudaria a melhorar a\u00a0seguran\u00e7a alimentar\u00a0no m\u00e9dio prazo,\u00a0um dos principais objetivos dos\u00a0esfor\u00e7os internacionais para chegar a um acordo para o escoamento de gr\u00e3os da Ucr\u00e2nia.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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