{"id":179386,"date":"2022-09-05T18:29:11","date_gmt":"2022-09-05T21:29:11","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179386"},"modified":"2022-09-05T18:29:20","modified_gmt":"2022-09-05T21:29:20","slug":"os-misterios-da-maior-cidade-subterranea-ja-descoberta-no-mundo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/09\/05\/179386-os-misterios-da-maior-cidade-subterranea-ja-descoberta-no-mundo.html","title":{"rendered":"Os mist\u00e9rios da maior cidade subterr\u00e2nea j\u00e1 descoberta no mundo"},"content":{"rendered":"\n
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DANM\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma enorme cidade subterr\u00e2nea, que permaneceu ativa por milhares de anos quase sem interrup\u00e7\u00f5es, repousa a mais de 85 metros de profundidade, abaixo das famosas “chamin\u00e9s de fadas” da Capad\u00f3cia, na Turquia.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Rajadas de vento violentas erguem o solo no ar enquanto passeio pelo Vale do Amor da Capad\u00f3cia. Colinas com tons de amarelo e rosa tingem o panorama marcado por profundos c\u00e2nions vermelhos e forma\u00e7\u00f5es rochosas que parecem grandes chamin\u00e9s e surgem \u00e0 dist\u00e2ncia.<\/p>\n\n\n\n

O local \u00e9 seco, quente e o vento \u00e9 forte. Mas a beleza \u00e9 avassaladora.<\/p>\n\n\n\n

Mil\u00eanios atr\u00e1s, este vol\u00e1til ambiente vulc\u00e2nico esculpiu naturalmente os pin\u00e1culos \u00e0 minha volta, at\u00e9 que eles atingissem seus formatos c\u00f4nicos parecidos com cogumelos, que agora atraem milh\u00f5es de visitantes para caminhar ou andar de bal\u00e3o nesta regi\u00e3o central da Anat\u00f3lia.<\/p>\n\n\n\n

Mas, abaixo da fr\u00e1gil superf\u00edcie da Capad\u00f3cia, encontra-se outra maravilha, tamb\u00e9m de propor\u00e7\u00f5es gigantescas, que passou s\u00e9culos escondida: uma cidade subterr\u00e2nea que podia abrigar por meses at\u00e9 20 mil habitantes de cada vez.<\/p>\n\n\n\n

A antiga cidade de Elengubu, hoje conhecida como Derinkuyu, fica a mais de 85 metros abaixo da superf\u00edcie e inclui 18 n\u00edveis de t\u00faneis. \u00c9 a maior cidade subterr\u00e2nea escavada do mundo.<\/p>\n\n\n\n

Ela foi habitada de forma quase constante por milhares de anos, trocando de m\u00e3os, dos fr\u00edgios para os persas e depois para os crist\u00e3os, na Era Bizantina. At\u00e9 que foi finalmente abandonada nos anos 1920 pelos gregos capad\u00f3cios, que fugiram em massa para a Gr\u00e9cia ap\u00f3s a derrota na Guerra Greco-Turca de 1919-1922.<\/p>\n\n\n\n

Os sal\u00f5es da cidade espalham-se por centenas de quil\u00f4metros embaixo da terra, mas acredita-se que mais de 200 pequenas cidades subterr\u00e2neas separadas, que tamb\u00e9m foram descobertas na regi\u00e3o, possam estar conectadas a esses t\u00faneis, criando uma enorme rede subterr\u00e2nea.<\/p>\n\n\n\n

Aves arque\u00f3logas<\/h2>\n\n\n\n

Segundo Suleman, meu guia, Derinkuyu foi “redescoberta” apenas em 1963 por um morador local an\u00f4nimo que estava perdendo suas galinhas. Enquanto ele reformava sua casa, as aves desapareciam em uma pequena fenda criada durante a reforma e nunca mais eram vistas.<\/p>\n\n\n\n

O cidad\u00e3o turco decidiu investigar o que estava acontecendo e, depois de cavar um pouco, ele desenterrou uma passagem escura. Foi a primeira de mais de 600 entradas para a cidade subterr\u00e2nea de Derinkuyu que foram encontradas em casas particulares.<\/p>\n\n\n\n

As escava\u00e7\u00f5es ent\u00e3o come\u00e7aram imediatamente. Elas revelaram uma emaranhada rede de moradias subterr\u00e2neas, espa\u00e7os de armazenagem de alimentos secos, est\u00e1bulos, escolas, vin\u00edcolas e at\u00e9 uma capela. Uma civiliza\u00e7\u00e3o inteira se escondia com seguran\u00e7a embaixo da terra.<\/p>\n\n\n\n

A cidade das cavernas logo atraiu milhares de turistas turcos menos claustrof\u00f3bicos, at\u00e9 que, em 1985, a regi\u00e3o foi declarada Patrim\u00f4nio Mundial da Unesco.<\/p>\n\n\n\n

Os respons\u00e1veis pela constru\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

A data exata da constru\u00e7\u00e3o da cidade segue indefinida. Mas a refer\u00eancia mais antiga a Derinkuyu parece estar no livro An\u00e1base, do historiador grego Xenofonte de Atenas, escrito em cerca de 370 a.C.<\/p>\n\n\n\n

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Derinkuyu \u00e9 composta por 18 n\u00edveis de t\u00faneis que descem a mais de 85 metros abaixo da superf\u00edcie – RALUCAHOTUPAN\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Nele, Xenofonte menciona o povo anat\u00f3lio, que morava em casas escavadas no subterr\u00e2neo da Capad\u00f3cia ou perto dela, e n\u00e3o nas cavernas mais populares ao longo dos rochedos, bem conhecidas na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Andrea De Giorgi, professor de estudos cl\u00e1ssicos da Universidade do Estado da Fl\u00f3rida, nos Estados Unidos, a Capad\u00f3cia \u00e9 excepcionalmente adequada para este tipo de constru\u00e7\u00e3o subterr\u00e2nea, devido \u00e0 falta de \u00e1gua no solo e \u00e0s suas rochas male\u00e1veis, que podem ser facilmente moldadas.<\/p>\n\n\n\n

“A geomorfologia da regi\u00e3o convida para escavar espa\u00e7os subterr\u00e2neos”, afirma ele. O professor explica que o tufo – a rocha do local – teria sido escavado com relativa facilidade, usando ferramentas simples, como p\u00e1s e picaretas.<\/p>\n\n\n\n

O mesmo material pirocl\u00e1stico foi moldado naturalmente nas chamin\u00e9s de fadas e nos pin\u00e1culos que brotam da terra acima do solo.<\/p>\n\n\n\n

Mas definir quem construiu Derinkuyu permanece um mist\u00e9rio, ao menos parcialmente.<\/p>\n\n\n\n

As bases da extensa rede de cavernas subterr\u00e2neas costumam ser atribu\u00eddas aos hititas, “que podem ter escavado os primeiros n\u00edveis na rocha quando foram atacados pelos fr\u00edgios, perto do ano 1200 a.C.”, segundo A. Bertini, especialista em moradias em cavernas no Mediterr\u00e2neo, no seu estudo sobre a arquitetura regional em cavernas.<\/p>\n\n\n\n

Fortalecendo esta hip\u00f3tese, foram encontrados artefatos hititas no interior de Derinkuyu.<\/p>\n\n\n\n

Mas a maior parte da cidade provavelmente foi constru\u00edda pelos fr\u00edgios, que eram arquitetos muito habilidosos na Idade do Ferro e tinham os meios para construir instala\u00e7\u00f5es subterr\u00e2neas.<\/p>\n\n\n\n

“Os fr\u00edgios formaram um dos imp\u00e9rios mais importantes da antiga Anat\u00f3lia”, ensina De Giorgi. “Eles se desenvolveram ao longo da Anat\u00f3lia ocidental por volta do final do primeiro mil\u00eanio a.C. e costumavam transformar forma\u00e7\u00f5es rochosas em monumentos e criar not\u00e1veis fachadas cortadas na rocha. Seu misterioso reino inclu\u00eda a maior parte da Anat\u00f3lia ocidental e central, incluindo a regi\u00e3o de Derinkuyu.”<\/p>\n\n\n\n

No in\u00edcio, Derinkuyu provavelmente era usada para armazenar mercadorias, mas seu prop\u00f3sito principal era servir de abrigo tempor\u00e1rio contra invasores estrangeiros. A Capad\u00f3cia sofreu um fluxo constante de imp\u00e9rios dominadores ao longo dos s\u00e9culos.<\/p>\n\n\n\n

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RICHARD BECK\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“A sucess\u00e3o de imp\u00e9rios e seu impacto sobre o panorama da Anat\u00f3lia explicam o motivo de recorrer a abrigos subterr\u00e2neos como Derinkuyu”, segundo De Giorgi. “Mas foi na \u00e9poca dos ataques isl\u00e2micos [ao Imp\u00e9rio Bizantino, predominantemente crist\u00e3o, no s\u00e9culo 7\u00b0] que essas moradias foram mais utilizadas.”<\/p>\n\n\n\n

Cidade planejada<\/h2>\n\n\n\n

Embora os fr\u00edgios, persas e selj\u00facidas, entre outros povos, tenham habitado a regi\u00e3o e se expandido pela cidade subterr\u00e2nea nos s\u00e9culos seguintes, a popula\u00e7\u00e3o de Derinkuyu atingiu seu maior n\u00edvel durante a Era Bizantina, com cerca de 20 mil pessoas morando embaixo da terra.<\/p>\n\n\n\n

Hoje, voc\u00ea pode sentir a realidade angustiante da vida subterr\u00e2nea por apenas 60 liras turcas (cerca de US$ 3,30 ou R$ 17). Enquanto descia pelos t\u00faneis estreitos e mofados, com suas paredes escurecidas pela fuligem acumulada por s\u00e9culos de ilumina\u00e7\u00e3o com tochas, comecei a perceber a estranha sensa\u00e7\u00e3o de claustrofobia.<\/p>\n\n\n\n

Mas a engenhosidade dos diversos imp\u00e9rios que se expandiram em Derinkuyu logo se tornou evidente. Corredores curtos e intencionalmente estreitos for\u00e7am os visitantes a caminhar inclinados e em fila indiana – claramente, uma posi\u00e7\u00e3o inc\u00f4moda para os intrusos – pelo labirinto de corredores e moradias.<\/p>\n\n\n\n

Levemente iluminadas pelas l\u00e2mpadas, rochas circulares de meia tonelada bloqueavam as portas entre cada um dos 18 n\u00edveis e somente podiam ser movidas pelo lado de dentro. Pequenos orif\u00edcios perfeitamente redondos no centro dessas portas imensas permitiam que os moradores atacassem os invasores com lan\u00e7as, mantendo a seguran\u00e7a do per\u00edmetro.<\/p>\n\n\n\n

“A vida no subterr\u00e2neo provavelmente era muito dif\u00edcil”, afirma Suleman, meu guia. “Os moradores descansavam em jarros de argila vedados, viviam \u00e0 luz de tochas e descartavam os cad\u00e1veres em \u00e1reas [designadas].”<\/p>\n\n\n\n

Cada n\u00edvel da cidade era cuidadosamente projetado para fins espec\u00edficos. Os animais de cria\u00e7\u00e3o viviam em est\u00e1bulos mais perto da superf\u00edcie, para reduzir o cheiro e os gases t\u00f3xicos, oferecendo ainda uma camada viva de isolamento t\u00e9rmico para os meses frios.<\/p>\n\n\n\n

As camadas mais internas da cidade continham moradias, adegas, escolas e espa\u00e7os para reuni\u00f5es. Uma escola mission\u00e1ria bizantina tradicional, completa com c\u00f4modos adjacentes para estudo, foi identificada pelos seus tetos caracter\u00edsticos em forma de ab\u00f3bada e encontra-se no segundo piso.<\/p>\n\n\n\n

Segundo De Giorgi, “as evid\u00eancias da produ\u00e7\u00e3o de vinho baseiam-se na exist\u00eancia de adegas, tanques de press\u00e3o e \u00e2nforas [jarras altas, com duas al\u00e7as e gargalo estreito].” Esses c\u00f4modos especializados indicam que os moradores de Derinkuyu estavam preparados para passar meses abaixo da superf\u00edcie.<\/p>\n\n\n\n

Mas o mais impressionante sobre Derinkuyu \u00e9 o complexo sistema de ventila\u00e7\u00e3o e o po\u00e7o protegido, que teriam fornecido ar fresco e \u00e1gua limpa para toda a cidade. De fato, acredita-se que a cidade tenha sido constru\u00edda inicialmente em volta destes dois elementos essenciais.<\/p>\n\n\n\n

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Derinkuyu tinha muitas entradas e mais de 600 delas foram encontradas em casas particulares – SVPHILON\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Mais de 50 colunas de ventila\u00e7\u00e3o permitiam o fluxo de ar natural entre as muitas moradias e corredores de Derinkuyu. Elas eram distribu\u00eddas por toda a cidade, para evitar um ataque ao fornecimento de ar, que poderia ser fatal.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o po\u00e7o tinha mais de 55 metros de profundidade e podia ser facilmente isolado de baixo pelos moradores da cidade.<\/p>\n\n\n\n

A constru\u00e7\u00e3o de Derinkuyu realmente foi genial, mas ela n\u00e3o \u00e9 a \u00fanica cidade subterr\u00e2nea da Capad\u00f3cia. Com 445 km\u00b2, ela \u00e9 apenas a maior das pelo menos 200 cidades subterr\u00e2neas encontradas abaixo das plan\u00edcies da Anat\u00f3lia.<\/p>\n\n\n\n

Mais de 40 dessas cidades menores t\u00eam tr\u00eas ou mais n\u00edveis abaixo da superf\u00edcie. Muitas s\u00e3o conectadas a Derinkuyu por t\u00faneis cuidadosamente escavados, alguns com at\u00e9 9 km de extens\u00e3o. Todos eles s\u00e3o equipados com sa\u00eddas de emerg\u00eancia, que oferecem retorno imediato \u00e0 superf\u00edcie em caso de necessidade.<\/p>\n\n\n\n

Mas nem todos os segredos subterr\u00e2neos da Capad\u00f3cia foram escavados. Em 2014, uma nova cidade subterr\u00e2nea, talvez ainda maior, foi descoberta na regi\u00e3o de Nevsehir, tamb\u00e9m na Anat\u00f3lia central.<\/p>\n\n\n\n

A fuga dos gregos capad\u00f3cios em 1923 p\u00f4s fim \u00e0 hist\u00f3ria viva de Derinkuyu. Mais de 2 mil anos depois da prov\u00e1vel cria\u00e7\u00e3o da cidade, ela foi abandonada pela \u00faltima vez e sua exist\u00eancia foi esquecida pelo mundo moderno – at\u00e9 que as galinhas errantes da Capad\u00f3cia fizeram a cidade subterr\u00e2nea brilhar mais uma vez.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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