{"id":179399,"date":"2022-09-05T19:43:51","date_gmt":"2022-09-05T22:43:51","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179399"},"modified":"2022-09-05T19:43:57","modified_gmt":"2022-09-05T22:43:57","slug":"como-racismo-ambiental-pode-estar-por-tras-de-crise-hidrica-em-cidade-dos-eua","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/09\/05\/179399-como-racismo-ambiental-pode-estar-por-tras-de-crise-hidrica-em-cidade-dos-eua.html","title":{"rendered":"Como ‘racismo ambiental’ pode estar por tr\u00e1s de crise h\u00eddrica em cidade dos EUA"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Militares dos Estados Unidos entregaram no fim de semana mais de 1 milh\u00e3o de garrafas de \u00e1gua mineral em Jackson, uma cidade do Estado de Mississippi em que milhares de pessoas acabaram ficando sem \u00e1gua pot\u00e1vel.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Estima-se que a falta d’\u00e1gua afete mais de 200 mil pessoas. O problema come\u00e7ou h\u00e1 cinco dias, logo depois que uma s\u00e9rie de inunda\u00e7\u00f5es afetaram uma esta\u00e7\u00e3o de tratamento de \u00e1gua na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Segundo as autoridades, os trabalhos para restabelecer o abastecimento est\u00e3o em andamento. Mas ainda n\u00e3o h\u00e1 previs\u00e3o oficial para a situa\u00e7\u00e3o se resolver.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, a popula\u00e7\u00e3o enfrenta dificuldades para realizar tarefas cotidianas, como dar descarga, cozinhar, lavar a lou\u00e7a e tomar banho. E isso tudo em meio a uma forte onda de calor.<\/p>\n\n\n\n

“Tem sido horr\u00edvel ficar sem \u00e1gua”, disse Shirley Barnes \u00e0 BBC enquanto fazia fila num mercado local para comprar mais garrafas. “\u00c9 como viver nas cavernas. Nunca pensei que estaria nesta situa\u00e7\u00e3o, mas aqui estamos.”<\/p>\n\n\n\n

Atualmente, alguns moradores nem t\u00eam press\u00e3o de \u00e1gua suficiente para dar descarga e precisam usar banheiros qu\u00edmicos que foram espalhados pela cidade.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Shirley Barnes, moradora de Jackson, classificou crise h\u00eddrica de ‘terr\u00edvel’<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Diversos volunt\u00e1rios se juntaram \u00e0 Guarda Nacional para entregar \u00e1gua para os residentes de Jackson, que aguardam em longas filas sob um calor que passa de 30\u00baC. Sem \u00e1gua, muitas escolas precisaram fechar as portas, afetando tamb\u00e9m o acesso de alunos mais pobres \u00e0 alimenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Atualmente eles n\u00e3o podem se reunir para a aula porque n\u00e3o h\u00e1 \u00e1gua para cozinhar ou para os banheiros. E \u00e0s vezes, essa \u00e9 a \u00fanica comida que os alunos t\u00eam, \u00e9 o que eles comem no caf\u00e9 da manh\u00e3 e no almo\u00e7o na escola”, afirmou \u00e0 BBC Debbie Upchurch, m\u00e3e de uma professora da cidade.<\/p>\n\n\n\n

‘Racismo ambiental’<\/h2>\n\n\n\n

“Estamos todos juntos passando por essa crise”, afirma Ryan Bell, residente de Jackson. Mas ele reconhece que parte da popula\u00e7\u00e3o dessa cidade de maioria negra j\u00e1 enfrentava problemas para acesso a \u00e1gua pot\u00e1vel antes mesmos das inundan\u00e7\u00f5es atingirem a unidade de tratamento.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 um problema recorrente. Temos uma infraestrutura velha numa cidade bastante antiga.”<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 tamb\u00e9m desigualdade no restabelecimento gradual do abastecimento de \u00e1gua, \u00e0 medida que o conserto progride. A press\u00e3o da \u00e1gua foi restabelecida em resid\u00eancias e empresas pr\u00f3ximas \u00e0 esta\u00e7\u00e3o de tratamento, mas as edifica\u00e7\u00f5es mais distantes ainda t\u00eam pouca ou nenhuma press\u00e3o da \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

“Temos uma esta\u00e7\u00e3o de tratamento de \u00e1gua obsoleta para a qual nenhuma autoridade d\u00e1 aten\u00e7\u00e3o h\u00e1 anos”, afirma o professor Edmund Merem, especialista em planejamento urbano e estudos ambientais da Universidade Estadual em Jackson.<\/p>\n\n\n\n

Para Merem, h\u00e1 outro fator que desviou a aten\u00e7\u00e3o e o financiamento da infraestrutura h\u00eddrica em ru\u00ednas de Jackson: o racismo.<\/p>\n\n\n\n

Especialistas e ativistas dizem que o que est\u00e1 acontecendo em Jackson e em cidades como Flint (Michigan), onde o abastecimento de \u00e1gua foi afetado por uma contamina\u00e7\u00e3o por chumbo, \u00e9 um legado direto de gera\u00e7\u00f5es de discrimina\u00e7\u00e3o e segrega\u00e7\u00e3o racial.<\/p>\n\n\n\n

“Esta \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o profunda que est\u00e1 em constru\u00e7\u00e3o h\u00e1 d\u00e9cadas”, diz Arielle King, advogada e ativista ambiental. “A hist\u00f3ria da segrega\u00e7\u00e3o racial neste pa\u00eds contribuiu profundamente para as injusti\u00e7as ambientais que vemos agora.”<\/p>\n\n\n\n

King menciona como exemplo o chamado “redlining”, que come\u00e7ou na d\u00e9cada de 1940 quando o governo negou hipotecas e empr\u00e9stimos a negros por serem considerados “muito arriscados (de darem calote)”.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Especialistas afirmam que popula\u00e7\u00f5es negras dos EUA s\u00e3o mais vulner\u00e1veis a crises ambientais por causa do chamado racismo ambiental – REUTERS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O programa durou mais de 40 anos e, como resultado, diz King, comunidades predominantemente negras e de baixa renda se concentraram em \u00e1reas com ind\u00fastrias poluidoras, aterros sanit\u00e1rios, refinarias de petr\u00f3leo e esta\u00e7\u00f5es de tratamento de esgoto.<\/p>\n\n\n\n

E essas \u00e1reas, afirma King, existem e sofrem com essas consequ\u00eancias at\u00e9 hoje.<\/p>\n\n\n\n

Ela cita \u00e1reas dos EUA como o chamado Corredor do C\u00e2ncer, que j\u00e1 abrigou extensas planta\u00e7\u00f5es da Louisiana ao longo do rio Mississippi e agora \u00e9 a espinha dorsal industrial de mais de 150 refinarias de petr\u00f3leo.<\/p>\n\n\n\n

Durante d\u00e9cadas, moradores predominantemente negros sofreram com algumas das maiores taxas de c\u00e2ncer do pa\u00eds devido \u00e0 polui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

King diz que o legado desse tipo de racismo ambiental, juntamente com d\u00e9cadas de falta de investimento em \u00e1reas de baixa renda, est\u00e1 por tr\u00e1s da situa\u00e7\u00e3o tr\u00e1gica de Jackson.<\/p>\n\n\n\n

“Voc\u00ea pode dizer que existem diferentes fatores que levam \u00e0s inunda\u00e7\u00f5es, mas as pessoas n\u00e3o estariam sujeitas a \u00e1reas suscet\u00edveis a inunda\u00e7\u00f5es se n\u00e3o tivessem sido submetidas \u00e0 pol\u00edtica de ‘linhas vermelhas'”, afirma King.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"