{"id":179725,"date":"2022-09-21T18:39:15","date_gmt":"2022-09-21T21:39:15","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179725"},"modified":"2022-09-21T18:39:17","modified_gmt":"2022-09-21T21:39:17","slug":"pau-brasil-no-dia-da-arvore-6-curiosidades-sobre-a-especie-que-batizou-um-pais","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/09\/21\/179725-pau-brasil-no-dia-da-arvore-6-curiosidades-sobre-a-especie-que-batizou-um-pais.html","title":{"rendered":"Pau-brasil: no dia da \u00e1rvore, 6 curiosidades sobre a esp\u00e9cie que batizou um pa\u00eds"},"content":{"rendered":"\n
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Exemplar de pau-brasil fotografado durante visitas noturna guiada pelo Jardim Bot\u00e2nico do Rio de Janeiro.
FOTO DE\u00a0FERNANDO FRAZ\u00c3O<\/strong>\u00a0\/AG\u00caNCIA BRASIL<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

End\u00eamico da\u00a0Mata Atl\u00e2ntica\u00a0e nativo da regi\u00e3o litor\u00e2nea que vai dos estados do Rio de Janeiro at\u00e9 o Rio Grande do Norte, o pau-brasil (Caesalpinia echinata\u00a0<\/em>ou\u00a0Paubrasilia echinata<\/em>) \u00e9 um dos exemplares mais representativos da flora brasileira.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

\u201cA hist\u00f3ria do Brasil est\u00e1 intimamente ligada com essa \u00e1rvore”, disse o engenheiro agr\u00f4nomo Yuri Tavares Rocha, doutor em geografia e professor da Universidade de S\u00e3o Paulo (USP) em entrevista \u00e0 reportagem. <\/p>\n\n\n\n

Com a chegada do Dia da \u00c1rvore, criado por decreto federal em 1965 e celebrado nacionalmente em 21 de setembro, National Geographic <\/em>investigou mais sobre esta esp\u00e9cie da flora brasileira que nomeou o maior pa\u00eds da Am\u00e9rica Latina \u2013 e descobriu que, por pouco, ela quase n\u00e3o existe mais no pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAinda hoje h\u00e1 interesse comercial na madeira\u201d, alerta Tavares Rocha. A seguir, conhe\u00e7a 6 curiosidades sobre a \u00e1rvore que \u00e9 s\u00edmbolo nacional:<\/p>\n\n\n\n

1. Pau-brasil significa \u201cvermelho como brasa\u201d e seu nome em tupi \u00e9 Ibirapitanga<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

O professor e especialista em geografia come\u00e7a contando que, durante os primeiros anos da ocupa\u00e7\u00e3o portuguesa, muitas esp\u00e9cies animais e vegetais chamaram a aten\u00e7\u00e3o por n\u00e3o existirem na Europa, como a arara e o papagaio, por exemplo. E o pau-brasil estava entre elas desde o princ\u00edpio, por conta de seu interior avermelhado.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs portugueses j\u00e1 conheciam uma \u00e1rvore de madeira vermelha do mesmo g\u00eanero da C. echinata<\/em>, mas de origem asi\u00e1tica, chamada de bresil ou bersil. Com a descoberta da esp\u00e9cie americana, ela tamb\u00e9m passou a ser chamada assim\u201d, diz Tavares Rocha. <\/p>\n\n\n\n

\u201cBresil\u201d, segundo Rocha, quer dizer \u201cvermelho como brasa\u201d, fazendo uma refer\u00eancia ao vermelho presente no interior do tronco do pau-brasil. \u201cVale ressaltar que os povos origin\u00e1rios, que j\u00e1 habitavam o territ\u00f3rio, ajudaram os portugueses a encontrar essas as \u00e1rvores. Eles tamb\u00e9m a chamavam de \u2018Ibirapitanga\u2019 que significa \u2018madeira vermelha\u2019 na l\u00edngua tupi\u201d, acrescenta o professor. <\/p>\n\n\n\n

Usado para a produ\u00e7\u00e3o de um corante natural para tecidos, os troncos vermelhos das novas terras da Am\u00e9rica logo se tornaram um item cobi\u00e7ado no mercado europeu. \u201cA explora\u00e7\u00e3o do pau-brasil foi a primeira motiva\u00e7\u00e3o da ocupa\u00e7\u00e3o portuguesa e trazia benef\u00edcios para os comerciantes. Era mais f\u00e1cil de transportar do que as \u00e1rvores da \u00c1sia e o pigmento extra\u00eddo apresentava maior qualidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n

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Bosque de pau-brasil localizado na Esta\u00e7\u00e3o Ecol\u00f3gica do Tapacur\u00e1, em Pernambuco.
FOTO DE\u00a0YURI TAVARES ROCHA<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Rocha estima que cerca de\u00a0500 mil toras de pau-brasil foram enviadas \u00e0 Europa\u00a0entre os s\u00e9culos 16 e 19. Mas esse n\u00famero pode ser ainda maior.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 uma estimativa subestimada porque a \u00e1rvore n\u00e3o foi explorada apenas pelos portugueses. Franceses, holandeses, espanh\u00f3is e ingleses tamb\u00e9m participaram desse com\u00e9rcio, nem sempre de forma legal, muito menos registrada.\u201d<\/p>\n\n\n\n

2. Um pa\u00eds com nome de \u00e1rvore: como o pau-brasil nomeou um imenso territ\u00f3rio<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e Terra dos Papagaios\u00a0foram alguns dos nomes pelos quais a col\u00f4nia portuguesa no ent\u00e3o \u201cnovo continente\u201d j\u00e1 foi conhecida.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, chegavam cada vez mais naus carregadas de quantidades significantes  de \u201cbresil\u201d em Portugal e, aos poucos, a relev\u00e2ncia comercial acabou por influenciar o nome de seu territ\u00f3rio de origem. \u201cApesar do nome de batismo da col\u00f4nia ser Santa Cruz, era comum se referir a quem trabalhava com o pau-brasil de \u2018brasileiros\u2019 e o lugar de onde a madeira vinha de \u2018terra do brasil\u2019\u201d, conta Rocha. <\/p>\n\n\n\n

\u201cO nome tamb\u00e9m foi muito influenciado pela cartografia da \u00e9poca\u201d, afirma Rocha. Segundo este mesmo artigo de 2001, os mapas europeus, naquele momento, nomeavam o lugar geogr\u00e1fico j\u00e1 como \u201cBrasil\u201d ou variantes como Bracir, Bracil, Brazille, Bersil, Braxili, Braxill, Bresilge. <\/p>\n\n\n\n

\u201cOs mapas representavam o territ\u00f3rio da col\u00f4nia portuguesa com iluminuras (desenhos) que faziam a alus\u00e3o da explora\u00e7\u00e3o da madeira, mostrando o tronco vermelho cortado. E, aos poucos, a col\u00f4nia era mais conhecida como Brasil do que Santa Cruz\u201d, diz Rocha. <\/p>\n\n\n\n

3. Pau-brasil: s\u00edmbolo de status nas roupas e de qualidade na m\u00fasica<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

O tamanho da influ\u00eancia do com\u00e9rcio do pau-brasil no primeiro per\u00edodo da coloniza\u00e7\u00e3o do Brasil pode ser explicado, segundo Rocha, pela import\u00e2ncia do subproduto que a madeira originava: o corante vermelho. <\/p>\n\n\n\n

A tintura vermelha era uma cor dif\u00edcil de ser obtida, o que fazia dela um sinal de luxo. \u201cRoupas vermelhas eram sinal de status social. O vermelho era usado por representantes do alto-clero, nobres e grandes mercadores ricos, por exemplo.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O protagonismo do pau-brasil como mat\u00e9ria prima para o corante seguiu at\u00e9 meados do s\u00e9culo 18 e in\u00edcio do s\u00e9culo 19, quando foram desenvolvidos os primeiros corantes sint\u00e9ticos. \u201cO que aumentou e facilitou o acesso \u00e0 essa tintura, derrubando a demanda pela madeira\u201d, afirma Rocha. <\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m da extra\u00e7\u00e3o do pigmento, Rocha diz que a qualidade da  madeira do pau-brasil tamb\u00e9m servia para outros fins, como a constru\u00e7\u00e3o de m\u00f3veis e decora\u00e7\u00f5es, principalmente para igrejas. \u201c\u00c9 uma madeira muito resistente e dur\u00e1vel. At\u00e9 hoje \u00e9 poss\u00edvel encontrar decora\u00e7\u00f5es e m\u00f3veis em igrejas europeias talhados em pau-brasil\u201d, diz Rocha. Mas n\u00e3o espere ver um brilho vermelho nesses itens. \u201cEla vai ficando mais marrom com o tempo, perdendo a cor caracter\u00edstica\u201d<\/p>\n\n\n\n

Outro uso para o pau-brasil era na produ\u00e7\u00e3o de instrumentos musicais. \u201cEstudiosos da m\u00fasica dizem que a madeira do pau-brasil gera uma das melhores reverbera\u00e7\u00f5es quando usada para confeccionar arcos de instrumentos de corda, como violinos, diz Rocha. Segundo ele, um arco de violino feito de pau-brasil pode chegar a custar mais de 2 mil d\u00f3lares. <\/p>\n\n\n\n

4. O pau-brasil \u00e9 considerado a \u00e1rvore nacional<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

Em 1961, o Minist\u00e9rio da Agricultura do Brasil apresentou um anteprojeto de lei ao ent\u00e3o presidente da Rep\u00fablica, J\u00e2nio Quadros, que declararia o pau-brasil como \u00e1rvore nacional. <\/p>\n\n\n\n

O\u00a0Minist\u00e9rio alegava que o mundo inteiro reconhecia o Brasil\u00a0por sua flora exuberante e, portanto, seria conveniente que o pa\u00eds declarasse a esp\u00e9cie que representasse o pa\u00eds.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

O pedido se tornou o Projeto de Lei 3380\/1961, que declarou, oficialmente, o pau-brasil como a \u00e1rvore nacional brasileira. Al\u00e9m dele, o PL tamb\u00e9m declara a flor do ip\u00ea-amarelo como flor nacional.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

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Flores do pau-brasil.
FOTO DE\u00a0YURI TAVARES ROCHA<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

5. Onde est\u00e3o as \u00e1rvores de pau-brasil hoje<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

Depois de s\u00e9culos de explora\u00e7\u00e3o predat\u00f3ria, em conjunto com o desmatamento da Mata Atl\u00e2ntica, o pau-brasil chegou pr\u00f3ximo \u00e0 extin\u00e7\u00e3o. \u201cNo s\u00e9culo 20 ele chegou a ser considerado extinto. At\u00e9 ser redescoberto por popula\u00e7\u00f5es nativas em Pernambuco, em 1928\u201d, relata Rocha. <\/p>\n\n\n\n

\u201cAtualmente, ainda \u00e9 poss\u00edvel encontrar popula\u00e7\u00f5es nativas de pau-brasil no Nordeste brasileiro, principalmente no Parque das Dunas, em Natal, al\u00e9m do sul de Alagoas, do norte da Para\u00edba e em fragmentos da costa de Pernambuco\u201d, diz Rocha. <\/p>\n\n\n\n

Entretanto, n\u00e3o h\u00e1 estimativas de quantos exemplares nativos sobram na\u00a0Mata Atl\u00e2ntica. \u201c\u00c9 uma esp\u00e9cie dif\u00edcil de ser encontrada. Seria necess\u00e1ria uma expedi\u00e7\u00e3o espec\u00edfica para realizar essa contagem estimada em escala nacional”, diz Rocha. “\u00c9 um pr\u00f3ximo passo para a preserva\u00e7\u00e3o da esp\u00e9cie.”<\/p>\n\n\n\n

6. O pau-brasil segue amea\u00e7ado de extin\u00e7\u00e3o<\/strong><\/h2>\n\n\n\n

O pau-brasil \u00e9 uma das esp\u00e9cies na lista das amea\u00e7adas de extin\u00e7\u00e3o do Com\u00e9rcio Internacional das Esp\u00e9cies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extin\u00e7\u00e3o (Cites). A organiza\u00e7\u00e3o foi criada para regular o com\u00e9rcio de esp\u00e9cies animais e vegetais amea\u00e7adas, prevenindo-as do perigo de extin\u00e7\u00e3o, considerando como amea\u00e7a o com\u00e9rcio internacional.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPor ser uma esp\u00e9cie em risco na Mata Atl\u00e2ntica, ela \u00e9 imune de corte por conta da\u00a0legisla\u00e7\u00e3o nacional. Mas, como ainda h\u00e1 interesse comercial na madeira, esse com\u00e9rcio deve seguir regulamentos nacionais e internacionais\u201d, diz Rocha.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Por isso, al\u00e9m de manchas esparsas de exemplares nativos, tamb\u00e9m \u00e9 poss\u00edvel encontrar raras \u00e1reas comerciais regulamentadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov\u00e1veis (Ibama). <\/p>\n\n\n\n

Atualmente, a explora\u00e7\u00e3o do pau-brasil s\u00f3 pode acontecer por meio de plantio devidamente registrado no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) perante o \u00f3rg\u00e3o ambiental competente, e sua exporta\u00e7\u00e3o depende da aprova\u00e7\u00e3o do Ibama. <\/p>\n\n\n\n

Em julho de 2022, o Ibama instituiu diretrizes para a Estrat\u00e9gia Nacional de Prote\u00e7\u00e3o da Esp\u00e9cie Paubrasilia echinata<\/em> (pau-brasil), as quais delimita a fiscaliza\u00e7\u00e3o \u2013 desde o plantio e estoque de empresas registradas at\u00e9 a comercializa\u00e7\u00e3o final da madeira. <\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 uma forma de ter certeza da origem da madeira comercializada”, diz Rocha, “evitando exporta\u00e7\u00f5es ilegais e mais danos aos poucos exemplares existentes.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n\n\n\n

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