{"id":179730,"date":"2022-09-21T18:48:11","date_gmt":"2022-09-21T21:48:11","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179730"},"modified":"2022-09-21T18:48:14","modified_gmt":"2022-09-21T21:48:14","slug":"o-curioso-campo-de-oxidacao-que-rodeia-nossos-corpos-e-ajuda-a-limpar-o-ambiente","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/09\/21\/179730-o-curioso-campo-de-oxidacao-que-rodeia-nossos-corpos-e-ajuda-a-limpar-o-ambiente.html","title":{"rendered":"O curioso campo de oxida\u00e7\u00e3o que rodeia nossos corpos e ajuda a ‘limpar o ambiente’"},"content":{"rendered":"\n
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O “campo de oxida\u00e7\u00e3o” ao nosso redor parece algo como uma aura de energia \u2014 Foto: UNIVERSIDADE DA CALIF\u00d3RNIA EM IRVINE\/BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Que as pessoas emitem componentes qu\u00edmicos \u2014 ao respirar ou transpirar, por exemplo \u2014 era algo que j\u00e1 se sabia. Mas que podemos transformar outras subst\u00e2ncias e, ao longo do caminho, “limpar” nosso ambiente, ainda n\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 exatamente isso que um grupo de cientistas do Instituto Mak Planck de Qu\u00edmica (Alemanha), juntamente com pesquisadores dos Estados Unidos e da Dinamarca, descobriram: temos um “campo de oxida\u00e7\u00e3o” que muda a qu\u00edmica ao nosso redor.<\/p>\n\n\n\n

Tanto fora como dentro de nossas casas, nos transportes ou no trabalho, estamos expostos a uma infinidade de produtos qu\u00edmicos e poluentes. Desde tintas, emiss\u00f5es de gases ou at\u00e9 o que produzimos com atividades como cozinhar ou limpar.<\/p>\n\n\n\n

Fora de casa, esses produtos qu\u00edmicos geralmente desaparecem naturalmente. Como? Com uma f\u00f3rmula infal\u00edvel: raios ultravioleta, vindos do sol, vapor d’\u00e1gua e oz\u00f4nio.<\/p>\n\n\n\n

Quando esses tr\u00eas componentes entram em contato, s\u00e3o produzidos radicais hidroxila (OH), mol\u00e9culas altamente reativas respons\u00e1veis \u200b\u200bpor grande parte da “limpeza qu\u00edmica” do meio ambiente. \u00c9 por isso que esses radicais muitas vezes s\u00e3o chamados de “detergentes” da atmosfera.<\/p>\n\n\n\n

Mas dentro de casa \u00e9 mais complicado que haja uma alta concentra\u00e7\u00e3o de radicais OH. Nesse caso \u00e9 o oz\u00f4nio que vem de fora que faz com que os componentes qu\u00edmicos do ar se oxidem.<\/p>\n\n\n\n

Ou assim acreditavam at\u00e9 agora.<\/p>\n\n\n\n

Um estudo in\u00e9dito<\/h2>\n\n\n\n

“N\u00f3s buscamos entender como se limpa a atmosfera, um mecanismo incr\u00edvel j\u00e1 se compreende bem”, disse \u00e0 BBC News Mundo (servi\u00e7o em espanhol da BBC) o professor Jonahtan Williams, especialista em qu\u00edmica da atmosfera do Instituto Max Plank e que liderou esse novo estudo.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 agora, as pesquisas sobre espa\u00e7os fechados analisavam quais componentes s\u00e3o emitidos por m\u00f3veis, pinturas ou cortinas. At\u00e9 perceberem que a \u00fanica coisa em comum em todos os espa\u00e7os habit\u00e1veis \u00e9 o ser humano.<\/p>\n\n\n\n

“Ent\u00e3o pensamos em ver como a presen\u00e7a dos humanos afeta a atmosfera no interior (da resid\u00eancia).”<\/p>\n\n\n\n

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O experimento foi feito em uma c\u00e2mara de a\u00e7o inoxid\u00e1vel e foi controlado desde a roupa at\u00e9 a pasta de dente usada pelos participantes \u2014 Foto: MIKAL SCHLOSSER, UNIVERSIDADE T\u00c9CNICA DA DINAMARCA<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Todo esse conhecimento, m\u00e9tricas e aparatos tradicionalmente usados \u200b\u200bnesses estudos de atmosfera ao ar livre foram aplicados em um ambiente fechado.<\/p>\n\n\n\n

“Fizemos nosso experimento em um ambiente que era ideal, controlado, porque quer\u00edamos determinar o que vinha apenas dos humanos. \u00c9 a primeira vez que isso \u00e9 feito”, explicou Nora Zannoni, qu\u00edmica do Instituto de Ci\u00eancias Atmosf\u00e9ricas e do Clima de Bolonha (It\u00e1lia) e autora desse estudo publicado na revista Science.<\/p>\n\n\n\n

Para fazer isso, eles usaram uma sala feita inteiramente de a\u00e7o inoxid\u00e1vel \u2014 uma “c\u00e2mara de controle clim\u00e1tico” onde n\u00e3o havia nada al\u00e9m das duas mulheres e dos dois homens, que participaram do experimento.<\/p>\n\n\n\n

“Parece um ambiente bastante s\u00f3brio, porque n\u00e3o tem m\u00f3veis, tapete, nada. Cuidamos at\u00e9 para que as roupas dos participantes fossem lavadas com detergentes sem perfume. para garantir que n\u00e3o entrasse nada na sala. Demos a eles uma pasta para escova de dentes especial. Foi tudo muito cuidadosamente controlado”, contou Williams.<\/p>\n\n\n\n

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Quanto maior a quantidade de pele exposta, maior a rea\u00e7\u00e3o com o oz\u00f4nio ao nosso redor \u2014 Foto: GETTY IMAGES\/BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os cientistas fizeram testes em diferentes temperaturas e umidades, trocaram as roupas dos participantes para expor mais ou menos pele e mediram os n\u00edveis de oz\u00f4nio que entravam na c\u00e2mara de metal.<\/p>\n\n\n\n

Quanto mais pele exposta, mais oxida\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

Depois de expor os participantes a diferentes quantidades de oz\u00f4nio, eles viram que foram gerados radicais hidroxila (OH). “Ficamos surpresos porque foi gerado bastante [radical], foi uma concentra\u00e7\u00e3o realmente alta.”<\/p>\n\n\n\n

Eles descobriram que o oz\u00f4nio reage com a pele humana.<\/p>\n\n\n\n

“Existe um \u00f3leo que nossa pele produz naturalmente e \u00e9 isso que a mant\u00e9m flex\u00edvel. E o oz\u00f4nio reage com um de seus principais componentes”, disse William.<\/p>\n\n\n\n

Nesse momento ocorre uma rea\u00e7\u00e3o em cadeia. O oz\u00f4nio reage com o \u00f3leo da pele, produzindo outras mol\u00e9culas na forma gasosa que s\u00e3o emitidas no ar e estas, por sua vez, reagem novamente com o oz\u00f4nio. \u00c9 quando os radicais OH s\u00e3o produzidos.<\/p>\n\n\n\n

E, quanto mais pele fica exposta, mais radicais OH (os “detergentes” da atmosfera) s\u00e3o gerados.<\/p>\n\n\n\n

Uma ‘aura’ ao nosso redor<\/h2>\n\n\n\n

Para entender melhor e ver como esse campo de radicais OH fica ao nosso redor e ao longo do tempo, eles criaram um modelo cin\u00e9tico-qu\u00edmico na Universidade da Calif\u00f3rnia com outro de din\u00e2mica de fluidos feito pela Universidade Estadual da Pensilv\u00e2nia (EUA) .<\/p>\n\n\n\n

Com ambos os modelos, eles viram como o campo de oxida\u00e7\u00e3o gerado pelas pessoas variava de acordo com diferentes condi\u00e7\u00f5es de ventila\u00e7\u00e3o e oz\u00f4nio.<\/p>\n\n\n\n

“A partir dos resultados ficou claro que os radicais OH estavam presentes, abundantes e formando fortes gradientes espaciais”, diz o estudo.<\/p>\n\n\n\n

No modelo gr\u00e1fico, o campo de oxida\u00e7\u00e3o parece uma esp\u00e9cie de labareda de diferentes tonalidades que sai do nosso corpo para o exterior.<\/p>\n\n\n\n

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Visualiza\u00e7\u00e3o do “campo de oxida\u00e7\u00e3o” com diferentes concentra\u00e7\u00f5es de oz\u00f4nio e radicais OH \u2014 Foto: UNIVERSIDADE DA CALIFORNIA EM IRVINE\/BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Vendo as imagens, alguns podem se lembrar do que algumas cren\u00e7as espirituais conhecem como “aura”, um campo de energia com cores diferentes que nos cerca.<\/p>\n\n\n\n

Uma vis\u00e3o um tanto esot\u00e9rica do assunto, que Williams n\u00e3o compartilha.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 uma boa visualiza\u00e7\u00e3o de como o campo realmente se parece. Mas n\u00e3o tem nada a ver com essas coisas que n\u00e3o s\u00e3o cient\u00edficas”, afirmou ele.<\/p>\n\n\n\n

“Os gradientes (os diferentes valores e, portanto, as diferentes cores) que vemos coincidem com a evid\u00eancia emp\u00edrica da qu\u00edmica que medimos. Por isso tivemos a confian\u00e7a de mostrar que em torno do ser humano aparecia isso”, enfatizou Willians.<\/p>\n\n\n\n

As implica\u00e7\u00f5es para o futuro<\/h2>\n\n\n\n

Embora Williams e Zannoni nos digam que este \u00e9 um primeiro passo, eles destacam a import\u00e2ncia futura que essa descoberta pode ter em muitos \u00e2mbitos de nossas vidas.<\/p>\n\n\n\n

“Em ambientes reais temos muito mais fontes, a qu\u00edmica \u00e9 mais completa, mas j\u00e1 temos uma linha de base que poderia ajudar, por exemplo, a mitigar a acumula\u00e7\u00e3o e a concentra\u00e7\u00e3o de t\u00f3xicos em ambientes fechados e melhorar a qualidade do ar”, disse Nora Zannoni.<\/p>\n\n\n\n

Embora o estudo seja focado na qu\u00edmica, “outra \u00e1rea \u00e9 ver que efeitos tem na sa\u00fade das pessoas e, embora ainda precise de mais estudos, esse j\u00e1 \u00e9 um caminho”, acrescentou a cientista.<\/p>\n\n\n\n

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O estudo abre uma porta para ver como reagimos diante de distintos elementos qu\u00edmicos que usamos em ambientes fechados \u2014 Foto: GETTY IMAGES\/BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Quando se trata de efeitos na sa\u00fade, \u00e9 algo importante para sabermos, especialmente ap\u00f3s a pandemia, em que todos tivemos que ficar presos por muito tempo”, diz Zannoni.<\/p>\n\n\n\n

Para o estudo de materiais, pinturas, m\u00f3veis e as toxinas que cont\u00eam, essa novidade tamb\u00e9m pode significar uma mudan\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

“At\u00e9 agora, o teste t\u00f3xico de um sof\u00e1 apenas avaliava o sof\u00e1. Agora ser\u00e1 poss\u00edvel avaliar o sof\u00e1 com algu\u00e9m sentado nele, porque as emiss\u00f5es do sof\u00e1 v\u00e3o chegar at\u00e9 voc\u00ea e v\u00e3o oxidar na sua pr\u00f3pria oxida\u00e7\u00e3o \u2014 ser\u00e3o duplamente transformadas de alguma forma”, comentou Williams.<\/p>\n\n\n\n

Zannoni ressalta que, embora n\u00e3o seja a \u00e1rea que estudam, eles consideram que o campo de oxida\u00e7\u00e3o que temos ao nosso redor poderia afetar as rela\u00e7\u00f5es entre as pessoas.<\/p>\n\n\n\n

“Muitas vezes se fala que uma parte da nossa comunica\u00e7\u00e3o \u00e9 qu\u00edmica, h\u00e1 comunica\u00e7\u00e3o qu\u00edmica na troca interpessoal. Ent\u00e3o, se cada um tem esse campo de oxida\u00e7\u00e3o, dependendo de como ele se desenvolve, isso pode afetar o campo do outro”, pontuou Zannoni.<\/p>\n\n\n\n

“Pode ser que isso impacte as fun\u00e7\u00f5es sensoriais de cada um de uma certa forma”, concluiu o especialista.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"