{"id":179870,"date":"2022-09-30T18:04:58","date_gmt":"2022-09-30T21:04:58","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=179870"},"modified":"2022-09-30T18:05:07","modified_gmt":"2022-09-30T21:05:07","slug":"seis-descobertas-que-mudam-o-que-sabemos-sobre-origem-dos-seres-humanos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/09\/30\/179870-seis-descobertas-que-mudam-o-que-sabemos-sobre-origem-dos-seres-humanos.html","title":{"rendered":"Seis descobertas que mudam o que sabemos sobre origem dos seres humanos"},"content":{"rendered":"\n
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MIKE KEMP\/IN PICTURES VIA GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O estudo cient\u00edfico da evolu\u00e7\u00e3o humana historicamente nos confirma uma esp\u00e9cie de ordem confort\u00e1vel das coisas.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As pesquisas sempre indicaram os humanos como mais inteligentes, mais intelectuais e mais cuidadosos que os nossos ancestrais. Das reconstru\u00e7\u00f5es arqueol\u00f3gicas dos neandertais como seres brutos e peludos, que andavam curvados, at\u00e9 os filmes dos “homens das cavernas”, nossos ancestrais sempre foram mal retratados.<\/p>\n\n\n\n

Mas as descobertas dos \u00faltimos cinco anos v\u00eam alterando essa vis\u00e3o limitada. No meu \u00faltimo livro, Hidden Depths: The Origins of Human Connection <\/em>(“Profundidades ocultas: as origens das conex\u00f5es humanas”, em tradu\u00e7\u00e3o livre), argumento que isso \u00e9 importante para a forma como nos vemos hoje em dia, como imaginamos o nosso futuro e para compreendermos o nosso passado.<\/p>\n\n\n\n

Dentre essas descobertas, seis revela\u00e7\u00f5es se destacam.<\/p>\n\n\n\n

1. Existem mais esp\u00e9cies humanas do que imagin\u00e1vamos.<\/h2>\n\n\n\n

Esp\u00e9cies como\u00a0Homo longi<\/em>\u00a0foram identificadas apenas em 2018. Existem agora 21 esp\u00e9cies humanas conhecidas.<\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos anos, percebemos que nossos ancestrais Homo sapiens podem ter encontrado at\u00e9 oito desses diferentes tipos de seres humanos, desde esp\u00e9cies robustas e numerosas como os neandertais e seus parentes pr\u00f3ximos, os denisovanos, at\u00e9 seres humanos baixos (com menos de 1,50 m de altura) com c\u00e9rebros pequenos, como o Homo naledi<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Mas o Homo sapiens<\/em> n\u00e3o era o destino evolutivo inevit\u00e1vel, nem se encaixa em uma simples progress\u00e3o linear ou escada evolutiva. O c\u00e9rebro do Homo naledi<\/em> pode ter sido menor que o de um chimpanz\u00e9, mas existem evid\u00eancias de que eles eram culturalmente complexos e lamentavam seus mortos.<\/p>\n\n\n\n

Os neandertais criaram arte simb\u00f3lica, mas n\u00e3o eram iguais a n\u00f3s. Eles tinham muitas adapta\u00e7\u00f5es biol\u00f3gicas diferentes, que podem ter inclu\u00eddo a hiberna\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

2. Humanos h\u00edbridos s\u00e3o parte da nossa hist\u00f3ria<\/h2>\n\n\n\n

Esp\u00e9cies humanas h\u00edbridas, que eram consideradas pelos especialistas como fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, podem ter feito parte importante da nossa evolu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

As evid\u00eancias da import\u00e2ncia dos h\u00edbridos v\u00eam da gen\u00e9tica. As pistas n\u00e3o est\u00e3o apenas no DNA da nossa pr\u00f3pria esp\u00e9cie (que, muitas vezes, inclui genes importantes herdados dos neandertais), mas tamb\u00e9m nos esqueletos de h\u00edbridos.<\/p>\n\n\n\n

Um exemplo \u00e9 Denny, uma menina filha de m\u00e3e neandertal e pai denisovano. Seus ossos foram encontrados em uma caverna na Sib\u00e9ria.<\/p>\n\n\n\n

3. N\u00f3s tivemos sorte<\/h2>\n\n\n\n

O nosso passado evolutivo \u00e9 mais confuso que os cientistas costumavam pensar. Voc\u00ea j\u00e1 teve dores nas costas? Ou ficou com inveja do seu cachorro quando ele rolava em um cen\u00e1rio irregular?<\/p>\n\n\n\n

Isso deve ser suficiente para mostrar que estamos longe de sermos perfeitamente adaptados. Sabemos h\u00e1 algum tempo que a evolu\u00e7\u00e3o elabora solu\u00e7\u00f5es em resposta a um ecossistema que pode j\u00e1 ter se alterado. Mas muitas das mudan\u00e7as da nossa linhagem evolutiva humana podem ter sido causadas pelo acaso.<\/p>\n\n\n\n

Isso ocorre, por exemplo, quando popula\u00e7\u00f5es isoladas t\u00eam uma certa caracter\u00edstica, por exemplo, como alguma peculiaridade da sua apar\u00eancia, que n\u00e3o faz muita diferen\u00e7a para a sua sobreviv\u00eancia e continua a se alterar nos seus descendentes. Caracter\u00edsticas dos rostos dos neandertais (como suas sobrancelhas pronunciadas) ou no seu corpo (incluindo suas grandes caixas tor\u00e1cicas) podem ter sido simplesmente o resultado de desvios gen\u00e9ticos.<\/p>\n\n\n\n

A epigen\u00e9tica, que \u00e9 a ativa\u00e7\u00e3o dos genes apenas em ambientes espec\u00edficos, tamb\u00e9m complica as coisas. Os genes podem predispor algu\u00e9m \u00e0 depress\u00e3o ou \u00e0 esquizofrenia, por exemplo. Mas podem s\u00f3 desenvolver a condi\u00e7\u00e3o se forem ativados por algo que aconte\u00e7a com eles.<\/p>\n\n\n\n

4. O nosso destino est\u00e1 interligado com a natureza<\/h2>\n\n\n\n

Talvez possamos gostar de nos imaginar como mestres do meio ambiente. Mas est\u00e1 cada vez mais claro que as mudan\u00e7as ecol\u00f3gicas \u00e9 que nos moldaram.<\/p>\n\n\n\n

As origens da nossa esp\u00e9cie coincidiram com grandes mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, pois foi nesses momentos que nos diferenciamos mais das outras esp\u00e9cies. Todas as outras esp\u00e9cies humanas aparentemente se extinguiram como resultado de mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

Tr\u00eas importantes esp\u00e9cies humanas – Homo erectus<\/em>, Homo heidelbergensis<\/em> e Homo neanderthalensis<\/em> – foram extintas por grandes mudan\u00e7as do clima, como o evento Laschamp – uma interrup\u00e7\u00e3o tempor\u00e1ria do campo magn\u00e9tico da Terra ocorrida 42 mil anos atr\u00e1s, que coincidiu com a extin\u00e7\u00e3o dos neandertais.<\/p>\n\n\n\n

5. Gentileza \u00e9 uma vantagem evolutiva<\/h2>\n\n\n\n

Pesquisas descobriram novas raz\u00f5es para termos esperan\u00e7a nas sociedades humanas do futuro.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas costumavam acreditar que as partes violentas da natureza humana nos ajudavam a subir na escada evolutiva. Mas surgiram evid\u00eancias que demonstram a contribui\u00e7\u00e3o do lado cuidadoso da natureza humana para o nosso sucesso.<\/p>\n\n\n\n

Esqueletos antigos mostram sinais not\u00e1veis de sobreviv\u00eancia ap\u00f3s doen\u00e7as e les\u00f5es, o que teria sido dif\u00edcil ou at\u00e9 imposs\u00edvel sem ajuda.<\/p>\n\n\n\n

O caminho da compaix\u00e3o humana estende-se at\u00e9 um milh\u00e3o e meio de anos atr\u00e1s. Cientistas rastrearam conhecimento m\u00e9dico pelo menos at\u00e9 o tempo dos neandertais.<\/p>\n\n\n\n

O altru\u00edsmo tem muitos benef\u00edcios importantes para a sobreviv\u00eancia. Ele permitiu que membros mais idosos da comunidade transmitissem conhecimentos importantes. E o cuidado m\u00e9dico manteve os ca\u00e7adores experientes vivos.<\/p>\n\n\n\n

6. Somos uma esp\u00e9cie sens\u00edvel<\/h2>\n\n\n\n

A evolu\u00e7\u00e3o nos tornou mais emocionalmente expostos do que gostar\u00edamos de imaginar.<\/p>\n\n\n\n

Como ocorre com os c\u00e3es dom\u00e9sticos, com quem compartilhamos muitas adapta\u00e7\u00f5es gen\u00e9ticas, como a maior toler\u00e2ncia a estranhos e a sensibilidade \u00e0s indica\u00e7\u00f5es sociais, a hipersociabilidade humana tem um pre\u00e7o: a vulnerabilidade emocional.<\/p>\n\n\n\n

Somos mais sens\u00edveis aos sentimentos das pessoas \u00e0 nossa volta e mais vulner\u00e1veis a influ\u00eancias sociais. Somos mais propensos a dist\u00farbios emocionais, \u00e0 solid\u00e3o e \u00e0 depress\u00e3o que os nossos predecessores.<\/p>\n\n\n\n

Nossos sentimentos s\u00e3o complexos e pode nem sempre ser agrad\u00e1vel conviver com eles. Mas eles s\u00e3o parte de transforma\u00e7\u00f5es importantes que criaram grandes comunidades conectadas. Nossas emo\u00e7\u00f5es s\u00e3o essenciais para as colabora\u00e7\u00f5es humanas.<\/p>\n\n\n\n

Esta \u00e9 uma vis\u00e3o muito menos tranquilizadora do nosso lugar no mundo do que aquela que t\u00ednhamos at\u00e9 cinco anos atr\u00e1s. Mas observar-nos como individualistas, racionais e com direito a um lugar privilegiado na natureza n\u00e3o trouxe bons resultados – basta ler as \u00faltimas not\u00edcias sobre o estado do nosso planeta.<\/p>\n\n\n\n

Se aceitarmos que os seres humanos n\u00e3o s\u00e3o o pin\u00e1culo do progresso, n\u00e3o poderemos simplesmente ficar esperando que as coisas andem bem. Nosso passado indica que o nosso futuro n\u00e3o ser\u00e1 melhor, a menos que n\u00f3s fa\u00e7amos alguma coisa a respeito.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"