{"id":180227,"date":"2022-10-20T18:08:07","date_gmt":"2022-10-20T21:08:07","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=180227"},"modified":"2022-10-20T18:08:13","modified_gmt":"2022-10-20T21:08:13","slug":"peste-negra-pode-ter-moldado-sistema-imunologico-humano","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/10\/20\/180227-peste-negra-pode-ter-moldado-sistema-imunologico-humano.html","title":{"rendered":"Peste negra pode ter moldado sistema imunol\u00f3gico humano"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

De acordo com estudo, genes que protegeram contra a pandemia que deixou milh\u00f5es de mortos na Europa na Idade M\u00e9dia est\u00e3o associados a uma maior suscetibilidade a doen\u00e7as autoimunes.<\/p>\n\n\n\n

Considerada a pandemia mais devastadora da hist\u00f3ria, a peste negra deixou um legado biol\u00f3gico presente at\u00e9 hoje. De acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (19\/10), a doen\u00e7a provocou uma mudan\u00e7a no genoma e no sistema imunol\u00f3gico que afeta a popula\u00e7\u00e3o atual.<\/p>\n\n\n\n

Cientistas descobriram que os mesmos genes que outrora protegeram a popula\u00e7\u00e3o contra a peste negra est\u00e3o agora associados a uma maior suscetibilidade a doen\u00e7as autoimunes, como a doen\u00e7a de Crohn, l\u00fapus e a artrite reumatoide. Nessas enfermidades, o sistema que defende contra doen\u00e7as e infec\u00e7\u00f5es ataca tecidos saud\u00e1veis do pr\u00f3prio corpo.<\/p>\n\n\n\n

“Nosso genoma de hoje \u00e9 um reflexo de toda a hist\u00f3ria da nossa evolu\u00e7\u00e3o”, afirmou Luis Barreiro, da Universidade de Chicago e coautor do estudo, que envolveu ainda pesquisadores da Universidade de McMaster, no Canad\u00e1, e do Instituto Pasteur, na Fran\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

A peste negra, tamb\u00e9m conhecida como peste bub\u00f4nica, dizimou metade da popula\u00e7\u00e3o europeia em menos de cinco anos. Entre 1347 e 1351, a doen\u00e7a, que teria sido causada pela bact\u00e9ria Yersinia pestis encontrada em ratos, deixou de 75 a 200 milh\u00f5es mortos na Eur\u00e1sia. Ela foi o primeiro grande surto europeu de peste e a segunda pandemia da doen\u00e7a, criando uma s\u00e9rie de convuls\u00f5es religiosas, sociais e econ\u00f4micas, com efeitos profundos no curso da hist\u00f3ria da Europa.<\/p>\n\n\n\n

Para estudar o impacto da peste negra, os pesquisadores analisaram amostras de DNA de ossos de mais de 200 indiv\u00edduos de Londres e da Dinamarca que morreram ao longo de 100 anos que abrangem o per\u00edodo antes, durante e ap\u00f3s a pandemia de peste negra, no final da d\u00e9cada de 1340.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores identificaram quatro genes que, dependendo da variante, protegem ou aumentam a suscetibilidade \u00e0 bact\u00e9ria que causa a peste bub\u00f4nica. Segundo o estudo, publicado na revista especializada Nature<\/em>, o que ajudou a popula\u00e7\u00e3o na Idade M\u00e9dia causou problemas para as gera\u00e7\u00f5es posteriores, ao aumentar a frequ\u00eancia de muta\u00e7\u00f5es prejudiciais nos tempos modernos.<\/p>\n\n\n\n

“Um sistema imunol\u00f3gico hiperativo pode ter sido \u00f3timo no passado, mas no ambiente de hoje pode n\u00e3o ser t\u00e3o \u00fatil”, afirmou Hendrik Poinar, coautor do estudo. “Compreender a din\u00e2mica que moldou nosso sistema imunol\u00f3gico \u00e9 a chave para entender como as pandemias do passado, como a peste, contribuem para nossa suscetibilidade a doen\u00e7as atuais”, acrescentou.<\/p>\n\n\n\n

Estudo in\u00e9dito<\/h2>\n\n\n\n

Os pesquisadores concentraram o estudo num gene com uma associa\u00e7\u00e3o particularmente forte com a suscetibilidade: o ERAP2, que ajuda o sistema imunol\u00f3gico a reconhecer a presen\u00e7a de uma infec\u00e7\u00e3o. Indiv\u00edduos que possu\u00edam duas c\u00f3pias de uma variante gen\u00e9tica espec\u00edfica, designada rs2549794, foram capazes de produzir c\u00f3pias completas do transcrito ERAP2 e produziram mais prote\u00edna funcional.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com o estudo, a variante rs2549794 afetava a capacidade das c\u00e9lulas humanas de ajudar a combater a peste e que os macr\u00f3fagos que expressavam duas c\u00f3pias da variante eram mais eficientes em neutralizar a Yersinia pestis. “Esses resultados apoiam a antiga evid\u00eancia de DNA de que o rs2549794 \u00e9 protetor contra a peste”, afirma Javier Pizarro-Cerda, do Instituto Pasteur.<\/p>\n\n\n\n

No decorrer do tempo, no entanto, o sistema imunol\u00f3gico evoluiu para responder a pat\u00f3genos e o que antes era um gene protetor contra a peste est\u00e1 agora associado a uma maior suscetibilidade a doen\u00e7as autoimunes. \u00c9 o ato de equil\u00edbrio com o qual a evolu\u00e7\u00e3o brinca com o genoma humano atual, apontam os autores.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com Barreiro, o estudo \u00e9 in\u00e9dito ao ser o primeiro a demonstrar como a peste negra foi importante para a evolu\u00e7\u00e3o do sistema imunol\u00f3gico humano. Pesquisas futuras pretendem expandir o projeto para analisar todo o genoma, al\u00e9m dos genes relacionados \u00e0 imunidade.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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